terça-feira, 24 de junho de 2008

COISAS QUE DETESTO DEMAIS!!!



Bebedeiras!
Como festas e bebedeiras atualmente são sinônimos geralmente, fico fora delas!!!


Comidas em molhos!!!


Rap’s, Funk’s e coisas do gênero!
O mau gosto também tem som....


Ausência de poesia, paixão e comprometimento!
Perdôo a falta de inspiração, jamais, a ausência de transpiração. A paixão com todas as coisas exige trabalho para sobreviver!


Falar de idade!
A idade que vale é do espírito, não a do corpo!


A imagem pela imagem
O que importa mesmo são os conteúdos... a imagem, o tempo, deprecia; conteúdos, o tempo, sofistica!


Desonestidade
Imperdoável! Mesmo as pequeninas....



Deixem seus comentários, enumere a sua lista de coisas que tu detestas!!!!


Lista ainda mal arranjada, sujeita à reparações (ou acréscimos), conforme os humores do autor!
P.S. Foto colhida à esmo na NET!

A PERFEIÇÃO

Houve algum tempo, em um passado não tão remoto, que ficava extremamente preocupado com a perfeição. A perfeição dos atos e das atitudes; a perfeição do corpo e do espírito; a perfeição da moral e da ética; a perfeição, enfim, como algo absoluto, um fim em si mesmo.
Foi-se passando os anos, e os anos servem de mestre carinhoso e paciente, que nos orienta, por vezes, com as mãos a palmatória; outras vezes, sensatas vezes, nos colocando sobre seu colo e cochichando em nossos ouvidos a sabedoria em pequenos bocados.
Com o passar dos anos fui me dedicando menos a esta preocupação afoita com a perfeição, pois percebi que, por mais que tente, por mais que me esforce, jamais serei perfeito realmente. Sou feito de um material que não conhece a perfeição e não pode conhecer; pois a perfeição é um instrumento que emana do divino – não sou divino, não posso conhecer a perfeição.
Em minha tola preocupação de buscar a perfeição como se a perfeição o Santo Graal fosse, esquecia que a vida tem de ser vivida e para ser feito isso intensamente temos de pagar o ônus de sermos mortais e falhos, e por sermos mortais e falhos, erramos, caímos, perdemos, magoamos e somos magoados; e tantas outras situações que são inerentes a nossa condição humana e que são elas, que nos dão este colorido todo especial perante o restante de todo o Universo. Na busca pela perfeição diária, esquecia de viver, e em não viver, era infeliz. Quer algo mais imperfeito do que a ausência da felicidade?
Acabei entendendo que minhas imperfeições são importantes, pois elas quando reconhecidas e trabalhadas por mim mesmo, podem me ajudar a chegar perto da perfeição.
Acabei entendendo que o destino e toda a sua variada gama de contingências, um dia bom, outro ruim; uma lágrima, um sorriso; toda esta somatória de condições funcionam como ferramentas indispensáveis para que possa com discernimento, tolerância, tranqüilidade, buscar a sabedoria – e a sabedoria é o caminho mais rápido para a perfeição. Quanto custou-me para aprender isso!
Não posso ser perfeito neste mundo, mas devo continuar vivendo. E, em continuar vivendo, buscando a perfeição sem o rancor dos xiitas e com a alma sonhadora dos poetas. E quando a perfeição um dia chegar até mim, montada num relâmpago, e cumprimentar-me vestida de branco vindo do Oriente, ela me encontrará deitado, tranqüilo, esperando-a para que então possamos dedicar um ao outro, dois dedinhos de prosa.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

OS PEQUENOS PRAZERES DO DIA


Pegou a cuia de chimarrão nas mãos e correu os olhos pelo céu azul infinito, sugou o líquido quente, um gole escorreu garganta abaixo, uma lágrima escapou face abaixo. Porque a brisa gelada lhe abraçou o corpo quente de roupa pesada, quente de chimarrão, quente da amizade dos amigos que ao seu redor espantavam-se com a lágrima, com o seu olhar perdido, com o sentimento que nascia no público quebrando os protocolos de que as emoções devem ser claustras.

