O homem estava atônito.
Nas cruzes, que eram
três, estavam crucificados seus dois companheiros e aquele homem que fora
colocado para morrer em seu lugar...
Ele não sabia quase nada
sobre ele.
Diziam que era profeta,
que fazia milagres e que somente esparramava o bem.
Ele, ao contrário, era o
mal personificado. Fora salteador (João 18:40), homicida (Lucas 23:19),
amotinador (Marcos 15:17), e era bem conhecido dos romanos (Mateus 27:16) e,
ainda assim fora ele o escolhido para ser libertado enquanto aquele que
chamavam Cristo foi crucificado no lugar que não era seu. A cruz fora feita
para ele, Barrabás, não para Jesus, o nazareno.
Ficou por ali, ouvindo a
multidão:
“Ele curou dois cegos...”
(Mateus 20:34)
“A mulher com fluxo de
sangue...” (Marcos 05:34)
“Ressuscitou a filha de
Jairo...” (Lucas 08:54,55)
“Acalmou uma tempestade
no mar...” (Mateus 08: 26,27)
“Num dia, num único dia,
limpou dez leprosos...” (Lucas 17: 12-14)
“Alimentou uma multidão
com cinco pães e dois peixinhos...” (Lucas 09: 16,17)
“Eu o vi expulsar uma
legião inteira de demônios e a colocar numa manada de porcos...” (Marcos
05:09-13)
Foi esse homem que
morreu em seu lugar...
Ele, somente ele,
Barrabás é que merecia estar ali, pregado, não aquele homem fazedor de milagres
e que até perdoava pecados. Sim, perdoava, sabia disso. Ele testemunhou quando
um dos seus companheiros foi perdoado com autoridade e proclamado sua entrada
no paraíso.
De repente, o mundo
encheu-se de sombras e ele escutou um grande terremoto que movimentou toda a
terra, seu coração duro rachou-se ao meio e então compreendeu a verdade, e esta
verdade o libertou.
Não se importava mais
com o jugo hostil dos romanos.
Não desejava mais
riquezas e poder.
Não queria mais matar, e
sim, deixar viver.
Aproximou-se de um grupo
de judeus que confabulavam os acontecimentos do dia e lhes relatou o que Jesus
havia feito por ele, Barrabás.
- Fui seu último
milagre. Ele me salvou da morte... E morte de cruz...
E cheios de interesse
todos o escutavam...
À sombra da cruz o mal sucumbia
ao bem; a morte era derrotada pela vida; um bandido abandonava uma sangrenta
vida de crimes; e, o último milagre transformava-se no primeiro convertido.