terça-feira, 30 de agosto de 2011

Enquanto isso, no metrô de Lisboa...



"E se eu não morresse nunca. E, eternamente buscasse e conseguisse a perfeição das cousas."

Frase de Cesário Verde, poeta português, cunhada com lirismo nas paredes da estação cidade universitária, Lisboa, Portugal.

Não quero morrer jamais,
Mas se um dia tiver que morrer,
Que o seja em vossos braços, meu amor!
Porque até morrer se tornaria bom,
Se o ato de partir para sempre
Me desse mais um pequeno momento de voce!

sábado, 27 de agosto de 2011

PORTUGAL, UMA SAUDADE!


Portugal, não derrames lágrimas por mim.
Ainda que teu vermelho corra em minhas veias
E teu verde habite meu coração,
Eu não sou daqui,
Aprendi isso com alguma dor e resistência.
Eu sou amante das matas,
Sou daqueles que anda com os pés descalços
Fincados na vermelha terra dos cerrados,
E tomo banho seminu nas lagoas
Que refrescam o calor intenso da minha terra.
Meu falar é errado,
As concordâncias nem sempre são perfeitas,
E minha visão de mundo é limitada.
Meu mundo é todo aquele que enxergo da minha janela,
Esse é meu, esse me entende.
Eu conheço mesmo é das coisas da minha Pátria.
É nela que eu me renovo,
É nela que me encontro,
É nela que eu nasci e nela irei enterrar
Estes velhos ossos que me trouxerem até ti.
Mas tu és lindo, Portugal!
O encantamento deita em tuas ruas,
E a magia reluz em teus monumentos e paisagens.
Tenho orgulho em dizer que tu fazes parte de mim,
Que minha história mistura-se a tua
E que de alguma forma,
Eu e você estamos unidos dentro da eternidade.
E, se te peço que não vertas lágrimas por mim,
Ao mesmo tempo aceite como oferenda neste altar de saudades
As muitas lágrimas que derramo em teu chão.
Deixo-te com saudade e sofrimento,
Minha terra anseia e me espera.
E, como oração, um último pedido, Portugal,
Ame meu pai e minha irmã, seus filhos,
Como se fossem únicos,
Como se fossem os últimos que tivestes e terás,
Pois que para mim, junto com minha mãe e meus infantes,
Não há nada mais abaixo de Deus
Encima deste mundo de dor que seja mais
Importante que eles!



Foto: Arquivo Pessoal

terça-feira, 23 de agosto de 2011

A VELHA CADEIRA DO LARGO DO RATO


O largo do rato é um bairro especial.
A arquitetura do lugar impressiona, antiga, que remete a época de ouro de Portugal, tempos em que a nação lusa era a grande potência mundial e seus navegantes desbravavam mares desconhecidos em busca de riquezas e novas terras.
Tudo por lá tem a arquitetura do passado ainda que dentro dos comércios em geral reine a sofisticação dos potentes computadores e softwares modernos. A velha história, o passado é bom e lindo mas fica lá fora, aqui dentro, de verdade, habita a modernidade.
Passei em frente a uma loja de antiguidades, mamãe preferiu dizer que era de bugigangas, talvez estivesse certa, talvez não, o que importa é a forma como olhamos as coisas é esta a verdade que emprestamos a elas. Ela estava lá, uma velha e forte cadeira toda trabalhada em seus mínimos detalhes. Acreditei que ela tinha uns duzentos anos, ainda que eu não posso testemunhar isso sobre o livro da verdade. Imaginei quantas pessoas descansaram seus cansaços sobre ela, quantas decisões foram firmadas sendo ela firme testemunha. Provavelmente, ela viu crianças nascerem, tornarem-se homens e saírem para a vida e todas as suas dificuldades, e os viu retornar mais tarde, vitoriosos ou derrotados e a todos recebeu com a mesma honestidade em seu procedimento.
Ela serviu a alguma família, ou famílias, de forma honesta e leal e, de repente, alguém acreditou que uma nova poltrona com motivos modernos, seria mais útil e despejou-a ali, solitária e infeliz num purgatório injusto.
Uma cadeira como aquela mereceria os destaques da sala de estar de uma boa família, honesta e feliz, de gente fraterna e cúmplice, jamais o ostracismo e a periferia de uma loja de antiguidades.
Papai caminhava na frente, mamãe logo atrás e minha mana na sequência e eu, por último, fascinado pela cadeira, encantado pela arquitetura do Largo do Rato.
Olhei para a cadeira, ela olhou para mim.
Nos entendemos facilmente. Os poetas são mais sensíveis e a cadeira talvez tenha abrigado algum deles.
Imaginei uma mesa de jantar e a cadeira no canto principal.
Imaginei nós quatro, aqui ou em qualquer canto do mundo, a jantar e a rir das banalidades do dia.
Segurei uma tristeza incipiente, sabia que meus sonhos e os da cadeira não são e nunca serão compatíveis.
Fui-me embora, sonhando com a cadeira na sala de estar de minha família.
A cadeira ficou lá, quieta, impassível, aguardando uma família para chamar de sua, família esta que sabíamos, não seria a minha…

Ilustração: Antiga foto do largo do Rato, colhida na NET

domingo, 14 de agosto de 2011

A LUA DE SESIMBRA



Nada tens, nada és?