Tolices! As emoções têm de ser livres, livres como um gole quente de chimarrão, livres como a gargalhada da conversa fiada de amigos, livres como o pássaro que voa pelo céu azul infinito.


Sentiu-se feliz naquele momento, por estar em pé, por poder ver o céu azul, por poder sentir o sabor da erva, por olhar ao seu redor e ver os amigos que lhe amavam, por sentir no peito um coração apaixonado, por saber que a noite faria amor com a mulher que ama e que lhe ama.
Esqueceu a grande explosão da sua conta corrente, os cheques voadores que caiam como kamikazes provocando avarias terríveis na pequena nau de suas finanças. Esqueceu das intrigas, das corrupções do governo, das guerras do mundo, esqueceu até mesmo da violência. Não se entreteu com os valores que pregam como mantras que devemos ser ricos para sermos felizes, que o poder é que traz felicidade, e que somos todos coitados se não temos status.


Tomou mais um gole de chimarrão, e viu a amada chegar num velho carro. Abraçou cada um dos amigos, enxugou a lágrima e foi até ela. Entrou no veículo e olhou para o sol que começava a se espreguiçar no céu azul, foi acordado por uma explosão do motor que rugia pelo escapamento do automóvel, foi acordado pela mão da amada que tocava a sua, pelo seu olhar que mergulhou no oceano dos seus, foi acordado pelos ecos do “Eu te amo!” dela ribombando dentro do seu coração... Derramou mais uma lágrima de amor e a engoliu, sentiu um forte gosto de chimarrão na boca.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

COM SUA LICENÇA, SENHOR!

Naquele lugar ele se distinguia dos demais, uma maçã vermelha numa cesta cheia de chuchus. Não se diz que essa distinção construía-se pela absoluta integridade de seu caráter, não, não, longe disso. Havia errado e seu artigo no código penal lhe apontava sempre com um dedo acusador; sua diferença fazia-se pelas boas maneiras, pela boa educação, por um proceder recheado de sorrisos e gentilezas que encantava até mesmo os corações mais empedernidos da cadeia. Talvez, ninguém seja inteiramente vilão, ninguém seja inteiramente herói! Considerações dostoiéviscas numa crônica chinfrim.
As boas maneiras são vistas com vastas desconfianças pela velha megera, educação e gentilezas, por vezes, escondem os piores monstros que a cadeia já viu. No caso dele, ainda que houvesse se tornado um criminoso, um caminho que ele próprio escolheu, sua maneira de se portar muito refinada estava incrustada em sua personalidade feito uma pedra preciosa, não se pode esconder ou condenar os legados que vêm do berço, estes são sempre autênticos.
Acontece que naquele dia foi transferido de pavilhão, saiu do raio que abrigava a fina flor da bandidagem para um local que, teoricamente, abrigava internos mais tranqüilos. Na cadeia, salienta-se mais esta premissa, tudo é teoria e, na maioria das vezes, não encontra ecos na prática. Com este jovem foi mesmo assim, suas diferenças tão protuberantes não atentaram contra ele naquele lugar acostumado a grosserias e violência. Pode-se testemunhar que, em certas ocasiões específicas e sob os devidos estímulos, até mesmo no inferno uma luz pode brilhar. No abrir da porta de sua cela despediu-se dos colegas internados com generosos agradecimentos e os distribuiu depois fartamente nas outras boquetas das outras celas. Suas frases eram um sanduíche de “obrigados” com “fiquem bem” recheados com “desculpas por alguma coisa”. A “ladrãozada” comemorou sua partida como se fosse ele igual a eles, ainda que, a olhos vistos, a educação dele abria um abismo entre o indivíduo e o grupo.
Pegou suas coisas, uma matula de roupas e um colchão velho e seguiu o seu destino pelo grande corredor central da cadeia. De longe, pude ouvir o eco de sua voz quando adentrava o novo pavilhão, sua nova casa pelos próximos cinco anos.

