terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Para todos os amigos e amigas que nos visitaram neste ano de 2008, desejo que o próximo ano seja coberto de sucessos, saúde, paz e prosperidade em todos os sentidos de vossas vidas maravilhosas. Sim, porque ainda que o sofrimento nos tome pela sua poderosa mão, viver ainda é maravilhoso e sempre será. 2009 será para vocês, meus queridos e queridas, um ano cheio de perspectivas e possibilidades, é este o meu desejo, e assim o será. E que, estejamos juntos novamente dividindo encantos e emoções por meio deste veículo, comentando idéias, sintonizados todos nós na emoção da poesia e de um texto.
Feliz 2009!!!!

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

QUANDO SE TOCA O AMOR...



Eu já toquei meus dedos, algumas vezes, no amor! Já o beijei ternamente e com a fúria do mais intenso dos amantes.



Eu já toquei meus dedos, algumas vezes, no amor!


Sempre questionei se foi o amor verdadeiro, pois há aqueles que defendam que a mulher que amamos hoje, não será jamais a mesma que amaremos no amanhã. Como se o amor fosse várias camisas que vestimos para combinar com essa ou aquela pessoa...
Não vou entrar em concepções filosóficas sobre o amor. Vivo tempos em que ando com a cabeça virada! Na verdade, não ando muito propenso a ficar pensando e escrevendo o amor, tenho saudades dele. Do seu sorriso infantil, do seu corpo quente, de sua piada engraçada, de ficar de mãos dadas com ele, da forma como ele me dava inspiração para escrever poesia. Tenho saudades do homem que fui que escrevia poesias. O amor transforma as pessoas, transforma as pessoas. Ele sempre te faz melhor do que realmente você é. Ele nos enche de algo dadivoso e sublime que transforma essa imensa casca que somos, enche-nos de pureza, de sentimentos, ficamos mais generosos, mais receptivos, mais atentos às coisas simples e importantes da vida.


Eu já toquei meus dedos, algumas vezes, no amor!


Hoje, ele me fugiu, escapou de mim para algum lugar abstrato. Olho para os meus lados e não vejo as cores, toda a vida em preto e branco, os eflúvios do amor não chegam mais a minha alma. Talvez um dia ele volte, para esta casa que sempre foi sua, trazendo em seu rosto aquele mesmo sorriso lindo, nos lábios aquela velha piada gasta e que sempre me fez rir, e que me faça os mesmos carinhos de antes. Seremos amantes novamente! Eu e o amor! Eu e o amor!


Eu estarei pronto para ti, amor....Estarei pronto para ti!!!
FOTO: Olhares.com

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Nos últimos dias nasceu em meu peito uma paz advinda do imperfeito, surgiu quando os erros alvoreceram, quando parei de me questionar sobre a perfeição e todos os seus efeitos devastadores em meu sossego.

Aprendi a sufocar as tolices da consciência.

Aprendi que o erro pode ser delicioso e que dele pode vir alguma paz... pode parecer estranho isso, mas as lutas na consciência foram contidas... consciência tranqüila, paz no front de nosso cotidiano.

Não falo isso com satisfação plena, sei que erro ao testemunhar algo deste porte. Mas a verdade tem que ser dita, pois furtá-la neste instante seria errar encima do erro.

Eu, durante toda a minha existência lutei para que a perfeição ganhasse notoriedade e ao final, não me sobrou quaisquer louros, não fui regateado nem mesmo aplaudido pelas minhas ousadias. Foi tão tola a minha coragem de buscar ser correto, sempre...

Então, ainda que insista nesta trilha, tenho me permitido flertar com alguns erros, tenho me permitido ser covarde por alguns instantes e correr desta obstinação de ser perfeito, desta luta contra tudo e todos – não nasci mesmo para ser mártir nem quero ser herói de coisa alguma – quero apenas sorrir e gozar um pouco esta felicidade mundana que todo o mundo reverencia de joelhos e se matam para tê-la, se o mundo adora a imperfeição será para ela que queimarei algumas velas, doravante.

Sei que alguns ficarão decepcionados, lamento por vocês, mas meu primeiro erro é começar a ser egoísta. A pessoa mais importante, nos últimos dias, tem sido eu próprio. Quem deve sorrir sou eu mesmo; a melhor fatia do bolo eu a peguei primeiro. Bah! para a educação, boas maneiras, protocolos e convenções. Elas me trouxerem até onde estou e o que sou, não necessariamente, reconheço como vencedor. A grande verdade é que perdi a sincronia comigo mesmo e com os valores que me trouxeram até aqui...

Confesso que vejo um ato de covardia em sangrar todos os meus valores publicamente, mas, o outro dos meus erros novos que me incorporei foi não importar com a opinião alheia... Se o público oprime a perfeição e elege o imperfeito, como pode o público me acusar por qualquer posição que tome nesse instante?

Veja, eu estou sorrindo, ouça o som estridente de minha gargalhada, alta, descompassada, satisfeita. Eu estou feliz agora... E, quanto mais alto gargalho, mas me esforço para acreditar que realmente sou feliz... que errar me fez mais humano e que buscar ser perfeito era o grande mal de toda a minha vida.

Prefiro continuar, assim sendo, me enganar descaradamente, errando em pequenos erros, acertando em pequenos acertos. Não são os erros nem os acertos que farão de mim o homem que quero ser, será a maneira como conjungarei-os, a forma pela qual absorverei-os para usá-los como novas possibilidades em meu pensamento, minhas idéias, meus desejos, meus procederes.

Por enquanto, fico assim mesmo, vivendo a vida com pitadas de imperfeição para que a grande receita no seu final esteja recheada de sorrisos e prazeres fáceis.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

E, DE REPENTE, NÃO É MAIS VERÃO...


Quando se vê já não é mais verão,
O inverno chegou,
A oportunidade passou,
E o que resta é esperar por uma nova chance.
Porque não existirá o amanhã,
Entendas isso definitivamente.
Tudo o que é realmente teu
É este segundo solitário de agora em que habita tua vida.
O amanhã pertence ao desconhecido,
Ao improvável,
Ao absoluto e intocável destino.
E, por assim ser, como saberás das
Artimanhas que este mestre do tempo
Estará tecendo para você?
Não percas tempo, portanto!
Até porque ele não é mesmo teu!
Tome de teu único segundo a oportunidade que ele encerra
E faça a tua vida extraordinária,
Pois a vida não se fará por você!
São tão maravilhosas as estradas
Reservadas para tí,
Mas, todas elas, estão camufladas pelo destino,
Envoltas em barreiras e dificuldades.
O destino não é teu amigo, nem de ninguém,
Ele somente serve a si mesmo.
Não o condene nem o culpe, ele foi feito para isso,
Para selecionar e exaltar os vencedores,
E, os vencedores serão aqueles que
Tomarem as rédeas do próprio destino,
Que domarem este feroz alazão chamado tempo,
E desenterrarem do seu segundo
Enclausurado no grande poço de todas as horas
A chance de ser feliz!
Domes teu tempo,
Conquistes teus ideais
Busque realizar seus sonhos,
Para que tenhas no dia em que o
Grande inverno instalar-se na sua vida,
Um brilho intenso nos olhos,
Um sorriso resplandecente nos lábios,
E muitas histórias para contar...
FRAGMENTOS DO DIÁRIO NUNCA ESCRITO POR MIM

" Entre todas as coisas do amor ( o amor habita um universo onde ele é o astro-rei), uma delas faz-me falta especialmente: beijar com paixão! Porque sexo se ganha aqui e ali e até, em casos extremos - existem aqueles que exercitam essa prática -, compra-se. Mas, beijo não! Beijo é uma conquista, beijo somente se ganha. Sonho com o interlúdio antes do beijo, com aquele instante mágico que existe entre o último olhar nos olhos da pessoa amada e o toque arrebatador dos lábios apaixonados. O beijo não é um ato físico, simplesmente, é em sua essência espiritual, o corpo somente concretiza os desejos que nascem na alma dos amantes... "

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

À PRIMEIRA ENTRE AS AMANTES


É madrugada, chegastes insônia no meio de pensamentos que cavalgavam reminiscências...

Há uma lua branca e enorme no céu agora, brilhante e escorregadia. Percebo sua agonia para tentar manter-se firme no alto do firmamento, espremendo-se entre as estrelas mas não há jeito, algo a impulsiona para baixo em uma tração alheia a sua vontade.

Houve um tempo, no passado – este grande baú onde esquecemos as reminiscências – em que recebia tu, insônia, com a expectativa e o tesão de um amante. Chegavas sempre às madrugadas, quando outras luas atalaias nos vigiavam do céu. Nestas horas, tu insônia, vinhas vestidas em rendas sem quaisquer outras peças por baixo de teus vestidos transparentes; trazias bocas, olhares e cheiros sensuais que instigavam minha essência masculina. Eu te recebia com um copo de vinho nas mãos, nu em corpo e alma, e um bocado de poesia nos lábios e no coração. E, enquanto a lua seguia sua trajetória, ficávamos assim insônia, fazendo amor fazendo poesia. Entre todas as minhas amantes, confesso-te, eras a que mais amava, mais aguardava, pois em teu corpo esguio e frêmito de desejos escrevia as mais belas poesias com a minha sensibilidade exacerbada pelos encantos todos que trazias.

