terça-feira, 28 de abril de 2009

À QUEM EU CHAMO DE AMIGO...

Às vezes, saio sozinho, andando por aí!
Sempre a noite, porque nessa hora
O silêncio é ensurdecedor.
Mas em meio a quietude
Meus pensamentos falam alto,
Tão alto que parecem gritar em meus ouvidos.
Lembro-me, que certa vez pensei em um rosto,
Um rosto sereno que transmitia tranqüilidade.
Um rosto de traços finos e suaves.
Este rosto pertence a uma pessoa,
Uma pessoa que todos gostam e amam.
Uma pessoa que está sempre pronta a dizer,
O que você precisa ouvir.
Que te acompanha aos piores lugares
E te tira de lá,
Quando você não quer mais ficar.
Que busca seus problemas
Sem nunca te trazer.
Que vem chorar contigo e
Sempre te faz sorrir com ele.
Se você pensa que essa pessoa
Existe só em sonhos,
Você se engana.
Eu conheço esta pessoa
E me orgulho de chamá-lo
Amigo.

Pensando bem...
Hoje....
Eu não saio mais sozinho....

segunda-feira, 27 de abril de 2009

EU TOQUEI O AMOR...


Eu já toquei meus dedos, algumas vezes, no amor! Já o beijei ternamente e com a fúria do mais intenso dos amantes.


Eu já toquei meus dedos, algumas vezes, no amor!


Sempre questionei se foi o amor verdadeiro, pois há aqueles que defendam que a mulher que amamos hoje, não será jamais a mesma que amaremos no amanhã. Como se o amor fosse várias camisas que vestimos para combinar com essa ou aquela pessoa...


Não vou entrar em concepções filosóficas sobre o amor. Vivo tempos em que ando com a cabeça virada! Na verdade, não ando muito propenso a ficar pensando e escrevendo o amor, tenho saudades dele. Do seu sorriso infantil, do seu corpo quente, de sua piada engraçada, de ficar de mãos dadas com ele, da forma como ele me dava inspiração para escrever poesia. Tenho saudades do homem que fui e que escrevia poesias. O amor transforma as pessoas, transforma as pessoas. Ele sempre te faz melhor do que realmente você é. Ele nos enche de algo dadivoso e sublime que transforma essa imensa casca que somos, enche-nos de pureza, de sentimentos, ficamos mais generosos, mais receptivos, mais atentos às coisas simples e importantes da vida.

Eu já toquei meus dedos, algumas vezes, no amor!


Hoje, ele me fugiu, escapou de mim para algum lugar abstrato. Olho para os meus lados e não vejo as cores, toda a vida em preto e branco, os eflúvios do amor não chegam mais a minha alma. Talvez um dia ele volte, para esta casa que sempre foi sua, trazendo em seu rosto aquele mesmo sorriso lindo, nos lábios aquela velha piada gasta e que sempre me fez rir, e que me faça os mesmos carinhos de antes. Seremos amantes novamente! Eu e o amor! Eu e o amor!


Eu estarei pronto para ti, amor....Estarei pronto para ti!!!

sábado, 25 de abril de 2009

PEQUENO ENSAIO SOBRE HEMINGWAY


Recebi o livro de Hemingway como se abraçasse a amante, com a devoção de um beato, o tesão de uma virgem. Nestes meus tempos de poucas euforias, estas carícias tornaram-se raras, estimadas e comemoradas como se fossem as últimas (se é que não são mesmo!??).

E, na verdade, a literatura norte-americana nunca foi meu maior prazer, sempre preferi os poderosos textos clássicos franceses e a construção psicológica russa, mas, Hemingway sempre foi um caso à parte, desde que li O Velho e o Mar. Ele nos faz delirar em sua narrativa, parece fazer-nos sentir os sabores todos, e nós, cá deste lado do livro, ficamos em êxtase.

