sábado, 30 de maio de 2009

UM TEXTO SOMENTE PARA VOCÊ!


Tenho sentido necessidade ultimamente de escrever um texto para você, para você que me lê, que me acompanha, que aprecia os textos que escrevo.
Alguns de vocês me questionam sobre onde arrumo a inspiração e, quase sempre tenho uma resposta pronta – também possuo minha bagagem de frases feitas, já pré-concebidas na grande fábrica de protocolos e crimonialismos sociais.
Não que seja falso com vocês ao responder que a inspiração vem do olhar que lanço sobre o cotidiano de todos nós. Isto é uma verdade, mas não é somente ela. Grande parte do que escrevo, provavelmente, é minha própria história. São meus sentimentos, meus sonhos, meus pensamentos, meus anseios, minhas histórias e estórias, alguns bocaditos de mentiras e por aí vai. Quando se escreve como eu escrevo, para se desnudar totalmente perante a opinião pública, tem de se preocupar com o entretenimento de toda a gente, mas deve-se ter sempre uma preocupação maior, que é levar uma mensagem junto com o texto e com a estória. Uma mensagem que construa, que edifica, que assinale, que tente contribuir de alguma forma com a grande busca que todos nós fazemos – Qual será a sua busca, meu querido leitor?
Faço isto porque acredito que assim é a vida, tudo o que se atira sobre nós vem com uma aparência definida, um rosto latente que se mostra sorridente, feroz ou amargurado. Mas por trás deste rosto que a vida nos mostra, existem outros que somente se vê, como dizia Exuperry, com os olhos do coração. Há que se estar atento para a mensagem que a vida nos oferta generosamente para que aprendamos com ela os grandes mistérios da emoção e do coração humano.
Não tenho a pretensão de ser o grande filósofo que lhes mostrara o verdadeiro caminho, meus textos não carregam jamais este otimismo e quem quer que venda esta oferta é um grande mentiroso. A verdade é somente uma só, não a conheço, mas sei que as pessoas trilham diferentes caminhos para atingi-la. Tudo o que faço é escancarar a minha verdade para que você se enxergue nela, ou simplesmente, a renegue com todas as suas forças. Independente de qual seja a sua escolha, se me ama em meu texto ou se o considera cretino demais, eu lhe estarei ajudando e estarei feliz, terei feito o meu trabalho.
Que fique então este texto todinho para você meu fiel e querido amigo leitor, que seja ele minha oferenda, meu legado, minha homenagem a você que corajoso dedica alguns minutos de seu tempo e de sua vida para ler algumas linhas despidas de criatividade e cercadas da arrogância de me acreditar um escritor de verdade.
Talvez esteja sendo humilde demais, humildade nunca é demais, mas prefiro me encarar assim. No menosprezo que faço a mim mesmo, renovo todas as possibilidades de toda a semana oferecer-lhes o que há de melhor em mim, na busca primordial e sublime de um texto maior, que os entretenha, que os ajude a enxergar os vossos caminhos.
Eu os amo profundamente, que esta mensagem esteja acima de todas as outras, ponto final!

SONETO PARA QUEM AMA ESCREVER


Em 10/01/2007, às 21h11min



Eu escrevo como quem ama platonicamente .
Não busco as emoções intensas de um momento,
Flerto com frases, com vocábulos, um pensamento,
Ansioso pelo texto perfeito, minha mor amante.


Eu escrevo como quem ama platonicamente.
Como quem conhece o amor em sua forma pura,
Está no toque a urgência e a paixão, não na ternura,
É no espírito que o amor se faz plenamente.


Eu escrevo como quem ama platonicamente.
Escrevo para sentir-me vivo, para jejuar,
Para deixar minha alma translúcida respirar.


Eu escrevo e não busco a notoriedade,
A humanidade já elegeu seus poetas,
Escrevo para eleger a humanidade!

quarta-feira, 27 de maio de 2009

SONETO DE AMOR E SAUDADE


em (28/08/2007)

Lembrei-me de você por um instante,

Um lampejo, um breve instante no tempo,

Suficiente para saciar minha sede de você.

O amor deve ser maior que um momento!



Mas o que é o amor realmente?

As pessoas correm atrás de conceitos feitos,

Definições bem escritas e ajustadas.

Prefiro amar sempre desse meu jeito.



Não sei se é o jeito politicamente correto!

Não busco harmonizar-me com a sociedade,

Meu amor vai além do amar por vaidade.



Amo-te....simplesmente! E quando digo

Que amo-te em um momento de saudade,

Lembre-se! Esse instante é a eternidade!

segunda-feira, 25 de maio de 2009

GURI SERTANEJO


Dedicado ao amigo Ismael Oliveira Silva, um dos homens mais generosos que conheci e, meus agradecimentos por ter dividido esta história comigo que, neste instante, transformo em crônica em sua homenagem!


A tudo o guri estava atento.


O homem observou isso de onde estava, divertindo-se com o extâse juvenil que, sôfrego, grudava o pequeno rosto na grande janela do ônibus. O que chamava a atenção inocente do menino, não era a paisagem árida do sertão nordestino, essa o guri trazia no sangue, conhecia-a intimamente. O sertão fazia parte dele, assim como ele fazia parte do sertão. O que deixava o petiz aturdido em todas as expectativas tão conhecidas por ele que apresentavam-se em sua janela, não eram as imagens em sí, e sim, a velocidade com que elas se frequentavam. O ônibus, assim lhe falaram que se chamava aquele transporte, engolia a distância como se mil jumentos o puxassem para frente numa pressa exagerada.


Ele olhou para o grande mandacaru, e num instantinho, ele ficou para trás, pequenininho, escondendo-se na cortina que a distância estendia. Ouviu o canto do sabiá vermelho, um canto que tantas vezes houverá lhe acordado em sua tapera velha, quando o sol riscava o céu negro do sertão com seu raio cintilante e colorido, colorindo a tudo e a todos. O menino fechou os olhos e lembrou-se do belo canto do pássaro, e de como ainda deitado ficava ouvindo sua melodia ganhar seu coração. O sertanejo é resistente para as agruras do lugar em que vive, mas seu coração é flácido para a música, para o riso, para a poesia de cordel e do bem viver. De repente, muito de repente, o garoto fez um enorme esforço para ouvir de novo o canto do sabiá vermelho, mas ele havia ficado para trás, tudo o que havia, tudo o que ouvia, era o possante som do motor à diesel do ônibus devorando o chão do nordeste.


O homem estava encantado com toda aquela cena.


Ele já desconhecia que houvesse no mundo inocências daquele jeito, que ainda houvesse ouvidos que se admirassem com a combustão de um motor, que ainda houvesse olhos que se surpreendessem com a urgência da vida moderna. Não se quer dizer, entretanto, que a inocência seja devagar, lenta em sua maneira de ser. A inocência tem o seu próprio tempo e ela acontece no momento dela, ela não se subordina a nada. Por isso, que ela é tão arredia a qualquer contratempo fugindo célere para lugar estranho quando contrariada. A inocência é mesmo bicho do sertão, arisco!