Hoje, as luas são tão belas como as de outrora. E, em algumas madrugadas tu ainda vens encontrar-me, minha eterna amante. Mas algo mudou insônia, talvez em mim, talvez em você, como saber? Não te aguardo mais com aquela ansiedade furiosamente virgem. Habitam em meus desejos na madrugada o profano, meus pensamentos perderam a tênue película de virtude que possuíam, tornaram-se pagãos, todos eles. E, tu chegas, já toda nua, toda entregue, esquecida de sensualidades, entretidas com gestos e clichês pervertidos. Preferes, insônia, o fácil e o urgente, desprezando os melhores prazeres que sempre estão nos frascos da paciência e da persistência. Preferes a energia vulcânica dos finalmentes, esquecestes do poder sinérgico dos entretantos. Mudamos, ambos, insônia, fato. E com nossas mudanças, mudou-se a nossa forma de amar. A grande verdade é que não fazemos mais amor, as poesias fugiram de nós, desesperadas e tristes, para se exilarem num recanto qualquer desse planeta. Estamos sozinhos...

Mas é madrugada e outra bela lua vem brilhar no céu. Estamos ambos, eu e tu insônia, sentados lado a lado, iluminados pelo luar, o olhar nostálgico buscando outras luas e outras noites e suas reminiscências amorosas perdidas dentro do grande baú.

Oh, triste verdade, meu amor! Nossos corpos andam sedentos e áridos de poesia, não faremos amor nesta noite...

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

A leitura de “O DIÁRIO DE ANNE FRANK” é sempre algo edificante e emocionante. Edificante pelo aspecto que de pelo olhar de uma menina de 15 anos a gente consegue perceber a beleza da vida, mesmo quando estamos enclausurados dentro de um anexo secreto, sem possibilidades de contato com o mundo exterior. Emocionante, porque a vida na clausura motivada pela necessidade de sobrevivência em uma guerra estúpida, faz com que o estresse, as reduzidas perspectivas e seu olhar sobre todas as coisas nos mostrem o quanto um conflito pode retirar do homem o que ele tem de pior. Somos tão tolos, cassamos nossos semelhantes por diferenças que são tão banais quando observamos a grandiosidade do interior que uma menina como Anne Frank, por exemplo, pode demonstrar.

Trechos do livro:


Excelentes espécimes de humanidade, esses alemães, e pensar que na verdade sou um deles! Não, isso não é verdade, Hitler retirou nossa nacionalidade há muito tempo. E além disso não há maiores inimigos na terra do que alemães e judeus. (p.65, escrito por Anne em 09/10/1942, numa sexta-feira)



Anne Frank era judia e teve de se esconder, no anexo secreto, um cômodo na empresa do pai dela, com toda a sua família e outros judeus por mais de dois anos. Ainda que fosse alemã, como Hitler, o fato de ser judia não impediu os alemães de caçá-los.



Não Importa o que eu esteja fazendo, não consigo deixar de pensar nos que se foram. Eu me surpreendo rindo e lembro de que é uma desgraça estar tão alegre. Mas será que eu deveria passar o dia inteiro chorando? Não, não posso fazer isso. Essa tristeza vai passar. (P.81, Anne Frank em 20/11/1942, sexta-feira)



Eu poderia passar horas contando a você o sofrimento trazido pela guerra, mas só ficaria ainda mais infeliz. Só podemos esperar, com toda a calma possível, que ela acabe. Judeus e Cristãos esperam, o mundo inteiro espera, e muitos esperam a morte. (P.91, Anne Frank em 13/01/1943, quarta-feira)



O livro foi editado pela Record e recomendo a sua leitura para todos, é um dos documentos mais impressionantes sobre a segunda guerra, sobre o holocausto e sobre o efeito devastador disto tudo sobre o espírito humano.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

SONETO DO SORRISO PERFEITO




É o dia incompleto, doce mulher,
Até o momento de seu despertar!
O sol esconde-se por trás dos montes,
Tímido e ansioso em seu levantar.


Porém, quando abres os olhos!
Quando um sorriso em alvorada,
Vem em sua linda face brilhar,
Toma coragem o sol, rompe a madrugada,


E vem o mundo acordar!
Tola teoria, doce mulher! Engodo!
Na verdade, o sol, vem te espiar,


Perseguir-te por todos os dias,
Aonde quer que vás, indo embora,
Quando a noite matreira vem lhe nos roubar
!
Foto: Olhares.com

terça-feira, 9 de dezembro de 2008



Não me lembro de muita coisa daqueles tempos, lembro das chuvas que caiam, quase que frequentemente, molhando as ruas poeirentas, as tardes quentes e os sonhos de todos os guris.

Lembro da inocência nos meus olhos, na minha boca, e nas palavras que saiam de meus lábios puros. Não precisávamos de quase nada para ser feliz, apenas um dia de sol, talvez uma meia dúzia de guris danados, e um grande terreiro para brincar. A felicidade habitava mesmo nas pequenas coisas, naqueles tempos.


Não me lembro de muita coisa daqueles tempos, lembro da minha juventude e de como achava todas as coisas fáceis. Todas as coisas são realmente fáceis quando se é guri, se é jovem! Acreditava que o tempo não existia e que aniversários somente haviam para que comêssemos bolo e glacê. POrque ninguém me ensinou coisas sobre responsabilidades com o tempo e como em devemos gasta-lo. Quando elas chegaram, as responsabilidades, trazendo suas caras feias e chutando a pontapés as brincadeiras de criança me pegaram desprevenido. Ainda pensava em coisas de guri e a juventude já tinha novos ares e novas facetas naquele corpo que havia esquecido como era ser curumim!


Não me lembro de muita coisa daqueles tempos. Talvez porque não queira realmente lembrar, penso que esqueci com o tempo e as novas responsabilidades a receita simples da felicidade. Devo ter feito isso, esquecido propositalmente as coisas daqueles tempos...a infância - tempos em que fui feliz! Por que se esquecer de verdade que fui feliz um dia, talvez consiga enganar a mim mesmo e seja feliz de novo, de outro jeito, não tão virtuoso... mas feliz, de novo...de novo...de novo!!!
Foto: Olhares.com

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008


Eu nasci na era da fumaça, no tempo dos trenzinhos de fumaça, tempo de viagens longas, paradas longas, de pequenas estações à margem da estrada, igual ao poeta Mario Quintana.
Eu nasci no tempo das flores, em que elas habitavam os jardins e não dividiam espaço com antenas parabólicas.
Eu nasci junto com meu primeiro sorriso e ele resiste apesar de tudo o que a vida me tem feito, brincando em meus lábios como se fosse uma criança peralta. Nasci no tempo das peraltices, roubar goiaba, tomar banho nu nos rios, jogar futebol no campo de areia, chegar sujo em casa para almoçar e levar bronca da mamãe. Que delicia levar uma bronca da mamãe!!!
Eu nasci no tempo em que se falava um palavrão sem pensar duas vezes e sem ficar se desculpando depois, palavrão que somente provocava a fúria de algumas gargalhadas amigas. Tempo em que até mesmo as obscenidades carregavam sua dose de lirismo.
Eu nasci com amor, aprendi poesia vendo o sol nascer e a primeira lágrima que verti foi deliciado com o crepúsculo de uma tarde maravilhosa. Minha primeira frase foi: “Eu te amo!” E mamãe chorou abraçada comigo sufocando-me em seus braços majestosos, firmes e protetores.
Meu primeiro beijo molhado foi roubado! Minha inocência usurpada em meio a uma adolescência ingênua. Ainda sinto nos lábios o calor daqueles lábios ladrões que mais que um carinho me levou a infância. Santa e bendita ladra! Tempo em que até mesmo os ladrões eram cultuados. Depois daquele dia fui violentado por ela um milhão de vezes em pensamentos!
Acreditem, nasci num tempo não tão distante assim. O que é a idade para uma mente aberta, um coração apaixonado, um espírito carregado de poesia? Sou fruto de meus sonhos e todos os dias sonho com tempos assim. Assim renovo meus sonhos, renovo minhas concepções, renovo a mim mesmo. Faço de meus sonhos, a minha vontade; e de minha vontade a eterna fonte da juventude. Ser feliz é tudo o que realmente vale a pena nesta vida tão fugaz...


Por Gilberto Avelino Mendes, em 24/07/2006, às 18h17min.
Foto: olhares.com

domingo, 30 de novembro de 2008

CANÇÃO À SOLIDÃO


Tu estarás sozinho, não quando a noite for escura demais,
E olhares para o teu lado e tudo o que enxergares for tua sombra fiel que se reflete de uma lua que insiste em ser sua única companheira.
Não, não será nessas circunstâncias...
Não estarás sozinho, absolutamente, quando estiveres sentado
Na sarjeta de alguma rua de algum lugar deste mundo, e as lágrimas
Estiverem correndo abundante por teu rosto vincado por dores.
Ou, mesmo quando abrires a agenda de telefones e todos os
Números que saltarem estarão absolutamente distantes,
Frios, estéreis para você.
A verdadeira solidão experimentarás com o mundo ao teu lado.
Com pessoas sorrindo e bebendo assuntos que não são seus.
Tu estarás realmente sozinho quando a alegria dos que te rodeiam
Não refletir a tua alegria, e terás teus sorrisos todos amarelos,
Tão falsificados de felicidade como os sentimentos que teimas ter.
Tua bebida estará amarga, assim como tua vida.
Teus interesses serão ecos dos outros, não serão seus de verdade.
Olharás para os outros, sem amor e amizade sinceros, pois
Estes sentimentos não estarão contigo, jamais, pois estarás sozinho.
Aos solitários, a maldição de uma vida sem possibilidades,
Sem portas, sem janelas, sem horizontes, nada.
Não se culpe, neste instante, por tua solidão
E tua vida infértil de sentimentos e alegrias.
As pessoas são o que são e ás vezes o destino não deseja
O que tu desejas para si, ele possui outros planos para você.
Gostaria de te dar uma receita para sair dessa situação,
Mas não a tenho e as pessoas são diferentes.
O que serve para mim, não servirá para você!
O que serve para você, nunca serviu para mim!
Tudo o que posso dizer é que se existe vida, existe uma esperança.
A vida é o maior de todos os dons, e, ás vezes, ela tira com uma mão,
E oferta generosamente com a outra.
Tenha isso como esperança e siga sempre em frente.
Ainda que estejas sozinho, estais vivo, e celebre esta maravilha
Com um copo de vinho ou um bom copo de suco de laranja.
Amanhã, quando o sol nascer poderá ser para ti, um outro dia...
de verdade, poderá lhe ser um outro dia...
As possibilidades são flores que germinam
Em solos ricos de fé e esperança!