Guardei o livro “Adeus às armas” em minha bolsa com certo desconforto, sim, minha vontade era de tê-lo nas mãos ali mesmo, naquele exato momento, abri-lo definitivamente e penetrar em seu universo. Ah! Que encantamento a leitura me proporciona, é um arrebatamento, um desligar-se de tudo, inclusive de mim próprio. Existem alguns momentos que precisamos esquecer-nos de nós mesmos... Ainda que, por breves instantes.

Para alguns, a vida atrás de um livro pode parecer sem atrativos, um constante stand by. Sinto compaixão por estes que não conseguem ver além de letras num papel; a vida, para estes uns, será sempre uma busca desenfreada por prazeres pagãos, a mundaniedade será a condutora de seus destinos, a urgência o tempo que mais aguardam.

Com os livros, vou muito mais além. Eu os olho e vejo amigos que me visitam para contar algumas estórias. Deixam-me mais culto, melhorado, satisfeito comigo mesmo, os livros alimentam minha estima por mim mesmo.

Bem aventurados os amigos que emprestam/dão livros a estes minha gratidão. Não és gente, anjos que sois, pois me permitem sonhar....




Dedicado ao meu amigo/irmão Odair Chiocca, de Culturama City

Dedicado à minha amiga/irmã Rosimeire Paca, àquela que um dia em minha infância mostrou-me as maravilhas da leitura, foi ela que me deu o primeiro livro (O Pequeno Principe, Exuperry) e por ele, invadiu-me esta maravilhosa arte de ler e gostar de ler.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

O BANCO VAZIO


Sim, o banco está vazio, sai em busca de vida!

Porque me parece que a vida não está mais aqui, em meu próprio mundo, ela está lá fora esperando ser encontrada. Mudei a forma de me vestir, troquei meu sapato bico fino por um tênis confortável. No som só rola pop rock de qualidade, Mozart e outros bichos ficaram um pouco esquecidos em uma gaveta qualquer de meu guarda-roupa. Não leio mais os clássicos, flerto agora com os best sellers da rodoviária, estes livros que se instalam na lista dos mais vendidos destas revistas populares. “To” evitando filosofia, acadêmica e aquelas de botequim, minhas conversas falam somente de banalidades, aquelas banalidades que todos tantos gostam. “To” falando água temperada com abrobrinhas mesmo! Tentei me lembrar de alguma coisa que falei, que realmente prestasse, nestas últimas duas horas e não me lembrei de nada.... mas fazer o que, esta é a minha nova fase, estou em busca de vida, uma nova vida, esta minha anterior andava muito solitária.

Meu ultimo discurso arrancou aplausos, mas meia hora depois ninguém lembrava mais dele. A minha piada mais esdrúxula, coisa mais estúpida, ainda é comentada na Faculdade. Fazer o que? Não me perguntem se acho isso fascinante, não poderia responder. Devo calar minhas opiniões sobre tudo isso, porque, caso contrário, atentaria contra meu novo modelo de vida, meio “estilão” hakuna matata.

É o banco está mesmo vazio... fui em busca de um amigo para sentar nele, comigo, ao crepúsculo. Um amigo que seja romântico e sonhador, como eu, que tenha a visão poética sobre a vida, e tenha empatia com a justiça e a correção nos procedimentos. Que saiba rir comigo, e saiba me recriminar quando cometer minhas pequenas perversões. Quero um amigo que me permita cometer uns pequenos pecadilhos, que seja meu parceiro e meu comparsa nestas aventuras. Quero alguém que seja mestre no “abobrinhes”, que não tenha preocupação com nada, ainda que as preocupações queiram de tudo com ele. Cansei de ficar sentado no banco sozinho, esperando a vida chegar com todas as suas ofertas. Descobri que a vida é egoísta, ela não oferta nada. O jeito é correr atrás e tomar dela aquilo que deve ser seu... e meu!

O banco está vazio...por enquanto....fui atrás de um amigo....fui atrás de vida!

segunda-feira, 20 de abril de 2009

QUANDO O AMOR SUGERE...


Algumas coisas acontecem na vida da gente e ficam permanentes em nossa memória... E no nosso coração! Entretanto, existem coisas que não acontecem e se tornam mais importantes que estas primeiras, pela simples possibilidade do que poderiam ter sido, e estas, se enraízam dentro de nós, árvores seculares que seguem vida afora sempre nos lembrando das sugestões que a vida ( ou o amor) um dia nos ofereceu e a gente, recusou-se a segui-las...