Encantado com o guri e com a inocência, o homem aproximou-se e estendeu para o curumim uma lata de refrigerante gelada. Desconfiado, o guri pegou a lata e assustou-se com o frescor que lhe tocou as mãos pequenas e virgens para estas coisas. O homem sorriu ternamente, e pediu para ele que bebesse, enquanto retornava para sua poltrona.


Com a lata nas mãos o menino se comportava como uma viajante num novo mundo. Ele olhou para a lata e questionou-se : Se alí havia líquido como fazê-lo jorrar? À sua frente, o grande enigma do universo.


O homem surpreendeu-se novamente, viu que o garoto não sabia abrir a lata de refrigerantes, aproximou-se e abriu-a para ele. Aberta, o aroma umido escapou pelo oríficio criado e o menino sorveu o primeiro gole com euforia. O líquido gelado desceu pela garganta acostumada às temperaturas quentes e fez-se festa em todo o corpo juvenil, comemorando cheiros e sabores de uma nova vida.


O guri voltou seu rostinho para o homem e ofereceu-lhe um sorriso como agradecimento. Um sorriso lindo. O coração do homem agitou-se numa alegria exultante e ele recostou-se na poltrona, a viagem seria longa. Sonhou... Sonhou com um céu azul e com anjos às pencas voando para lá e para cá, todos eles com um mesmo rosto: a face de um guri sertanejo.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

INTROSPECÇÃO


Sem muito o que dizer, a inspiração é finita!
As palavras são todas fugitivas,
Os pensamentos estão pobres,
Ando tão cansado de mim, de todas as coisas,
Que me fazem pior do que sou realmente!





Não temas, isto não é um desabafo!
Não choro mais as minhas próprias dores,
É mais digno chorar as dores do mundo todo!
A autocompaixão me faz pequeno
E sonho com as estrelas.




Venho apenas para dar-lhe um abraço!
Para dizer-lhe que sou fraco e que erro!
Para pedir-lhe perdão do que lhe fiz, e,
Sobretudo, por tudo aquilo que deixei de fazer.
Peca-se mais com a omissão do que com a ação!




Eu amo voce!
Não é desses amores levianos e concupiscentes.
Amo-te no corpo e no espírito,
Amo-te como amigo e como irmão,
Com tudo aquilo que há de bom em mim!




O que não presta, deixo para mim mesmo, para ser combatido!
Quando não estiver mais envolvo com as minhas mediocridades....

quinta-feira, 21 de maio de 2009

TEU SORRISO



Acabei de chegar...
Da rua, do extraordinário tão ordinário,
Saí de baixo do tapete social,
Bati o pó da roupa,
E coloquei no rosto o sorriso mais belo -
Ainda que, reconheço, descartável!

- Ultimamente, meus sorrisos não andam tão belos assim...

Agora venho para este universo!
Para ver voce e seu sorriso - Oh! Que maravilha de espelho!
Pois ao ver-me refletido no espelho virtual de seu sorriso,
Vejo-me sorrindo junto contigo!!!

Acabei de chegar... E ficarei aqui, um pouco, ao seu lado!
Encantado com a maravilha de teu sorriso...
Afinal, ver-te feliz, é ser feliz junto!!!

terça-feira, 19 de maio de 2009

PARABÉNS PARA VOCE!!!!


02 Anos de nel mezzo del cammim
AOS AMIGOS VIRTUAIS

Tu que chegas, vindo navegando neste oceano imenso de virtualidade, que trazes em seu rosto a fadiga da enorme viagem, no coração os desejos de encontrares um porto seguro, entra, puxa uma cadeira e assenta-te, venha puxar dois dedinhos de prosa comigo!

Quero te ouvir, companheiro(a)!

Quero saber o que te aflige, quero saber o motivo de tuas lágrimas, e enxuga-las de seu belo rosto. Quero rir contigo e com a piada amiga que te fez sorrir. Deixa tudo o que te pesa a caminhada, renova-te de alegria e de energia para novas e ousadas viagens, pois a vida é mesmo assim, tudo o que temos somos a nós mesmos e este grande oceano para navegar... Tudo o mais são portos e paradas que fazemos para nos recompor.

Se quiseres, fale de seus sonhos, fale de seus desejos, fale tudo aquilo que desejares falar, serei os ouvidos mais atentos que poderias ter, e em prece, pedirei ao nosso Pai Celestial que me de a sabedoria necessária para lhe aconselhar, as palavras mais corteses para lhe sossegar o coração, os gestos mais nobres para lhe presentear.

Porque é tudo o que mereces, meu(inha) nobre amigo(a)! Tudo o que há de melhor.... Tudo o que há de melhor! Sejas feliz, enquanto estiveres aqui, e o sejas ainda mais quando partires. Porque, tenhas certeza, um bocado de felicidade me levarás, quando te levantares e cruzares o umbral desta porta abstrata para ganhar novamente o mundo... Ao ver-te distante, minha visão meia embaçada pelas lágrimas de saudade que já irei derramando, estarei infeliz por ires e me deixares. Consolar-me-ei com o pensamento, de que tu voltarás – tu sempre voltas! – e, quando o fizeres, novamente me encontrarás forte e impávido para dar-te guarida, amizade e carinho. Os amigos, meu(inha) nobre amigo(a), são feitos para isso... Para servir! Estou aqui para isso, meus queridos todos, para servi-los! GRato por toda a paciência da jornada até aqui e que Deus os abençoe a todos!

EU SOU LUZ....


.... E QUERO ILUMINAR...


... Todos os corações e mentes da blogosfera!


Tenho a alegria de compartilhar textos e idéias com todos voces que me visitam cotidianamente, vossa generosidade para comigo me orgulha e me emociona sensivelmente. Amigos como voces são uma dadiva de Deus e devo sempre estar atento para retribuir esta amizade maravilhosa que me dão gratuitamente.

Ademais, resgato o provérbio indiano que diz que os caminhos da amizade devem sempre ser pisados para que não criem musgo. Portanto, meus amigos, vamos ir e vir por esta estrada virtual, escrever, discorrer, debater, criticar, promover, eleger, elogiar, enfim, fazer mais e mais amizades, pois o caminho virtual não conhece distâncias.


Finalmente, agradeço a Regininha, do blog Devaneios de uma vida (http://www.devaneiosdeumavida.blogspot.com/) que sempre me honra com sua presença e que me indicou para este selo maravilhoso. Um abraço e um beijo, minha querida!


Meus cumprimentos a todos!

