terça-feira, 30 de junho de 2009

MANEIRA DE AMAR



por Carlos Drummond de Andrade


O jardineiro conversava com as flores, e elas se habituaram ao diálogo. Passava manhãs contando coisas a uma cravina ou escutando o que lhe confiava um gerânio. O girassol não ia muito com sua cara, ou porque não fosse homem bonito, ou porque os girassóis são orgulhos de natureza. Em vão o jardineiro tentava captar-lhe as graças, pois o girassol chegava a voltar-se contra a luz para não ver o rosto que lhe sorria. Era uma situação bastante embaraçosa, que as outras flores não comentavam. Nunca, entretanto, o jardineiro deixou de regar o pé de girassol e de renovar-lhe a terra, na ocasião devida.


O dono do jardim achou que seu empregado perdia muito tempo parado diante dos canteiros, aparentemente não fazendo coisa alguma. E mandou-o embora depois de assinar-lhe a carteira de trabalho. Depois que o jardineiro saiu, as flores ficaram tristes e censuravam-se porque não tinham induzido o girassol a mudar de atitude. A mais triste de todas era o girassol, que não se conformava com a ausência do homem. “Você o tratava mal, agora está arrependido”. “Não”, respondeu, “Estou triste porque agora não posso tratá-lo mal.

É a minha maneira de amar, ele sabia disso, e gostava”


Fonte: ANDRADE, Carlos Drummond. A cor de cada um. Rio de janeiro: Record; 1988.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

MICHAEL PLANET




... E, de repente, o mundo redescobriu Michael.
O velho e bom Michael que nos fazia parar em frente os televisores para ver seus vídeos e sua dança revolucionaria e quebrada.
Estava com saudades de Michael, estava com saudades...
Porque eu como todos estamos cansados de um universo pop
Que brilha loucuras “sperianas” e bundas ”beyoncianas”.
Hoje é tudo igual, tudo enlatado,
Saído de uma produção em série.
O Michael nos fez ver o novo.
O Michael mostrou para todo mundo o moderno,
Fez tudo diferente, apontou um novo caminho para a música.
Foi ele quem aliou definitivamente o áudio ao vídeo.
Foi ele quem introduziu os vídeos com histórias sensacionais
Sem falar nos efeitos especiais mirabolantes.
Michael não poupava gastos, mirava na perfeição – e acertava!
Eu me sentia privilegiado ao ver Michael,
Ao ver ele se desdobrar para agradar seu povo,
E seu povo era todo o mundo!
Eu dancei moonwalker nas ruas de Maringá,
Fiz coreografia de break com mais uma dúzia de amigos,
Parei para ver o novo lançamento dele no Fantástico.
Eu amei Michael... Amei!
Pela sua qualidade musical,
Pelo seu talento,
Pelo seu genialismo,
Pela sua busca constante pelo inédito.
Michael amava o novo, desprezava o mesmo.
Michael nos fez melhores, tenho certeza disso.
Agora, me dizem que Michael morreu.
Como morre um gênio?
É a pergunta que me faço, que cobro a resposta...
Se eu o sinto em meu coração,
Se ainda escuto seu som,
Se ainda me encanto ao ver sua dança nos vídeos do you tube.
Como pode ter morrido?
Tudo bem, sei que nos últimos tempos ele andava esquisito.
De black ficou white.
Ficou com um rosto meio mutante meio não sei o que,
Mas Michael tem direito as suas esquisitices,
Também tenho as minhas e,
Tenho certeza, voce também tem as suas...
Michael não morreu, ele não era desse mundo,
Essa é a grande verdade.
Tudo o que fez foi retornar para seu planeta,
O Planeta Michael, de onde também veio um outro Michael
Outro fabuloso, um tal de Jordan air...
Um cara que flutuava no ar com uma bola de basquete...
No Planeta Michael, ninguém anda, todos levitam,
Por isso Jackson dançava tão levemente,
Seus pés não tocavam o solo, ele flutuava por sobre a terra.
Não culpo Michael por ir embora para seu planeta natal,
No meio de tanta babaquice musical também eu tenho vontade
De fugir desse planeta de vez em quando.
Sei que vou sentir saudades de Michael, sempre!
Vou sentir saudades...
Vou sentir saudades...

sábado, 27 de junho de 2009

O HOMEM NO ESPELHO


Dale Winbrow


QUANDO CONSEGUIR TUDO O QUE QUER NA LUTA PELA VIDA
E O MUNDO FIZER DE VOCÊ REI POR UM DIA,
PROCURE UM ESPELHO, OLHE PARA SÍ MESMO,
E OUÇA O QUE AQUELE HOMEM TEM A DIZER.