Era um dia de festas, destas festas do interior onde toda a cidade reúne-se para se encontrar, beber e comer à vontade, entre largos risos e abraços de amigos. Eu cheguei lá vindo de algum lugar e, no primeiro momento, já a vi, perto de uma barraca qualquer, que vendia coisa qualquer. Meu olhar buscou o dela, e o dela buscou o meu. Ambos os olhares se encontraram no meio do caminho, um impacto que não produziu som algum, mas o eco que se fez ecoou intensamente dentro de meu coração. Ela era linda e, infelizmente, não tenho mais como oferecer uma definição perfeita de como era seu rosto e seu corpo. O tempo pode produzir uma devastação em nossas memórias, ainda que conserve alguma seiva nas recordações para que esse néctar de energia seja suficiente para nos estimular no futuro. Era melhor que tudo esquecêssemos... Que o dia de hoje fosse sufocado pelo de amanhã, amordaçado e atirado para dentro de um baú que nunca mais voltasse para ser aberto na frente dos olhos de nosso coração... Porque dói lembrar... Dói... O certo é que me apaixonei naquele olhar e, apesar de toda a minha timidez, aproximei-me. Ela me recebeu com um sorriso, sentamos na relva e conversamos demoradamente, como se este encontro houvesse sido marcado há muito tempo, como se fôssemos velhos amigos, como se houvéssemos sido feitos um para o outro – logo nós, dois tímidos e desconhecidos. Falamos de vida, e de prazeres cotidianos; falamos de livros, e de flores; falamos de poesia, e de comidas; falamos de encontros, e de música; falamos de amores, e de superficialidades; falamos de tudo, menos do que deveríamos ter falado, de nós mesmos.... Eu, pelo menos, deveria ter dito que meu coração batia forte no compasso do dela; que meus olhos brilhavam refletindo a luz que vinha dela; que sentia meu corpo fervilhar de poemas que jamais havia pensado de serem feitos por mim, inspirados todos por ela... por ela... por ela... Mas nada disse, calei-me na tola timidez que possuía; ela nada disse, calada na tola timidez que possuía, e a vida passou pela gente, o amor mais belo que poderia ter havido passou pela gente... Na frente da gente... Sem se realizar.
Mais à tarde, quando o alto-falante do lugar ainda entoava uma canção romântica – Seguindo no trem azul, do Roupa Nova – Papai surgiu convocando-me para que fôssemos embora, a vida seguia e nos chamava. Levantei-me, como se toda a tristeza do planeta estivesse às minhas costas - Atlas sustentando o peso do mundo no dorso - olhei fixamente para dentro dos claros olhos dela e ela para dentro dos meus, lembro perfeitamente que todo o meu corpo queimava, que meu coração era um cavalo selvagem em louca disparada rumo ao horizonte, que meu sangue fervia nas veias, que tudo em mim, em meu corpo e meu espírito, implorava que beijasse aqueles belos lábios – Sei que com ela, também ocorria o mesmo. Tudo durou um minuto, eu olhando dentro do coração dela, de sua alma, dizendo com meu silêncio todo o amor que sentia-lhe, a atmosfera conspirando para que o beijo acontecesse, a música no ar, a relva que acariciava nossos pés, as flores de um jardim próximo que exalavam os mais agradáveis eflúvios de sua existência, pássaros que entoavam os melhores hinos para celebrarem um amor que nascia mas... Não aconteceu... Timidez, tolice, fraqueza, não sei... Não a beijei... Ela não me beijou... E fui embora para casa e para o resto de toda a vida com a sua lembrança em mim, com a sugestão de felicidade e amor que ela me entregou naquela tarde de primavera que ficou incrustado feito diamante no meu passado e nas minhas reminiscências...


