quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

CARA OU COROA

Pensei numa proposta para o ultimo post do ano em nel mezzo del cammim.

Retrospectiva? Clichê!
Poesia de amor? Piegas!?
Críticas? Inoportunas!

Não fiz maiores projetos, minha arquitetura é sempre lírica e se ficasse buscando o método, indubitavelmente, sairia mais do mesmo.

Que o ultimo post fosse a face do improviso, ficou-me este desejo latente!

Sim! Isso! Com palavras atiradas dentro do texto, regurgitadas, sem amarras e amarrações, sem vestimentas luxuosas, que fossem elas, todas elas, as palavras e as frases, nuas... Nuas...

O ultimo post deveria reverenciar o futuro e não o passado!

2010 será para mim, surgiu-me a revelação, uma moeda com duas faces emblemáticas.

De um lado, cara, a esperança de um tempo melhor!
De outro, coroa, a certeza de um tempo melhor!

O ultimo post do ano sugere que escolhas:

Cara?
Coroa?

E que atire a moeda para cima!
Esqueça tudo o que aprendeu sobre sorte e azar...

Aqui... Neste jogo, você faz suas escolhas e a moeda acompanha tua decisão.

Então, o que vai ser 2010 para você?

Cara ou coroa?

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

NOITES PARA SE FAZER POESIA


Numa dessas noites sem qualquer inspiração
Que quiseres fazer poesia...
Lembre-se sempre que
Poesia nunca pode ser feita assim...
De uma forma negligente e sem tempero.


A poesia sempre foi e é exuberante,
Está sempre vestida elegantemente,
Ela entrega o seu melhor e exige de todos nós o melhor.
Não se faz poesia com a mesma urgência
Que se bebe um copo d’água para matar a sede.
Poesia se faz saciado, satisfeito.
Ela gesta em você e escolhe sua hora de nascer,
Sem tempos prematuros, sem abortos.
A poesia é senhora de si.



Queres um conselho?
(Será que existem conselhos no que tange poesia?)


Estejas sempre pronto para ela.
Mantenha em você um estado permanente
De atenção, sejas sempre receptivo.
O embrião da poesia é a idéia,
Uma frase mágica que ansiosa
Escapa do todo e surge como um fragmento em voce.
Pegue-a!
Acaricie-a!
Puxe devagarzinho este trecho,
A ponta do novelo e, de repente,
Ei-la: poesia!


Numa dessas noites sem qualquer inspiração,
Que lhe assaltares a vontade de fazer poesia,
E a poesia não se lhe mostrar...
Aquiete-te!
Durma...
Ou saia de tua casa!


Há noites que foram feitas para outras coisas...
Não para poesia!!!


Ilustração:
  1. Quadro de Van Gogh, 1889, The Starry Night
  2. Quadro de Van Gogh, 1888, Starry Night over the Rhone

domingo, 27 de dezembro de 2009

NEL MEZZO DEL CAMMIM




Por um tempo, breve até, acreditei-o uma janela por onde me debruçava para ficar observando o fantástico oceano virtual. Deixei de pensar assim, essa constatação reduzia nel mezzo del cammim.

Por outro tempo, breve até, acreditei-o uma porta por onde adentrava para encontrar com outras pessoas no mundo virtual. Deixei de pensar assim, essa idéia também simplificava nel mezzo del cammim.

Por outro tempo, breve até, acreditei-o uma nave espacial muito possante que me levava para outros universos (os amigos são universos!) virtuais. Ainda que fosse um pensamento com o qual flertasse, abandonei-o à própria sorte, ele também diminuía nel mezzo del cammim.

Hoje eu o vejo como algo além de mim. Ele sou eu, eu sou ele. Ambos misturados num único ente que possui vida própria. É este pensamento que me sustenta agora. Nel mezzo del cammim é um ser virtual que necessita de mim para alimentá-lo (com textos e poesias) e de voces todos que o visitam, para amá-lo – Todos necessitamos de amor!

Esta nova concepção pacificou-me porque ela é democrática e conciliadora. Ela não destrói as outras teses que a precedeu, pelo contrário, as incorpora e se utiliza delas para criar a personalidade própria do blog – Sim! Blogs tem personalidade e até uma alma.

E, por obséquio, não se limitem as aparências deste texto. Ele não é ufanista. Não busca a autopromoção, algo tão tolo. Observem, observem melhor, além, vejam o pulsar do coração desse texto, é o duplo coração de nel mezzo del cammim, uma batida formada pelo coração dele e o meu. Eu o entendo agora, sei o que ele é e o que pretende dizer com tanta veemência e paixão – nel mezzo del cammim vocifera que ama voces, nossos amigos e amigas todos! Um amor construído com a força de dois corações!!!