PORQUE NÃO SERÁ DE SEU PAI,MÃE OU MULHER
O JULGAMENTO QUE TERÁ DE ABSOLVE-LO,
O VEREDICTO MAIS IMPORTANTE EM SUA VIDA
SERÁ DO HOMEM QUE O OLHA NO ESPELHO



ALGUNS PODEM JULGA-LO UM MODELO,
CONSIDERÁ-LO UM SER MARAVILHOSO,
MAS ELE DIRÁ QUE VOCÊ É APENAS UM IMPOSTOR
SENÃO PUDER FITÁ-LO NOS OLHOS.



É A ELE QUE DEVE AGRADAR, POUCO IMPORTAM OS DEMAIS,
POIS SERÁ ELE QUEM FICARÁ AO SEU LADO ATÉ O FIM,
E VOCÊ ETERÁ SUPERADO OS TESTES MAIS PERIGOSOS E DÍFICEIS
SE O HOMEM NO ESPELHO PUDER CHAMÁ-LO DE AMIGO.



NA ESTRADA DA VIDA, VOCÊ PODE ENGANAR O MUNDO INTEIRO,
E RECEBER PALMADINHAS NO OMBRO AO LONGO DO CAMINHO.
MAS, SEU ÚLTIMO SALÁRIO SERÁ DE DORES E LÁGRIMAS,
SE ENGANOU O HOMEM QUE O FITA NO ESPELHO.



Este texto chegou até mim através de um evento que participei no SEBRAE/MS. Ele foi recolhido na internet, me foi dito pelos organizadores do evento e, infelizmente, apesar dos esforços dos mesmos, não se conseguiu alcançar a autoria do texto.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

CAFÉ, TORRADAS E AMOR!

Levantei-me mais cedo que de costume,
Necessidade voluntária que nasceu do desejo de te servir.
Preparo a mesa colocando-lhe uma bela toalha
Com motivos que exaltam a natureza.
Sinto essa necessidade contigo... Exaltar a natureza,
Esta maravilhosa mãe que te criou.
Levo o leite ao fogo para ferver.
Preparo umas torradas no ponto.
Em uma vasilha especial geléia de morangos caseira.
Os frios já estão à sua espera.
Frutas. Uma cesta delicada no centro de tudo.
Invento um suco natural para você.
Numa travessa alguns biscoitos e bolinhos caseiros.
Noutra travessa, bolachas diversas.
Corro à panificadora e trago pães quentes, doces e salgados.
No bule, o café ainda fumegante esparramando
Seu aroma por toda a casa.
Vou ao quarto.
Você sobre a cama, nua e bela.
Descansa da noite de amor...
Beijo sua face.
A alvorada se faz em sua face – abres os olhos!
Sorri para mim e um sol resplandece.
Sou um homem feliz, penso.
Convido-a para o desjejum.
Você se levanta, caminha comigo de mãos dadas.
Surpreende-se com a mesa posta.
Beija-me, diz que me ama.
Sou um homem feliz, penso.
Comes com alegria e satisfação.
Levanta-se, retornas ao quarto.
Da mesa onde estou, escuto os sons de seu banho.
Silêncio...
Chamas-me, com carinho!
No quarto, sobre um lençol de cetim,
Você se oferece ao amor, minha querida!
O sol já nasceu lá fora...
Um coral de pássaros canta o mundo e a vida.
A gente está fazendo amor novamente!
Sou um homem feliz, definitivamente,
Por lhe servir na mesa...

... E na cama!

ENQUANTO ISSO...




LEVANTE

Marisa Monte


Nada de mais
Velhos sinais
Sobre a paisagem

Planos gerais
Rastros atrás
E avante, a estrada

Mas pra sacudir levante
Mais puro é o amor
Mais puro é o amor

Vejo os jornais
Não sei que lá
Não sei de nada

Tudo normal
Nas marginais
E nas fachadas

Mas pra sacudir levante
Mais puro é o amor
Mais puro é o amor.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

A PRIMEIRA VEZ DE UM HOMEM


Nunca mais lhe verei, baby!
Nunca mais tocarei seu corpo quente
E nem meus beijos cochicharão segredos
À sua intimidade.
Que as noites de estrelas,
Noites de amor e prazer intensos
Fiquem em nossos passados
Como a clarear nosso inferno presente.
Eu nunca me esquecerei de você, baby!
Estarás sempre em um canto especial
De meu coração.
Fostes a primeira, Baby!
Fostes a primeira a me fazer homem....

escrita em 15/01/1994

terça-feira, 23 de junho de 2009

PARA SE TOCAR UMA MULHER


Toque uma mulher com amor,
Não o faça em vão.
Seu toque tem que carregar magia,
Confiança e sedução.
Tem que cochichar segredos
Por todo o corpo da mulher.
Seu toque tem que exprimir sentimento,
Tem que buscar a intimidade
Como se busca a uma rosa,
Como se busca um lábio.
Quando tocar uma mulher,
Leve junto todos os seus sonhos,
Faça como se não fosse
Ver o sol nascer,
Faça como se tudo fosse durar
Uma única noite.
Toque uma mulher com amor,
Não o faça em vão...