... Sei, afinal, que tenho saudades daquele beijo, um beijo que não existiu de verdade, um beijo que nunca foi entregue nem recebido, um beijo que nasceu e morreu na vontade, mas entre todos os beijos enamorados de minha vida... Aquele que nunca me esqueci!!!

quinta-feira, 16 de abril de 2009

A BANGUELA

Era uma rua com uma descida em acentuado aclive. Mas bota aclive nisso. Parecia sem sombra de exageros que se estabelecia na vertical. Era o paraíso dos carrinhos de rolimã, skates, patins e ciclistas que por ela arriscavam-se em loucas aventuras.
Numa tarde de verão bastante ensolarada, nosso time havia marcado uma “pelada” com os rivais, no campinho de terra da escola. Eu estava na garupa da bicicleta do Maguila – apelido de um amigo da adolescência – e iniciávamos a descida da banguela conversando coisas de guris. Na verdade, Maguila ria de alguma coisa infundada que eu dizia no momento. Minha infância e adolescência, apesar das grandes dificuldades, foram construídas encima de bom humor, boas amizades e de sorrisos fartos. Quiçá que todas as infâncias brasileiras possuíssem estes mesmos ingredientes, presentes na receita da felicidade. A bicicleta ganhava velocidade e eu, folgadamente, admirava a negritude cor de meu “Kichute” zeradinho. Meus contemporâneos, certamente, tiveram suas memórias afagadas por esta lembrança. Eles sabem, como eu soube um dia, a importância de um “Kichute” no adolescente daqueles dias. Era um tênis que acompanhava-nos a todas as partes. Amigo fiel no futebol e nos passeios. Nas escolas públicas era a democracia estabelecida em tempos de ditadura militar. Calçava ricos e pobres; negros e brancos; gordos e magros; cristãos, judeus e muçulmanos, disseminando uma utópica sociedade socialista, pelo menos no que tange aos pés masculinos (e pasmem!!!) alguns femininos.
Meu “Kichute” novinho era um troféu que fazia minha auto-estima ulular, me distinguia. Além do cheirinho de novidade que ainda conservava e que inescrupulosamente iria se perder pelo passar do tempo e pela ação de seu comparsa salaz, os suores de um pé juvenil; guardava intactos todas as travas da borracha, o que havia de mais fashion nele. Meu “kichute” novo e eu, formávamos uma dupla que no dia seguinte, iria arrasar na escola. Todos os sentidos, todos os olhares, todos os comentários, tudo para o meu “Kichute” novo e eu – nessa hierarquia estúpida.
Lá pelas tantas da descida, fui desperto de minhas ruminações sonhadoras pelo grito desesperado do meu companheiro;
- Toca o pé no chão, meu! “Tamo” sem freio!!!
O que? Sem freio? Sem freio na mais terrível banguela da região. A bicicleta voava. Olhei para o chão negro do asfalto que passava sob meus pés. Olhei para meu “Kichute” novinho. Imaginei-o ao contato com os dentes gulosos daquele asfalto ávido por abocanhar a borracha e as travas de meu “boot” novinho.
- Não! – gritei com toda força.
- Não o que? – Perguntou estupefato meu amigo.
- Não ponho meu “Kichute” novinho no chão. Nem a pau......
- Ponha logo. Senão, vamos morrer!
- Não. Meu “Kichute” não.... Se vira......
- Nós vamos morreeeeeerrrrr............
A cacetada contra o muro de tela do colégio foi terrível. A bicicleta entortou-se toda, perca total. Eu pulei agilmente antes do impacto e com “muitos alguns” arranhões escapei inteiro. Maguila, pobre Maguila, entortou-se todo. Foi levado a uma farmácia e desfalcou nosso time naquela tarde e a escola na sala de aula no dia seguinte. Meu “Kichute” escapou ileso do acidente, inteirinho, brilhante. Contudo, um dos companheiros não trouxe tênis para jogar e então, solidariamente, emprestei meu “Kichute” velho com o qual jogaria e antecipei a estréia de meu “zerado”. Ao término do jogo, em que perdemos, pois faltou Maguila, meu “Kichute” novinho havia perdido todo o charme, seu poder de sedução. Sujo, gasto, esfolado, esfarrapado, era um par num mundo de iguais. E pensar que para mantê-lo em sua exuberância de novidade, quase havia morrido momentos antes. E pensar que sua virgindade houvera caído por um motivo frívolo, se comparada à tragédia quase vivida.
São estas coisas que tornam as crianças especiais, seus erros e seus acertos são tão puros quanto elas próprias.... Não há forma de condenar uma criança por seus pecados.... Não há!

quarta-feira, 15 de abril de 2009

PARA OS HOMENS DE BOA VONTADE....