Ilustração: Banner original de nel mezzo del cammim, foto recolhida no site www.olhares.com, aliás, de onde vem boa parte das ilustrações aqui postadas.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

ENTÃO É NATAL....




NOITE DE NATAL...



E EU????



Dormindo....



Deus! Tenho de dar um jeito em minha vida...

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

SONETO PARA A FUGA DE POESIAS



Houve uma época que as poesias eram comuns em mim,
Nasciam de uma forma natural, imperceptível.
Elas me amavam e para elas dedicava meu tempo, enfim,
Um acordo tácito, sem nada escrito em papel.


Hoje, quando elas fugiram para um local desconhecido,
Quando as busco sôfrego, em todo instante,
Hoje quando me fiz alguém na vida e me sinto perdido,
Sinto falta das poesias, minhas amigas, minhas amantes.


A folha de papel em branco continua branca.
A caneta sequer esquenta na palma de minha mão.
Das pupilas vertem lagrimas que não estancam,


Da cabeça não salta nenhum verso,
Do peito não nasce nenhuma emoção,
As poesias fugiram para outro universo...

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

FRAGMENTOS DO DIÁRIO NUNCA ESCRITO POR MIM

Eu devia ter ficado em silêncio... Em silêncio...
Tão politicamente correto o silêncio... O silêncio!
Mas, aonde esconderia minha indignação, minha honra, o homem que sou?
No armário?
Na bolsa?
Deixaria em casa?

Eu devia ter ficado em silêncio... Em silêncio... Mas não fiquei!
Não sei mais o que é certo... Somente sei que consigo olhar-me no espelho agora e lá enxergo um homem!
Às favas o politicamente correto!
Às favas o calar-se!

domingo, 20 de dezembro de 2009

SORRISO DE AMOR


Hoje acordei
Minha nudez refletiu no espelho,
Ao lado você se estendia,
Dormindo.
Vi nos seus lábios um sorriso!

Puxei o lençol suavemente,
Constatei também sua nudez.
Busquei na memória entorpecida
Pela sonolência, os momentos.

Ah! Os momentos...

Paixão...
Volúpia...
Beijos e abraços...
Intimidades reveladas...
Fazer amor...
Orgasmos...
Felicidade...

Suave, cobri-a novamente!
Deitei-me sem perceber
Que enquanto adormecia,
Um sorriso
(também!)
Nascia em meus lábios.

sábado, 19 de dezembro de 2009

WHAT A WONDERFUL WORLD



As pessoas dizem para me sentir feliz.
Tocam no estéreo Louis Armstrong
E sua canção “What a wonderful world!!"
O mundo é belo, dizem-me.
Vamos viver enquanto há tempo.
Este é o ultimo dia do resto de nossas vidas...,”
Continuam eles.
As pessoas sorriem, bebem e dançam.
Não consigo me divertir.
Não consigo fechar os olhos para Copenhague.
Não consigo fechar os olhos para Brasília.
Tanta coisa errada, imperfeita.
Tanta desigualdade.
Falo disso para as pessoas e elas
Riem com escárnio.
Você não pode resolver os problemas
Do mundo cara!
Acorde e viva a vida... Viva a vida!”
Abaixo a cabeça e deixo-me dominar
Pelo egoísmo e pela inércia das pessoas.
Nada posso fazer! Resigno-me.
E com os ouvidos na hipócrita canção
What a Wonderful World”
Levanto meus olhos às estrelas no céu
E confidencio-me com meu Pai criador:


Deus! Perdoe-me! Não sei o que fazer...

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

SE TU SOUBESSES O QUANTO EU TE AMO!


Ah! Se soubesses o quanto és por mim amada,
Não deixaria que as banalidades que nos
Cercam te desmotivassem e te esmorecesse.
Pois nós não somos nada mais na vida
Do que joguetes de um destino calculista e frio.


Ah! Se realmente soubesses o quanto és por mim amada,
E te visses pressionada por este mundo grande e selvagem,
Deixarias-te mergulhar em meu mundo,
Onde és nele a rainha, minha amada rainha,
E estais protegida deste mundo que
A pressiona e não te quer...