Escrita em 14/09/1994

segunda-feira, 22 de junho de 2009

POÉTICA LÁGRIMA DE SAUDADE



Parto querendo ficar!
Não fico porque a paz já não me faz parte daqui!
Assim, tenho de ir buscá-la em outros prados!
Se não vês lágrimas em meus olhos
É porque as seguro numa teia de dissimulações
Prisioneiras dentro de meu coração!
Suas faces sorridentes estão recortadas
Em contornos perfeitos
E coladas nas paredes de minha memória!
Os nossos sorrisos e gargalhadas são ecos
Ainda frescos em meus ouvidos.
As conversas ainda estão sentadas
Em confortáveis poltronas
Em minha consciência.
Levo-os sempre comigo,
Isto é inevitável
Como um dia que vem após a noite!
Como se esquece quem amamos?
E eu os amo delicadamente,
Dentro da poesia de um momento,
E eu os amo furiosamente,
Dentro da rotina estressante
De nossas vidas...
Vocês entendem o que eu falo, sei disso!
Penso que combati um bom combate,
Fiz de tudo para ser digno à vossa qualidade.
Meu suor misturou-se ao vosso.
Meu sangue molhou o chão que
Pisamos juntos.
Minha dor, foi vossa dor.
Vossa dor, eu chorei junto.
Comemos do mesmo prato.
A água que satisfez às vossas sedes,
Também saciou a minha.
O cobertor que aqueceu seus corpos,
Em alguma noite também
Aqueceu o meu!
Somos mais que amigos,
Eu acredito nisso! Somos irmãos...

Parto querendo ficar...
Perdoem-me, pela fraqueza em não dizer não!
Mas as expectativas do novo
Encantam-me sobremaneira.
E o novo mundo é tão belo
Quanto este antigo que foi meu...

Estarei orando e vigilante por vocês!

domingo, 21 de junho de 2009

LÁGRIMAS E PROMESSAS DE CRISTAL


Desceram as escadas abraçados, espremidos num desejo de estarem juntos.
Embaixo, ficaram ligados assim, aguardando um tempo que era curto, que urgia e rugia chamando-os para a realidade fria.
Não despejavam palavras.
Não trocavam olhares.
Abraçados.... E só!


De repente, a mãe descobriu-se receptiva à realidade e virou-se para ele, o filho. Abençoou-0 com um olhar, com um beijo, com um afago de sua mão nos cabelos crespos.


De repente, o filho descobriu-se receptivo à realidade e fitou a mãe profundamente nos olhos, recebendo a benção como se ela fosse dada por um anjo descido do empíreo. Em seus olhos formaram-se um brilho diferente que liquidificou-se em duas lágrimas, uma em cada olho. Estas, tornaram-se pesadas pela dor da saudade que já se enraizava no coração do jovem e escaparam escorrendo pela face morena caindo no chão quebrando feito cristais.


Ele segurou o choro.

Não ficava bem um bandido chorando dentro do pavilhão.
A mãe entrou na área de segurança, aguardou o portão de aço se abrir e partiu, levando um sorriso no rosto, toda uma carga de dores dentro do coração. As mães sofrem mais que os próprios filhos, quando estes vêm para as cadeias.


Ele ficou lá, olhando-a pelas frestas de aço frias e permanentes, querendo tê-la por mais tempo, sentar-se em seu colo, cuidar dela, beijar suas faces macias e delicadas, chamá-la de mamãe uma centena de vezes, duas centenas de vezes; queria pedir-lhe perdão pelas dores que causou, por perder um tempo precioso que nunca mais retornaria – o tempo, entendeu isso por um momento de lucidez da mente esquecida de sinapses que foram eclipsadas pela droga pesada que fumou e injetou na veia - o tempo é algo que nunca mais volta... Nunca mais volta... quis chorar de novo, mas se conteve... Bandido não chora, pensou, fazendo força para acreditar nessa tolice.


Na rua, fora da prisão, a mãe tomou um ônibus e voltou para seu barraco na periferia da grande cidade, amanhã, para ela, tudo voltava ao normal, a vida dura, cheia de dificuldades, honesta como sempre foi e seria. No caminho, tirou um terço da bolsa puída e rezou pelo filho, pela sua recuperação, pela sua salvação, pela sua liberdade.


O filho, ao ver a mãe perdida na distância, voltou-se para dentro do pavilhão onde a bandidagem tomava seu banho de sol aguardando o fim do horário de visitas. Num canto oculto, longe dos olhares da segurança, acendeu um baseado potente e o fumou com a ganância e a estupidez de um viciado.


