sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

ORAÇÃO DE ANO NOVO


Por tudo o que fiz e deixei de fazer,
Pelas noites de sono perdidas,
Pelas lagrimas derramadas,
Por todos os sorrisos dados,
Pelos amigos feitos e esquecidos no caminho,
Pelos amigos que me acompanham,
Pela bondade semeada,
Pela generosidade que me foi dedicada,
Por todo o trabalho bem feito,
Pelas oportunidades perdidas,
Pelas vitórias conquistadas,
Pelas derrotas sofridas,
Pelos filhos,
Pelo pai e pela mãe e pela irmã,
Por todos aqueles que amei,
Por todos aqueles que deixei de amar,
Por voce e por mim...


... louvo a Deus agradecendo!


Deus abençoe a tudo e a todos,


E que o novo ano nos encontre com saúde e felizes!

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

CRÔNICA ESTRANHA DE NATAL


... e, então é natal na cadeia.

O dia chegou como todos os outros, trancado demais, enfiado entre poderosas grades de ferro, confinado dentro de diminutas celas cerradas a poderosas portas de aço, e os cadeados separando mil sonhos da musa liberdade.

Mas, quando os homens saíram das celas, algo neles vinha diferente, havia uma leveza no agir e no falar que contrastava com a rudeza presente em seus semblantes nos dias comuns.

Uma parte deles encheram os balões à força dos pulmões, outros, amarraram-nos todos juntos, colorindo o lugar em vermelho e branco, presentes infantis foram depositados em um canto, e, noutro canto, mais escondido, ficaram a ferocidade, a capoeira, os palavrões, os pensamentos nefastos e patifes, a criminalidade... Sobrou o natal, somente, o natal e sua força positiva que muda tudo o que toca.

... e, quando as crianças chegaram, vieram com elas os primeiros gritos, esparramou-se pelo solário os abraços e os beijos todos que não foram dados durante o ano, nos malditos dias comuns...

... e, daí a pouco, uma criança pequenina tropeçou e foi ao chão duro de concreto do solário, chorou, e o pai, um homicida frio e insensível com quatro mortes nas costas, correu para o filho, socorreu-o, abraçou-0, beijou-o, como faz qualquer pai...

... e, dentro de uma cela qualquer, uma mulher abriu o tuppleware e serviu a comida especial feita com carinho para o marido, um latrocida e a filhinha nascida quando ele já estava preso – almoçaram juntos, os três, na cama feita de concreto, no único e pequeno espaço que, naquele lugar, pode-se chamar de deles...

... e, uma mãe rezou com fé por um filho traficante, enquanto este escutou, escutou, ao menos escutou, algo que nunca fez nos dias comuns...

De repente, a sirene vociferou lembrando ao natal que é hora de partir...

... e, o natal foi embora, e, com ele, as crianças, as mães, as esposas, e este dia tão especial que transforma criminosos em pessoas comuns...

... e, quando tudo terminou, quando o natal tornou-se somente uma lembrança na mente e na retina de todos eles, os dias comuns voltaram e, com eles, todas as patifarias...

domingo, 19 de dezembro de 2010

À QUEM BUSCA POEMAS...

Se tu procuras em mim um homem que seja
ambicioso, peço-te, afaste-te de mim!
Porque não sou assim... não sou assim...
Não vejo a vida pelo orifício desta cornucópia
Enxergando lucros e vantagens financeiras
Em toda a parte que deita o olhar.
Meus olhos se voltam para outra direção
Onde o sol brilha gratuito,
Meus ouvidos desconhecem o tilintar das moedas,
Sabe de cor o canto dos pássaros e dos aedos
Que vivem cantando odes no meio dos caminhos.
Tenho uma ganância domesticada por
Uma encantada fada que pousou sua delicada
Mão sobre o meu ombro e disse-me:


- Viverás pela poesia... pela poesia...