Ah! Se soubesses... Se realmente soubesses
O quanto és por mim amada,
Não deixaria que dificuldades lhe trouxessem infelicidade.
Porque tudo o que levamos de concreto desta
Vida é o amor e este você encontra em mim
Uma fonte inesgotável.
Um amor que te aquece nas noites de frio
E te refresca nos dias de muito sol.
Um amor que nada te cobra e tudo lhe dá.


Ah! Se soubesses.... Se soubesses o quanto
És por mim amada,
Jamais me deixaria assim tão só
E viria ser feliz do meu lado.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

CREPÚSCULOS

Todas as tardes o casal de idosos sentava-se à frente de sua casa, em duas velhas cadeiras de fio, sem maiores propósitos, para olhar o preguiçoso cair da tarde, a lenta chegada da noite e as pessoas que iam e vinham dos mais diferentes destinos.

Eu passava apressado com os pensamentos sobrecarregados com as preocupações do cotidiano. Sempre os cumprimentava, um aceno de mão, um meneio com a cabeça, e seus olhos e seus sorrisos devolviam-me saudações afetivas e silenciosas.

Pareceu-me que, para eles, estar ali era um ritual dos seus fins de tarde. Entendi que o interesse deles não se fixava nos transeuntes, quem vem, quem vai, com quem vem, com quem vai, estas coisas pequenas que inebria parcela da população - essa parcela que vê na vida do outro mais atrativos que na sua própria. 

Oh! Estar ali para eles transcendia a isso. Gostavam era de ver o cair da tarde, o sol se escondendo no horizonte trocando de cores de uma forma mágica: O amarelo meio dia se alaranjando para as cinco horas até vestir-se do rubro ocaso das seis horas.

Ficavam ali em silêncio, sentindo a brisa fresca vespertina que sussurravam poesias esquecidas no vento e captavam desses segredos inspirações diversas para a vida e para todas as coisas.

Ficavam ali até que a lua surgia tímida e pálida e, com o avançar das horas, entusiasmava-se e ganhava formas e aparência singular mostrando-se desinibida.

Algumas pessoas chegam ao final de suas vidas melancólicas e rancorosas e passam a refletir nos outros frustrações que são unicamente suas. O casal de idosos não é assim! Todas as coisas parecem resolvidas para eles, não possuem frustrações em suas existências, viveram do jeito que quiseram ter vivido, e, vivem agora do jeito que querem viver, não lhes interessa o que os outros fazem, eles sabem que somos todos livres e cada qual pagará o preço de suas escolhas.

Tudo o que eles querem agora é viver intensamente uma alvorada, um crepúsculo, um cantar de pássaros, sentir a beleza de uma flor, sorrir para a chegada pacífica da noite. Eles estão no fim e, no fim, estas coisas ganham uma notoriedade estranha à juventude.

De repente, vejo-me longe deles, meus passos conduzem-me para um caminho alheio ao do velho casal. No entanto, eles ensinaram-me algo e este algo me torna melhor. Fecho os olhos, sinto a brisa beijar meu rosto e escuto seus segredos e sua poesia – delicio-me com esta caricia gratuita.

Olho, olho para o sol que se põe, o crepúsculo é lindo e mágico. Eu fico tão pequeno diante disso tudo, os problemas ficam tão pequenos diante disso tudo. O casal fica para trás, perdidos nel mezzo del cammim, mas eu sigo com eles... Fica-me a certeza plena que, no sentimento, agora e doravante, seremos iguais!!!

sábado, 12 de dezembro de 2009

E POR QUERER-TE TANTO ASSIM...


Meu amor, minha vida,
Não espero muito de ti.
Não quero que espere mais de mim.
Que façamos um pacto então...
Pois nossas expectativas estão nos estragando...


Sejamos no alvorada, como anjos!
Sejamos no crepúsculo, dois demônios:
incubo, súcubo,
Que não conhecem quaisquer regras,
Que não possuem quaisquer outros desejos,
Que não seja buscar uma nova forma de amar!


E, se assim estivermos combinados,
Oscule meus lábios demoradamente.
Tomarei sua mão com carinho.
Tocarei seu coração com sentimento.
E no ocaso, sem acasos,
Tomarei seu corpo com volúpia.
Invadirei você com sofreguidão.
Conhecerás o melhor de mim!
Conhecerás o pior de mim!
Amor e ódio, pura energia, penetrando sua feminilidade!
Amor e ódio misturando-se sem fim!
Amor a mim por saber amar-te tanto assim...
Ódio a mim por só ter um coração para querer-te enfim...