O instante foi breve, mais breve que o cair de uma lágrima que chora a ausência de uma mãe... Neste momento tão fugaz quanto um lampejo de piscar de olhos, esqueceu-se de mães, de compromissos, de tudo que houvera prometido minutos antes enquanto fazia juras de reabilitação para si próprio. Quando o torpor da droga acariciou seus últimos neurônios levando-o para um estado de imbecilidade crônica, sorriu para as paredes, olhou para o cigarro com um olhar neutro e oco... As promessas e a mãe ficaram esquecidas... Esquecidas... num canto qualquer empoeirado de seu coração.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

SE FORES ESCREVER-ME, MEU AMOR!



Quando puderes, e somente quando puderes,
Senta-te em frente ao teu micro, enfim,
Digites meia dúzia de palavras ao meu respeito,
E as mande para mim....para mim....

Pois aguardo suas palavras como a flor aguarda a abelha,
Como a noite que é vencida por Aurora, a deusa da Alvorada,
Como o amante à espera do ultimo beijo da amada.
Como o sedento que aguarda o copo da fresca água.

Contudo, não deves faze-lo para me agradar...
Deves fazê-lo por querer fazê-lo e por que este ato,
O ato de escrever-me, simplesmente, tão somente,
Traga-lhe alegria e felicidade intimamente.

Pois não quero nada contigo que seja superficial,
Não fomos feitos para amabilidades insanas,
Convenções sociais tolas e estúpidas.
O relacionar pelo relacionar, aparências cretinas.

Fomos feitos ambos para a verdade e para o amor.
Fomos feitos e moldados no inicio dos tempos,
Quando a noite encobria o cosmos,
Quando o Olimpo era uma mera fagulha
Na consciência de Zeus, o Senhor de todos os gregos.

Então, se lhe deres prazer, escreva-me,
Lerei cada palavra fazendo amor com elas,
Sem importar as emoções que sentirei.
O fundamental, percebas, é que contigo estarei,

Contigo estarei....
Contigo estarei....
Contigo estarei....


... em tudo aquilo que escreveres-me!

quinta-feira, 18 de junho de 2009

SOB OS PASSOS DAS MARITACAS


Tenho orado ultimamente, mais do que normalmente o faço. Não tenho buscado ouro ou pedras preciosas, não anseio um título de nobreza e nem tenho requisitado grandes viagens ou aventuras diversas. Atualmente o que me interessa é somente os fundamentos de uma vida sossegada.

Não sonho mais com ousadia, a humildade severa tomou de assalto até mesmo os meus desejos mais recatados. Há muito que não exalo suspiros poéticos pela vida e há muito a vida me tem somente dado cumprimentos protocolares de cordialidade e me oferecido a vassoura da sobrevivência como ferramenta de trabalho cotidiano.

E quando nas madrugadas, a brisa que beija meu corpo seminu vem me sugerir carícias e pensamentos, estou comigo mesmo, abraçando minha condição de poeta fracassado (os poetas que não sonham são todos fracassados!) e escuto, sobre minha cabeça, no forro da casa, o andar pausado de um casal de maritacas.

O som dos seus passos transformam-se numa tortura psicológica, a trilha sonora de dias marcados com o signo da solidão. É isto que as Maritacas me lembram, que estou sozinho, sem sonhos e nem mesmo as lágrimas carregam o sabor da novidade, choro o mesmo choro de ontem, a mesma dor me sangra, lambo feridas que não se fecham e que são, diariamente, reabertas e expostas aos abutres.

De alguma forma, eu me perdi na monotonia dos segundos dias, quando os sorrisos ainda eram brilhantes, mas já exigiam maiores esforços para serem deflagrados. Me perdi por acreditar que era perfeito, que era insubstituível, que possuía a força e a sabedoria necessárias para vencer as intempéries que o destino lançou com generosas mãos sob minha existência pacata.

Alguém me disse que as orações que chegam primeiro ao seu destino são aquelas aos quais são feitas ao outro, elas são as mais nobres. Não sou mais nobre nem mesmo ao rezar porque rezo por mim mesmo, rezo para me encontrar, por uma saída de emergência destes dias estéreis.

Rezo para perdoar o que houver para ser perdoado.

Para que todas as brigas e maledicências sejam sepultadas numa cova funda e aspergidas com o cal do esquecimento.

Rezo para que a vida continue e que novos sonhos nasçam, para você, para mim... para todos nós!!!

quarta-feira, 17 de junho de 2009

SONETO EM HOMENAGEM AO TEMPO


Por alguns momentos, ínfimos momentos,
Pensei que o tempo e eu seríamos amigos.
Não dediquei ao tempo, meu pensamento,
E o tempo, por sua vez, nada quis comigo.


Não posso reclamar da vida que tive.
Colhi todas as sementes que semeei,
E algumas ervas daninhas, inclusive.
Sofri, cantei, ri muito e muito chorei.