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

POR QUERER TANTO AMAR

Não quero mais o amor aos pedaços,
Servido aos bocados nesta mesa frugal do destino.
Não quero mais sonhar com o prometido,
Viver pelos cantos da vida suspirando
Êxtases que nunca vieram se entregar a mim.
Não quero mais me banhar solitário de luar.
Não quero mais aquecer meu corpo frêmito de desejos,
Com lençóis brancos em escuras madrugadas.

Quero....Quero o corpo que me foi destinado,
O corpo por mim ansiado,
O corpo que está escondido no desejo do destino.

Quero...Quero o espírito feliz e divertido,
O espírito para mim predestinado,
O espírito que fará de mim, novamente, um menino!

E, se assim, não o puder ser.
Se novamente, meus sonhos forem usurpados,
Se todas as minhas vontades forem sufocadas pelas contingências.
(Malditas contingências!)
Calarei-me então! Humilde e sereno.
Beijarei meus sonhos,
Abraçarei meus desejos,
Farei amor com as madrugadas que, fiéis,
Virão me visitar.
E, quando um dia, a morte vir beijar meus
Lábios róseos e virgens de amor,
E sorrindo, abrir seus longos braços.

Abraçarei e dançarei com ela,
Fazendo troça do passado,
Tratando com desdém o presente,
Rezando para estar no além,
O amor que essa vida negou-se a me dar....

....Esse amor completo, em corpo e alma!!!!

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

FRAGMENTOS DO DIÁRIO NUNCA ESCRITO POR MIM

"... E a grande verdade, meu(inha) amigo(a) é que estou fechado em uma crisálida de sofrimento, martirizando-me, auto-piedade, lambendo as minhas feridas. Depressão, nestes dias duros, é meu segundo nome, a dor é o primeiro. No momento, confesso-te, estou sem forças para lutar, por isso, tenho que ir para a claúsura e tentar entender a mim primeiro, para depois, compreender o que me rodeia, o que me faz sofrer..."

domingo, 23 de novembro de 2008


Se queres saber como estou é tudo muito fácil, adorável!

Veja a semente lançada no solo que aguarda a chuva alimentadora!
Veja a rosa mais bela e sua espera angustiada pelo amante que a colherá para ser oferecida em um ato puro de amor!
As rosas sonham o amor, adorável!
Sou então sua rosa e sonho com seu amor!

Sem a sua chegada sou a noite sem lua,
Sou um dia de folga em uma praia sem sol.
Sem lua, não há poesia! Sem sol, não há sorrisos, Baby!
És lua e és sol, tudo habitando o mesmo corpo.

Sem sua chegada....
Sou a criança que vê outras brincarem da janela de um quarto!
Sou a brisa que sopra e que não encontra um corpo para refrescar...
Sou um corpo querendo se aquecer numa lareira sem fogo.
De que vale o calor sem um corpo para aquecer-se nele, Bella?

Sem você, por perto, sou a oração sem fé!
Sou a fé sem obras!
Sou obras sem amor!
Ao final, adorável, o que importa mesmo é o amor!

Sem você...
... Sou o sorriso de uma piada insossa!
... Sou o manjar devorado sem fome!
... Sou um pássaro preso em uma gaiola!

A liberdade maior é aquela que nos permite fazer tudo o que podemos fazer, Bella!

Mas, quando chegas, adorável, quando chegas....

... és alvorada!
... és crepúsculo!
... és ar para respirar!
... és água fresca de fonte!
... és fruta colhida do pé!
... és louvor que aprendi com os anjos!

Então venhas, adorável....venhas....faça alguém feliz!
Porque a felicidade, adorável, não é ter tudo quanto se deseja,
E sim, desejar firmemente tudo o que se pode ter!!!

E, tudo o que quero, é ser seu realmente!


Foto: Olhares.com

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

FOLHAS & PENSAMENTOS




Caiu a primeira folha...

Debruçado na janela, perco-me em devaneios múltiplos e desconexos; múltiplos por serem muitos e desconexos por virem em meus pensamentos de forma aleatória sem qualquer arranjo ou organização.
Até mesmo os meus pensamentos andam desorganizados...

Caiu a segunda folha...

Fiquei tentando cantarolar uma música do R.E.M., aquela assombrosa tentativa de tentar cantar em um idioma em que você “não speak english” de jeito nenhum e fica dando uma sonoridade bacana num ajuntamento de palavras, todas elas num esforço notável para se parecerem com vocábulos ingleses. Rídiculo! Fiquei com vontade de tomar um chá das cinco, mas não sabia que ingrediente era esse chamado cinco... têm coisas que somente os ingleses vêem.

Caiu a terceira folha...

Da TV, ouço The Litle Prince assistindo um desenho onde o vilão tem nariz de serra e segura uma bola de aço atirada por um canhão com a boca. Ele se diverte. Fico me questionando o que fizeram com os desenhos clássicos de Hanna-Barbera com aquelas tramas todas inocentes: Scooby-doo Who are You??? Em meio a mais uma explosão, deve ser a décima segunda, se contei direito, a barriga dá uma roncadinha daquelas básicas sugerindo uma viagem à geladeira para dar 155 (código penal:
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: furto) em alguma guloseima. Gravo em minha memória para mais tarde ir no Rambo ver se tem esse tal de chá das cinco para vender...

Caiu a quarta folha...

O que estarão fazendo agora meus amigos virtuais?

Caiu a quinta folha...

Poderia dar uma volta agora... mas, para onde?

Caiu a sexta folha...

O carteiro passa levando alguns pacotes. Fiquei com saudades de receber uma carta de verdade, escrita em folha de caderno e caneta esferográfica. Em tempos de e-mails, blogs e msn’s, essa sacolada de consoantes todas juntas, até mesmo nossas correspondências desfiguraram-se...

Caiu a oitava folha...

Voltei do Rambo... Ele não sabe também o que é chá das cinco. Sugeriu-me ir procurar no Mercado da esquina que lá pode ser que tenha... Será???

Caiu a nona folha...

Amiga minha me ligou e disse-me que adorou o filme que lhe emprestei, italianíssimo, o “Cinema Paradiso”, fiquei admirado, ainda existem pessoas que gostam de um filme de sensibilidade apurada...

Caiu a décima-folha...

Acabei de digitar no blog a cena que colhi da madrugada no Reino dos Cadeados, quando uma coruja predadora atacou um besouro. A cena é simples assim, mas os olhos de poeta e cronista me mostraram além....

Não caem mais folhas...

Penso que elas descobriram que estou aqui a observá-las, querendo dar um tratamento acadêmico a um ato ingênuo. No chão da calçada, tem um punhado delas, quietas, tranqüilas, com aquele ar de que cumpriram a sua missão... Pego uma vassoura, uma pá, varro-as para dentro de uma sacola. O Gari passa e as leva embora.... Olho para a árvore, de pé, da calçada, e, de repente, vejo uma nova folha se descolar e cair lentamente à calçada... sorrio, largo tudo que tenho na mão e volto para meu posto na janela.

Cai outra folha...

Novas folhas, novos pensamentos desconexos...

A CORUJA E O BESOURO

Uma coruja escura brotou num vôo rasante do seio da noite negra, pousou na calçada cravando suas garras poderosas em um besouro que, inadvertidamente, passeava por ali. O silêncio da noite negra foi quebrado quando a coruja escura cravou seu bico retorcido na couraça do besouro que se partiu em meio a um som tétrico. A morte tem seus sons, para o besouro era o barulho de uma couraça rasgada. A coruja olhou para os lados, todos eles, quase 360º, como a confirmar sua segurança e voou novamente, levando entre suas garras o corpo ainda agonizante do besouro. Era a vida que lutava para persistir, para resistir e se enclausurar dentro da couraça quebrada. Não muito longe dali, a coruja escura pousou sobre um telhado e cravou seu bico novamente na cabeça do besouro, a couraça partida rompeu-se definitivamente e o interior tenro e macio do coleóptero foi devorado pela voraz predadora.
Para o besouro, estavam extintas todas as chances.
A coruja, ganhava mais algumas...
FRAGMENTOS DO DIÁRIO NUNCA ESCRITO POR MIM

Enquanto a grande quimera dorme, essa velha megera, seus mil e tantos desejos fazem amor em sonhos com uma única musa inspiradora, a meretriz que é de todos e não é de ninguém: a liberdade!

domingo, 16 de novembro de 2008

CRÔNICA DE DESABAFO

À procura de um novo texto para meu perfil experimentei diversas técnicas e muitas sensações. Descartei tudo isso, não vou encher de protocolos (ainda mais!) a minha vida! Porque eu quero agora é experimentar o inusitado, quero o diferente, nunca quis ser mais um rosto na multidão e nesta fase de minha vida desprezo ainda mais a mesmice e a massificação. Se todos preferem algo, eu vou para a direção contrária, são todos Tolos. E, isto em nenhum momento quer dizer que eu seja mesmo esperto, está aí algo que não sou: esperto! O que eu sou, é o que tenho, e tudo o que tenho é minha própria personalidade – no erro e no acerto!

