quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

QUANDO ME CHAMARES....


Se tu me chamas, meu amor, eu vou...
Vou sem apelos, sem resistências,
Sem gritos, sem dores,
Vou natural como água que vai
Do seu afluente para o rio.
Vou cheirando o perfume das rosas,
E minha pele terá o frescor das brisas.
Estarei vestido com as cores da primavera,
E meu sorriso trará a magia da alvorada.
Trarei a pureza de uma criança no coração
E meus atos farão inveja a um santo.
Estarei como uma virgem para voce, meu amor!
Vou com o desejo com que um "beija" busca sua flor,
Isso, sou o beijo e tu és a flor!
Oh! Eu tenho o brilho das estrelas no olhar,
Minha pele respira a maciez das pétalas,
E tenho a virilidade de um jovem touro
Livre pelas pradarias.
Se tu me chamas, meu amor, eu vou...
Não por obrigação ou respeito,
Jamais por protocolos ou convenções sociais,
Vou porque te amo
E porque perto de ti quero estar!
Chamas-me, meu amor, chamas-me,
E verás que amor é o que melhor sei fazer...

domingo, 16 de dezembro de 2012

QUATRO POMBAS


Quatro pombas se aqueciam sob o sol de dezembro...
A primeira viera de longe, estava cansada,
Trazia a frustração de um amor perdido,
Que desejava ser esquecido,
Mas amor, somente se esquece por amor, nunca por mais nada.

Quatro pombas se aqueciam sob o sol de dezembro...
A segunda suspirava, sua vida era sonhar,
Sonhava com amores que ainda viriam,
Juventude e desejo eram duas forças que lhe diziam:
Que sua felicidade estava no desejar... no amar...

Quatro pombas se aqueciam sob o sol de dezembro...
A terceira tomou um gole d'água, descompromissada,
Para ela a vida era sem exageros, sem atropelos,
Vivia de suas experiências que as guardava feito novelos
E as vezes desenrolava de sua memória atravancada.

Quatro pombas se aqueciam sob o sol de dezembro...
A quarta tinha um brilho no olhar, apaixonada,
Esta sabia que somente se vive pelo amor,
Sem amor é experimentar a dor,
E, sem hesitação, se entregava à pombinha amada.

Quatro pombas se aqueciam sob o sol de dezembro...
A primeira, pelo amor fora frustrada...
A segunda, o amor desejava...
A terceira, o amor que conhecera a resignava...
E a quarta, estava apaixonada!
Todas sabiam que amar é viver,
Não amar é passar pela vida,
Conhecendo somente o nada!

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

SOBRE DEUS e sobre homens

Ficas maravilhado com tuas proezas
E se jactas vaidoso frente todos os espelhos deste mundo.
Mas to digo que tudo o que fizestes
(e fazes!!!) é debalde e loucura,
E pouco me encanta.
Tu fazes naves e com elas se lança ao espaço,
Mas um bem-te-vi faz isso
Movido apenas pelo seu desejo de ir e vir.
Teus perfumes e fragrâncias são caros
Mas não superam os eflúvios de uma rosa
Recém desabrochada.
Bebes os mais finos licores,
Porém o que mata a tua sede (e a minha!!!)
É a pura água da fonte.
Tua comida a preparas, mas não sabes
Como a gema foi posta dentro da casca,
Ou mesmo como a banana vestiu-se de amarelo.
Se preocupas tanto com o que vês e tocas,
Não percebes que o ar que te sustém
Não possui qualquer forma ou matéria.
És apenas nada,
Ainda que tua crença em voce te lance acima das nuvens.
Mostre-me o botão que faz o sol nascer,
Digas-me se fostes tu que pendurastes
Cada estrela cintilante no negro firmamento,
Se tiveres a resposta, te respeitarei.
Eu louvo o Deus criador
Que tudo fez, que tudo faz,
Tu, homem é apenas uma
Tênue sombra arrogante de tua pretensa grandeza.
Meu Deus é vivo e grande
Esta na humildade e simplicidade de todas as coisas.
Meu Deus não precisa de motivação,
Ele é a motivação.
Para Ele tudo se faz e para Ele tudo segue,
Porque esteve no princípio
E é a própria eternidade.
E tu saibas que lá encima
Tua hora já foi marcada,
E, então verás que, sem meu Deus vivo
Tu apenas és pó,
E ao pó tornarás...
Esqueça tuas proezas, então...
Elas de nada valem.

sábado, 1 de dezembro de 2012

ENQUANTO ISSO, NA PEQUENA RODOVIÁRIA...


para DRÚCILA REIS

Tudo era devagar na rodoviária da pequena cidade do interior.

Um idoso, a um canto qualquer, lia o jornal que já não era mais do dia, para alguns as novidades ainda podem ser as de ontem. No salão, o barbeiro aguardava paciente o cliente que insistia não chegar. Havia dois guichês de passagens, em um deles, uma garota debruçava-se sobre o balcão sonhando amores de verão que o sábado a noite prometia; no outro, a boca ávida de um homem quebrava as costelas de um pão francês numa bocada voraz. Na lanchonete, tudo morno, exceção ao leite que estava frio, e, até as moscas estavam pousadas preguiçosas de voar.



Nos bancos, aguardando, eram poucos os passageiros, e todos sonolentos, o dia começava entorpecido naquela manhã. Um jovem escutava música em seu celular; uma senhora tentava domar os ímpetos grosseiros do filho mal criado; um senhor carregava uma caixa de papelão levando o cachorro de estimação dentro dela, partia buscando novos ares, para ele, a família e o pobre cão encarcerado.

Entre tudo e entre todos, o mais agitado era realmente eu.


Não se percebia em minha pessoa frenesi aparente que justificasse essa afirmativa, não se notava em mim movimentação que caracterizasse meu atual estado de estímulo permanente. Os mais atentos, entretanto, se eles houvessem naquele lugar sossegado, perceberiam que tudo em mim era alegria plena, uma ebulição de sentimentos nobres que nasciam direto do meu coração e convergiam para os olhos e pelo corpo inteiro, denunciando no bom humor a felicidade que me era companheira. Tempos bons.


Sorri e quando meu ônibus chegou notei em todos na pequena estação uma movimentação algo nervosa que o coletivo instigava. Subi nele e parti e, quando já saia em busca do meu destino, voltei meus olhos para a velha rodoviária e, de repente, tudo estava normal novamente, dentro da calmaria rotineira do interior, livre dos ventos nervosos das cidades grandes.

Fechei os olhos, recostei-me na poltrona e ganhei a estrada namorando no meu íntimo a minha amada – beijei sua boca, abracei seu corpo e recitei-lhe uma dúzia de poesias improvisadas. Ah! Como é deliciosa essa agitação em meu coração...

Ilustração colhida a esmo pela internet