Tudo tendo o tempo como professor,
E eu, como discípulo indisciplinado.
Confesso, fui com a vida desajeitado.


Poderia ter sido mais amigo do tempo.
O tempo é um atalho para a felicidade,
Para quem o sabe cativar de verdade.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

SOBRE TODOS OS SONHOS!


Dedicada para aqueles e aquelas que
esqueceram dos seus próprios sonhos

Eu tive alguns sonhos na vida e alguns deles resistiram ao passar do tempo com bravura, num mimetismo diário adaptando-se à lei da sobrevivência. Sobreviver talvez seja a maior de nossas guerras... Outros deles, destes sonhos que nasceram em meus tenros dias, perderam-se pelo caminho, esquecidos, empoeirados numa prateleira do tempo.

Depois que os trinta anos obscurecem os dezoito, eclipse obrigatória para todos, muitos desses sonhos viris da juventude se perdem, esvaziados pela sua própria incapacidade de resistir a realidade. A juventude tem essa arrogância, ela nos faz acreditar que a vida é uma planície, quando é um planalto pedregoso; faz-nos pensar que podemos aprisionar o tempo, quando não o podemos – o tempo se dilui, quando perseguido; evade-se, quando pouco vigiado; o tempo é senhor de si próprio.


Outra parte de meus sonhos, pequena fatia essa, num determinado momento entrou em um estado de letargia, um stand by meio que obrigatório, aguardando momento propício para sair desta crisálida. De quando em quando, neste útero abstrato, eles se contorciam e davam alguns chutes na minha consciência, lembrando-me que eles ainda estavam vivos, gestando, esperando o momento certo de nascer para a realidade.

Estes sonhos eu comemoro mais que aqueles realizados, porque são esses que me dão o combustível vital para que eu siga sempre em frente, são eles que me mantém vivo! Algumas pessoas se frustram com estes sonhos, mas estão enganadas, eles não falam de fracasso, falam de possibilidades; não falam do que deixamos de fazer, e sim do que pode ser feito, estes sonhos, ensina-nos a ver a vida de forma extraordinária, mostrando como tudo pode se renovar e fazer-se novo.

Comemoremos, pois, estes sonhos, que fiéis nos acompanharam mesmo quando nossa covardia os abortou, são eles os nossos melhores amigos, nossos horizontes, novas possibilidades e, ao lutarmos por eles, nosso maior legado!

AONDE NASCEM OS SONHOS?


Dedicada para aqueles e aquelas que
esqueceram dos seus próprios sonhos



Já tive tantos sonhos.
Sonhos grandiosos para sonhar.
Sonhos pequenos para sonhar.
E me perguntava o por que deles?
E me perguntava, aonde nascem os sonhos?
(Sim, porque houve épocas de calmarias em minha vida...)
Porque os sonhos, em seu furor tempestivo,
São ventos possantes na caravela de meu cotidiano.
E sonhos...sonhos...quero-os todos,
Grandes e pequenos,
Possíveis e irrealizáveis,
Quero sorver da água de sua fonte,
Quero me refrescar em sua brisa constante,
Quero me energizar nesta catarse inebriante.
São os sonhos, todos eles em sua abstrata
E confusa dimensão;
São os sonhos, todos eles, apaixonantes, loucos,
Tolos, puros, divinos, amorosos, pecadores,
Que tem o poder de construir nossa realidade.
São os sonhos, a bússola de nossa caravela pelos
Infindáveis e revoltos mares do destino.

domingo, 14 de junho de 2009

SONETO QUE SOFRE PELO AMOR QUE PARTE


É provável que eu lamente por muitas noites mais,
Que como um lobo uive minha dor para a lua
O brilho de minha face é o reflexo de minhas lágrimas,
Não te ver e não te ter, dói! E essa dor é toda tua!


Amar é uma benção e uma maldição, minha linda!
Ambas caminhando de mãos dadas pela estrada da vida.
O amor faz-se de lua e sol, minha querida!
A luz de um amante precisa do outro para ser refletida!


Nossos momentos de amor foram todos belos para mim
Mas foi o primeiro deles que me fez acreditar,
O amor entre nós não conheceria nunca um fim!


Lindo... Linda... Amei-te no primeiro olhar!
Por isso não choro o agora, onde partes!
Choro pelo ontem, onde aprendi a amar-te!