Quem disse isso?

Deus provou-me definitivamente que somos todos importantes, independente do que temos e do que somos, ontem, na belíssima praia de Sesimbra (Portugal) quando me deu de presente uma linda paisagem e a mais linda lua que nascia sobre a serra de Arrápida.


Estávamos todos lá, portugueses e brasileiros, franceses e italianos, indianos e árabes, um mundo de gente que se extasiava com a mesma lua.

Divido convosco, um pouco da emoção do momento....

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

PORTUGAL: PRIMEIRAS IMPRESSÕES

Passadeiras (Portugal) - Faixa de pedestres (Brasil

Está muito quente o verão europeu.
É um calor abafado, baixa umidade e mesmo para um homem dos trópicos como eu, acaba sentindo a sua intensidade.
Mas, não reclamo jamais, prefiro sempre o calor ao frio. O aeroporto de Lisboa é enorme, e demorou "pacas" para pegar o visto de entrada no País. Conosco, mamãe e eu, foi tudo tranquilo, os brasileiros têm grande facilidade para entrar em Portugal.  As avenidas e as ruas são muito limpas, tudo que é público é organizado e bem cuidado. Os peões (assim são chamados os pedestres) possuem sempre privilégio no trânsito, pisou na passadeira (faixa de pedestre) e os automóveis automaticamente param. Os autocarros (ônibus) são novos e não se vê lotações dentro deles ou desespero para pegá-los, como, por exemplo, vi em São Paulo, ainda que, a bem da verdade, em São Paulo tudo é superlativo, tanto nas benesses, quanto nos problemas. É relativamente barato para se trafegar no transporte público em Lisboa. Por 12 euros você faz um cartão chamado “LISBOA VIVA”, é necessário exato 24 horas para se obtê-lo sem maiores burocracias do que a apresentação de alguns documentos, endereço e foto 3x4. O grande barato é que se o indivíduo se apresentar sem foto, existe uma máquina do lado do guichê que fotografa por 3 euros com impressão em minutos – praticidade pura. Ao ver esta máquina, lembrei-me imediatamente do filme “O fabuloso destino de Amelie Poulain” quem assistiu, sabe do que falo.  Enfim, conquistado o cartão Lisboa Viva, você compra uma senha por 42 euros, chamada passe, você tem acesso ao metrô (aqui eles chamam de metro) e a toda rede de ônibus, sem pagar mais nada. Este cartão também dá desconto no cinema, no oceanário e em outros locais bastante interessantes. A arquitetura é diversificada, o velho e o novo misturam-se sem maiores problemas. Não existem praças feias e ou mal cuidadas em Lisboa. São todas belas e sempre apresentam algo de chamativo que convida a todos para conhecê-las. Outra coisa que vi diferente são as refeições, o Português gosta de comer bem e muito, e os jantares possuem as entradas, os queijos, os molhos e ou as sopas, e, fundamentalmente, um bom vinho de acompanhamento. Feita a refeição, não é raro toda a família dirigir-se para um café, para tomar um expresso bem encorpado. Todavia, separando este aspecto de aprendizado que uma viagem como essa sempre traz, existe o sentido maior que é o sentimento que nutro por este País que sempre fez parte de mim, minhas raízes estão encravadas aqui e conhecê-lo é um sonho realizado. Todas as emoções estão sendo fortes e deliciosamente saboreadas pela minha sensibilidade, e, já sofro agora, pelo dia que terei de partir, mas, deixa isso para o momento oportuno… não vou ficar sofrendo de véspera, não é mesmo? Chau!!!

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

A CURA PARA TODOS OS MALES

Descobrimos isto numa viagem pelo metrô de Lisboa, em uma de suas muitas estações, estava sobre um banco dentro do vagão. Minha irmã viu primeiro e convidou-me para apreciar esta propagada do Professor Mamadu, o homem que garante ter a receita para solucionar todos os males.

Fica aí, como curiosidade para uns, e como possibilidade para outros, afinal, a fé pode remover montanhas.

Transcrição do folheto de propaganda:

PROFESSOR MAMDU
Astrólogo - Grande Médium Vidente

Especialista de todos os trabalhos ocultos. Resultados rápidos e garantidos. Dotado de dom herditário (?). Ele resolve todos os problemas mesmo os casos mais desesperados: amor, negócios, casamento, impotência sexual, insucessos, depressão, doenças espirituais, sorte ao jogo, protecção, retorno imediato e definitivo de quem amar, harmonia matrimonial e fidelidade absoluta entre esposos. Se quiser prender uma vida nova e pôr fim a tudo o que lhe preocupa, contacte o MESTRE MAMADU, ele tratará o seu problema com rapidez, honestidade e eficácia. Consultas das 9h às 22h de Segunda a Domingo, pessoalmente ou por carta. Pagamento depois do resultado.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

CÁ ESTOU!!!

...e, de repente,  PORTUGAL nasceu em mim...

E eu... Nasci em PORTUGAL!


Foto: ODIVELAS