quinta-feira, 30 de outubro de 2008

PEQUENO POEMA SOBRE ARROGÂNCIA


Subitamente, flagrei-me em pensamentos com Lívia!
Lívia não me foi tão importante assim...
Lívia não foi minha namorada...
Lívia não foi um flerte de infância...
Lívia foi mal e mal uma amiga...
Mas, de repente, flagrei-me pensando em Lívia!
Talvez, seja por aquela pintinha negra solitária
Que ela ostentava em seu rosto mestiço nissei.
Ela ficava logo acima do seu lábio superior,
E era um charme com aquela pele morena cor pecado.
Lembro, mesmo, que ela tinha um rosto lindo.
Ela não era uma garota simpática,
Era arrogante, entupida de empáfia,
E acreditava que o mundo e todos que moravam nele
Deviam viver jogados aos seus pés, em contínua reverência.
Mas Lívia sempre foi especial, para mim
E para toda a “molecada” da rua.
Seu charme, sua sensualidade, sua elegância,
Tudo isso formava um contorno que purificava
De alguma forma, seus defeitos...
Um dia, a vida levou Lívia.
Um dia, a vida levou-me para outros cantos.
A vida é mesmo assim,
Ela escreve conosco a história que lhe interessa.
Não lhe importa nossos desejos e nossas necessidades.
A vida é mesmo arrogante,
Faz o que quer conosco,
Assim como Lívia...

O SEGREDO DE JANELA




O SEGREDO DE JANELA

Janela... Janela era uma garota bonita.
Todos conheciam janela,
Janela era de todos,
Janela não era de ninguém!
Eu conheci Janela um dia,
Bem lá no passado,
Numa época onde os sorrisos eram fartos,
Numa época onde cantávamos rock ‘n roll
E jogávamos futebol no meio da rua.
Janela é desse tempo,
Um tempo romântico,
Um tempo onde os amores eram mais intensos,
Ainda que fosse tudo mais comedido.
Janela não era comedida,
Janela era pura paixão!
Janela se entregava aos furores de seu corpo,
Não se importava com a opinião alheia,
Tudo o que lhe dizia respeito
Era unicamente suas emoções.
Janela adorava emoções,
Elas eram seu palco, seu altar,
Somente a elas Janela reverenciava.
Eu beijei janela um dia!
Afinal, janela devia ser de todos,
Ainda que não fosse de ninguém!
Um dia, depois do grande beijo,
Fui até a casa de Janela,
E encontrei tudo deserto.
As portas estavam abertas,
As janelas estavam trancadas,
O portão estava escancarado,
Da mesma forma que meus sonhos.
Falaram-me que ela havia partido,
O pai havia sido transferido,
Outra cidade, outro Estado, quem sabe?
Janela havia partido...
Janela conheceria outras bocas,
Outros abraços,
Outros amores,
Outras paixões,
Novos deuses em forma de emoções
Ajoelhar-se-iam sob o altar de janela.
Um amigo que passava também parou.
Ficou um tempo perdido em divagações.
Parecia triste com a ida de janela.
Perguntei-lhe se ele havia ficado com Janela.
Sorriu para mim, montou em sua bicicleta,
E, respondeu-me, sem picardias:
- Claro que sim! Todo mundo já...nela!!!!
Finalmente havia conhecido
O segredo de Janela....