Sei que alguns, principalmente àqueles que não me conhecem pessoalmente, acreditarão este parágrafo arrogante. Não descarto essa possibilidade e não os condeno, terei que conviver com esta possibilidade e com este julgamento – ter personalidade é assumir riscos, é assumir posturas, para bem e para mal! Condenem-me se quiserem, amigos, até a hora que a fogueira se acender manterei minha posição de tentar ser diferenciado e pregar esta diferença como uma posição ideológica e filosófica de vida.

Não quero ser um Messias nem quero seguidores! A verdade de todos vocês talvez não seja a minha, e donos de diferentes verdades a felicidade seguirá caminhos igualmente distintos! Além do que, andei muito nestes últimos anos falando da felicidade como se ela fosse um karma, totem, ou um escalpo a ser arrancado. Sabe, desisti de dar o papel de protagonista a este tema, quero mais é que se dane a felicidade e as suas vestimentas todas, vou correr atrás dela nu e farei amor com ela por sobre um lençol de rosas vermelhas ou no chão duro do sertão – serei feliz do jeito que vier, do jeito que dar, do jeito que puder!

Este é meu novo eu, se escandalizo ou se agrego não me tem mais muita importância – não busco minha promoção nem minha desgraça pública.

Não vou mesmo é me adaptar....

....ao sistema!
....ao amor!
....a vocês!
....a nada mais....

Porque ao não me adaptar, estarei sempre em estado de alerta, e o papel de atalaia me serve mais a esta nova fase.

Atento, para o amor, em total plenitude da palavra!
Atento, para a vida, em total plenitude da palavra!
Atento, para agarrar a felicidade na hora que ela mostrar a sua cara.... seja ela qual for!

sábado, 15 de novembro de 2008

MEU PADRINHO É UM DOCE...


- Bom dia, “Padim”!
- Bom dia, meu afilhado!
- Vim vê-lo, meu “Padim”! Deixei até de brincar...
- É mesmo meu filho. Que bonito! Tome, coma este docinho!
- “brigado”, “Padim”! É gostoso “memo”...
- E então, do que estava brincando ?
- De carrinho atolado na lama...
- Ah! Então por isso essa sujeira não é ?
- É !
- Já acabou ? Quer outro docinho ?
- Quero sim, “Padim” ! Este aqui ó....
- Toma !
- “brigado” !
- De nada! Bem...e a tarde. O que você vai fazer, meu afilhado ?
- Brincar....
- Brincar de que ?
- ...de carrinho atolado na lama!
- E o que mais ? Só isso ?
- Ah! Vou vim ver o sinhô, meu “Padim”!
- Oh, que bom! Que menino mais bonitinho. Não se esquece do Padrinho...
- Não esqueço “memo”...
- Eih, mas espere! Já vai saindo. Vem cá, guri! Que horas você vem à tarde ?
- Ah, não sei ! Na hora que der vontade de comer doce. Tchau, “Padim”! “brigado”, viu!!!
FRAGMENTOS DO DIÁRIO NUNCA ESCRITO POR MIM

Acredite, meu amor, nunca sonhei com a primeira noite em que faremos amor. Sonho, isto sim, com a milésima noite e todas as outras que virão depois dela!
FRAGMENTOS DO DIÁRIO NUNCA ESCRITO POR MIM


[...]
Certo sempre esteve Henrique, o Duarte, o Pensador de Culturama; a sabedoria, acreditem todos vocês, por vezes, vem envasada nos potes mais jovens; este sábio curumim culturamense disse-me isso um dia, em letras vestidas de itálico: "A vida pode ser bela quando a gente aprende a fazer o tempo"...

[...]

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Há muito que não escrevo poesia...
Elas escaparam de mim, em algum lugar, em alguma curva do destino.
Sinto falta delas, das poesias, do homem que fui,
do homem que concebia poesias!
Hoje não faço mais, não porque não quero,
porque não consigo...
Talvez, não tenha mais a pureza necessária...
Talvez, não tenha mais a paciência necessária...
Ou, então, o romance necessário...
Não me importa mais os porques, os motivos são todos tolos diante da conseqüência e da óbvia constatação:
Eu não faço mais poesia!!!!
Estou triste por isso....

Abaixo, reminiscências poéticas,
antigos sonetos feito por mim,
em uma época em que ainda fazia poesia....

SONETO PARA AMORES URGENTES


Toco teu corpo com mãos quase sacras,
Com um fanatismo que não existia em mim,
Desejo este teu amor ávido de urgências,
Um amor que encerra todas as tragédias!


Cada toque surge como desesperado,
Explica-se pelo sentimento e sua intensidade,
O tempo não está mesmo do meu lado,
Amar-te toda hoje, amanhã é sempre tarde!


E, por amar-te assim, de forma tão absoluta!
É que me entrego de forma plena e absurda!
Ainda que seu amor não prometa eternidade,

Por mais efêmera que seja. Simplesmente,
Quero esvaziar-me de mim completamente,
Para encher-me de você, de novo...e novamente!

SONETO DA MEIA NOITE




À meia noite, foi quando chegastes,
Trazia no olhar o desejo de amor,
No corpo a estiagem de meus beijos,
Teus lábios sedentos clamaram: Por favor!

Abri meus braços, então!
Abri meu coração, então!
Cravastes teus desejos neste corpo teu!
Tua sede de amor não é maior que eu!

Não entendo por que partes.
Se sozinhas, és metade de um ser.
A felicidade precisa de dois para viver!

Ah, amor! Que estranha maldição és tu!
O aguilhão que fere mortalmente,
É o mesmo que dá vida novamente!


terça-feira, 4 de novembro de 2008

Fragmentos do diário NUNCA escrito por mim
Que nem diria minha finada Vovó (Que Deus a tenha em seus braços!):


Ai eu! Ai eu! Ai eu!

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

KATIA & GILBERTO...


... Quando eram pequeninos!!!!

Foto: Gentileza da eterna amiga Rosimeire Paca

PEQUENA CONVERSA COM UM ANJO


ELE: - Onde você as põe?
ELA: - Onde eu ponho o quê?
ELE: - Suas asas, meu anjo!


Ela sorri, sorriso de anjo, seus olhos brilham, suas pernas se abrem em forma de asas abertas a levantar vôo.


Ele sorri, sorriso apaixonado, extasiado com o anjo e suas asas erguidas. Faz amor, faz amor com um anjo, num céu espelhado e em cetim azul...

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

PEQUENO POEMA SOBRE ARROGÂNCIA


Subitamente, flagrei-me em pensamentos com Lívia!
Lívia não me foi tão importante assim...
Lívia não foi minha namorada...
Lívia não foi um flerte de infância...
Lívia foi mal e mal uma amiga...
Mas, de repente, flagrei-me pensando em Lívia!
Talvez, seja por aquela pintinha negra solitária
Que ela ostentava em seu rosto mestiço nissei.
Ela ficava logo acima do seu lábio superior,
E era um charme com aquela pele morena cor pecado.
Lembro, mesmo, que ela tinha um rosto lindo.
Ela não era uma garota simpática,
Era arrogante, entupida de empáfia,
E acreditava que o mundo e todos que moravam nele
Deviam viver jogados aos seus pés, em contínua reverência.
Mas Lívia sempre foi especial, para mim
E para toda a “molecada” da rua.
Seu charme, sua sensualidade, sua elegância,
Tudo isso formava um contorno que purificava
De alguma forma, seus defeitos...
Um dia, a vida levou Lívia.
Um dia, a vida levou-me para outros cantos.
A vida é mesmo assim,
Ela escreve conosco a história que lhe interessa.
Não lhe importa nossos desejos e nossas necessidades.
A vida é mesmo arrogante,
Faz o que quer conosco,
Assim como Lívia...

