quinta-feira, 29 de julho de 2010

SEU SILÊNCIO

Cerquei-me de ignorância,
Meu escudo protetor,
Vejo o que quero ver,
Escuto o que quero escutar.
Seu silêncio,
Posso até entendê-lo
Mas prefiro...
Nem o notar.


A verdade tem que
Ser a minha,
Não importa a realidade
Diferente,
É nisso que estou a me
Segurar!!!


Ao ouvir a minha voz,
Agora tão distante,
Não perca um instante:


Diga, sim!!!
Diga, não!!!


Responda-a, então!
Ataque-me com violência,
Ou abrace-me com emoção,
Mas não o silêncio,
Isso machucaria demais....
Não suportaria jamais....

segunda-feira, 26 de julho de 2010

O REAL LADO DA BELEZA

Meu amor,
Entendas definitivamente
Que te quero linda
Do jeito e da forma
Que entendo a beleza!
Não te sonho coberta
Com ouro e pedras preciosas,
Seus vestidos, em meus sonhos,
São sempre os mais modestos,
E somente andas em pálios
Com dois fortes e humildes cavalos.
Tua letra não é a mais bela,
Mas teus textos são os mais lindos.
Ainda que tua voz não seja suave
Seus discursos são os mais aguardados.
Em meus sonhos,
Tua ausência é estranha,
Sua presença querida
Como um copo de cristal
Cheio de água fresca da fonte
Pronto para saciar todas as sedes.
Entendestes?
Não te quero na vaidade
Apregoado pelas massas,
O que todos os outros querem
(e aceitam!)
É para mim uma doutrina
De tolos, cegos e ignorantes.
Quero-te dentro da humildade,
Nua ou em andrajos,
Mas cheia de sabedoria,
Desprovida de arrogâncias,
Comprometida com o que é seu:
Eu e meu amor em todas as horas.
Se tiveres estes olhos
E aprender a usá-los,
Nossa casa será um lar
E não desejarás palácios.
Pois que desprezo toda
A riqueza do mundo,
Porque minha felicidade
Está em viver dignamente
Amando e sendo amado,
Sem preocupações tolas,
Fúteis,
Materialistas,
De ajuntar riqueza
Para ostentações deslumbrantes
Dentro da sociedade.
Quero que todos me vejam brilhar,
Brilhar de felicidade,
E só sei ser feliz na
Vida com sabedoria
E contigo ao meu lado!
Nada mais...
Nada menos...
Simples assim...


Foto: www.olhares.com

sexta-feira, 16 de julho de 2010

O VELHO E O CÓRREGO

Em pé, ao lado da margem do córrego, o velho homem observava as águas em seu movimento contínuo e intrigante, estava pensativo, entretido consigo mesmo, meditando sobre a vida e todo o seu caleidoscópio de eventualidades – viver é sofrer, pensava, mas, ficar inerte para a vida é mutilar-se, breves filosofias introspectivas.

Nunca foi para a vida um grande filósofo, na verdade, nem entendia o que significava esta palavra acadêmica, para ele viver sempre foi ajuntar um dia após o outro, uma experiência após a outra, aprendendo com os dias, aprendendo com as experiências, buscando acertar mais e errar menos.
Era um dia de outono, e fazia algum frio.

A água corria despejando um barulho com uma sonoridade bela e relaxante. Observou o movimento de alguns pequenos peixes em busca de alimento; perdeu-se por alguns instantes, de olhos fechados no cantar de um pássaro ali perto; a brisa gelada tocou-lhe a face descoberta do rosto e encontrou o calor de um sorriso; sentiu as folhas mortas do chão emprestarem um movimento do vento que soprava; as águas seguiam seu curso, pensou, a natureza seguia seu rumo, o tempo seguia seu fluxo, nada para de verdade, sentenciou.

Na estrada, um jovem passou lépido e o cumprimentou. Reconheceu-o, de um tempo longínquo que ficou incrustado no passado, águas que passaram. Devolveu o cumprimento com um aceno de cabeça, estava envolvido com suas próprias coisas, não quis ser indelicado, apenas estava perdido em suas considerações sobre a vida, gostava de se dar este tempo para aprender com suas vivências comparando-as com as demais experiências que colhia ao seu redor. Fazia isso intuitivamente, sem maiores alardes, sem exibições, sem reflexões filosóficas, apenas sentindo a necessidade de se envolver com a própria vida.

Pensou na sua existência, tentando perceber seus ganhos. Não era rico, estava longe disso, muito longe. Não tinha conseguido grandes estudos, mal e mal assinava o próprio nome. A família era pobre e estava distribuída pelo mundo, cada qual tentando vencer do seu jeito, honestamente. Mas, entendia que ele tinha alguma importância para todo o contexto, pois olhou a água que passava e que acabara de mover o moinho; sentiu novamente o cantar do pássaro que alegrara seu coração e de muitos outros mais mundo afora; viu o vento mover as folhas, o que seria das folhas sem o vento? Diante da simplicidade de todas as coisas e a importância que elas demonstravam ter na natureza, teve a certeza de que também ele, veio ao mundo para construir algo de bom – sentiu-se importante com essa sugestão, e a impotência que o pensamento original sugeriu desvaneceu-se feito nuvem de pó.

Partiu!

O córrego ficou para trás assim como todos os pensamentos que se foram levados pelo regato do tempo. O tempo é como o rio, a água que vai, não volta mais; segundos que moveram o moinho da vida, não voltam mais. Sorriu, admirando-se com a própria sabedoria.