domingo, 26 de outubro de 2008

RECORDAÇÕES


De repente me peguei mexendo em velhas coisas, guardadas sob lacre em uma velha caixa, em uma velha gaveta de um velho móvel esquecido num quarto da casa. Materialidades velhas que abrigam sentimentos ainda frescos. Eram fotografias, antigas cartas, cartões postais, papéis diversos que um dia fizeram parte de meu cotidiano. É estranho como tentamos esconder estas coisas de nós mesmos, geralmente, guardando-as em locais fechados e evitando buscá-las, revive-las, como se elas fossem nos acusar de algum tremendo mal que cometemos.
As recordações foram me levando para dias que me foram felizes – outros nem tanto – mas cada um a sua maneira, foi importante, ajudando a construir o ser humano que sou hoje, com todos os seus erros, com todos os seus acertos.
Ri das roupas que usava, a década de 70 foi entre todas as décadas, a moda mais bizarra que se criou para o ser humano usar. Revi antigos colegas, belos rostos que a vida me furtou. Amei novamente antigos amores, aqueles que marcaram alguma coisa na gente, aqueles que passaram como a brisa de verão que sopra, sopra, mas sempre vai embora. Toquei com meu carinho mais sensível e minha saudade mais dolorida o rosto de minha mãe, de meu pai, de minha irmã, distantes, longe de meu cotidiano feroz e turbulento. Beijo-os como se beijasse a santos, como se tocasse o divino com as mãos, como se fosse a última coisa que me restasse fazer nesta vida.
Os fragmentos de memória foram passando por minhas mãos, minha consciência sendo bombardeada por antigas histórias, por causos que ficaram engavetados dentro da cabeça urgente do hoje selvagem e agressivo. Sinto saudades da minha vida de ontem. E a lágrima que derramo agora não me traz tristezas necessariamente. Ela traz uma gama variada de emoções, todas elas já sentidas, e que este lapso de memória, máquina do tempo que faz a ponte do hoje para o ontem, me faz reviver tudo novamente, gratuitamente, sem quaisquer possibilidades de cometer atos nervosos, sem a responsabilidade do momento sob tensão, sem preços a pagar, somente a emoção em sua plenitude absoluta sem o estresse do presente.
Que me venham todas as lembranças, boas e ruins, reminiscências, estilhaços de um passado já distante e a cada segundo mais longe de mim. Amo tudo em vocês, amo todos aqueles que ajudaram a construir a minha vida maravilhosa do jeito que ela é, cheia de sofrimentos, de fraquezas, de sorrisos, de esperanças, de quedas, de recomeços, de lutas, de esforços, de amizades, de amores, de buscas, de perdas, de tudo aquilo que herdamos deste legado que nos torna melhores quando temos a sabedoria necessária para aprender a crescer com estes ensinamentos desta faculdade única e inigualável – a vida.
Ao término desta busca, não encontro uma resposta se sou melhor hoje do que fui ontem. Penso que melhorei em muitos aspectos, e piorei em outros tantos. Os sorrisos não florescem mais com tanta felicidade no jardim de meu rosto, como brotavam de forma nativa na minha infância. As lágrimas de hoje, possuem um peso maior que as de ontem. As emoções de hoje não são tão puras quanto as de ontem, carregam em sua algibeira responsabilidades demoradas, e as emoções necessitam de caminhos sem tantas urgências. Só precisamos ser urgentes para sermos felizes, acredito que estou aprendendo isso, e meu passado me ajuda nesta busca de meu presente, focando o futuro com seta decidida. Talvez seja hoje mais inteligente e mais sábio, a ponto de saber que preciso melhorar muito ainda, crescer muito mais espiritualmente para atingir um patamar que só com muito trabalho podemos atingir, com contemplação, com erros e acertos, enfim.... Isto é bom, penso, e sinto-me feliz de alguma forma com esta descoberta.
É hora de fechar a minha caixa de lembranças, guardar na gaveta velhos amigos, velhas historias e abraçar Morpheu e seu abraço de inconsciência..... a vida continuará...
Cá estou eu novamente,
O mesmo lugar de antes,
O mesmo sentimento de antes,
tudo igual a sempre!

Lá fora o vento acaricia uma árvore
Uma folha distraida desgarra-se
e cai lentamente.


Tudo continua seu curso
Tudo segue adiante,
a vida parece sempre ir avante!


Não comigo....


Cá estou eu novamente,
O mesmo lugar de antes,
O mesmo sentimento de antes,
tudo igual a sempre!

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Apenas uma “Love Story” diferente....

