Nestes dias de frio intenso, não a vi...
Ela ficou recolhida, esquentando o corpo cansado
de dias no calor do recôndito do lar.
Hoje o sol saiu, deu a
cara tímida depois de tantos dias fora. Apareceu como se tivesse envergonhado
de deixar todo o povo mergulhado no cinza dos dias frios.
Junto com o sol, ela
apareceu.
Colocaram a sua poltrona
de costas para a rua, para que o sol da manhã tocasse o seu corpo de frente,
essa carícia (convenhamos!) é mesmo deliciosa.
Eu passei, rápido.
Do lado dela, uma senhora
também já entrada em dias, falava de coisas e mais coisas, ela parecia ouvir
cansada, mais entretida com os toques abrasadores dos raios do sol.
Eu a cumprimentei como
faço todos os dias.
Ela não se voltou, e nem
poderia. A posição da poltrona a impedia.
Reconheceu-me, sei que
sim, senti no tom da sua voz e na urgência da resposta.
Ficou em mim uma vontade
enorme de ver o seu sorriso. Ele é tão lindo. Não importa nossa idade, sorrisos
são sempre viçosos como a juventude. O dela guarda o frescor de uma brisa de
verão e o cheiro de uma tarde de primavera.
Já ia sumindo da vista da
casa, quando de repente, a senhora ao seu lado se virou para mim, parecia aborrecida
por ter incomodado seu monólogo.
Essa senhora sorriu. Um sorriso lindo. Mas não era desta, nada daquilo era mesmo desta... O sorriso desta senhora, percebi imediatamente, era um reflexo do sorriso dela... dela para mim.
Essa senhora sorriu. Um sorriso lindo. Mas não era desta, nada daquilo era mesmo desta... O sorriso desta senhora, percebi imediatamente, era um reflexo do sorriso dela... dela para mim.
Sei que a alma possui
alimentos mais vigorosos e nutritivos como oração e leitura da Bíblia, mas, sorrisos
são um delicioso acompanhamento.