HOMO SAPIENS

Não pergunte como, algumas vezes as razões desconsideram as razões elementares e nestas ocasiões devemos apenas nos contentar com os resultados, sem maiores considerações com os porquês.
O fato é que encontraram-se todos os elos da evolução humana numa fresta dimensional do tempo. Estavam lá o primeiro macaco, um homem de Neanderthal, o Homo Erectus e o Homo Sapiens; sentados sem maiores afazeres numa grande duna de um deserto sem fim. A um canto qualquer estavam os demais elos o Homo Habilis, Homo ergaster, Homo helderbergensis, Homo Sapiens Idaltu, Homo florensiensis, todos de bobeira, sem nada para fazer.
O macaco original pulava para lá e para cá, perdido, o que são os macacos sem uma árvore para dependurar-se?
O Neanderthal estava em pé olhando para o horizonte branco e somente branco, o tacape desprezado a um canto qualquer.
O homo Erectus estava a frente de uma pedra, pois pedras ainda haviam, lascando um metal qualquer na rocha, fazendo uma arma de caça. Era um ato intuitivo de sobrevivência, não belicoso, ainda que houvesse pressentido a sua maneira que caça não mais havia.
Olhando com desprezo para toda essa cena estava o homo sapiens, vestido de Giorgio Armani, a gravata de grife solta, os punhos dobrados até a altura correta dos braços, esbanjando uma elegância desnecessária.
De repente, surgindo do nada, houve um clarão de luz e do meio dessa bola ofuscante surgiu levitando um homem vestido num habito branco.
O macaco original esgarniçou-se assustado e saiu correndo para um canto qualquer igual a todos os outros cantos, pois que todos os cantos eram iguais.
O Neanderthal esbugalhou os olhos num esforço exagerado, clarões repentinos e homens surgindo no meio deles estavam além de sua compreensão pequena como seu cérebro, saiu correndo gritando Uga! Uga! Uga!. O pouco entendimento do Neanderthal lhe impulsionava a um único ato tão natural para ele quanto respirar – correr, fugir daquilo que não compreendia.
O homem Erectus saltou rapidamente, e sua lança já afiada foi atirada com força e precisão no meio da bola ofuscante. Seu algum entendimento e seus instintos lhe impulsionavam a atacar para se defender – era um selvagem e como selvagem respondia em nome de sua sobrevivência, há que se entender seu gesto e perdoá-lo por isso.
O vulto no meio do espectro levantou uma de suas mãos em direção ao dardo e este surpreendentemente ficou parado no ar, ferindo todas as leis da física até então conhecidas.
O homo Erectus assustou-se, como haveria de ser, saiu correndo assustado para qualquer lugar e lugar nenhum, pois, na verdade, lugares reais não mais existiam.
O homo sapiens olhou para este novo cenário estupefato, mas sua inteligência fantástica o fez raciocinar sobre toda a situação. Contra este novo ser, ele pensou, armas não teria efeitos... E que armas? Somente existiam paus e pedras. Correr era besteira, ele o alcançaria facilmente. Resolveu então lutar com suas melhores ferramentas – a inteligência e a retórica.
- Quem é você? Perguntou ao vulto na bolha.
- Eu sou uma de suas possibilidades, sou aquilo que poderias ter sido, sou o Homo Espirictus.
- Ahhhh! Fingiu entender o homo sapiens e completou.
- O que queres aqui? Aqui nada tem, queres apenas assustar aqueles idiotas?
- Não zombe deles, homo sapiens! Você já foi aquilo que tanto zombas...
- Que tu queres então?
- Quero apenas conhecer o homo sapiens, entre todas as criaturas do universo a mais fantástica e a mais tola...
- Tolo, eu?? Estais enganado, criatura! Eu inventei centenas de idiomas, eu criei edifícios que arranhavam os céus, eu cheguei na lua e fui além, como pode haver tolice nisso???
- Reconheço! Mas teus idiomas não te ensinaram a se comunicar verdadeiramente com seu semelhante; seus arranha-céus não serviram de teto para seus iguais; e tuas viagens interplanetárias te trouxeram tecnologia e conhecimento, mas não te trouxeram sabedoria para ver quais eram as reais necessidades da humanidade. Enquanto viajavas para Marte, pessoas caiam mortas de fome ao teu lado. Tu fostes fútil e de inutilidades materiais enchestes teus desejos. Em vez da harmonia espalhaste a discórdia; devias ter procurado a paz, mas tudo o que semeastes foi a guerra. Poluístes a Terra. Destruístes a natureza, a água, o ar com todas as tuas vontades de conforto e riquezas a qualquer custo. O mundo que guardou todos os teus antepassados, para ti foi pequeno. Zombas daqueles que fugiram, mas eles viveram suas vidas com plenitude e evoluíram até você... Você não evoluirá até mim...
Perplexo, o homo sapiens perguntou:
- Como assim?
- Estais vendo este deserto ao teu redor, este mar de areia sem fim?
- Sim, o que tem ele?
- Esta é a Terra que tu criastes com os teus instintos capitalistas exacerbados. Chamas de selvagem o Neanderthal, mas, para mim, és mais selvagem que ele. És estúpido e egoísta. Destruístes o planeta com tuas guerras e tuas sujeiras. Eu seria o próximo passo da evolução humana, mais um elo da grande corrente que começou com o macaco original, eu seria o Homo Espirictus, mas, graças a você, não existirei. Serei apenas essa sombra maravilhosa que sugerirá no abstrato a maravilha que poderíamos ter sido, mas que nunca acontecerá.
O homo sapiens, combalido pela revelação da verdade, caiu de joelhos ao chão.
- Eu sinto muito... Eu sinto muito...
Mas não havia mais a quem falar, tudo havia partido. Os elos do passado, no passado estavam. O futuro ficou prisioneiro na ignorância que fora cultuada no tempo presente. O Homo Espirictus houvera desaparecido e o homo sapiens se perguntou se ele houvera estado ali de verdade. Olhando para a imensidão branca de areia, o homo sapiens se via finalmente como sempre quis estar: Dono de tudo, o grande imperador de um mundo seu, somente seu e sem fronteiras.
Mas, cadê o resto da criação?
Cadê as cores, os cheiros, os sabores?
Ele era o grande senhor do nada, o vazio e o oco era seu império, e tudo isso somente não era menor que sua tolice e sua ganância.
O homo sapiens chorou, mas não houve lágrimas para derramar... Estava seco por dentro!



Cumprida a missão proferida pelas queridas amigas Regina ( Blog DEVANEIOS DE UMA VIDA) e da Cris (Blog CANTO DE CONTAR CONTOS). AGradeço a ambas por terem me atribuido o selo Premio Lemniscata, estou sensibilizado e honrado, sobretudo por tê-las como minhas amigas tão queridas. Beijos, lindas!

Devaneios de uma vida: http://www.devaneiosdeumavida.blogspot.com/ - Regina!
Canto de Contar Contos: http://www.cantodecontarcontos.blogspot.com/ - Cris!

domingo, 17 de maio de 2009

O SEGREDO DAS ABELHAS


Numa dessas tardes de verão, quando o calor me sugeria uma preguiça confortável, detive-me entretido com uma abelha em seu ritual de beijar uma flor. Estava desatento para as coisas do mundo, questionando minha própria existência.

A abelha beijava a flor escolhida com a dedicação de um amante apaixonado. E a flor, receptiva, abria-se voluptuosa ao toque suave de seu amante. Imaginei o que cochicharia a abelha para a flor nestes instantes de paixão?