Sou isso e nada mais!
Sou canto, sou prosa, sou rima, sou verso e
Sou o inverso da própria rima, sou poesia.
Procuro um sorriso ao me levantar
E com um Graças a Deus me deito,
Sou esquecido de moedas,
E por elas não acendo velas.
A terra recebe meus passos
E nada sei sobre propriedade disso e daquilo,
Tudo de terra que será realmente meu
Serão os sete palmos na derradeira hora,
Quando os meus sonhos se levantarem todos
E alçarem vôo abandonando-me à própria sorte!
Isso! Isso eu tenho demais: sonhos!
E tenho também alguns poemas que ainda são meus
Pois que não os deixei nel mezzo del cammin
Pois, assim que os depositar nas diferentes estações
E forem eles colhidos como flores do campo,
Não serão mais meus,
Serão de todo o povo que os querem e os sentem.
Não procuro riquezas materiais para mim,
Não possuo a matéria nem mecanismos para isso,
E não me interessa.
Toda a riqueza que almejo é a de dias,
A de fé no Criador,
E a certeza de que sempre
Quando o sol me abençoar com um beijo nos lábios
De seu primeiro raio ousado e fujão,
A poesia nasça em mim,
Plena e fresca feito fruta colhida no pé,
Para que possa viver através dela,
Para que possa viver por ela.


Entendi que a vida na verdade,
Vai muito além do ajuntar,
Quero saber compartilhar!
Que fique assim, definitivamente!
Procures em mim poesia e,
Se tiveres este olhar verdadeiramente em ti
Saberá apreciar a vida em seu lirismo,
Saberá amar sem medidas...
Pois que quando se ama,
Não se procura medidas e tamanhos,
Procura-se poemas em versos e na vida,
E um novo jeito de recitá-los, todos os dias!

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

A PROFESSORA E AS CRIANÇAS

Professora Marinete chegou cedo em minha casa.
Trazia o mesmo olhar de sempre que expressa bondade e compreensão e apresentou uma série de textos (o olhar dela brilhou!) dos seus pequenos alunos.
Em sua voz transpareceu toda sua dedicação, toda a sua alegria em ver o trabalho de seus petizes aprendizes ali em minha mão. E, seu discurso veio como um forte alazão que carregava em suas costas todo o amor pela profissão, pelas crianças, por ensinar, por poder despejar amizade e afeto ao seu redor, entendi rapidamente que não eram textos que ela me entregava, eram pedaços vivos de seu amor pelas crianças, pelas letras, pela educação.
Não tive dúvidas desde o primeiro momento que minha responsabilidade se agigantava. Não pelo aspecto de tecer observações sobre textos, para quem os lê em profusão feito eu e tem idéias (desprezando o mérito delas) isso se torna tarefa fácil.
A questão era que eu recebia algo muito valioso, Professora Marinete me entregava um tesouro, e, desta forma eu recebi, e desta forma me atirei sobre os textos entregando a mesma alegria que ela, a mesma dedicação.
Não importa qual será o resultado de minha apreciação, sei disso desde agora, quando ainda repouso na alvorada dos trabalhos e o crepúsculo desta tarefa é um sonho de amante. Esta missão se tornou demais valiosa para mim, Professora Marinete não me outorgou responsabilidades, ela me ofertou parcela de sua felicidade, bendita seja.
Independente do que eu leia ou diga, o maior tesouro não está nos textos das crianças, que pode ser de um Balzac, Machado de Assis, quiçá um Drummond ou Neruda, isto soa irrelevante, agora, diante do bem maior que enxergo  através da pele suave de minha sensibilidade.
O que há de mais belo é o amor que se vê em tudo isso, da Professora Marinete para com as crianças, das crianças para com a Professora Marinete. E, quando a gente ama de verdade uma pessoa, a gente dá para ela dedicação, compreensão, sacrifício, busca sempre aquilo que se acredita que seja o melhor para quem se ama.
Eu me senti lisonjeado e agradecido por ter sido o escolhido para esta missão e tentei me espelhar na Professora Marinete em sua execução.
Enchi-me de amor, de carinho, de apego ao que importa e desapego ao que é vão e comecei a leitura e, nessa hora, percebi em mim que meus olhos brilhavam, que meu coração se enchia de amor e que olhava para os textos das crianças como se fosse um pai, como se fosse um anjo abençoando cada um deles – fiquei tão feliz, de algum jeito, de alguma forma me aproximei da Professora Marinete e fiquei parecido com ela e isso me fez mais feliz.
Todos eles já são vencedores, quem ama sempre é vencedor, independente do que o mundo acredite e aceite. A beleza dos textos pode ser enganosa, a beleza de modo geral pode ser uma viciada armadilha que adoramos cair, mas, o amor não, ele é verdadeiro e jamais engana.
Os textos e as crianças serão sempre lindos, para mim, para a Professora Marinete e para todos aqueles que as amam de verdade – o amor descarta armadilhas, falsidades e coisas do gênero; o amor mostra somente a beleza, do jeito que ela é, sem falsas aparências e conceitos mundanos.
Copiemos todos o exemplo que nos é dado neste instante pela Professora Marinete e pelas crianças.
Alunos, amem seus professores!
Professores, amem seus alunos!
E todos nós nos amemos uns aos outros!