Era a mais famosa e querida das baratas. Famosa por suas ousadas aventuras e odisséias no mundo dos homens. Querida por todas as baratinhas por ser popular e simpático.
Morava atrás da pia do banheiro, numa fresta do azulejo. Dizia ser ali seu palacete, ou “baracete”, como parafraseava com alguns mais chegados amigos.
Não saia muito durante o dia, mas a noite, dava longos passeios para flertes e “altas farras” que muitas vezes duravam horas.
Nossa pequena estória de amor, diferente por sinal, começa aqui... numa dessas escapadelas em que nossa baratinha participava. Foi durante um longo passeio, fora dos domínios da residência humana em que morava, conheceu uma barata que era um esplendor. Possuía longas antenas; pernas bem torneadas, compridas e finas; asas brilhantes em uma cor escura e brilhante; e os olhos mais gentis que já virá.
Foi paixão à primeira vista, à primeira “antenada”, como preferem dizer as baratas.
Logo se enamoraram e começaram a se amar. Ficaram ambos sentados no canto de um tanque de lavar roupas, a olhar a lua e sentir a brisa da noite. Por vezes, trocavam demorados beijos de antenas. Invadiram despensas para lamber guloseimas e nas madrugadas, ficaram a conversar; ele, contando as suas epopéias no mundo humano; ela, suspirando longos suspiros de barata.
Pareciam duas baratas adolescentes quando começaram a fazer planos para o futuro. Iriam morar no apartamento dele (o baracete) que era espaçoso e um luxo só. Sonhavam com a dezena de baratinhas que iam ter e discutiam com quem as baratinhas pareceriam. Doces frescuras de namorados essas tolas e pequenas discussões.
Uma noite, enquanto trocavam juras de amor, uma luz se acendeu...
Alguém chegava mais tarde, vindo de algum lugar.
Pânico completo!!!
O terror se estabeleceu entre o pequeno casal de namorados. Correram no afã de escapar, a barata se separou de seu amante, também barata. Ele gritou qualquer coisa com as antenas, não foi ouvido. Sabia que tinha pouco tempo para salvar sua amada e com um corajoso salto, ganhou terreno livre (o que é mortal para as baratas), clara tentativa de chamar a atenção sobre si. E conseguiu. A primeira chinelada passou longe. A segunda mais perto. A terceira não o atingiu graças a um ziguezaguear esperto, nossa barata era muito ágil. Na quarta chinelada, percebeu que seu pretenso assassino já estava nervoso e quando isso ocorre, dizia convencido de seu saber às outras baratas que outrora o ouvia, as baratas escapam. E foi o que aconteceu. O humano, num ato desesperado, atirou o chinelo num golpe forte porém, passou longe. A intrépida barata já se guardava por trás de uma fresta na parede, cansado e preocupado com sua amada.
Só saiu de seu esconderijo após a luz se apagar e não perceber vibrações nas imediações.
Galgou lépido a distância que o separava do local onde esteve com sua amada. Ia atento buscando-a por todos os lados. Não demorou muito e encontrou-a, caída em decúbito dorsal, as pernas todas elas para cima em uma oração fúnebre, as antenas imóveis estendiam-se pelo chão. Morta. Para sempre, morta. Desesperou-se. Beijou-a com as antenas diversas vezes, tocou-a tentando ver algum movimento, porém, nada. Ficou ali enquanto pode. Logo, chegaram as formigas e ele teve que fugir. De longe viu o corpo da amada ser desmembrado e desaparecer, carregado macabramente.
Desse dia em diante, nunca mais foi o mesmo, contou outras baratas amigos seu. Isolou-se no seu apartamento em reclusão. Não saia nem para comer, lamber alguma coisa. Emagreceu muito e caiu em depressão. Contam seus vizinhos mais próximos que, nas madrugadas, ouvia-se seu choro antenado e seu lamento horas a fio e, durante os dias, delirava chamando pela amada barata.
Não recebia ninguém. A todos maltratava e ignorava. Chegou ao cúmulo de agredir um ancião barata que fora visitá-lo e levar-lhe algum alimento.
Um dia, uma baratinha invadiu seu apartamento e pediu-lhe que corresse. Uma nuvem de veneno se aproximava. Dedetização. Enquanto as baratas escapavam pelo ralo do banheiro, ele ficou lá; impassível, sentado, esperando.....
Algum tempo depois, encontraram-no, fora da casa, varrido como um qualquer, morto. Dizem que em sua face, repousava uma expressão diferente, como de prazer ?!?
Foi, com certeza, o maior herói entre as baratas....uma lenda!!!