MEDITAÇÕES DE POETA


... e houve mesmo uma época que costumava sonhar mil aventuras malucas, as mais estranhas, incríveis e mesmo, estúpidas aventuras que jamais existiram. Eu era o herói em todas elas. E era eu o vilão, o mais cruel vilão, ou mesmo ainda um nada, uma personagem escondida no fundo da cena.
Eu já fui um romântico um dia. Escrevi mil poemas de amor. Dez mil talvez. Amei a muitas mulheres e todas elas me amaram, ainda que nosso amor não tenha seguido em frente.... É que minhas personagens femininas sempre foram muito rebeldes e vaidosas. Elas nunca quiseram se entregar totalmente a um herói sonhador.... Mais sonhador que herói.
Penso que deveria ter sido mais rigoroso. Afinal, era eu quem conduzia a caneta, quem comandava os sonhos. Era eu quem destruía os ditadores e vencia todas as guerras. Era eu quem salvava donzelas indefesas de horrendas quimeras. Eu podia fazer tudo. Contudo, eu não conseguia ditar a vontade de minhas personagens femininas, elas sempre foram de temperamento forte, tinham vontade própria e seus anseios, ao final, sempre prevaleceram. Condescendência! Será este o nome de meu erro?
Mas isso não me incomoda mais... Ainda que algumas personagens femininas se foram, outras sempre houveram para ocupar seu lugar. O que me faz falta realmente, são os sonhos e as fantasias daquela época intensa. Na verdade, evito pensar muito na magia daqueles tempos. Faz-me mal. Aqueles eram tempos coloridos, vivos, marcantes. Nada precisava, a fantasia era tudo. Era uma criança em forma de adulto.
Não sei precisar o momento exato em que cresci.
Não sei dizer o dia e a hora marcada em que meus sonhos (todos eles!) se foram.
Para esta coisa o tempo de nada importa.
De que me valeria saber se faz um minuto ou uma década que tudo se foi, se perdeu? E para onde foram todos os meus sonhos?
Para estas coisas só existe o vazio. É tudo o que fica. O vácuo que fica de você ser um adulto cheio de vazio, de não ter sonhos..... Queres infelicidade maior que essa?
Talvez um dia eu consiga voltar a sonhar novamente. Conceber aventuras e maravilhas que me faziam sorrir sozinho. Voltar a ser feliz com as pequenas coisas da vida.
Não sei determinar que idade que terei neste dia em que a magia me visitar novamente. Isso não é relevante. Nisso tudo só há uma certeza: Nesse dia, eu serei novamente uma criança. A criança feliz que fui um dia.... E voltarei a conceber novas estórias... Mergulhar em novos sonhos.... E voltarei a ser feliz novamente!!!

sábado, 13 de junho de 2009

ESCREVO SOMENTE DEPOIS DE TI...


Mi Belle Femme!

Como podes me tratar assim?
Como podes condenar-me por querer escrever-te
Somente depois do que tu escreves?
Não há maldade nisto, my lady!
Não há maldade nisto...

Porque em verdade te digo,
Acostumei-me ao teu fulgor natural,
Acostumei-me a tua espontaneidade,
Acostumei-me a tua maneira de ver a vida,
E, preciso disso para beber de sua energia e então,
Poder mandar minhas coisas... Minhas poesias.

És como uma brisa que sopra num dia de verão.
Não se percebe o quanto se pode estar feliz
Num dia quente,
Enquanto a brisa não chega... Entendes!?

Será que não poderia escrever antes de ti?
Sim, poderia, logicamente que poderia,
Mas não traria a felicidade de sabê-la por perto,
De sabê-la querendo-me por perto,
De sabê-la desejando-me por perto.
Algumas pessoas, mi Belle Femme,
Precisam saber-se queridas,
E não sou diferente delas...
Preciso saber-me querido por você... Por isso,
Escrevo depois de ti... Depois de ti!

Mas sempre buscando igual fulgor,
Mas sempre com igual espontaneidade,
E tentando ver a vida da forma como vês,
Utilizando, idiossincrasia de minha parte,
Lirismo, pois não sei ver você se não for pela porta da poesia...

A mais bela de todas as portas, mi Belle Femme!!!

quarta-feira, 10 de junho de 2009

O ENGRAXATE


- Quer engraxar os sapatos, moço?
- Não, obrigado!
- Ah! O que é isso, moço ? É rapidinho...
- Não, obrigado!
- Mas tá precisando, moço?
- Não, Obrigado!
- Eu faço bem baratinho o serviço?
- Não, obrigado!
- Eu trabalho bem pra “xuxú”!
- Não, O...bri...ga...do!!!
- O senhor só sabe falar “Não obrigado”?
- Não. Também falo “de jeito nenhum”...Obrigado!
- Moço, o senhor paga o que quiser...
- Pô, mas você é insistente, enh?
- É precisão, moço...É precisão...
- Bem, vamos lá então! Estou com pressa. Vou pegar o próximo ônibus...

Sentou-se encima da caixa de engraxate, abriu-a e tirou todos os seus apetrechos. Em pé, tudo observava. Demonstrando grande prática, num instante iniciou o trabalho. Nada dizia, disse-me que não falava enquanto trabalhava. Momentos depois, entregava pronto o par de sapatos, brilhando realmente.