Não peço muito mais da vida, não muito mais,
Nem peço muito de vocês...
Só quero poder falar o que meu coração pede que eu fale!
Só quero poder gritar ao me revoltar!
Só quero poder cultivar meu senso de justiça... Justiça!
Eu tenho sede de justiça, isto é um pecado?
Não me limitem, não me estabeleçam fronteiras,
Se não me dão asas para voar, simplesmente,
Não me ponham pesos nos pés!
Se suas atitudes não me servem de inspiração
Para escrever poesia, tudo bem, não os recrimino,
Cada um é o que é e temos de aceitar as pessoas como são.
Mas, por gentileza, não me tirem das mãos
O papel e a caneta, buscarei o entusiasmo para escrever
Em outras fontes que não sejam vocês mesmos!
Eu quero sentir de verdade...
Não quero mais emoções que me conduzam a caminhos
Da raiva, de ódio, de desesperança,
Alentos desbotados que me sugerem
Que tudo o que eu faça será inútil...
Quero acreditar em mim mesmo, na minha força,
Na minha luta, que poderei fazer a diferença,
Por mim e por todos os demais!
Não quero nada de vocês, nada!
Somente não me atrapalhem nisso,
Nessa missão que se pretende nobre.
Quero ser a inspiração para todos os outros,
Para que me acompanhem nessa jornada.
Não vou prometer ouro e pedras preciosas,
Não duvido que seremos todos apedrejados pelo caminho,
Que serviremos de escárnio para os poderosos
E para aqueles que estão desacreditados e sem fé...
É o risco a correr nesta busca...
E, a recompensa, não será riquezas ou poder,
Não tenho como prometer isso ou qualquer outra coisa.
Só o que digo é que estaremos buscando a nós mesmos,
A nossa essência, a nossa liberdade,
Uma chance de poder ser justo,
De falar quando se tiver vontade!
De fazer aquilo que for certo para ser feito!

Digo não aos cabrestos, aos arreios, aos açoites,
E se querem se juntar a mim nessa luta, venham!
Se não querem! Tudo bem, serão poucos
Aqueles que terão coragem realmente...
Peço apenas que não atrapalhem,
Escolham um lugar confortável na platéia da vida
E assistam ao meu sofrimento,
A ser imolado em praça pública.
Não debochem de mim!
Não riem com zombaria de minhas lágrimas!
Nem precisam aplaudir se, por acaso,
(zebra!)
Conseguir alguma vitória.
Entreguem-se ao seu ostracismo, à sua inércia,
A esta vossa vontade pequena e mesquinha
De passar pela existência como sendo mais um no rebanho.
Não critiquem aqueles que, em vez de se estabelecer
Na zona de conforto em que estais,
Preferem lutar as lutas que não consegues...
Eu irei morrer nesta e por esta luta,
Serei esquecido e enterrado como indigente,
Minhas cinzas espalhadas pelos quatro ventos
Para que minha memória seja sepultada no tempo.
Mas, antes de tudo isso, comigo mesmo,
Ao me olhar no espelho, verei um homem!!!
Um homem sem cabrestos, sem arreios,
Que não aceita ser açoitado,
Um homem livre que luta por tudo aquilo que acredita!

domingo, 12 de abril de 2009

A DESPEDIDA


Surgiram de repente, muito de repente, como se numa decisão apressada a vida os houvesse desgarrado ali. Encostaram-se à parede, os corpos bem coladinhos, os desejos não totalmente satisfeitos mais encostados ainda. O corpo forte dele aninhou o corpo pouco nutrido dela e ofertou em sua face um sem número de beijos desesperados e apaixonados. As pessoas ao redor ficaram algo incomodadas com o som dos repetidos estalos de beijos desferidos como se tapas fossem, beijavam-se com um carinho violento. Publicamente, a visão de carícias entre amantes pode conter alguma poesia, mas, os sons produzidos, podem aborrecer bastante e os motivos deste incômodo são os mais variados.