Uma brisa fresca veio e me beijou a face, meus cabelos esvoaçaram-se ao sabor deste toque suave. Minhas narinas dilataram-se e senti a doce fragrância da flor enquanto gozava amores para seu amante. Ela se entregou de forma absoluta e singular, suas pétalas ficaram mais finas, suas cores mais vivas, seu aroma libertou-se exalando seu êxtase. O amor é o maior entre todos os ingredientes da beleza. A abelha, por sua vez, zuniu fortemente, e afastou-se num vôo incerto em busca de sua colméia, talvez para descansar um pouco, talvez para sonhar desesperada novas poesias para sua amante.

Pressenti interiormente que a abelha havia cochichado o grande segredo da vida para a flor, e ela, após este presente audacioso e singular, abriu-se de forma delicada para receber o beijo intimo de seu amante. A vida é curta e somente vale quando se a vive com amor! Porque o grande cesto dos dias logo logo estará vazio, e no ultimo dos frutos deste cesto estará a ultima possibilidade para a vida. Como não se sabe quantos frutos existem no cesto, disse a abelha à flor, coma o próximo fruto como se o último fosse.

Cheia de amor e diante de tal prova de paixão, a flor se entregou ao seu amante e, depois desse ultimo e desesperado gozo, depois deste último espasmo de sentimento, ela começou a murchar e, lentamente, foi-se desvanecendo até que sua lembrança ficasse sepultada na terra do jardim para adubar novas e apaixonadas flores e seus amores.

Enquanto isso, na colméia, a abelha sonhava com a flor, fazia poemas com acordes de epitáfios para ela e chorava a dor de sua perda. O amor entre as abelhas e as flores é tão intenso que se é realizado na forma definitiva, em todas as esferas possíveis. Abelhas e flores não se amam pelas metades, não buscam romances de folhetins, nem querem simplesmente se aquecer na fogueira das paixões instantâneas e descartáveis. O amor é breve porque a vida é urgente, ambos, abelha e flor, sabem disso intimamente... O amor entre abelhas e flores é vital, único, belo, cúmplice, amigo, solidário. A abelha entrega para a flor o que há de melhor nela e recebe dela, tudo o que ela tem dentro de si de mais perfeito. A flor ama não pela beleza do gesto de amar, mas pela necessidade de estar viva e, estar vivo, para a flor e para os amantes, é amar!

Fiquei meditando segredos, os das abelhas, os meus, os segredos de todo o homem e de como a minha história estaria sendo escrita...

DISCURSO FINAL


Este não é um libelo para os outros,
É um libelo contra mim mesmo.
Devia ter jogado mais papéis no chão,
Ter emporcalhado o mundo com minha sujeira.
Devia ter dito uns palavrões,
Usado um vocabulário corriqueiro.
Devia ter dito menos verdades,
Omitido minhas opiniões,
Apostado na mentira.
Teria sido mais fácil, a verdade sufoca.
Fui tolo. Se tivesse sido um mentiroso,
Teria ganho mais dinheiro,
Namorado mais mulheres,
Teria vendido aquele carro velho quase fundido.
Teria feito menos adversários e mais amigos.
Ah! Que vontade que sinto hoje
De ter esparramado uns boatos,
Uma maledicência aqui,
Uma maledicência ali.
É tão mais fácil puxar o tapete, que tecê-lo!
Não devia ter mesmo respeitado os fatos,
E sim, flertado com factóides.
Agora, fui trouxa mesmo é em ter sido fiel!
Fiel aos meus princípios,
Fiel aos meus ideais!
Fidelidade, o cúmulo da ignorância!
Devia ter esparramado meu sêmen pelo mundo.
Não estou muito certo disso,
Mas parece-me que as mulheres contemporâneas
Valorizam a força da arrogância sexual,
Temem a humildade de um coração sensível,
Não veneram um pensamento sublime.
Eu fui tão cretino!
Apaixonei-me pela essência, abominei a imagem.
Amei a inteligência de Cervantes, Dostoievsky,
Tolstoi, Gogol, Machado, Pessoa, Neruda, Drummond,
Outros tantos... Enquanto o mundo consumia
A nudez das protagonistas da novela das oito.
Arre! Eu detestei novelas!
Nunca fumei, num mundo movido a fumaça.
Nunca bebi, num mundo feito de alegrias etílicas.
Acho que foi por tudo isso que não me acharam simpático.
Por isso as pessoas correram de mim!
Por isso não fiz mais amigos.
O pior é que faria tudo novamente.
Veria de novo os filmes que todos detestavam.
E leria ainda mais livros,
Foram eles os meus melhores amigos.
Como viram, não fui mesmo esperto,
E este mundo valoriza a esperteza,
Vou-me embora sabendo que fiz tudo errado!
Leve-me, Oh “Belle Femme” Beatriz!
Leve-me para junto de seu amado e seus pares,
Quero entabular conversa com
Todos aqueles loucos maravilhosos!

sexta-feira, 15 de maio de 2009

LIBELO CONTRA A HUMILDADE


Estou destruindo minha humildade, ela em nada me serve.
Aprendi isso, dia desses, e me desiludi.
Desiludi por que cresci ouvindo que a pessoa humilde é forte, é poderosa, que será dele o reino dos céus, blá...blá....blá.....blá.....
Quanta besteira, quanta lorota isso sim!
Dias desses, o mesmo dia em que descobri que a humildade é um grande engodo, alguém que devia me prestigiar,
Que mais devia me aplaudir, me animar, me estimular,
E uma dezena de outros verbos edificantes chamou-me de fracassado.
Não condeno esta pessoa!
Sou mesmo um fracassado.
Não tenho uma fazenda cheia de bois, meu carro é velho e só pega depois de dois ou três trancos.
Não tenho dinheiro em um paraíso fiscal e, apesar de já ter tido cargos públicos poderosos, consegui sair deles mais pobre do que entrei, ainda que com dignidade e honra, pois fui honesto.
Honestidade, a maior de todas as tolices... as pessoas não valorizam-na...
De nada vale isso tudo, eis a verdade – fui chamado de fracassado mesmo assim!
Tentei discutir, falei que vivo com um sorriso besta no meio dos lábios, pois estou sempre feliz, que tenho uma legião de amigos que gostam de mim e me respeitam, tenho uma família que me ama apesar de estar esfacelada pelo mundo – mas esta pessoa tem razão – eu sou mesmo um fracassado!
Por isso, vou destruir minha humildade.
É o melhor a fazer, a arrogância é a grande vitrine do planeta.
Todos olham para o sujeito arrogante.
Vou comer ovo frito e arrotar filé mignon.
Vou andar no mesmo carro velho (não tenho dinheiro para comprar um novo!), mas se não saírem da frente eu passo por cima.
Cumprimentar as pessoas, nem pensar, elas que se danem!
Eu não preciso de ninguém, quando morrer já terei contratado quem me leve para o cemitério, se brincar, até contratarei meia dúzia de carpideiras para derramarem um rio de lágrimas em meu velório.
Não quero lágrimas falsas de amizade, pois ninguém mais gostara de mim, verdadeiramente!
Por isso, comprarei até mesmo o choro das pessoas, que me puxem o saco até na hora em que morri....
Minha empáfia só não será maior que minha ambição,
Vou fazer de tudo para ficar rico.
Vou vender gato por lebre, vender churrasquinho de gato na feira falando que a carne é de picanha de novilha.
Carro fundido passarei para frente com o discurso de que o “probleminha” é no “pino da ribombeta”.
Meus textos só falarão de mim, serei marqueteiro de mim mesmo.
Venderei o meu melhor produto – eu, segundo eu mesmo!
Vou comprar roupas novas, de grife e um sapatão moderno e bem lustroso.
As pessoas se verão nele.
As pessoas adoram gente bem vestida, não importa que por dentro feda, desde que por fora cheire a perfume francês.
Aprendi isso, sou mesmo esperto!
Adeus pronomes na terceira pessoa do plural, seus cretinos!
Agora, comigo, é só na primeira pessoa, só no singular.
Eu....Eu....Eu....Eu....Eu....eu.....eu adorarei falar eu.....
Eu sou lindo, eu me amo, eu não posso mesmo viver sem mim!