Foto capturada http://um-buraco-na-sombra.netsigma.pt/fotos/52/Cockroach.jpg

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

DOM QUIXOTE FATIMASSULENSE ou FORREST GUMP

Não se sabe realmente o por que, só se sabe que partiu a pé, mais de 30 kms pela frente, contra todas as expectativas, contra todos os prognósticos, partiu em uma jornada cansativa, de sofrimentos árduos, de recompensas miseráveis. É verdade que demorou-se um tempo ali, numa longa espera casual, numa fresta do tempo, esperando por uma carona que nunca veio.
Mergulhou em seus pensamentos e andou, andou, andou como nunca andara antes e como nunca mais andaria depois. Quando o cansaço lhe sussurrou aos ouvidos que já estava por ali, verificou que não tinha cumprido a metade da viagem. Quis correr para ir mais rápido, mas as pernas recusaram-se. A escuridão o rodeava, ficava difícil se orientar. Tinha medo de invadir a rodovia e um guepardo automobilístico o atropelasse; no mato, à sua direita, os sons dos bichos rastejantes, guinchos, sibilos, agitação nervosa de animais à sua passagem.
Em dado momento, foi atacado por um morcego enorme, era como se a própria noite com uma mãozada o golpeasse. Deu um salto para o lado, e agitou uma das mãos para o alto, o morcego assustou-se, foi-se embora. Uma vitória pouco comemorada, seu sorriso amarelo foi obscurecido pelas trevas da noite sem estrelas. Já tinha andado tanto e não havia chegado a lugar algum, suas dores avisavam-no para parar, mas sua obstinação não possuía ouvidos, ela era uma voz forte e autoritária que lhe ordenava: Avance! Avance!
E elas avançavam, as pernas, pisavam o chão preto do asfalto gasto do acostamento, ao seu lado esquerdo, na rodovia, dragões e suas carretas cruzavam o espaço urrando ferozmente. À frente, uma matilha de cães ferozes como lobos latiram impiedosamente, mais que uma defesa do seu território era uma ameaça clara. Novamente, quis correr, mas não pôde. Existem coisas que são impossíveis na vida em determinados momentos, esta era uma delas.
Algum tempo depois, passava por um terreno alagado, surpreendeu-se com as centenas de vaga-lumes que brincavam iluminando a noite de uma luz esverdeada. Parecia que uma árvore de natal nascia em meio ao pântano. Os caminhos não são apenas ponteados de tragédias e bizarrices, a beleza também se mostra em meio a esta grande aventura que é a vida.
Seis horas depois chegava ao seu destino, Fátima do Sul, o corpo doía-lhe todo. Sabia que não haveria comemorações pela sua vitória pessoal, sequer ele comemorava ou esperava aplausos. Tudo o que houvera feito provinha de uma causa pessoal, sem comprometimentos com ódios ou raivas banais com alguém ou situações outras, era apenas uma questão de foro intimo, entre ele e ele, somente. Sabia, entretanto, que sua vitória seria recebida como loucura, que ririam dele como se a obstinação e a determinação fossem coisas obsoletas. Sentia-se feliz por sua vitória. Conseguirá vencer seus obstáculos mais uma vez. Sentia-se vencedor, sentia-se um herói ainda que não houvesse manchetes apontando-o como tal. Não há importância, os heróis são aqueles anônimos que, todos os dias, vencem seus próprios limites, ainda que possam parecer, suas batalhas, absurdas aos olhos do mundo.