- Muito bom ! Tome seu dinheiro...
- Que é isso, moço ? Só cinqüenta centavos ?
- Você disse que eu faria o preço...
- É verdade. Mas não achava que seu preço era tão baixo assim...
- Mas cinqüenta centavos é o que todos os outros garotos cobram...
- Sim, mas não trabalham como eu. Eu sou o melhor!
- Quanto você acha que vale?
- Um real... No mínimo!
- O dobro?!?
- O justo...
- Tome. Explorador....
- Obrigado, aproveitador...

Pegou o dinheiro e foi-se embora satisfeito. O ônibus chegou e partiu, sem não antes de vê-lo a dialogar com outro freguês.

- ... Mas eu faço bem baratinho o serviço, moço!?!

terça-feira, 9 de junho de 2009

OS POEMAS SÃO FEITOS DE AMOR

Não vou discutir sobre poemas.
Poemas não foram feitos para debates,
E coisas do gênero.
Poemas foram e devem ser concebidos
Para o amor... Disto eles entendem...
De amor!!!
E sobre isto meus caros, nós homens,
Nada entendemos...
Confundimos as coisas,
Misturamos as coisas,
Coisas que falam de muitas coisas,
Mas não falam de amor...
Então, quando em alguma noite qualquer,
Sentarmos a volta de uma fogueira,
Ou mesmo ao ócio de uma "praceta" qualquer,
Não vamos sugerir fórmulas para conceber poemas.
Poemas não saem de uma linha de montagem,
Não funciona com eles o papo
De mais transpiração do que inspiração.
Nós não entendemos na verdade de poemas,
Porque na verdade,
Não entendemos de amor.
Quando estes (os poemas) nascem em nós,
Se eclodem como a lava de um vulcão
Em intensa e furiosa erupção,
Não somos nós que os fazemos,
Que os criamos...
É Deus.... São os anjos...
Que ainda num gesto altruístico de
Condescendência para conosco,
Nos emprestam um momento do divino,
E nos ensinam um pouco,
Um pouco de amor....
Em pequenas fatias
E nós os engulimos apressados
Sem mesmo desgustá-los...
Seria traumático deverás para nós,
Testemunhar que em nossa tola arrogância
De poderosos,
Nada saibamos, nada sentimos, nada somos....
Seria loucura para nós descobrir
Que a verdadeira força não está
Em nossa inteligência,
Cultivada e crescente.
A verdadeira força está no amor,
Uma pequena semente que não sabemos
Como e onde plantar...

sábado, 6 de junho de 2009

A FANTÁSTICA EXPERIÊNCIA ARACNÍDEA


O cientista pegou a aranha e começou a experiência.
Anotou em seu relatório: “A Aranha com oito pernas anda.”
Isto feito, retirou-a do compartimento de vidro, e mutilou o aracnídeo em uma de suas pernas.
A aranha, de volta para o seu espaço, andou perfeitamente ainda sem a perna faltante.
O cientista, prontamente, anotou em seu relatório: “A aranha com sete pernas anda.”
Pegou a aranha de novo, e retirou mais uma perna.
A aranha, retornando para o compartimento, andou com pouca dificuldade.
O cientista em seu relatório: “A Aranha com seis pernas anda.”
Catou o aracnídeo novamente e decepou mais uma perna do inseto.
A aranha de nova liberta e agora com cinco pernas, mesmo com alguma dificuldade, conseguiu andar.
O cientista em seu relatório? “A aranha com cinco pernas, anda, apresenta dificuldades.”
E, ato contínuo, arrancou mais uma perna da aranha e colocou-a de volta na caixa de vidro que servia à experiência.
Com quatro pernas, a aranha apresentou dificuldade, mas como estavam duas de cada lado, conseguiu se equilibrar e andou.
O cientista anotou em seu relatório: “Com quatro pernas, a aranha ainda anda.”
Devolveu a aranha para o pequeno recinto, após quebrar mais uma perna dela.
A aranha, somente com três pernas, ficou manquitolando, arrastando um de seus lados pela caixa, mas andou.
O relatório recebeu as observações do cientista: “A aranha com três pernas, anda se arrastando.”
E, tirou mais uma perna dela e a devolveu para o compartimento.
Por sua vez, vista com duas pernas, a aranha tentou andar e encontrou todas as dificuldades que sua situação lhe ofertava. Mas, era uma aranha determinada e saiu saltitando pelo compartimento de vidro.
O cientista, entusiasmado, cravou em seu relatório: “A aranha com duas pernas, não anda, saltita.”
E, arrancou mais uma perna da aranha e devolveu-a para a caixa.
Somente com uma perna para seu corpo, a aranha tentou se equilibrar, mas não houve jeito, assim, esfregou-se no chão da caixa e arrastou-se por ele, usando a força da única perna que lhe restava. Era uma cena bastante triste, ver aquela aranha aleijada de sete pernas.
Estupefato, o cientista &¨%$#@$ colocou em seu relatório: “Somente com uma perna, a aranha não anda, mas se locomove com extrema dificuldade.”
E, pasmem, arrancou a ultima perna da aranha.
Sem pernas, a aranha tentou se deslocar de alguma forma, mas não houve jeito, ficou ali parada observando o mundo e tentando entender os motivos de seu sofrimento.
O cientista cravou em seu relatório: “ A aranha sem pernas, não anda!”
Então, desligou as luzes do laboratório e foi embora satisfeito com os resultados de seu experimento.