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

BRAVO NOVO MUNDO

O guri colou o rostinho na janela e ficou olhando para dentro como se visse um admirável mundo novo.
Lá dentro, o profissional trabalhava atento em seu ofício.
Olhou para o lado, viu o guri.
O guri olhou para ele, sorriu, fez um sinal de positivo.

Ele ficou olhando para aquele rostinho inocente – a inocência, pensou, é uma qualidade humana que jamais cresce, ela vive na Terra do Nunca, ela não conhece a fase adulta. A inocência nasce com a infância e perece com ela, num dia qualquer, quando o tempo e o destino decretam a chegada da adolescência, a porta de entrada da fase adulta no homem.

O guri não disse nada, somente ficou ali entretido em suas picardias, embalando-se por gestos juvenis – a imaginação de uma criança é sempre algo mágico.

Acontece que o guri estava à porta da cadeia, dia de visitas de crianças e, breve, entraria para ver o pai, preso e bandido.

Oh! Que doce filtro é a inocência, pensou o homem.

O guri não via a cadeia, não via o bandido nem o preso, para ele havia somente o pai, pai que logo iria ver e isso merecia sorrisos e sinais de positivo distribuídos à revelia, mesmo que para estranhos.

Daí a pouco, surgiu a mãe e o catou pelo braço, deu-lhe uma bronca mal educada e em uma atitude truculenta saiu arrastando o guri.

O pequeno partiu, arrastado pela mãe, sem entender muita coisa, acatando essa autoridade grosseira. O homem ainda pode ver quando seu rostinho pueril voltou-se para trás e com o braço solto, ergueu-o e despejou um novo sinal de positivo. Ele, por sua vez, retribuiu o sorriso e o positivo querendo e torcendo para que o tempo e o destino prolongassem a inocência naquele corpo infantil. Porque um dia, ele sabia, o guri acordaria numa manhã qualquer, igual a tantas outras na aparência, mas, ao se levantar e encarar a vida, veria tudo diferente do que sempre lhe foi.

A cadeia seria para si cadeia.
O pai seria um preso e um bandido.

E suas necessidades seriam outras e lhe impulsionariam para um novo estágio em sua existência!
Quiçá, pensou o agente, que as novas expectativas não o levassem para estradas outras cujos caminhos o trouxessem às portas da cadeia, torceu e rezou para que isso não acontecesse. Quando a inocência se vai e chega a realidade nua e crua, é necessário uma série de valores e qualidades no caráter humano que somente um bom berço e educação proporcionam para ocupar o lugar da ingenuidade que se afasta.

Um amigo carrancudo e estressado com o trabalho árduo passa à porta de sua sala, para por um momento. Ele olha para o colega sombrio, dentro de seus olhos, profundo, longamente, solta um sorriso franco e generoso e descarrega um positivo. O colega fica surpreso e se afasta sem nada dizer. Sente dentro de si, um lampejo de inocência remexer-se dentro de si. O guri desapareceu nas entranhas da quimera, mas deixou consigo um pouco de sua inocência...



Ilustração escolhida a esmo na internet, não identificado autoria.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

CAÇADORA DE BORBOLETAS




Não perguntes jamais onde estou.
Esta é a pergunta que jamais deverá ser feita.
Aliás, no que tange a mim (e a você)
Não queria perguntas ou indagações.
A incógnita já é uma argamassa da vida
E não quero edificar nosso relacionamento
Tendo como viga mestre um ponto de interrogação.
Não corras atrás de mim,
Como se fosse uma caçadora de borboletas,
Reduzindo-me a condição mesquinha de tua presa.
Sejas você, unicamente,
Sejas jardim,
Os jardins não vão até as borboletas,
As borboletas é que voam até os jardins!
Atraídas,
Capturadas,
Não por redes ou armadilhas,
Mas pelo seu encanto natural.
É isto tudo o que quero contigo,
Não quero ser aprisionado,
Nem fazer do estar junto contigo
Um estado de compromisso.
Quero estar contigo pelo prazer de estar,
Sendo o estar junto algo tão natural
Como o vôo das borboletas para os jardins,
Sendo o estar junto algo tão natural,
Que nem mesmo é uma decisão minha
- ou mesmo tua! –
É uma decisão da nossa natureza.


Não perguntes então onde estou...
Para todos é uma pergunta vazia,
Tola e despretensiosa.
Para mim não...
Machuca-me!
Ela mostra-me tua incapacidade de ver
O único lugar nesse mundo
Que eu gosto e quero estar:


- Dentro do jardim que é o teu coração!