O SEGREDO DE JANELA




O SEGREDO DE JANELA

Janela... Janela era uma garota bonita.
Todos conheciam janela,
Janela era de todos,
Janela não era de ninguém!
Eu conheci Janela um dia,
Bem lá no passado,
Numa época onde os sorrisos eram fartos,
Numa época onde cantávamos rock ‘n roll
E jogávamos futebol no meio da rua.
Janela é desse tempo,
Um tempo romântico,
Um tempo onde os amores eram mais intensos,
Ainda que fosse tudo mais comedido.
Janela não era comedida,
Janela era pura paixão!
Janela se entregava aos furores de seu corpo,
Não se importava com a opinião alheia,
Tudo o que lhe dizia respeito
Era unicamente suas emoções.
Janela adorava emoções,
Elas eram seu palco, seu altar,
Somente a elas Janela reverenciava.
Eu beijei janela um dia!
Afinal, janela devia ser de todos,
Ainda que não fosse de ninguém!
Um dia, depois do grande beijo,
Fui até a casa de Janela,
E encontrei tudo deserto.
As portas estavam abertas,
As janelas estavam trancadas,
O portão estava escancarado,
Da mesma forma que meus sonhos.
Falaram-me que ela havia partido,
O pai havia sido transferido,
Outra cidade, outro Estado, quem sabe?
Janela havia partido...
Janela conheceria outras bocas,
Outros abraços,
Outros amores,
Outras paixões,
Novos deuses em forma de emoções
Ajoelhar-se-iam sob o altar de janela.
Um amigo que passava também parou.
Ficou um tempo perdido em divagações.
Parecia triste com a ida de janela.
Perguntei-lhe se ele havia ficado com Janela.
Sorriu para mim, montou em sua bicicleta,
E, respondeu-me, sem picardias:
- Claro que sim! Todo mundo já...nela!!!!
Finalmente havia conhecido
O segredo de Janela....

domingo, 26 de outubro de 2008

RECORDAÇÕES


De repente me peguei mexendo em velhas coisas, guardadas sob lacre em uma velha caixa, em uma velha gaveta de um velho móvel esquecido num quarto da casa. Materialidades velhas que abrigam sentimentos ainda frescos. Eram fotografias, antigas cartas, cartões postais, papéis diversos que um dia fizeram parte de meu cotidiano. É estranho como tentamos esconder estas coisas de nós mesmos, geralmente, guardando-as em locais fechados e evitando buscá-las, revive-las, como se elas fossem nos acusar de algum tremendo mal que cometemos.
As recordações foram me levando para dias que me foram felizes – outros nem tanto – mas cada um a sua maneira, foi importante, ajudando a construir o ser humano que sou hoje, com todos os seus erros, com todos os seus acertos.
Ri das roupas que usava, a década de 70 foi entre todas as décadas, a moda mais bizarra que se criou para o ser humano usar. Revi antigos colegas, belos rostos que a vida me furtou. Amei novamente antigos amores, aqueles que marcaram alguma coisa na gente, aqueles que passaram como a brisa de verão que sopra, sopra, mas sempre vai embora. Toquei com meu carinho mais sensível e minha saudade mais dolorida o rosto de minha mãe, de meu pai, de minha irmã, distantes, longe de meu cotidiano feroz e turbulento. Beijo-os como se beijasse a santos, como se tocasse o divino com as mãos, como se fosse a última coisa que me restasse fazer nesta vida.
Os fragmentos de memória foram passando por minhas mãos, minha consciência sendo bombardeada por antigas histórias, por causos que ficaram engavetados dentro da cabeça urgente do hoje selvagem e agressivo. Sinto saudades da minha vida de ontem. E a lágrima que derramo agora não me traz tristezas necessariamente. Ela traz uma gama variada de emoções, todas elas já sentidas, e que este lapso de memória, máquina do tempo que faz a ponte do hoje para o ontem, me faz reviver tudo novamente, gratuitamente, sem quaisquer possibilidades de cometer atos nervosos, sem a responsabilidade do momento sob tensão, sem preços a pagar, somente a emoção em sua plenitude absoluta sem o estresse do presente.
Que me venham todas as lembranças, boas e ruins, reminiscências, estilhaços de um passado já distante e a cada segundo mais longe de mim. Amo tudo em vocês, amo todos aqueles que ajudaram a construir a minha vida maravilhosa do jeito que ela é, cheia de sofrimentos, de fraquezas, de sorrisos, de esperanças, de quedas, de recomeços, de lutas, de esforços, de amizades, de amores, de buscas, de perdas, de tudo aquilo que herdamos deste legado que nos torna melhores quando temos a sabedoria necessária para aprender a crescer com estes ensinamentos desta faculdade única e inigualável – a vida.
Ao término desta busca, não encontro uma resposta se sou melhor hoje do que fui ontem. Penso que melhorei em muitos aspectos, e piorei em outros tantos. Os sorrisos não florescem mais com tanta felicidade no jardim de meu rosto, como brotavam de forma nativa na minha infância. As lágrimas de hoje, possuem um peso maior que as de ontem. As emoções de hoje não são tão puras quanto as de ontem, carregam em sua algibeira responsabilidades demoradas, e as emoções necessitam de caminhos sem tantas urgências. Só precisamos ser urgentes para sermos felizes, acredito que estou aprendendo isso, e meu passado me ajuda nesta busca de meu presente, focando o futuro com seta decidida. Talvez seja hoje mais inteligente e mais sábio, a ponto de saber que preciso melhorar muito ainda, crescer muito mais espiritualmente para atingir um patamar que só com muito trabalho podemos atingir, com contemplação, com erros e acertos, enfim.... Isto é bom, penso, e sinto-me feliz de alguma forma com esta descoberta.
É hora de fechar a minha caixa de lembranças, guardar na gaveta velhos amigos, velhas historias e abraçar Morpheu e seu abraço de inconsciência..... a vida continuará...
Cá estou eu novamente,
O mesmo lugar de antes,
O mesmo sentimento de antes,
tudo igual a sempre!

Lá fora o vento acaricia uma árvore
Uma folha distraida desgarra-se
e cai lentamente.


Tudo continua seu curso
Tudo segue adiante,
a vida parece sempre ir avante!


Não comigo....


Cá estou eu novamente,
O mesmo lugar de antes,
O mesmo sentimento de antes,
tudo igual a sempre!

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Apenas uma “Love Story” diferente....

Era a mais famosa e querida das baratas. Famosa por suas ousadas aventuras e odisséias no mundo dos homens. Querida por todas as baratinhas por ser popular e simpático.
Morava atrás da pia do banheiro, numa fresta do azulejo. Dizia ser ali seu palacete, ou “baracete”, como parafraseava com alguns mais chegados amigos.
Não saia muito durante o dia, mas a noite, dava longos passeios para flertes e “altas farras” que muitas vezes duravam horas.
Nossa pequena estória de amor, diferente por sinal, começa aqui... numa dessas escapadelas em que nossa baratinha participava. Foi durante um longo passeio, fora dos domínios da residência humana em que morava, conheceu uma barata que era um esplendor. Possuía longas antenas; pernas bem torneadas, compridas e finas; asas brilhantes em uma cor escura e brilhante; e os olhos mais gentis que já virá.
Foi paixão à primeira vista, à primeira “antenada”, como preferem dizer as baratas.
Logo se enamoraram e começaram a se amar. Ficaram ambos sentados no canto de um tanque de lavar roupas, a olhar a lua e sentir a brisa da noite. Por vezes, trocavam demorados beijos de antenas. Invadiram despensas para lamber guloseimas e nas madrugadas, ficaram a conversar; ele, contando as suas epopéias no mundo humano; ela, suspirando longos suspiros de barata.
Pareciam duas baratas adolescentes quando começaram a fazer planos para o futuro. Iriam morar no apartamento dele (o baracete) que era espaçoso e um luxo só. Sonhavam com a dezena de baratinhas que iam ter e discutiam com quem as baratinhas pareceriam. Doces frescuras de namorados essas tolas e pequenas discussões.
Uma noite, enquanto trocavam juras de amor, uma luz se acendeu...
Alguém chegava mais tarde, vindo de algum lugar.
Pânico completo!!!
O terror se estabeleceu entre o pequeno casal de namorados. Correram no afã de escapar, a barata se separou de seu amante, também barata. Ele gritou qualquer coisa com as antenas, não foi ouvido. Sabia que tinha pouco tempo para salvar sua amada e com um corajoso salto, ganhou terreno livre (o que é mortal para as baratas), clara tentativa de chamar a atenção sobre si. E conseguiu. A primeira chinelada passou longe. A segunda mais perto. A terceira não o atingiu graças a um ziguezaguear esperto, nossa barata era muito ágil. Na quarta chinelada, percebeu que seu pretenso assassino já estava nervoso e quando isso ocorre, dizia convencido de seu saber às outras baratas que outrora o ouvia, as baratas escapam. E foi o que aconteceu. O humano, num ato desesperado, atirou o chinelo num golpe forte porém, passou longe. A intrépida barata já se guardava por trás de uma fresta na parede, cansado e preocupado com sua amada.
Só saiu de seu esconderijo após a luz se apagar e não perceber vibrações nas imediações.
Galgou lépido a distância que o separava do local onde esteve com sua amada. Ia atento buscando-a por todos os lados. Não demorou muito e encontrou-a, caída em decúbito dorsal, as pernas todas elas para cima em uma oração fúnebre, as antenas imóveis estendiam-se pelo chão. Morta. Para sempre, morta. Desesperou-se. Beijou-a com as antenas diversas vezes, tocou-a tentando ver algum movimento, porém, nada. Ficou ali enquanto pode. Logo, chegaram as formigas e ele teve que fugir. De longe viu o corpo da amada ser desmembrado e desaparecer, carregado macabramente.
Desse dia em diante, nunca mais foi o mesmo, contou outras baratas amigos seu. Isolou-se no seu apartamento em reclusão. Não saia nem para comer, lamber alguma coisa. Emagreceu muito e caiu em depressão. Contam seus vizinhos mais próximos que, nas madrugadas, ouvia-se seu choro antenado e seu lamento horas a fio e, durante os dias, delirava chamando pela amada barata.
Não recebia ninguém. A todos maltratava e ignorava. Chegou ao cúmulo de agredir um ancião barata que fora visitá-lo e levar-lhe algum alimento.
Um dia, uma baratinha invadiu seu apartamento e pediu-lhe que corresse. Uma nuvem de veneno se aproximava. Dedetização. Enquanto as baratas escapavam pelo ralo do banheiro, ele ficou lá; impassível, sentado, esperando.....
Algum tempo depois, encontraram-no, fora da casa, varrido como um qualquer, morto. Dizem que em sua face, repousava uma expressão diferente, como de prazer ?!?
Foi, com certeza, o maior herói entre as baratas....uma lenda!!!