Charge, de autoria de Célio d’Oliveira.
A publicação da charge é minha homenagem a esse amigo/irmão que é o Célio alguém que aprendi a respeitar e admirar pela sua sensibilidade, humildade, generosidade, bondade e compaixão para com o próximo, além de ser um ótimo profissional em seu trabalho. O Célio nos irradia luz quando está por perto, com seu constante bom humor e suas tiradas impagáveis. Serei eternamente feliz por ter tido o privilégio de ter dividido alguns de meus dias com ele.

(Para ver a charge ampliada, favor clicar sobre ela)

sábado, 11 de outubro de 2008

Estive aqui esta noite te procurando,
Não te achei, como sempre tem sido,
Aprendestes a zombar de mim e de minhas vontades!


Como não te encontrei,
Procurei a mim mesmo,
E me achei dentro de um sonho......


... O sonho de estar com você!!!!

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

O P E R Á R I O S

De meu canto observo os movimentos dos operários,
Estou oculto,
Estou esquecido,
Deles e de mim mesmo.
Um deles movimenta um portão enorme e pesado,
Num constante abrir e fechar.
Outro deles está à espreita, supervisionando tudo,
Como se fosse uma ave de rapina a observar a presa.
Um terceiro escreve em um formulário qualquer,
Registrando a entrada e saída de mercadorias.

Bizarras mercadorias...
De longe vêm os sons da fábrica.
O almoço sendo preparado na cozinha,
Os carrinhos transportando mantimentos,
Escovões e vassouras limpando o chão sujo,
Alguém que grita uma ordem qualquer...
...mas, no meio dos sons característicos de fábrica,
Escuto um que não devia estar ali...
Um choro contido,
Minha sensibilidade apura o som inaudível
De uma lágrima que molha o chão ressequido.
Do meu canto observo, novamente,
Os movimentos de todos os operários.
Os operários e sua fábrica...
A fábrica que nunca fecha!
A fábrica que enclausura sonhos!
A fábrica que aprisiona os que não podem ser soltos!
Estou na cadeia,
Sou também um operário dessa fábrica
Que tranca homens!!!!