Ilustração: Óleo sobre tela, Quadro Caçadora de Borboletas (1904), de PEDRO WEINGÄRTNER

domingo, 6 de dezembro de 2009

VALQUÍRIAS


Minha visão está turva.
Sinto a cabeça rodar maluca.
Na minha boca sinto um grito estranho e vermelho,
Minha pele queima e não há fogo.
Pergunto-me de minhas pernas.
O vento que me toca não traz alento.
Meu coração tímido é quase inaudível.
Ouço uma voz aveludada me chamando,
Possantes cascos de cavalos ribombam pelas nuvens...

(Então é assim que nascem os trovões?)

A voz se aproxima mais e mais,
A Valquíria vem me buscar...
Vejo seus cabelos negros e abundantes
Caírem sobre seus ombros,
As pernas longas e torneadas,
Os seios redondos e fartos,
Como és linda tu, Valquíria! Como és linda!
Ela estende-me a mão e levanta-me.
Não há mais dor, não há mais medo.
Monto na anca de seu alado cavalo branco e partimos.
Das nuvens te vejo...
Num delírio de morte, grito seu nome.
E abraçado a Valquíria sigo para Valhalla...

... Sem que você me ouça!




VALQUÍRIA: Na mitologia nórdica, as valquírias eram deidades menores, servas de Odin. As valquírias eram belas jovens mulheres louras de olhos azuis, que montadas em cavalos alados e armadas com elmos e lanças, sobrevoavam os campos de batalha escolhendo quais guerreiros, os mais bravos, recém-abatidos entrariam no Valhala. Elas o faziam por ordem e benefício de Odin, que precisava de muitos guerreiros corajosos para a batalha vindoura do Ragnarok. (Wikipédia)

VALHALA: na mitologia nórdica ou escandinava é o local onde os guerreiros vikings eram recebidos após terem morrido, com honra, em batalha. (Wikipédia)

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

ACORDE, MEU AMOR!



Meu bem acorde,
Eu cheguei agora...
No vento!
Vim com as folhas,
No sopro da noite.
Sinta a brisa enlaçar
Seu corpinho quente
E delgado,
Sou eu meu bem!
Sou eu a te abraçar
No vento!
O sol ainda não saiu,
Ainda há estrelas no céu.
Venha comigo meu bem,
Vou te levar ao céu,
Num vôo com o vento.

Meu bem acorde!
Eu cheguei agora...
(louco de amor!)
No vento!

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

EM BUSCA DO TEXTO ABENÇOADO



Procurava o texto como se buscasse o ultimo fôlego,
Aquele golpe de ar que lhe restituiria a vida,
Que lhe encheria os pulmões desta doce atmosfera que nos impulsiona,
Que lhe entupiria os dias todos com novas possibilidades.
A vida abre novas alternativas sempre...
Mas nunca são fáceis estes textos, eles são únicos e soberanos, são arredios e selvagens, não se domesticam.
Todos os grandes autores já tiveram um encontro com eles,
Um raro e fortuito encontro,
E suas vidas ficaram marcadas com o signo da posteridade.
Um texto assim é divino, cheio de bênçãos.
Não o se colhe em um jardim como se fosse uma rosa.
Nem o se compra a preço algum.
Estes textos são dedicados aos amantes das letras e poesias,
Oferecidos para aqueles que se tornaram merecedores pela sua própria sensibilidade,
Pela sua capacidade de ver e ler a vida sob o filtro da poesia.
Caiu de joelho, então, e rezou.
Não pediu ouro, nem pedras preciosas.
Não pediu títulos de nobreza ou poder incomensurável.
Pediu para saber enxergar a poesia ao seu redor,
Pediu unicamente um texto.
Um texto que a exaltasse, a comemorasse, que fizesse dela uma mortal um anjo, e que aos céus a ascendesse.
Um texto que desmascarasse todas as belezas de seu coração
E mostrasse a todos o jardim de virtudes que ele enxergava nela.
Um texto que a eternizasse,
Que falasse de amor e a amasse,
Um texto cuja leitura fosse o eco das batidas de seu coração.
Pegou papel, caneta, suspirou profundamente.
Escreveu o nome dela e seu nome fulgurou-se.
Escreveu enfim, não palavras, que eram poucas e tolas...
Escreveu seus sentimentos.
Sabia antes mesmo de tudo, que o texto abençoado ainda não lhe fora agraciado,
Entretanto, ao entregar o texto para sua amada,
Ela o leu carinhosamente, chorou, beijou-lhe e entregou-se para ele de uma forma delicada, poética.
Estava feliz mesmo assim...
Saberia esperar pelo texto definitivo à sua amada!