Foto capturada http://um-buraco-na-sombra.netsigma.pt/fotos/52/Cockroach.jpg

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

DOM QUIXOTE FATIMASSULENSE ou FORREST GUMP

Não se sabe realmente o por que, só se sabe que partiu a pé, mais de 30 kms pela frente, contra todas as expectativas, contra todos os prognósticos, partiu em uma jornada cansativa, de sofrimentos árduos, de recompensas miseráveis. É verdade que demorou-se um tempo ali, numa longa espera casual, numa fresta do tempo, esperando por uma carona que nunca veio.
Mergulhou em seus pensamentos e andou, andou, andou como nunca andara antes e como nunca mais andaria depois. Quando o cansaço lhe sussurrou aos ouvidos que já estava por ali, verificou que não tinha cumprido a metade da viagem. Quis correr para ir mais rápido, mas as pernas recusaram-se. A escuridão o rodeava, ficava difícil se orientar. Tinha medo de invadir a rodovia e um guepardo automobilístico o atropelasse; no mato, à sua direita, os sons dos bichos rastejantes, guinchos, sibilos, agitação nervosa de animais à sua passagem.
Em dado momento, foi atacado por um morcego enorme, era como se a própria noite com uma mãozada o golpeasse. Deu um salto para o lado, e agitou uma das mãos para o alto, o morcego assustou-se, foi-se embora. Uma vitória pouco comemorada, seu sorriso amarelo foi obscurecido pelas trevas da noite sem estrelas. Já tinha andado tanto e não havia chegado a lugar algum, suas dores avisavam-no para parar, mas sua obstinação não possuía ouvidos, ela era uma voz forte e autoritária que lhe ordenava: Avance! Avance!
E elas avançavam, as pernas, pisavam o chão preto do asfalto gasto do acostamento, ao seu lado esquerdo, na rodovia, dragões e suas carretas cruzavam o espaço urrando ferozmente. À frente, uma matilha de cães ferozes como lobos latiram impiedosamente, mais que uma defesa do seu território era uma ameaça clara. Novamente, quis correr, mas não pôde. Existem coisas que são impossíveis na vida em determinados momentos, esta era uma delas.
Algum tempo depois, passava por um terreno alagado, surpreendeu-se com as centenas de vaga-lumes que brincavam iluminando a noite de uma luz esverdeada. Parecia que uma árvore de natal nascia em meio ao pântano. Os caminhos não são apenas ponteados de tragédias e bizarrices, a beleza também se mostra em meio a esta grande aventura que é a vida.
Seis horas depois chegava ao seu destino, Fátima do Sul, o corpo doía-lhe todo. Sabia que não haveria comemorações pela sua vitória pessoal, sequer ele comemorava ou esperava aplausos. Tudo o que houvera feito provinha de uma causa pessoal, sem comprometimentos com ódios ou raivas banais com alguém ou situações outras, era apenas uma questão de foro intimo, entre ele e ele, somente. Sabia, entretanto, que sua vitória seria recebida como loucura, que ririam dele como se a obstinação e a determinação fossem coisas obsoletas. Sentia-se feliz por sua vitória. Conseguirá vencer seus obstáculos mais uma vez. Sentia-se vencedor, sentia-se um herói ainda que não houvesse manchetes apontando-o como tal. Não há importância, os heróis são aqueles anônimos que, todos os dias, vencem seus próprios limites, ainda que possam parecer, suas batalhas, absurdas aos olhos do mundo.



Charge, de autoria de Célio d’Oliveira.
A publicação da charge é minha homenagem a esse amigo/irmão que é o Célio alguém que aprendi a respeitar e admirar pela sua sensibilidade, humildade, generosidade, bondade e compaixão para com o próximo, além de ser um ótimo profissional em seu trabalho. O Célio nos irradia luz quando está por perto, com seu constante bom humor e suas tiradas impagáveis. Serei eternamente feliz por ter tido o privilégio de ter dividido alguns de meus dias com ele.

(Para ver a charge ampliada, favor clicar sobre ela)

sábado, 11 de outubro de 2008

Estive aqui esta noite te procurando,
Não te achei, como sempre tem sido,
Aprendestes a zombar de mim e de minhas vontades!


Como não te encontrei,
Procurei a mim mesmo,
E me achei dentro de um sonho......


... O sonho de estar com você!!!!

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

O P E R Á R I O S

De meu canto observo os movimentos dos operários,
Estou oculto,
Estou esquecido,
Deles e de mim mesmo.
Um deles movimenta um portão enorme e pesado,
Num constante abrir e fechar.
Outro deles está à espreita, supervisionando tudo,
Como se fosse uma ave de rapina a observar a presa.
Um terceiro escreve em um formulário qualquer,
Registrando a entrada e saída de mercadorias.

Bizarras mercadorias...
De longe vêm os sons da fábrica.
O almoço sendo preparado na cozinha,
Os carrinhos transportando mantimentos,
Escovões e vassouras limpando o chão sujo,
Alguém que grita uma ordem qualquer...
...mas, no meio dos sons característicos de fábrica,
Escuto um que não devia estar ali...
Um choro contido,
Minha sensibilidade apura o som inaudível
De uma lágrima que molha o chão ressequido.
Do meu canto observo, novamente,
Os movimentos de todos os operários.
Os operários e sua fábrica...
A fábrica que nunca fecha!
A fábrica que enclausura sonhos!
A fábrica que aprisiona os que não podem ser soltos!
Estou na cadeia,
Sou também um operário dessa fábrica
Que tranca homens!!!!




Imagem: Quadro "Operários", Tarsila do Amaral, 1933

domingo, 5 de outubro de 2008

CULTURAMA: “CINEMA” PARADISO


No ano de 1990, o mundo ganhou um presente do cinema italiano através da película “CINEMA PARADISO”, filme que viria a ganhar o Oscar de Melhor Filme estrangeiro naquele mesmo ano. O Filme conta a estória do jovem Toto, e de como ele se deixa apaixonar pela sétima arte através do amor pelo cinema do velho e bom Alfredo, projecionista do Cinema Paradiso. Este Palácio da Sétima Arte é o ponto de encontro de uma pequena cidade do interior da Itália. No átrio do cinema, a cidade inteira se reunia e tudo acontecia em torno do Paradiso. A cidade era movida pela febre e pela magia da Sétima Arte. Até mesmo o padre era envolvido por essa fascinação.
Guardado as devidas proporções, Culturama, meu Distrito, viveu história igual a da película Cinema Paradiso.
O fechamento da Escola Estadual “O Pioneiro” Ensino de 1º e 2º Graus é o fim de uma era. O Distrito de Culturama e por que não, Fátima do Sul, deve muito a esta escola. Em suas salas, grande parte dos filhos de Culturama foram educados. Nossos professores, uma boa parcela deles, tiveram sua vida estudantil misturadas com a história deste Colégio. Grandes homens de Fátima do Sul e de nosso Estado, tiveram, em algum instante de suas vidas, algo a ver com a Escola Estadual “O Pioneiro”. Fundada nos anos 60, por Marvin Eugene Coffey e Dalva A. M. Coffey, sua esposa, ele americano, ela mineira, com ajuda do voluntário da Paz (Mister Bill) dos E.U.A., e outros companheiros de luta, esta escola seguia mais ou menos os padrões das escolas norte-americanas, e chegou a ter três extensões, no Iguaçu, na 3ª Linha e no Novo Planalto.
No filme Cinema Paradiso, Toto retorna, vinte anos mais tarde para a sua cidade, desta feita já sendo um famoso diretor de cinema, rico e famoso. Seu retorno se dá em tempo de ver, ainda, o velho Paradiso ser derrubado para ser construído em seu lugar, um Centro Comercial.
Na última quinta-feira, alguns amigos assistiram a um caminhão retirar cadeiras e carteiras, móveis, do velho “O Pioneiro”. Confessaram-me estes amigos, que tiveram de se conter para que não derramassem uma lágrima. Quis Deus e esta rotina corrida que levo que eu não pudesse estar presente para assistir a tal cena. Com certeza, confesso de público, não conseguiria me conter, choraria em público. A Escola “O Pioneiro” foi para mim, algo mais que um ateneu. Por quatro anos de minha vida, difíceis anos, encontrei naquele colégio e em seus integrantes uma casa e uma família; família esta unida em torno dos ideais vocacionados da Educação. Minha irmã foi aluna do “O Pioneiro” e, como tantos e tantos outros, tem ela também a sua vida atrelada de alguma forma a história desta Escola.
Este breve artigo, não guarda quaisquer outras conotações que senão demonstrar em público a tristeza que me dá em ver mais uma escola fechando e, principalmente, sendo esta Escola o “Pioneiro”. Não quero me ater a questão administrativa e/ou política que levaram as autoridades a este ato, pois, não possuo subsídios e informações suficientes para tecer comentários a este respeito com profundidade e seriedade. Contudo, não posso deixar de prestar esta pequena homenagem que, tenho certeza, seria de centenas de Culturamenses que, como eu, vertem uma lágrima sofrida neste instante. Choramos, como choraram os velhos moradores italianos frente o Cinema Paradiso. Um pedaço de suas vidas, aquele pedaço que, durante muito tempo, foi o que deu cor a seu cotidiano, caia. Em nosso caso, o que me conforta é que, por mais que o tempo passe “O Pioneiro” sempre estará vivo na vida das pessoas, dos Culturamenses. E, doravante, que não se fale em Educação em Culturama e Fátima do Sul sem prestar a digna e necessária reverência a esta Escola que escreveu uma das mais belas páginas da educação do Município Favo de Mel.
Despeço-me em compungido silêncio...