Entre um beijo e outro, neste miserável espaço de tempo que possuíam, ele cochichava-lhe aos ouvidos alguma coisa. Ela ouvia com uma atenção displicente, sorrindo de quando em quando, concordando quase sempre com um leve meneio da cabeça. Talvez ele recitasse uma poesia (duvidamos disso, mas é algo que deve ser considerado como hipótese); talvez, passasse apenas algumas determinações de última hora; talvez, distribuísse alguns afazeres a serem cumpridos; talvez, despejasse alguns conselhos sábios para que a vida e sua carga ficassem mais leves (perdoe-nos o sorriso entredentes, esta hipótese é hilária!). De toda a forma, saber o que falavam não é mesmo importante e não nos cabe fazer julgamentos outros que senão mostrar a história, até porque, sublinha-se, a expressão corporal dela demonstrava pouco interesse em tudo o que ele dizia – ouviu a tudo com a mesma expectativa que ouviria o noticiário econômico da bolsa no jornal da meia-noite.


Quando, finalmente, o portão se abriu convidando a todas para irem embora, deram um derradeiro abraço e ele se agarrou fortemente as grades numa tristeza absurda – absurda por que ele sempre retornava para aquele lugar nada abençoado, reincidente, era um voluntário para o sofrimento, o arquiteto de sua dor. Olharam-se fixamente e o brilho dos olhares trocou a promessa do retorno, na semana que viria, no novo dia de visita que nasceria.
Separaram-se, enfim!

Ele... Ficou preso, como sempre...

... E, ela partiu envolta nesta estranha liberdade que é ser mulher de ladrão na cadeia...

QUEM SOU EU?


Ainda perco tempo me questionado sobre quem sou eu!

Alguém sabe quem é realmente?

Às vezes acredito que sou o resultado das tendências de algum tempo...descarto esta possibilidade, não sou dado a modismos e a massificações.

Mas será que inadvertidamente não estou sendo o que querem que eu seja?

Então, fico recluso durante algum tempo, em uma crisálida, questionando coisas sobre mim, coisas que somente eu mesmo posso responder! As respostas que surgem não respondem nada. Somente trazem mais dúvidas em sua algibeira.

Porque somos assim? Porque a insatisfação tem de ser nossa companheira mais fiel?

Visto alguns papéis então, como se a mentira fosse me ajudar a ser melhor. Como se a mentira fosse sufocar essa algaravia.

Num instante sou um jovem expansivo, de gargalhadas longas e sonoras, alguém que ouve Clapton e Floyd, e fala de coisas transcendentais.

Num outro momento, sou um religioso, ouço canções sacras e gospel, sei de tudo na Bíblia um pouco, meu maior santo é o meu coração, o céu se abre para mim como se fosse meu intimo para ouvir meus recados.

Noutro instante, sou alguém educado, um gentleman, alguém do lado direito, adepto das leis e dos costumes, amante das artes e das boas maneiras, protocolar, ortodoxo, alguém para se querer por perto.

Em outros momentos sou um bárbaro, invado espaços, ocupo territórios, sangro cerimonialismos, decapito a calma e o equilíbrio, a paz é morta....a paz é morta.

Eu sou tudo isso e não sou nada disso, sou eu mesmo.

E o que eu sou, nem mesmo eu sei.

Acho que soubéssemos todos o que somos realmente, a felicidade viria mais fácil, não viveríamos nós nestas idas e vindas de humores, de amores, de sabores... e dissabores.

Ainda perco algum tempo tentando saber quem eu sou!

E, por mais que eu pense, não encontro solução aprazível, aquela resposta que abra uma porta e nos coloque para dentro da sala confortável do conhecimento.