Sinto não ter um texto diferente para vocês meus amigos.
Um texto que fale de otimismo, de amor, de fazer amor, de paixões, de amizade e de perspectivas belíssimas.
Ando em tempos onde os caminhos me levam por estradas que não são minhas!
Tenho de reaprender a fazer meus próprios caminhos... Eu aprendo, sempre aprendi, sou um sobrevivente dos dias difíceis.
Que fique a moral dessa história: Eu sou a aranha, sempre determinada a seguir em frente, ainda que apareça "cazzos" de cientistas &¨%$# para arrancar-me as pernas...
Eu seguirei em frente, meus amores!
Eu seguirei em frente....

SONETO PARA AMORES NÃO CORRESPONDIDOS



Meu amor! És linda e de tão linda, no entanto,
Causas-me um estranho e intenso ciúme!
Reconheço, sentimento pouco nobre admito,
Mas amar-te é comer, comer e sempre sentir fome!


Então, amas-me, meu amor tão lindo!
Sacia-me esta fome de cada vez mais te querer!
Ensina-me como sentir-se satisfeito e rindo
Ensina-me que amar é satisfação e não sofrer!


Eu sei que entre todos eu sou o mais pequeno,
Não tenho poder nem ouro para lhe oferecer
E te querer é um pensamento atrevido e obsceno!


Meu amor, ninguém te amará como eu, o bastante!
Sou capaz de por ti, até mesmo de morrer,
Se morrer trouxer você para mim, um único instante!

O CARONA


Ficava lá em pé, absorto, aguardando alguém que parasse e lhe desse uma carona. Nunca a pedia. Nunca sequer levantava um dedo para faze-lo. Ficava simplesmente, em pé, como uma estátua viva, aguardando ser reconhecido por alguém. Muitas vezes, achei-o tão distraído, que poderia tocar-se em seus pensamentos. Seus olhos fitavam longe, perdidos num ponto qualquer do vazio da distância. Notava-se seu semblante calmo, tranqüilo. Somente seus pensamentos corriam, e ele, parecia correr junto com eles, alcança-los e vence-los em velocidade!

Chegava sempre no final das tardes. Nunca soube o que fazia na cidade. Nunca soube o que o trazia ali todos os dias e para onde a vida o levava quando conseguia a carona. Admirava seu andar calmo, sua paciência no aguardar seu momento, sua certeza da vitória, sua educação no tratar as pessoas.


Muitas vezes, quis ir até ele e conhece-lo !


Mas a vida para mim é urgente, lépida e eu, esqueci-me há muito tempo a poesia. Perdi em algum canto do destino minha paciência e minha vocação para fazer amigos, para viver como se deve viver. O trabalho, o status, minhas ambições me engoliram e devoraram tudo o que havia em mim. Hoje, sou uma casca do que um dia fui. Tenho de conviver com isso.....

O homem que chega todas as tardes para pedir carona não é assim. Sinto isso profundamente. Para ele, a vida vale a pena ser vivida. Ele depende de outras pessoas e não se importa. Vejo um brilho diferente nos seus olhos; vejo paz em seu coração, nos seus gestos mais singelos; tudo isto, mesmo não tendo na vida, nada de material que valha alguma coisa, penso assim...


E quando chega a carona e o homem entra e desaparece na distância, vejo o quanto ele é especial. Sinto a sua falta por um momento. Sinto a falta de um desconhecido. Depois, o trabalho me chama e quando a noite chega, o carona jaz no esquecimento, repousa num passado que se renovará no momento oportuno, no instante em que minha vida fútil não estiver me chamando...

segunda-feira, 1 de junho de 2009

O ÚLTIMO POEMA


Por entre as nuvens alvas e cálidas,
Por sob o céu negro ostentado de estrelas,
Cavalgam as Valquírias, guerreiras,
Que buscam no campo de batalha as almas

Daqueles que pereceram em batalhas.
Entremeio a dor e as lástimas,
Estarei concebendo meus últimos poemas,
Sintetizando minhas tépidas vidas.

Qual o mote destas últimas rimas?
Quais sentimentos trarão as últimas falas?
Que Você, meu amor, conceda-me as desculpas,

De no último instante, na maior das elegias,
Não ser teu o escopo de minhas palavras,
Será para DEUS, minhas últimas lágrimas.