Hoje, acordei fardado de tristeza, calcei o mais lustroso dos coturnos de desilusão, coloquei no bolso o distintivo e o brasão da tropa “Onde está meu futuro?” e saí para a rua, para a ronda ostensiva no meu espírito irrequieto.
Num bairro da periferia, numa vila de reputação duvidosa, encontrei esperança fumando um cigarro de “engana que eu gosto” e dei batida, mandei-a para a parede, “Geral, malandragem!”
Enquanto a trancava no baú do camburão, a esperança olhou-me dentro dos olhos e apaixonei-me por ela à primeira vista. Vestia-se como uma vagabunda, mas, entende-se lá porque, enxerguei seu coração...
Modulei pelo rádio e puxei sua capivara, uma ficha mais branca que bundinha de nenen. Vejam só como é a vida, fui dar um saculejo na vila desilusão e encontrei esperança, ainda que a cara fosse toda pintada de pilantragem a ficha limpa não negava sua inocência.
Tirei-a do baú, coloquei-a sentada no banco da frente da viatura desespero e levei esperança para o centro de minha vida, um apartamento pequeno e confortável no edifício coração.
Casei-me com ela, dei a ela um teto e ela, no primeiro ano, deu-me um filho a quem chamamos Possibilidade.
Hoje, vivo bem, vivo feliz, tenho Esperança e tenho possibilidade.