O jeito é fechar os olhos e se deixar levar.....na escuridão....na noite...na madrugada....no espaço....dentro da gente....tentando encontrar a luz que brilha em nosso íntimo, tentando descobrir a luz que nos mostra quem somos realmente.....

Será? Será que saberei quem eu sou....tudo o que me resta é viajar....viajar....para todo e qualquer lugar, para dentro de mim mesmo....e o resultado dessa viagem que não se dá sequer um passo é um salto enorme...encontrar....encontrar a sí mesmo, lá longe, bem no nosso intimo, onde tudo começa!

quinta-feira, 9 de abril de 2009

CARTA DE AMOR PARA O DIA SEGUINTE...


Meu amor!

Não consigo te dizer as coisas como deveriam ser ditas!
Em mim abriga a pequenez, não possuo a altivez dos grandes poetas, nem a fala mansa de amantes profissionais. Habita em mim o improviso e a imperfeição do coloquial. Sou feito de uma matéria que não entende a perfeição, que se assusta com ela, e que fica cego diante de sua opulência.
Tu és o contrario, minha vida!
Para você o pouco é bobagem, em ti habita o tudo e o especial, vive em você o extraordinário, flertas com delicadas carícias a perfeição. Amas com a intensidade dos vulcões, teu amor é palco e tema para as mais lindas poesias. Tua cama é um pedaço do paraíso aqui na terra, teus lençóis extensão de tuas mãos macias como veludo a acariciar este meu corpo impuro para este santuário. Amas, e o fazes baixinho, sem grandes alardes e pirotecnias tolas. Teu amor brota do seu coração doce, oculto por um par de seios que vigilantes aponta-me a todo o instante que sou eu o objeto desse amor.
Como se pode agradecer o milagre?
Como se toca o anjo que nasceu para te fazer feliz?
Tu ainda dormes, repousas e vejo teu colo respirar mansamente descansando da noite intensa de amor. Em teus lábios repousam a tranqüilidade, em tua face um sol brilha oculto somente aguardando a aurora do despertar de seus olhos lindos. Eu te amo, minha vida! Eu te amo! E é tão desesperado esse amor que tenho medo de tudo o que me separa de ti – de minha noite de sono, da hora que vou para o trabalho, do milésimo de segundo que dura o piscar de meus olhos ao te olhar sob a lua apaixonada.
Quero viver em você, de uma forma absoluta, meu amor! Quero me banhar na gota de suor que desprende de seu corpo ao me amar.
Quero repousar em seu bocejo de um tranqüilo sono da tarde.
Quero me prender no instante que dura a aproximação de nossas bocas para o primeiro beijo do dia.
Espera, vejo que acordas... Abristes os olhos, o sol se abriu para mim, teu sorriso me presenteou novamente com a visão do céu, tuas asas se abriram sobre os lençóis vermelhos de cetim, me convidas para um novo abraço e te entrego minha vida neste carinho. Eu sou teu agora, de novo e para sempre... E vamos voar sem destino e sem estações, a eternidade poderia ser um tédio se não houvesse tu a me guiar por ela, meu anjo!