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

A CANADENSE E O BRASILEIRO 2

Este texto nasceu de uma idéia de MELANIE BROWN e, portanto, a ela eu o dedico.

Tudo o que se segue é um exercício de imaginação, pois não tenho como saber de que cores foi pintada a tela da vida da pequena canadense depois de meu encontro com ela, mas meus anseios todos por ela são puros e bons. Talvez, medito, nossa vida seja apenas um exercício fértil de imaginação. Talvez estejamos todos em um canto qualquer de outra dimensão sonhando com o que somos aqui e nada aconteça de verdade, a nós são oferecidas todas as perguntas e negadas as respostas, devemos provar que as merecemos para conhecê-las.
A canadense deixou em mim a sensação de que toda sua odisséia pessoal nada mais fosse que senão uma busca por respostas e que no início de tudo, ela sempre soube que elas (as respostas) nunca estiveram no Canadá, nem nas dezenas de caronas que tomou pelo caminho, nem ali comigo e nem, provavelmente, com a amiga no Paraná. Ficou-me a sensação que sua odisséia era sua busca pessoal pelo merecimento, pois somente empunhando esse cálice sagrado poderia sorver todas as respostas.
A verdade é que nunca a vi como mulher, e isso me impede de imaginar para ela um final que nos soe como razoável dentro do que conhecemos como realidade: namorado, filhos, uma casinha de cercas brancas nas montanhas, enfim... enfim...
Enxerguei-a como uma metáfora de todos nós, sua busca é a nossa busca; sua mochila pesada, nossa carga; suas caronas e seus passos em direção ao horizonte, as formas que encontramos para seguir em frente; e eu, sou apenas um lampejo de consciência que tenta ensinar o caminho; e, sua piscadela de olhos, uma epifania, uma poesia que feito flores foi colhida à margem do caminho.
Teria sido mais fácil tê-la visto como mulher, seria mais fácil lhe desejar coisas boas, mas o que seria felicidade para ela? Até porque sinto que coisas definitivas não encaixam no modelo que construí dela dentro de mim, estes espíritos nômades não se adéquam no modelo de felicidade que a maioria das pessoas tem para si, esta gente é livre em plena acepção da palavra e nada os pode ancorar, amarrar ou deter, eles precisam seguir em frente... sempre...
Dia desses mudei o rumo de meus pensamentos em relação a ela e pensei que a pequena foi um anjo que aterrissou em meu caminho, sua grande mochila, na verdade, escondia um par de asas poderosas. Esteve ali para me mostrar que cansaços e frustrações fazem parte, mas a vida reconhece somente aqueles que se reinventam todos os dias na busca do merecimento. Neste novo pensamento, ela não buscava, e sim distribuía.
Volto meus olhos para mim e sobre todos vocês, vejo mochilas em nossas costas e estamos na estrada tentando fazer por merecer as respostas...
... e, em algum lugar, a pequena canadense questiona um alguém qualquer sobre um destino e ouve atentamente a resposta. Não diz nada, dá uma piscadela com ambos os olhos como se com esse gesto abençoasse a pessoa e parte, caminhando sempre em frente.

Pego minha mochila, prendo-a em minhas costas e sigo meu caminho, antes, dou uma piscadela d’olhos para todos vocês, meus amores!

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

DOIS...

 ELA:







Quero que saibas que é teu meu primeiro pensamento do dia, assim como és a ultima lembrança ao meu adormecer...










 ELE:


Amor, saibas que meu dia existe apenas entre teu primeiro pensamento e tua ultima lembrança, depois disto, somente o vazio das horas mortas....