Entrou em casa e sua velha o aguardava frente ao fogão de lenha, tirando uma velha chaleira do fogo e servindo-o uma quente xícara de café.

- Por onde andastes, meu velho, estava preocupada...

Ele sorriu, sem responder, ao testemunhar a importância que a velha, o amor de sua vida tinha para ele. Assim como ela nascerá para ele, ele, de sua parte, nascerá para fazê-la feliz. E tomou um generoso gole de café, antes de dar um beijo na face de sua amada de toda uma vida.

Foto: www.olhares.com

sexta-feira, 9 de julho de 2010

VENHAS FAZER AMOR COMIGO...


Não posso negar, nem esconder, pois que a verdade sempre foi o meu maior talento. As minhas palavras encerram minha verdade e esta sempre foi minha maior benção, minha maior maldição.



Mas eis que nos últimos tempos, minha verdade, meus esforços, minha poesia, minha euforia, tudo em mim esteve voltado para voce!



Como se voce não fosse somente o fim, mas meu caminho!
Como se voce não fosse somente alimento, mas a água... Até mesmo o ar que respiro!
Como se voce não fosse somente o mel, mas sim o adocicado sabor de minha vida.



Esqueci-me, enfim, de meu próprio prazer, ele é vão, vazio sem voce.



Eu mesmo não me reconheço mais.
Meus textos não são mais meus, pois que os leio e não os identifico, eles são teus na construção, na essência, na alma, eu sou somente seu condutor, um artesão que tece frases da matéria prima que sai toda ela de ti.



Eu confesso!



Esta minha dependência não me faz menor, nem menos homem, pelo contrário, gosto de ter meu desejo como sendo a água que sai de sua fonte, e esta é a fonte que me anima!



Eu quero é te encantar!
Quero que minha poesia beije seus olhos e abrace seu coração!
Quero seu suspiro feminino e apaixonado.
Quero sua essência de mulher amando cada verso meu, pois cada verso meu se paramenta para sua alma feminina



Quero que ames meus textos, pois meus textos todos têm em sua argamassa paixão por voce, é este o fermento natural de meu lirismo: amor por voce!



Eu escrevo por ti! Meu eu se despreza por completo...
E quando me leres... Espero que minha paixão encha de mel tua boca linda e teu espírito vibre por cada escrito meu.



Oh, meu amor! Não estarás lendo a mim nessa hora exuberante, estarás fazendo amor comigo!

segunda-feira, 5 de julho de 2010

SE FOR PARA DIZER "EU TE AMO..."

Falastes assim, sem mais nem menos,
Que não te amo,
Que não te quero,
Que eu não digo para você
As sagradas e mágicas palavras
Tão ansiadas pelos amantes:


“Eu te amo!”


Sei, e como sei,
Que as palavras têm poder,
E por elas constroem-se
E desfazem-se mundos inteiros.
Mas também sei, e como sei,
Que a palavra pode ser um artifício,
Um cosmético poderoso,
Um perfume delicado e perturbador
Que nos cativa e nos enreda,
Que flerta com nosso querer,
E, que pode ser, tão somente,
Um penduricalho,
Um ornamento,
Uma armadilha,
Nada... Enfim!


A palavra pela palavra é oca.
A palavra deve possuir substância,
E sua substância é o sentimento.
Somente assim ela ganha forças,
E seu poder renova, revigora,
Concebe, transforma, levanta
Pessoas e relações.
Eu sempre falo que te amo!
Digo-lhe nas poesias que escrevo,
Nos elogios que teço com a
Lã da sinceridade,
Na admiração densa que lhe dedico,
Nos nossos momentos intensos,
Nas risadas e prazeres compartilhados.
Olhe direito,
Da próxima vez,
Que acreditares que
Não falo: “Eu te amo”!
Não prenda nem limite


“Eu te amo!”


Ao cárcere estéril da palavra
Em seu deserto de sentimento.


Eu te amo
Todo o dia,
Toda a hora,
Em cada beijo,
Em cada abraço que te dou,
Generosamente!
Amar para mim é uma necessidade,
O amor para mim vive dentro da
Rotina e da cumplicidade dos dias,
Jamais somente na pirotecnia
De alguns eventos isolados.
Jamais somente dentro da palavra vazia.
Amar assim...
Simplesmente assim...
É pouco demais...


Foto: www.olhares.com

quinta-feira, 1 de julho de 2010

POESIA PERDIDA

Nós perdemos a poesia.
Ela foi engolida por algo maior que nós.
Não sei quando aconteceu.
Pegou-nos num momento de distração.
Para onde foram os cânticos de pássaros?
As trocas de rosas, os olhares cruzados sugestivamente,
Os pores-do-sol?
Tudo foi engolido, desapareceu.


Nós perdemos a poesia.
Perceba como tudo é artificial e superficial agora.
Os arrepios de nossas peles já não trazem a mesma canção.
O mel de nossos lábios sumiu... Esquecemos o sabor,
Só lembramos da volúpia da carne.


Nós perdemos a poesia, essa é a verdade.
Nossas palavras atestam isso.
Não falamos mais das cores e sim das formas.
Deixamos de ver conteúdos para avaliar capas.
Cadê o brilho dos olhos?
Os sorrisos brincando na ponta dos lábios?
Os sentimentos? Cadê?


Nós perdemos, meu amor...
Nós perdemos a poesia!


... E sem ela, querida! Tudo é tão banal...