terça-feira, 24 de abril de 2012

OI!!!

OI!!!

Parecia ser um simples OI!
Que chegou nas brisas do vento e o buscou inadvertido no meio dos seus afazeres. Ele estava no meio do movimento, companheiros iam e vinham demonstrando sua indignação, lutando por uma melhora no seu cotidiano de trabalho.

Parecia ser um simples OI!
Mas quando ele ouviu o chamado tecnológico e os seus olhos buscaram o OI e o remetente, seu coração bateu mais forte e não conseguiu suprimir um suspiro que se soltou de sua alma e se misturou à mesma brisa que trouxe o chamado.

Ele ficou lá, parado, olhando como se lesse toda uma grande epístola, uma missiva de amor construída em uma palavra só: Oi!

E o movimento se estendeu até a noite, discursos acalorados falavam de salários, dignidade no trabalho e outras coisas mais. Mas para ele tudo estava terminado. Nada mais ouvia, não conseguia concatenar frases que tratassem da gestão em segurança ou em recuperação salarial. Tudo nele, todas as suas frases se ajuntavam para falar de amor, para criar alguma coisa que chegasse até ela e lhe falasse dos seus sentimentos, entretanto tudo parecia repetido, que já houvera sido dito antes, sem poder para expressar o alcance de sua vontade e seu desejo. Somente o inédito seria para ela sagrado, qualquer espécie de plágio ainda que involuntário seria profano.

Tolice!

Ele soube de alguma forma, como ela soube antes dele, que para eles palavras eram desnecessárias e que a lembrança de um e de outro era mais viva.

Tomou uma decisão e mandou a mensagem na mesma brisa do vento que o beijou antes.

Oi!!!!

sexta-feira, 20 de abril de 2012

OS POEMAS




Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam voo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhoso espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...

QUINTANA, Mário. Esconderijos do tempo. Porto Alegre: L&PM, 1980.
 

quarta-feira, 11 de abril de 2012

CAFÉ COM BOLO & GLORINHA


Glorinha ainda existe.
Sei disso, sinto-a em mim.
Não a procurem todos vocês, entretanto, num novo texto no café com bolo, ela não estará mais sorridente num sarau literário qualquer e desapareceu dos chás aos finais das tardes.
Silêncio.
Glorinha agora é o silêncio, é o brilho de uma estrela, é o sopro da brisa num dia de sol.
Percebam! Ela está conosco.
Seu sorriso contagiante ainda nos queima.
Ainda se escuta suas gentilezas e sua fina educação.
E de algum jeito estamos todos ao seu lado e de sua família tomando um gelado em Roma e Veneza.
Fecho os olhos e sorrio com mais uma reminiscência carioca escrita por ela,
Como queria agora saber do seu pensamento acerca aquele livro que somente ela sabia escolher.


Glorinha ainda existe.
Em cada post, em cada comentário que nos fez.
Em cada memória e em cada lição que nos deixou e essas foram tantas... tantas... tantas...


Glorinha não se foi!
Não para mim que a conheci longe da realidade estressante.
Glorinha foi um sonho de amizade que me visitou um dia num post qualquer de nel mezzo del cammim.
E ela vai me acompanhar o restante de minha vida blogueira.
Saudades???
Visitem café com bolo, visitem suas lembranças dela, visitem a poesia de Glorinha.
Isso! Foi aí onde melhor viveu Glorinha,
Dentro da poesia,
E dentro da poesia ela irá viver para sempre.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

A FÉ E A FLOR


Escrita há muito tempo atrás, em outra era, em outra galáxia


Eu te vi esquecida em meio a multidão de fiéis,
Rezando e louvando as glórias de Deus.
E eu estava lá, mais esquecido ainda, acarinhando minha fé aleijada,
Fazendo-lhe cafunés, ela sentada em meu colo.
E a fé me abraçava forte com lágrimas nos olhos
Emocionada por ter sido reencontrada.
Eu e a fé já fomos íntimos e, nos últimos tempos, andávamos também esquecidos um do outro.


E tu passastes por mim e lançastes-me um olhar e um sorriso,
Duas setas fatais e ambas se cravaram em meu peito árido de meiguices.
Vivo tempos onde caminho sobre um deserto,
acabei de chegar das grandes capitais da fúria, desprezo e humilhação.
Meu amor, bela flor, ficou na estrada, murchou algum tempo atrás,
Desamparada de tratos diários e carinhos mais constantes.
Tomei seu sorriso e seu olhar e os abracei com a expectativa de algo bom
Uma brisa soprou em meu coração afastando a poeira que recobre os dias difíceis.


Dediquei minha atenção mais fiel a fé que dançava em meu coração.
Mas todo o resto do corpo te sabia por perto e
O sangue corria nas veias cantando loas e poesias para você.
Furtivo, atirei-lhe um olhar roubando um pouco de ti,
E este pouco esfreguei em meu coração.
A flor que o habita rejuvenesceu!
Minha boca e minha consciência cantavam para a fé.
Meu sentimento e desejo poetavam você,
Tudo em mim agradecia a Deus por estar ali
Naquele instante único, perto de ti.
A fé e uma tênue possibilidade me abraçavam,
E eu estendia meus braços para uma bela flor em meu coração!