- Com sua licença, Senhor!


E o portão de grades de aço fechou-se atrás dele....

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Acabei de ler o livro “O MONGE E O EXECUTIVO- Uma história sobre a essência da liderança”, escrito por James C. Hunter, da Editora Sextante, edição de 2004.
Confesso que não tenho especial predileção por esta espécie de livros, estilo técnico de auto ajuda ou sei lá em que gênero se classificam, mas, o li e gostei dele, apresento assim minha recomendação.
O livro tem uma linguagem simples, de fácil entendimento por qualquer leitor, sobretudo, para aqueles que pouco lêem e tem dificuldades com vocabulário. O livro explora os principais conceitos do que é liderança, demonstrando, em grosso modo, que o verdadeiro líder sabe servir. Neste caminho, apresenta uma série de conceitos e definições e algumas frases de belo impacto que separei aqui para vocês. Vejamos:


Estar no poder é como ser uma dama. Se tiver que lembras às pessoas que você é, você não é. (Margaret Thatcher, p.10)



Ouvir é uma das habilidades mais importantes que um líder pode escolher para desenvolver. (p.23)



LIDERANÇA é a habilidade de influenciar pessoas para trabalharem entusiasticamente visando atingir aos objetivos identificados como sendo para o bem comum (p.25)


PODER é a faculdade de forçar ou coagir alguém a fazer sua vontade, por causa da posição ou força, mesmo que a pessoa preferisse não o fazer. (p.26)


AUTORIDADE a habilidade de levar as pessoa a fazerem de boa vontade o que você quiser por causa de sua influência pessoal. (p.26)



Se você não mudar a direção, terminará exatamente onde partiu.
(antigo Provérbio chinês, p.39)



A única pessoa que você pode mudar é VOCÊ mesmo!. (p.109)

Pensamentos tornam-se ações, ações tornam-se hábitos, hábitos tornam-se caráter, e nosso caráter tornam-se nosso destino. (p.125).

A autoridade não pode ser comprada nem vendida, nem dada ou tomada. A autoridade diz respeito a quem você é como pessoa, a seu caráter e à influência que estabelece sobre as pessoas. (p.27)

Os escravos fazem os que os outros querem, os servidores fazem o que os outros precisam. Há um mundo de diferença entre satisfazer vontades e satisfazer necessidades. (p.52)



DISCIPLINA significa ensinar ou treinar. O objetivo de qualquer ação disciplinar deve ser corrigir ou mudar o comportamento, treinar a pessoa e não punir a pessoa. (p.80)



Quando você nasceu, você chorou e o mundo se regozijou. Viva sua vida de tal maneira que, quando você morrer, o mundo chore e você se regozije.
(provérbio de uma tribo de índios americanos, p.131).

