sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

SONETO DO AMOR PERFEITO



Porque sinto a tua falta, meu amor?
Se me descubro a cada momento,
No nascer de cada novo pensamento,
A pensar em você com renovado ardor?



Sei que meu corpo teu corpo deseja...
Sei que meu corpo teu calor almeja...,
Mas te amo verdadeiramente, Querida,
E amores de verdade são para toda a vida!



Assim, devo calar meus instintos animais!
Ouvir apenas os sussurros espirituais,
Que nascem felizes dentro do meu peito!



O corpo, somente o corpo, é pouco demais!
O sexo se torna a expressão do imperfeito,
Se não for através dele, que o amor é feito!

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Quero repetir TUDO,
Como se o TUDO não houvesse acontecido.
Quero brincar que o TUDO foi um grande nada.
Para que este grande nada, transformemos,
Novamente, em TUDO.
Sei que isso é impossível, meu amor!
Porque TUDO existiu de verdade,
E renasce a cada momento
Em meu pensamento.
Mas quero me enganar com esta pequena mentira,
Que TUDO jamais aconteceu,
Que o TUDO não foi seu, nem meu,
Que existiu num instante de um sonho
De uma noite de verão.
Prefiro imaginar assim...
Preciso imaginar assim...
...pois, da próxima vez, e todas as outras
Vezes que o TUDO for acontecer,
Seremos novamente virgens para este sentimento.
E, ao sermos virgens para este sentimento,
Reviver TUDO de novo e de novo,
Em total plenitude!
TUDO, para nós, minha querida,
Será sempre a eterna novidade,
Onde nada acontece...
Onde TUDO acontece...
SONETO DO AMOR REENCONTRADO



Dedicada a linda flor do oriente



Nua, não havia mais segredos,
Era como se eu a tivesse feito,
Era como se eu houvesse escolhido
A argamassa de seu corpo perfeito.


Seu corpo nu brilhou na noite do quarto,
Astro-Rei lançando alvorada em meu mundo.
Seu sorriso floresceu em seu rosto num parto,
De um parto nasceu amor em meu peito vagabundo.


O que sente o artista ao ver a obra concluída?
O que move o maestro ao reger a sinfônica?
Senti isso ao beijar sua boca úmida,


Ao me unir a você de forma tão harmônica.
É provável que tenham te amado antes, querida!
Mas o antes é estéril frente o amor de uma vida!




* Em 1993

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Tive um sonho estranho esta noite,
Veio-me com face de pesadelo!
Sonhei que me tornava um alcagüete!
Sonhei que entregava todas as pessoas e todas as coisas
E ia mais além: entregava a mim mesmo!
Denunciava sob um sol escaldante
Todos os meus pecados, minhas omissões.
Entregava numa bandeja prateada meus pensamentos,
Revelava meus temores e desejos mais profundos!
As pessoas ouviam-me com seus olhos esbugalhados,
Algumas delas sorriam zombeteiramente tentando
Conter a satisfação de ver o ídolo quebrado.
A maioria delas, apontavam-me seus dedos acusadores
E gritavam para a brisa fresca que soprava para o Norte:
“Viram! Viram! Ele não é perfeito!”
Eu sempre soube que não era perfeito,
Apesar de ter feito esta busca meu modelo de vida.
Não adiantava dizer isso para as pessoas
Elas numa grande roda dançavam e cantavam,
Enquanto que ao centro minha vergonha era exaltada.
Tudo o que dissera ganhará o fermento da maledicência
E esse gigante me sorria debochado
E me acusava de coisas que já não eram minhas.
Acordei assustado, suado, ainda que uma brisa fresca
Sussurrasse uma canção em meu corpo seminu.
A alvorada chegou para pacificar os furores da noite,
Saí para as ruas e para as pessoas,
Na boca, um cadeado invisível mantinha minha
Língua “cagüeta” enclausurada....