Vocês irão notar que este texto já é bem antigo, de uma época que não existe mais. Trago-o à tona novamente para relembrar estes tempos, e para que as novas gerações possam percebê-lo. À época, ele teve uma repercussão bastante interessante.
Ilustração colhida na internet. A intenção inicial era postar uma foto aérea de Culturama, o melhor distrito do mundo, mas, infelizmente, não consegui esta foto! Esta ilustração achei-a muito parecida com Culturama, sentido figurado, o congressamento de raças, a amizade, a afabilidade, a amizade, todos os bons sentimentos que rodeiam esta terra e seu povo. Quem bebe da água de Culturama, jamais a esquece, antigo ditado culturamense carregado de sabedoria popular. Ah! Não reparem na bandeira canadense, seu significado aqui é estranho e alheio.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

O HOMEM QUE COMPRA SORRISOS


Eu compro um sorriso
De qualquer tipo,
De qualquer jeito.
Um sorriso de sensualidade,
Um sorriso de amizade.
Um sorriso que venha preencher
O vazio de uma face carrancuda.
Compro daqueles sorrisos que nascem ao amanhecer,
Ou mesmo aqueles que iluminam a noite sem estrelas.
Porque sorrisos são isso mesmo,
Estrelas nos céus das faces dos homens.
Dou preferência para o sorriso de uma criança,
Mas não descarto a compra de um sorriso adulto,
Desde que venha sincero e puro como de um petiz.
Pago qualquer preço.
Faço qualquer jogada por um sorriso.
Tudo o que quero é sorrir novamente.
Ainda que o sorriso que brilhe em minha face
Seja artificial como a felicidade dos homens.
Tenho a esperança de que um sorriso comprado
Ensine-me a sorrir, por mim mesmo, ainda que falsamente.
Será que existe nobreza na falsidade pela boa causa?
Não sei! Quero ser feliz a qualquer preço,
E poder distribuir sorrisos para todos, gratuitamente.

Vamos! Venda-me um sorriso...

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

HOMENAGEM AOS ESCRITORES


Em 9 de julho transato, eu e meus colegas (acima na foto) fomos homenageados no desfile de aniversário da cidade de Fátima do Sul/MS. Bacana, não!!! É sempre bom receber o reconhecimento público por algo que você fez! Parabenizo meus amigos pelas suas obras e por serem obstinados guerreiros em defesa da leitura! Eu, por minha parte, continuo meu caminho amando as letras em todas as suas formas: lendo-as e escrevendo-as!!! Fazer o que, amores são amores, e quando eles são verdadeiros, são para a vida toda!

domingo, 21 de setembro de 2008

Um Homem de Fé


Chegou cedo, como sempre.
Ao abrir a porta, o ar mofo da inatividade veio lhe cumprimentar as narinas. Ligou as muitas luzes e expulsou a escuridão. Sobre o altar, acendeu um par de velas, persignou-se e ajoelhado começou a ditar meia dúzia de orações ao padroeiro. Terminado o momento de fé pegou um velho pano que estava a um canto e começou a tirar a poeira. Fazia isso com alegria, porém, algo resignado ou cansado dos muitos anos de dedicação solitária e ininterrupta.
Abriu enfim a igreja. As grandes e largas portas rangeram ao se esfregarem no piso duro.
Já no altar, puxou do bolso os velhos óculos e começou a folhear a Bíblia. Escolheu uma passagem, a sua favorita, olhou o relógio, os bancos.... muito tarde, vazio novamente.
Triste, entrou na sacristia e pegou um desgastado livro de cânticos amarelado pelo tempo.
Voltou ao salão principal, nos bancos da frente, três devotas anciãs, antigas companheiras de rezas e penitências faziam-se presentes, como sempre. E como sempre.... as únicas. Olhou-as brevemente, cumprimentou-as e deu inicio ao culto tão pobre em espectadores.
Seguiram-se então os cânticos entremeados de Credos e Terços. Feitos os louvores e algumas orações, pediu as companheiras que abrissem suas Bíblias numa passagem previamente escolhida. Leu-a em voz alta e depois discorreu sobre o tema proposto pela Leitura. As devotas o ouviam atentamente, óculos nas faces, rosários nas mãos.
Terminado a explicação do Evangelho, fecha sua Bíblia sobre o Altar, pega seu velho rosário e sentando-se ao lado das companheiras inicia um novo terço. Segue-se mais meia hora de Aves Marias e Pais-nossos.... Rezam como se o fizessem pela última vez. Para eles, sabem eles, o tempo é escasso, curto. A vida é urgente. Deve-se sempre estar em paz.... consigo, com o Criador....
Depois de mais alguns louvores, dão por encerrado o culto dominical noturno. Despedem-se e partem. Ele continua por ali, mais algum tempo. Cuida de alguns papéis, apaga todas as luzes, faz uma última oração e satisfeito consigo próprio segue o seu caminho para casa. Nunca chega. Um enfarto mortal o estende pelo caminho.
No mesmo instante, dentro da igreja, uma brisa repentina abre a Bíblia sobre o Altar e a faz folhear-se parando em uma passagem específica, a mais lida naquela pequena igreja.
Encontram-no horas depois... Os olhos pregados no céu de estrelas, os braços abertos em cruz, nos lábios um sorriso feliz.... descansava em paz!!!

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Fragmentos do Diário NUNCA escrito por mim


Por um motivo qualquer sentiu pena
dos malditos e miseráveis.

Que algo terrivel é esta compaixão...

Os malditos e miseráveis eram homens!!!

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

ENQUANTO A LIBERDADE NÃO ALVORECE...


... A madrugada chega e encontra-me atento
Para todas as expectativas,
Para todos os estímulos da noite na cadeia.
O rádio da polícia que ruge.
O tétrico ulular da coruja caçadora.
O morcego que sibila em seu vôo cego.
O ruflar de asas do inseto bizarro.
O rato que se acomoda em sua toca de sucata.
A rodovia, lá fora, lá longe, que nunca dorme.
A suave queda do orvalho na relva.
O ladrão que grita dançando com a droga.
A faca que se esconde, sempre pronta para perfurar
o tênue hímen da vida.
Um sonho que se desprende num suspiro profundo.
O pensamento suicida que reflete o desespero
de vidas estéreis.
O cadeado trancado.
A porta trancada.
A liberdade expulsa.
A noite é mais dolorida na cadeia.
O dia sufoca, ilude a tristeza.
A noite a traz para fora...
Quando a madrugada chega na cadeia,
Encontra todos os sonhos trancados,
E a esperança perdida num sonho que não se cumpre
Jamais em noites na cadeia.
A liberdade é clara, todos sabem, clara como a luz do sol!

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

UMA BEBIDA AO OCASO


Chegava sempre aos finais das tardes, à sombra do crepúsculo. Entrava, tirava seu velho e inseparável chapéu, colocava-o a um lado do balcão, sentava-se sobre um banco e pedia uma bebida gelada. Servia-o e ele sorvia-se de um gole; o primeiro, sempre rapidamente, como se sua vida dependesse disso e deixava escapar uma feição de intenso prazer. Feito este pequeno ritual ia bebendo devagar, prazerosamente, o olhar distante, o pensamento distante, a concentração distante. Seu silêncio era pesado, nada parecia importuná-lo naquele seu instante, era como se recompensasse a si próprio pelo dia de trabalho, pela vida de trabalho, dando-se uma bebida gelada e solitária, sempre aos finais das tardes.
Algumas vezes, raras vezes, puxava uma conversa. Isso era muito eventual e, quando acontecia, trazia do baú da memória um velho causo, uma lembrança antiga surgida num relâmpago, originada de um fato qualquer despercebido que o tocava e resgatava a reminiscência. Nesses momentos, falava olhando para o copo, para a garrafa suada sobre o balcão. Contudo, percebia-se seu olhar além do copo, além da garrafa. Parecia estar em outro lugar, talvez outra dimensão, onde buscava os fatos até então esquecidos, um lugar onde suas histórias não morriam e que, no momento, reviviam em suas palavras ganhando formas novamente.
Ele não gostava de ser interrompido, e eu sabia disso. Mantinha, por minha vez, um silêncio solene e compenetrado e ouvia-o. Jamais poderia dizer ser esta uma tarefa cansativa. Para nós: para mim, para ele, era um hábito extremamente arraigado. Fazia parte da gente, como fazíamos parte dele (do momento). Ouvia-o então, como se ouvisse um pai, um mestre. Jamais poderia considerar fadigosas suas palavras emotivas, suas histórias introspectivas, suas buscas por outros caminhos que poderia ter tomado na sua vida. Nas raras vezes em que quebrava seu silêncio; sua fala era-me como uma lição, e em devoção, ouvia-o.
Quando terminava o conteúdo da garrafa; terminava o seu ritual, nosso ritual. Pagava a bebida, tomava nas mãos o velho chapéu e o ajeitava na cabeça. Agradecia numa breve palavra ou com um gesto, um aceno, e partia de maneira tão lenta e resoluta quanto chegara. Para ele, havia-se decretado o fim de seu dia. Nada mais a fazer. Nada mais a dizer. Somente descansar no aguardo de um novo dia que nascesse em sua vida; até o dia, derradeiro dia em que nada mais lhe restasse a fazer.... Que senão.... Fechar os olhos e calar todas as histórias e esquecer todas as garrafas fechadas....