quarta-feira, 4 de junho de 2008

O GURI E O CIRCO


Em meu tempo de guri, petiz, morei numa pequena cidade, dessas empoeiradas, sonolentas, de gente na varanda ao ocaso, perdidas no acaso. Nesta cidade, como em outras tantas tais, a vida passa devagar, despercebida e, naqueles tempos, relógio era algo um tanto quanto sem utilidade. O tempo, este oceano implacável, era medido pelas alvoradas e pelos crepúsculos, hora de acordar...hora de dormir.... As estações eram ansiadas, mais pelos seus prazeres inaptos do que pelo hábito moderno e arraigado que possuímos em contar o tempo de forma aritmética, juntando os segundos aos minutos, ambos às horas, colocando-o nesta algibeira salaz que é esta necessidade urbana que nos sujeitamos, e nos deixamos corromper por ela.
Em algum momento da minha meninice, chegou a cidade um circo, um pequeno circo mambembe. Recordo-me da rotina quebrada na pequena urbe. O som das buzinas misturaram-se aos gritos infantis. Um velho alto-falante berrava convites e “merchindising” sobre as maravilhas do circo. Recordo-me, sem muito esforço, de dois velhos cães que saltavam compulsoriamente por entre um elo, obrigados pelo anseio da recompensa imediata. Um palhaço, roupa velha, grandes sapatos, face pintada, tentava caminhar em meio a avalanche de braços infantis que degladiavam-se pelas balas que distribuía, sem muita fartura. Os velhos caminhões incomodavam (disseram isso depois, muito depois!!!) com seus rugidos ferozes. A lona, mágica lona, gasta pelo uso constante me deixou enlevado, extasiado. Na verdade, nem percebi uma meia dúzia de grandes remendos, feitos aqui e ali, com algum desespero, liberta tentativa de recuperá-la, ainda que a fria realidade insistia em se mostrar,exigindo uma nova aquisição; uma aposentadoria para a velha lona cansada.
A noite de estréia, ansiosamente aguardada, se revelou com um céu de estrelas cintilantes e uma bela lua envolta por um halo de felicidade no céu encoberto com o negro manto noturno. Estava na primeira fila. Todas as expectativas do mundo, vestido com o mais belo dos sorrisos. E o espetáculo começou. Ri com os palhaços, aplaudi o manjado show de mágica, admirei o trabalho dos trapezistas, cantei com os cantores amadores. No momento das dançarinas apresentarem-se, em trajes sumários da época que, comparados aos de hoje, se poderia dizer que elas vestiam fardas. O palco ficou pequeno, diante do furor da platéia, sobretudo a masculina. As belas moças foram alvos de ovações, aplausos e alguns, mais exaltados, mandavam beijos e gritavam piadinhas de mau-gosto, rechaçadas com a indiferença das belas moças. Ao final da apresentação, um locutor entrou sorridente no palco, teceu um breve bate-papo com as dançarinas e, apontando para a primeira ala, infestada de guris, convidou três deles para subir e oscular a face das bailarinas.
Um destes felizardos era eu...
Não posso falar que fui tomado pelo pânico. Minha meninice desconhecia esta espécie de emoção. A pureza de um guri não pode estar inserida dentro de um contexto de conceito marcado pela literalidade, pela etmologia. As emoções de um guri são reais, puras, naturais e têm sua gênese dentro do coração, e o que vem do coração é sincero. Não pode haver pecado na sinceridade, pelo menos, não na sinceridade de um guri.
Enfim, me vi nesta inédita e inusitada situação.
Minha face ainda virgem para beijos que não fossem os maternais, ruborizou-se. Não sabia o que fazer, não havia sido preparado para beijos alheios aos maternos. Não conhecia essa forma de manifestação de carinho, entre estranhos, e em público. Qual não poderia ser minha resposta, que senão a negativa; a recusa pela exploração ao desconhecido; a fuga, movido pela inibição.
Hoje, do satélite da distância temporal, analiso esta situação, este fragmento em minha vida e me arrependo de algumas atitudes.
Arrependo-me pela minha negativa.
Arrependo-me pela minha recusa, pela minha inércia, pela falta de curiosidade em explorar o desconhecido;
Arrependo-me pela minha inibição.
Arrependo-me pelo beijo que não dei...
Todos estes são arrependimentos que, intrinsecamente, absorvo e os elimino com relativa facilidade.
O arrependimento maior, aquele que fica e que me incomoda, é aquela certeza inexorável de que nos deixamos mudar com o tempo, melhoramos em algumas coisas e pioramos na maioria delas. Sabe, outras faces, outros lábios foram beijados pelos meus e a falta daquele ósculo não mudou decisivamente minha vida. Porém, aquele não, aquela negativa, dita resoluta em meio a rubores, gaguejos e sorrisos me faz falta.
Arrependo-me de não ter combatido o tempo, em ter dito não as alterações que o destino e as vicissitudes produziram em minha pessoa.
Arrependo-me, sem ter a real mensuração de meu pecado, de não mais possuir a pureza e a sinceridade daquele guri que um dia fui e que com o terrorismo do cotidiano moderno, deixei de ser...