Foto: www.olhares.com

quinta-feira, 14 de maio de 2009

POEMA DE AMOR PARA VOCE E PARA A NOITE


Eu te conheci na noite
Na euforia exótica dos primeiros dias.
Eu te desnudei junto com a noite
Comparando o brilho das estrelas
Com o mágico brilho dos seus olhos.
Eu te sussurrei baixinho
Palavras de amor aos teus ouvidos,
Poesia improvisada de homem apaixonado.
E a noite ouviu minhas palavras
E seu suspiro fresco deslizou
Pela nudez branca de nossos corpos.
Eu senti o cheiro da noite.
Eu senti o teu cheiro de fêmea.
Ambos os cheiros criaram um perfume
Afrodisíaco que ouriçou todos meus instintos.
O sagrado e o profano
Misturaram-se em meu corpo,
O doméstico metamorfoseou-se em selvagem
E te amei com fúria amante.
Teu corpo tornou-se meu corpo.
Teu desejo, meu desejo.
Nossos espíritos unidos
Desprenderam-se de nossos corpos
No exato instante em que o amor
Fez-se pleno, atingiu seu apogeu,
E misturou-se a noite... Na noite...
Nesse glorioso momento
Tornamo-nos três então...

Voce...
Eu....
... E a noite!



Ilustração: Pintura “Nuit Étoilée sur le Rhône” (Noite Estrelada sobre o Ródano) , por Vincent Van Gogh, 1888

IMPERFEITO

Nos últimos dias nasceu em meu peito uma paz advinda do imperfeito, surgiu quando os erros alvoreceram, quando parei de me questionar sobre a perfeição e todos os seus efeitos devastadores em meu sossego.
Aprendi a sufocar as tolices da consciência.
Aprendi que o erro pode ser delicioso e que dele pode vir alguma paz... pode parecer estranho isso, mas as lutas na consciência foram contidas... consciência tranqüila, paz no front de nosso cotidiano.
Não falo isso com satisfação plena, sei que erro ao testemunhar algo deste porte. Mas a verdade tem que ser dita, pois furtá-la neste instante seria errar encima do erro.
Eu, durante toda a minha existência lutei para que a perfeição ganhasse notoriedade e ao final, não me sobrou quaisquer louros, não fui regateado nem mesmo aplaudido pelas minhas ousadias. Foi tão tola a minha coragem de buscar ser correto, sempre...
Então, ainda que insista nesta trilha, tenho me permitido flertar com alguns erros, tenho me permitido ser covarde por alguns instantes e correr desta obstinação de ser perfeito, desta luta contra tudo e todos – não nasci mesmo para ser mártir nem quero ser herói de coisa alguma – quero apenas sorrir e gozar um pouco esta felicidade mundana que todo o mundo reverencia de joelhos e se matam para tê-la, se o mundo adora a imperfeição será para ela que queimarei algumas velas, doravante.
Sei que alguns ficarão decepcionados, lamento por vocês, mas meu primeiro erro é começar a ser egoísta. A pessoa mais importante, nos últimos dias, tem sido eu próprio. Quem deve sorrir sou eu mesmo; a melhor fatia do bolo eu a peguei primeiro. Bah! Para a educação, boas maneiras, protocolos e convenções. Elas me trouxerem até onde estou e o que sou, não necessariamente, reconheço como vencedor. A grande verdade é que perdi a sincronia comigo mesmo e com os valores que me trouxeram até aqui...
Confesso que vejo um ato de covardia em sangrar todos os meus valores publicamente, mas, o outro dos meus erros novos que me incorporei foi não importar com a opinião alheia... Se o público oprime a perfeição e elege o imperfeito, como pode o público me acusar por qualquer posição que tome nesse instante?
Veja, eu estou sorrindo, ouça o som estridente de minha gargalhada, alta, descompassada, satisfeita. Eu estou feliz agora... E, quanto mais alto gargalho, mais me esforço para acreditar que realmente sou feliz... Que errar me fez mais humano e que buscar ser perfeito era o grande mal de toda a minha vida.
Prefiro continuar, assim sendo, em me enganar descaradamente, errando em pequenos erros, acertando em pequenos acertos. Não são os erros nem os acertos que farão de mim o homem que quero ser, será a maneira como absorverei-os para usá-los como novas possibilidades em meu pensamento, minhas idéias, meus desejos, meus procederes que trarão as metamorfoses a mim necessárias.
Por enquanto, fico assim mesmo, vivendo a vida com pitadas de imperfeição para que a grande receita no seu final esteja recheada de sorrisos e prazeres, ainda que fáceis.


Post Scriptun:
Este texto foi escrito há muito tempo atrás.
Publico-a agora somente por que o considero bacana enquanto texto, simplesmente!
A busca pela perfeição ainda reside em mim...

ALGARAVIA SILENCIOSA


A rodoviária é a terra de ninguém, é a terra de todos os encontros. Quem chega, encontra-se com quem parte; quem parte, encontra-se com seus próprios sonhos; quem fica, abraça suas lágrimas de saudade, de amor, de paixão, na expectativa do retorno de quem se ama, de quem se gosta.
Nesta terra sem fronteiras, acalentava meus sonhos numa janela do tempo; à minha frente dois surdos-mudos confabulavam nervosamente; digo assim, porque seus movimentos eram rápidos, repetitivos, feito de muitas caras e bocas, dedos e mãos construindo palavras numa ganância exagerada de querer se comunicar...


Mais à frente, uma mulher bonita me olhava, numa percrustação suspeita. Olhei-me num espelho que estava próximo, ainda via-se neste corpo alguma beleza da juventude, quando os amores e as paixões visitavam-me mais constantemente. Olhei-a fixamente, pareceu-me retribuir o olhar, belo, sensual, cheio de sugestões amorosas. Enxertei em meu olhar uma doce possibilidade e nele dosei alguma poesia num flerte súbito, as alegrias podem estar mesmo na primeira esquina da vida.