sábado, 30 de agosto de 2008

UM DOCE DE GURI


Escapava, de mansinho, pela porta dos fundos da casa. Livre, corria com um sorriso nos lábios, os braçinhos infantis balançando ao vento; nos olhos, o brilho pueril de estar cometendo uma travessura. Doces travessuras! No sentido literal e etimológico da palavra. Em suas fugas vespertinas, corria a doçaria vizinha à sua casa. Estando lá, de uma janela que dava de frente com o dono do lugar a preparar os doces, ficava ali, admirando, a barriga a roncar sonhos de guloseimas. Não demorava muito e o anjo da guarda que protege as crianças dava sua singela contribuição. Um dos doces que estava sendo preparado para o comércio, quebrava-se, repentinamente, inutilizando-se para a venda. O dono sorria olhando o garoto fujão e pegava o pedaço do doce e enchia-o com calda de doce de leite. O garoto sorria, o sorriso mais puro, mais cristalino, que pode haver para sorrir. E o homem, satisfeito, voltava ao seu trabalho, não sem antes de ver o afã com que o quitute desaparecia na boca do menino. Então, homem e garoto, conversavam de coisas que só se podem ser conversadas entre homens e meninos de boa vontade. O garoto perguntava, repetidas vezes, e o homem, paciente, respondia-o. Daí a instantes, o guri desaparecia e atrás deixava no homem a certeza de seu retorno no dia do amanhã, quando então, quebraria mais um doce para o garoto. Com essa desculpa, aplacava a ira da mãe do fujão que o achava a incomodá-lo. Pobre mãe! Justa mãe! Ela não sabia que o sorriso do garoto ao ganhar o doce quebrado, sorriso de anjo, era o preço mais valioso que ele recebia por um de seus doces!!!

terça-feira, 26 de agosto de 2008


Sanatan estava recitando o seu rosário junto ao rio Ganges, quando um brâmane esfarrapado aproximou-se dele e pediu: “Uma esmola para este pobrezinho!”

“Já dei tudo o que possuía” – respondeu Sanatan. “Agora só tenho o meu pratinho”.

“Mas o meu Senhor Shiva veio ao meu encontro em sonhos” – disse o brâmane – “e aconselhou-me a procurar-te”.

Sanatan lembrou-se de que havia encontrado uma pedra preciosa entre os cascalhos da margem, e a enterrara na areia, pensando em um dia alguém poderia precisar. E mostrou o lugar para o pedinte.

O brâmane ficou surpreso, e foi desenterrar a pedra. Depois sentou-se no chão, pensativo, até que o sol caía por trás das árvores e os pastores voltavam para casa com os rebanhos.

Então levantou-se, foi devagar até Sanatan, e disse: “Mestre, dá-me um pedacinho dessa riqueza que despreza toda a riqueza do mundo”. E atirou a pedra preciosa na água.



Poema de Rabindranath Tagore, poeta indiano ( 1861-1941), de sua obra A colheita, poema 27, 1991, Edições Paulinas.

sábado, 23 de agosto de 2008

O DONO DA BOLA
(Versão Dois)

Era o dono da bola.
E não só da bola como do campo, do jogo de camisas, de tudo, enfim.
Nos finais de todas as tardes, lá estavam eles todos, no campinho de terra conhecido por pequeno coliseu, aguardando pelo jogo de futebol. Chamar o que jogavam de futebol era uma daquelas hipérboles suntuosas. Um bando de guris de um lado, um bando de curumins do outro, e a inocente bola sendo atirada de um lado para o outro a base de caneladas e patadas, em meio a uma algazarra demoníaca. O que se via, freqüentemente, eram algumas canelas roxas e uma exaustão de xingos e blasfêmias sem precedentes.
O certo é que o cara era um chato, mas o dono da bola. E essa “qualidade futebolística” que lhe foi conferida pelo seu poder econômico, fazia-o ser escolhido por primeiro, a maior de todas as honras entre a gurizada. E isto, era a maldição do time em que caia, afinal, o cara era o maior “perna-de-pau” que a pequena cidade havia conhecido desde a sua fundação. Seu jogo era baseado em “vivas são João” na área, sua posição predileta era a banheira e, quase sempre, para não dizer todas as vezes, errava os gols, por mais feitos que estivessem. Arre! Era um grosso!!! E, não havia a menor possibilidade de reclamar, de apresentar uma crítica a menor que fosse, até mesmo os narizes torcidos eram por ele investigado e, se identificasse uma censura ao seu lance infortuito (era assim que se justificava, com esta palavra que ninguém sabia o que era!!!) pronto, o coitado estava eliminado da partida e, de quando em quando, alguém ficava um bom período exilado no banco de reservas, esquecido das partidas, por todos e por ele, principalmente, o pequeno ditador.
Era um sujeito execrável, todos o detestavam. Um cara entupido de empáfia que acreditava ser o centro do universo e que tudo e todos orbitavam ao seu redor. Conviver com ele era quase impossível, esta magia somente era conseguida graças ao encantamento da bola. Porque a bola era a musa dos sonhos de todos os guris. Ela era sonhada, desejada, amada por todos. Para eles, a pequena redonda era a linda princesa que tinha o ingrato destino de viver prisioneira no castelo do bruxo. Mas, o que fazer? Era ele o seu dono e, desta forma, o proprietário de seus sonhos, de seus desejos, de seus destinos. Ele dizia a hora para tudo, ele quem escolhia os times, quem ganharia, quem perderia, sobre ele repousava a felicidade de todos os petizes da pequena cidade. Que triste maldição esta, pensavam, viver sob o jugo de um ditador, do dono da única bola da cidade?
Num dia qualquer dois times degladiavam-se fervorosamente na pequena arena romana. As coisas transcorriam como sempre. O time contrário do déspota, já havia tido dois gols perfeitos cancelados, um pênalti claro a seu favor não marcado, e tomado dois tentos de penalidade máxima que foram apontadas por ele em situações impossíveis de serem assinaladas. Foi tão embaraçador que até mesmo o time dele ficou constrangido. Mas este dia, que nasceu para ser igual a todos os outros, iria se tornar diferente, único, singular. Todas as maldições, acreditem, nascem para encontrar seu final. Não existe noite mais negra que não sucumba ao primeiro raio de sol. A alforria destes guris veio de uma forma insólita e não dá para saber se o resultado lhes trouxe por completo a felicidade. O sorriso de agora pode ser a lágrima de amanhã e/ou vice-versa. A felicidade é difícil de ser detectada e mesmo enquanto guris, dominados pela sua sabedoria, ela pode passar despercebida numa dobra do destino.
Num lance casual de jogo, um guri chutou a bola, um chute forte e poderoso que raspou a trave adversária e foi para a rua, indo parar numa grade cheia de ferros e setas retorcidas na casa em frente.
Foi demais para a bola. Ela gritou uma única vez e o som de sua voz ecoou num estouro. Todos eles gritaram ao mesmo tempo: “Não!” Pegaram-na como se dezenas de romeus tomassem nas mãos uma Julieta ainda delirante, num ultimo suspiro de vida. As lágrimas de seus olhos desciam misturadas ao suor e ao pó do rosto formando uma máscara horrenda e sofrida.
No meio deste teatro de horror alguém se levantou, pegou sua bicicleta e partiu. Foi seguido por outro, e outro, mais outro, por todos. O Dono da bola pediu para que ficassem, gritou, exigiu, implorou, mas todos foram embora, definitivamente. Ele ficou lá sozinho, segurando o cadáver murcho da “Julieta” nas mãos e esta, sem vida, havia perdido o encantamento sobre todos os outros. Ele atirou-a ao chão com fúria e xingando a tudo e a todos entrou dentro de sua casa, solitário, como sempre esteve. Alguém, que ficou desapercebido por ali, agachou-se devagar e tomou a bola nas mãos com um carinho exagerado. Olhou para ela, e sua lágrima cristalina molhou o couro impermeabilizado. Colocou ela na garupa da bicicleta e partiu, como se a levasse para praticar ritos fúnebres em sua honra. Ele se perguntava como seria o dia de amanhã, sem a bola e achou-se por um breve instante triste. Depois, lembrou-se do rosto do pequeno déspota, de sua tirania e de sua chatice incontrolável e não conseguiu esconder uma gargalhada que nasceu do fundo de seu peito. Estamos livres, pensou, estamos todos livres! Amanhã seria outro dia e alguma solução seria encontrada, pensou enquanto sumia na distância. Por ora, era comemorar o fim da tirania, o reino de ditadura havia acabado, como, afinal, todos os reinos absolutistas um dia acabam!