Imagem: Quadro "Operários", Tarsila do Amaral, 1933

domingo, 5 de outubro de 2008

CULTURAMA: “CINEMA” PARADISO


No ano de 1990, o mundo ganhou um presente do cinema italiano através da película “CINEMA PARADISO”, filme que viria a ganhar o Oscar de Melhor Filme estrangeiro naquele mesmo ano. O Filme conta a estória do jovem Toto, e de como ele se deixa apaixonar pela sétima arte através do amor pelo cinema do velho e bom Alfredo, projecionista do Cinema Paradiso. Este Palácio da Sétima Arte é o ponto de encontro de uma pequena cidade do interior da Itália. No átrio do cinema, a cidade inteira se reunia e tudo acontecia em torno do Paradiso. A cidade era movida pela febre e pela magia da Sétima Arte. Até mesmo o padre era envolvido por essa fascinação.
Guardado as devidas proporções, Culturama, meu Distrito, viveu história igual a da película Cinema Paradiso.
O fechamento da Escola Estadual “O Pioneiro” Ensino de 1º e 2º Graus é o fim de uma era. O Distrito de Culturama e por que não, Fátima do Sul, deve muito a esta escola. Em suas salas, grande parte dos filhos de Culturama foram educados. Nossos professores, uma boa parcela deles, tiveram sua vida estudantil misturadas com a história deste Colégio. Grandes homens de Fátima do Sul e de nosso Estado, tiveram, em algum instante de suas vidas, algo a ver com a Escola Estadual “O Pioneiro”. Fundada nos anos 60, por Marvin Eugene Coffey e Dalva A. M. Coffey, sua esposa, ele americano, ela mineira, com ajuda do voluntário da Paz (Mister Bill) dos E.U.A., e outros companheiros de luta, esta escola seguia mais ou menos os padrões das escolas norte-americanas, e chegou a ter três extensões, no Iguaçu, na 3ª Linha e no Novo Planalto.
No filme Cinema Paradiso, Toto retorna, vinte anos mais tarde para a sua cidade, desta feita já sendo um famoso diretor de cinema, rico e famoso. Seu retorno se dá em tempo de ver, ainda, o velho Paradiso ser derrubado para ser construído em seu lugar, um Centro Comercial.
Na última quinta-feira, alguns amigos assistiram a um caminhão retirar cadeiras e carteiras, móveis, do velho “O Pioneiro”. Confessaram-me estes amigos, que tiveram de se conter para que não derramassem uma lágrima. Quis Deus e esta rotina corrida que levo que eu não pudesse estar presente para assistir a tal cena. Com certeza, confesso de público, não conseguiria me conter, choraria em público. A Escola “O Pioneiro” foi para mim, algo mais que um ateneu. Por quatro anos de minha vida, difíceis anos, encontrei naquele colégio e em seus integrantes uma casa e uma família; família esta unida em torno dos ideais vocacionados da Educação. Minha irmã foi aluna do “O Pioneiro” e, como tantos e tantos outros, tem ela também a sua vida atrelada de alguma forma a história desta Escola.
Este breve artigo, não guarda quaisquer outras conotações que senão demonstrar em público a tristeza que me dá em ver mais uma escola fechando e, principalmente, sendo esta Escola o “Pioneiro”. Não quero me ater a questão administrativa e/ou política que levaram as autoridades a este ato, pois, não possuo subsídios e informações suficientes para tecer comentários a este respeito com profundidade e seriedade. Contudo, não posso deixar de prestar esta pequena homenagem que, tenho certeza, seria de centenas de Culturamenses que, como eu, vertem uma lágrima sofrida neste instante. Choramos, como choraram os velhos moradores italianos frente o Cinema Paradiso. Um pedaço de suas vidas, aquele pedaço que, durante muito tempo, foi o que deu cor a seu cotidiano, caia. Em nosso caso, o que me conforta é que, por mais que o tempo passe “O Pioneiro” sempre estará vivo na vida das pessoas, dos Culturamenses. E, doravante, que não se fale em Educação em Culturama e Fátima do Sul sem prestar a digna e necessária reverência a esta Escola que escreveu uma das mais belas páginas da educação do Município Favo de Mel.
Despeço-me em compungido silêncio...




Vocês irão notar que este texto já é bem antigo, de uma época que não existe mais. Trago-o à tona novamente para relembrar estes tempos, e para que as novas gerações possam percebê-lo. À época, ele teve uma repercussão bastante interessante.
Ilustração colhida na internet. A intenção inicial era postar uma foto aérea de Culturama, o melhor distrito do mundo, mas, infelizmente, não consegui esta foto! Esta ilustração achei-a muito parecida com Culturama, sentido figurado, o congressamento de raças, a amizade, a afabilidade, a amizade, todos os bons sentimentos que rodeiam esta terra e seu povo. Quem bebe da água de Culturama, jamais a esquece, antigo ditado culturamense carregado de sabedoria popular. Ah! Não reparem na bandeira canadense, seu significado aqui é estranho e alheio.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

O HOMEM QUE COMPRA SORRISOS


Eu compro um sorriso
De qualquer tipo,
De qualquer jeito.
Um sorriso de sensualidade,
Um sorriso de amizade.
Um sorriso que venha preencher
O vazio de uma face carrancuda.
Compro daqueles sorrisos que nascem ao amanhecer,
Ou mesmo aqueles que iluminam a noite sem estrelas.
Porque sorrisos são isso mesmo,
Estrelas nos céus das faces dos homens.
Dou preferência para o sorriso de uma criança,
Mas não descarto a compra de um sorriso adulto,
Desde que venha sincero e puro como de um petiz.
Pago qualquer preço.
Faço qualquer jogada por um sorriso.
Tudo o que quero é sorrir novamente.
Ainda que o sorriso que brilhe em minha face
Seja artificial como a felicidade dos homens.
Tenho a esperança de que um sorriso comprado
Ensine-me a sorrir, por mim mesmo, ainda que falsamente.
Será que existe nobreza na falsidade pela boa causa?
Não sei! Quero ser feliz a qualquer preço,
E poder distribuir sorrisos para todos, gratuitamente.

Vamos! Venda-me um sorriso...