Ao lado da mulher, outro surdo, de intruso, entrava no papo dos dois primeiros... Num repente, juntaram-se outros tantos a estes primeiros, e o que era um colóquio transformou-se em uma algaravia de libras, todos falando muito e ao mesmo tempo, a rodoviária sendo invadida pela conversa gestual desta brava gente. Houveram risos, algumas gargalhadas, e toda a minha curiosidade fez-se latente, queria entender o motivo dessa felicidade inaudível.


A mulher continuava lá, impassível, uma Vênus silenciosa. Continuava a me olhar... A me olhar... E que olhar...


O grupo encetou novas conversas, tiraram várias fotografias com celulares, em duplas, trios, quartetos, uns com outros e outros com uns! Parecia que se podia ouvi-los! Ficou-me a pergunta: por que um surdo e mudo precisa de um celular?


E a mulher me olhando dedicadamente... Perguntava-me com meus botões se devia me aproximar... Talvez! Puxar uma conversa... Os amores não se constroem na frieza da distância. Minha vida foi construída ruminando questionamentos, tinha de ter perdido mais tempo regurgitando respostas!


Tentei contar o enorme grupo silencioso e não consegui... Eram muitos... Mãos e gestos frenéticos discutindo a vida e todas as suas nuances...


De repente, a mulher se levanta e vem até mim... Será que se cansou de esperar pela minha ousadia? Caminha em minha direção, andar firme, porte elegante, uma belíssima representante do sexo feminino. Fico na expectativa de seu próximo ato, escolho as palavras mais belas, preparo as frases envoltas em lirismo, minha ansiedade exala feronômios, todo o meu corpo está pronto para o amor.... No entanto??? Ela passa por mim, e vai até a uma outra moça que senta-se em um banco às minhas costas... Aproxima-se dela.... Começa a gesticular.... Em todo o tempo, era a outra que observava, num diálogo silencioso...


Levanto-me, chegou o meu ônibus (pelo menos finjo que sim!). Vou-me embora, o coração chorando o amor que não se realizou, o rosto vermelho do constrangimento que somente eu conheci (os vexames são menos doloridos quando não se tornam públicos!).... Ficam para trás, as mulheres e a algaravia silenciosa...


Parto... Tentando purificar meu espírito e os pensamentos!

AINDA ASSIM, EU ME LEVANTO


Poetisa americana MAYA ANGELOU


Você pode me riscar da História

com mentiras lançadas ao ar.

Pode me jogar contra o chão de terra,

mas ainda assim, como a poeira, eu vou me levantar.


Minha presença o incomoda?

Por que meu brilho o intimida?

Porque eu caminho como quem possui

riquezas dignas do grego Midas.


Como a lua e como o sol no céu,

com a certeza da onda no mar,

como a esperança emergindo na desgraça,

assim eu vou me levantar.


Você não queria me ver quebrada?

Cabeça curvada e olhos para o chão?

Ombros caídos como as lágrimas,

minh'alma enfraquecida pela solidão?


Meu orgulho o ofende?

Tenho certeza que sim

porque eu rio como quem possui

ouros escondidos em mim.


Pode me atirar palavras afiadas,

dilacerar-me com seu olhar,

você pode me matar em nome do ódio,

mas ainda assim, como o ar, eu vou me levantar.


Minha sensualidade incomoda?

Será que você se pergunta

por que eu danço como se tivesseum diamante onde as coxas se juntam?


Da favela, da humilhação imposta pela cor,

eu me levanto.

De um passado enraizado na dor,

eu me levanto.

Sou um oceano negro, profundo na fé,crescendo e expandindo-se como a maré.


Deixando para trás noites de terror e atrocidade,

eu me levanto.

Em direção a um novo dia de intensa claridade,

eu me levanto

trazendo comigo o dom de meus antepassados,

eu carrego o sonho e a esperança do homem escravizado.

E assim, eu me levanto

eu me levanto

eu me levanto.



Em Abril, Maya Angelou* foi entrevistada pela Oprah no seu 70º aniversário. Oprah perguntou-lhe o que pensava sobre o envelhecimento e, ali, na televisão, ela respondeu que era "excitante". Relativamente às alterações corporais, disse que eram muitas e que ocorriam todos os dias... Como os seus seios. Parecia-lhe estarem numa corrida para descobrirem qual deles chegaria primeiro à cintura... (A audiência riu tanto que até chorou.) Ela é uma mulher tão simples e honesta, com tanta sabedoria nas palavras!


Maya Angelou disse:


"Aprendi que apesar do que quer que aconteça, e do quanto pareça mal, a vida continua e será melhor amanhã."

"Aprendi que se pode conhecer bastante bem uma pessoa a partir da forma como ele ou ela reage em três situações: num dia de chuva, com bagagem perdida e na forma como desembaraça as luzes de Natal."

"Aprendi que independentemente da forma como te relacionas com os teus parentes, vais sentir a falta deles quando saírem da tua vida."

"Aprendi que "fazer pela vida" não é o mesmo que "fazer uma vida"."

"Aprendi que a vida às vezes dá-te uma segunda oportunidade."

"Aprendi que não deves viver a vida com uma luva de "apanhador" em cada mão, deves ter a possibilidade de poder atirar (devolver) alguma coisa."

"Aprendi que sempre que decido alguma coisa de coração aberto, normalmente tomo a decisão acertada."

"Aprendi que, mesmo quando tenho dores, não tenho que ser uma dor."

" Aprendi que todos os dias devemos tentar tocar alguém, as pessoas adoram um abraço quente ou uma simples pancadinha nas costas"

" Aprendi que ainda tenho muito para aprender."

"Aprendi que as pessoas esquecerão o que disseste, esquecerão o que fizeste, mas nunca esquecerão o que lhes fizeste sentir."



Post inspirado nas palavras do post "13 de maio (texto)" do amigo Alexandre, do blog "do Avesso".

segunda-feira, 11 de maio de 2009

OS 200 POST's !!!

Cansei do sofrimento.
De vê-lo.
De tocá-lo.
De acariciá-lo.
Cansei de ver o sofrimento
Sangrando em gotas
Ou jorrando pelas gretas
Abertas do meu cotidiano.
Há tempos que eu venho
Flertando com o sofrimento.
Eu o cumprimento com um
Bom dia pela manhã,
E cubro-o a noite com o cobertor.
Não nos tornamos amigos,
Longe disso,
Somos apenas dois bons conhecidos,
Que trafegam nesta mesma estrada
Tortuosa e cheia de obstáculos.
Gente que se suporta, somos nós dois,
Cheios de sorrisos amarelos,
Um para o outro,
E amáveis conversas ocas.
Cansei do sofrimento.
Não o quero mais ao meu lado.
Quero me afastar do seu mau hálito,
De suas conversas insossas,
E da sua falsidade recheada
De tapinhas nas costas.
Quero caminhar sozinho,
Quero ir para o horizonte,
E além dele, se possível for.
Quero conhecer outras faces
Que não a carranca
Mal humorada do sofrimento.
Sorrisos! Sorrisos! Onde estais vós!
Mostram-me suas belas faces,
Sejam meus cordiais amigos!
Dancem comigo a alegre
Canção da vida
No alpendre de minha existência.
Pois que sois sóis que
Quando surgem em alvorada
No horizonte de uma vida,
Decretam o crepúsculo
Para todo o sofrimento.
Nasçam em mim, sorrisos!
Nasçam em mim!


Este é o Post de nº 200 deste blog, um número que deve ser comemorado. Quem diria, quando comecei essa deliciosa brincadeira a quase dois anos atrás que chegaria até aqui. E, no próximo dia 20, comemora-se 02 anos feitos de nel mezzo del cammim.
Eu comemoro estes números mas isto não é mesmo o mais importante. O fundamental, nesse tempo todo, foi os amigos que fiz através do blog, gente de primeiríssima qualidade que me ensinou (e me ensinam) que a vida merece mesmo a pena ser vivida!
Um abraço em todos vocês, que me visitam, um beijo em vossos corações!

quinta-feira, 7 de maio de 2009

MISTURADOS NO AMOR


Amo-te no tempo e no espaço,
Amo-te no corpo e na alma,
E por tanto te amar, simplesmente,
deixo de existir em mim mesmo,
para viver em você todo o tempo.
Se você não existe,
Eu mesmo não existo.
Pode parecer pequeno
Esta completa sujeição a ti!
Não me condenes por te querer assim...
Sinto-me bem, em saber-te teu!
Amar você me torna grande,
E os grandes não se incomodam
Com as pequenas coisas do caminho!
O que pode ser menor do que algo
Que sugere que esteja longe de ti?
Isso é uma tolice,
Eu estou sempre perto de voce!
Eu te vejo em todos os lugares,
E te sinto dentro de mim,
Dentro de meu coração!
Eis a verdade entre todas as coisas:
Nós somos somente um,
O um dividido em dois seres.
Eu te amo e quanto mais te amo
Mais a mim mesmo me amo!
Vivo agora em crescente
Acréscimo de amor por mim mesmo!
Não me importo com as palavras
E os pensamentos de todos os outros...
Não me importam os dedos acusadores
Que se atiram como facas sobre mim!
Chamam-me de tolo por me
Entregar de uma forma tão absoluta assim!
O que pode ser um homem se ele não amar?
Não é nada...
Sem amor o homem é apenas um esboço,
Um rascunho sem arte final!
Não quero nada deles,
Aprovação, compaixão ou acusações!
Tudo o que quero é voce!
Voce é quem me completa!
Voce é quem me interessa!
Voce é minha estima,
Meu futuro, meu destino!
Calem-se todos, então!
Quero escutar a voz do meu coração,
E ela fala de voce!
Estou bem, meu amor!
Estou comigo mesmo!
Estou contigo!
Estamos misturados no amor!

POESIA DE RABINDRANAT TAGORE


Não! Não cabe a ti abrir os botões e fazê-los desabrochar! Podes balançar o botão e até bater nele... Está além de teu poder fazê-lo florescer! O teu toque apenas murcha e rasga as tuas pétalas. Fazendo-as cair em pedaços no chão. E então nenhuma cor se revela, e nenhum perfume se faz sentir.

Sim, não cabe a ti abrir o botão e fazê-lo desabrochar...

Aquele que pode abrir o botão realiza a sua tarefa de modo tão simples! Ele olha-o de relance, e a seiva da vida corre-lhe nas veias; ao seu sopro a flor abre as suas asas e esvoaça ao sabor do vento; e então as cores despontam na flor como anseios do coração, e o seu perfume trai um suave segredo.

Aquele que pode abrir o botão realiza a sua tarefa de modo tão simples...

Rabindranat Tagore (1991, p.19), do livro A Colheita, Edições Paulinas

PARA QUEM GOSTA DE ESCREVER...


Pelo que tu escreves?
O que te move, o que te inspira?
Que versos, que frases tu buscas
Para encaixares em teus textos,
Que arrancarão de ti suspiros extasiados?
Porque antes de buscar ao outro,
Teu texto deve emocionar a ti próprio.
Teus textos são parte de voce,
Eles te mostram para o mundo...
Se o mundo os irá aceitar
É algo que não te pertence.
Entendas que quem escreve só tem deveres,
Os direitos são de toda a humanidade
Que acolhe suas palavras.
Empreste para textos tua verdade,
Empreste-lhes toda tua paixão,
Dê a eles o que há de melhor de si,
Para que eles sejam arautos
De boas novas para o mundo que os receber.
Não busque notoriedade pura e simples,
Isto é um grande pecado.
Se houver notoriedade que ela venha natural,
Não a fórceps pela sua ganância por celebridade.
Escreva pelo teu prazer de escrever.
Escreva para melhorar enquanto escritor,
Mas acima de tudo, enquanto ser humano.
Pelo que tu escreves?
Esta é a pergunta que deves se fazer,
Toda a vez que a fada inspiração te visitar.
A resposta é sempre para teu foro intimo.
Quanto a mim, se me questionares
O motivo pela qual escrevo,
Eu te responderei sem vacilo:
Eu escrevo para respirar!!!


Foto: www.olhares.com

domingo, 3 de maio de 2009

PARA AMAR NOVAMENTE...

Eu quero amar....
Quero amar de uma forma intensa e completa,
Não quero nada mais aos bocados, pelas metades, meia sola,
Não quero enxergar o copo e ver somente a metade cheia,
Estes tolos exercícios de otimismo....
Não quero mais ser otimista, quero tudo de verdade!
Quero olhar dentro dos olhos dela e ver meu rosto refletido,
Meu amor refletido!
Quero rir de alguma coisa tola com ela,
Rir descompassadamente, sem protocolos, sem cerimônias.
Quero fabricar almoços e jantares com ela,
Quero ter uma vida inteira com ela... Com ela!
Quero aquecer o seu corpo junto ao meu,
Quero banhá-la, enxuga-la, vesti-la.
Quero deitar-me com ela, num colchão no chão,
Para ficar a madrugada inteira vendo vídeos que escolhemos juntos.
Quero enxergá-la por inteiro, saber de seus pensamentos
Antes mesmo dela própria.
Quero tomar sorvete na praça, com ela!
Quero lhe improvisar os mais deliciosos sucos de frutas...
Quero escrever poesias pensando nela,
Quero cochicha-las todas baixinho ao seu ouvido,
Estando ela nua sobre um lençol de cetim.
Quero fazer amor com ela, depois da poesia.
Poesia por sobre poesia!
Meu amor! Onde estás que não responde ao meu chamado?
Porque não sais de seu reduto, enfrentas a tudo e a todos,
E se mostre inteira para mim!
Me ame... Me ame.... Me mostre novamente o que é o amor!
Oh! Confesso que sou imperfeito
Mas contigo sinto que posso ser melhor!
O amor nos faz melhores, já escrevi isso antes!
Todos os poetas já escreveram isso antes!
Mas comigo essa frase se torna a grande verdade!
Eu preciso de voce, preciso de seu amor,
Preciso amar novamente...
Estou desconectado de mim mesmo,
Perdi a liga que me fazia ser alguém diferente.
Esta massa é o amor, minha querida, é o amor!
Venha, junte todos os meus pedaços novamente,
E cole tudo com amor... Seu amor, mi Belle Femme!

sábado, 2 de maio de 2009

EPIFANIAS


Aqui ou ali a gente se vê frente a essa palavra de origem grega e, provavelmente, muitas pessoas não tem a exata noção de seu significado.
Segundo o dicionário Soares Amora, Epifania seria Aparição ou manifestação divina.
Mas, seu verdadeiro significado alcança uma dimensão que transcende a este aspecto religioso, na literatura, EPIFANIA é uma súbita sensação de realização ou compreensão de essência ou do significado de algo. É um termo que deve sempre ser usado quando a iluminação acontece, quando voce testemunha algo que te leva a um estado maior de inspiração da sua própria natureza.
Quando voce tem uma epifania, de repente, abre-se para você as portas da revelação sobre o assunto ao qual estais sendo abençoado com o conhecimento. Sob epifania você se inspira, se enleva, se exalta, e consegue ver além dos alcance dos olhos das outras pessoas.
Pelo que se sabe, o conceito literário de epifania é creditado a James Joyce na sua famosa obra RETRATO DE UM ARTISTA QUANDO JOVEM, para ele, “Epifania seria uma súbita manifestação espiritual, presente quer na banalidade da fala ou do gesto quer num estado memorável da própria mente. Na sua opinião, cabia ao homem de letras registar estas epifanias com um cuidado extremo, visto tratarem-se dos mais delicados e evanescentes dos momentos(…)”A epifania ocorre quando a gente observa um objeto (ou situação) qualquer do nosso cotidiano, algo absolutamente trivial, entretanto, diante de nosso “olho espiritual”, diante desta sensibilidade que persegue as epifanias, este objeto aparentemente corriqueiro ganha novos contornos e significados sendo retirado deste estado de banalidade. Esta suposição, não é minha, empresto novas palavras, a essência do conceito ainda pertence ao irlandês Joyce.
Percebo que epifanias são capturadas pela sensibilidade da pessoa, por ela (a epifania) ser algo que naturalmente convive no universo da literatura é algo que, somente ilustra esse pensamento. Quem escreve é alguém de sensibilidade apurada e, geralmente, são pessoas que percebem algo mais, que vêem além das aparências do real, do ordinário.
Nestes últimos dias, tenho sido abençoado com diversas epifanias, quando passei a integrar o universo de algumas pessoas lindas e elas, por conseqüência, também tomaram assento em meu mundo particular de sonhos e poesia.
A primeira epifania foi a REGINA, e seu blog “Devaneios de uma vida”. Encantou-me seu gosto musical belo e inspirado, pautado de marcantes músicas da MPB. Admirou-me sua sensibilidade, a poesia de seu olhar sobre as letras e todas as coisas tudo carregado de criatividade.
Em seguida, surgiu a CRIS e seu “Canto de contar contos”. A Cris tem um bom humor cativante, tem um texto ácido e algumas histórias para lá de bacanas para contar. Seu texto é êxtase, papo inteligente, sagaz e perspicaz. Amo o poder de síntese que ela tem, ela diz muita coisa em poucas linhas.
A FÁTIMA com o belíssimo “Viver é afinar o Instrumento” veio depois e me ganhou definitivamente. Adjetivos para esta epifania são vários: generosidade, bondade, comprometimento com os colegas, entre outras coisas. O que gosto no blog dela é a miscigenação deliciosa que ela faz entre o lúdico e o necessário, sincronizado de forma perfeita o prazer de ler com a necessidade que temos de sempre estarmos aprendendo.
Agora surgem novas possibilidades, e estou deverás satisfeito com isso: Alexandre Ferrari e o blog “Do Avesso”, só tive um contato até agora e tudo o que vi me encantou, certamente, vou estar acompanhando-o diariamente; parece-me ser um homem de sensibilidade.
Epifanias, independente de seus conceitos acadêmicos ou literários, ou sua gênese religiosa, o importante é que as tenhamos sempre, todos os dias para que iluminemos nossas vidas e alimentemos nosso coração de poesia.
Quero mais poesia em minha vida!
Quero mais de Regina, Cris, Fátima e quem mais vier...
Grato a vocês, minhas doces epifanias!
Mas mesmo o pai dos deuses pode errar! Em sua pressa de dar ao mundo um anjo, a fez com um único coração para amar! Devia ter posto em seu peito mil corações, todos eles virgens desse sentimento que move os homens ou então desprovê-la de um, torná-la uma branca estátua em mármore, sem capacidade para amar. Porque para as deusas não existe saída, ou ama a todos, ou não ama a ninguém, jamais ser somente de um só!

Trecho da crônica "QUANDO OS DEUSES ERRAM!" de minha autoria, ja publicada neste espaço.

IDOLOS PAGÃOS



Nos últimos dias tenho me flagrado em estranhos cultos, adorando páginas específicas do livro do meu passado. Neste altar que montei em meu cotidiano, tenho acendido velas por passagens que se tornaram importantes pelo que poderiam ter sido não exatamente pelo que foram – ídolos pagãos para se adorar, reconheço!
Porque vejo o mundo exaltar conquistas e realizações, enquanto eu perco tempo afagando possibilidades que não se concretizaram, sugestões que se foram.... Que se foram.... Sem nunca ter sido!



A brisa da noite me fez algumas sugestões,
A memória sangrou algumas recordações,
Todo meu corpo se estreme num longo arrepio,
Esse tremor chora saudades ou reclama frio?


De repente, sangro feridas que já se encontravam cicatrizadas, todo meu corpo se enche de estigmas, decepo a cabeça de minha paz com amores incrustados no passado, alguns até aconteceram por um tempo, outros foram sacrificados por minha timidez e nasceram natimortos.
Não quero entrar no mérito se esta busca é certa ou errada, se o tempo que perco com antigas sugestões não seria melhor empregado na perseguição de novas perspectivas. Sei que estou sentindo isso e quero senti-lo, quero mesmo acender uma vela para cada uma dessas histórias – homenagem, talvez; um holocausto de velhas histórias?; provavelmente, uma limpeza do velho sótão para se guardar novas memórias... E sentimentos.
Derramo algumas lágrimas – homens também choram!
Deixo latente minha sensibilidade – sem ferir minha masculinidade!
Tampo este velho baú com seus ídolos de barro e o tranco num canto qualquer da inconsciência.
Pronto! Sou um novo homem, marcado pelos signos de meus atos e das minhas omissões, querendo melhorar em todos os sentidos – sobretudo, na sabedoria de amar!

sexta-feira, 1 de maio de 2009

EU E OS PROBLEMAS

DARK METÁFORA!!!


Pequena sugestão de como encarar o cotidiano, esse louco... Louco ser mutante!


P.S. Sugere-se que clique encima da foto para vê-la aumentada!