quarta-feira, 8 de abril de 2009

QUESTÕES E RESPOSTAS


Tu um dia acordas e pensas que sabes
Exatamente o que vai acontecer.
É como se todas as coisas, de repente, nascessem para você,
Todos os mistérios estão solucionados,
Entregues todos numa bandeja de prata em sua consciência.
Não sabes de onde vieram estas epifanias,
Não sabes os anjos ou o santo que te entregou
As chaves para todas as tuas questões.
E isto, não importa, afinal,
As respostas estão ali, na tua frente,
E isto te bastará, por um tempo.
Tu se levantas então, sente-se um rei no apogeu.
O homem no espelho te sorri te faz elogios enormes,
Encômios exagerados e lhe dá tapinhas nas costas.
Gostas destes afagos e sabes bem que o mereces,
Afinal, tu és aquele que tens todas as respostas.
Todos os outros são tolos, pensas enquanto fecha a porta
De tua casa e saí para a rua e a vida.
No caminho, ninguém te olha, não há uma mínima menção de cumprimentos por quem quer que seja.
Onde estarão os flashes?
Onde estará a televisão e o restante da mídia?
Onde estarão os poderosos para recebê-lo?
Chegas ao trabalho e o chefe vem
E te ordena serviços miseráveis.
Quem é este tolo, pensas, enquanto arregaça as mangas?
Olhas para o lado e vê uma multidão
De mangas arregaçadas.
Vês os olhares deles todos,
Eles também se perguntando sobre questões
Que tu mesmo (agora?!) se questiona.
Eles também espantados por serem apenas mais um.
Na sala do chefe, tu o vê de cabeça baixa,
O peso de perguntas muito repetidas
Faz a consciência dele curvar.
Somente então compreendes que nesta vida e neste mundo
Não existem respostas,
És feitos de questionamentos e para eles vives!
Porque buscas, como todos, o pagão e o profano,
Porque vives, como todos, num plano mundano e estéril.
As respostas não estarão aqui, jamais,
Enquanto seu compromisso e o de todos,
For pela busca de uma felicidade falsa.
Enquanto seu compromisso e o de todos
For construir uma vida
Que se prende aos míseros anos terrestres.
A grande verdade é que ainda dormes,
E no dia em que acordares terás todas as respostas,
Não em bandejas de pratas,
Nem com ninguém nos espelhos
e nas ruas para felicitar-lhe por suas vitórias.
Tuas respostas virão para ti cochichadas
Ao seu ouvido, sem grandes estrondos ou alvoroços.
A verdade não necessita disso.
As respostas não serão jamais entregues
Por santos ou anjos, percebas isso definitivamente.
Elas nascerão em você quando estiveres pronto para elas.
Não antes...
Não depois...

domingo, 5 de abril de 2009

O ROSTO NO ESPELHO (*)

Eu olho no espelho e busco reconhecer o rosto que vejo.
Não o reconheço, não sou mais eu que estou ali.
Condeno o espelho, chamando-o de cruel.
Mas Deus, não há crueldade na verdade!
As marcas que se cravam em meu rosto é meu passado.
Cada ruga conta uma história.
O sorriso gasto é fruto de minhas aventuras
(voluntárias, involuntárias!).
Os cabelos ralos, sobreviventes de dias difíceis.
Os olhos guardam um brilho opaco, algo tépido.
Eu olho no espelho e busco reconhecer o rosto que vejo.
Busco reconhecer este homem que insiste em ser-me intimo.
Aonde? Aonde? Aonde este homem nasceu em mim?
Este ladrão de minha eterna juventude.
Não há como brigar com o inexorável.
Não sou o maior herói da resistência.
O tempo passou, eu sei agora, e preocupado com as batalhas,
Esqueci de cuidar um pouco de mim.
Esqueci de perceber que mesmo entre ervas daninhas,
Nascem as flores mais belas e, preocupado com os espinhos,
Deixei de sentir o seu aroma doce e delicado.
Deveria ter percebido que em meio a brutalidade desta guerra,
Os verdadeiros vencedores foram aqueles que mais sorriram,
Foram aqueles que enxergaram a guerra com otimismo,
E que guerrear por guerrear não faz e não fez de mim um bom soldado.
Não fui covarde, ganhei muitas medalhas de bravura,
Mas todas elas foram decorar minhas paredes.
Penduricalhos tolos que de nada me serviram.
A verdade é que entrei nas guerras erradas,
Fui herói em batalhas que nunca foram minhas.
Eu olho no espelho e busco reconhecer o rosto que vejo.
Ele me sorri, e abre os braços num convite para um abraço.
Apesar de tudo, eu me reconheço...
Eu me reconheço...
Eu ainda vivo nele, neste rosto marcado,
E ainda tenho sonhos para queimar!
Se a juventude não foi uma benção,
A velhice não precisa ser necessariamente uma maldição!
Eu olho no espelho e sorrio para o rosto que vejo!

(*) REPUBLICAÇÃO

sábado, 4 de abril de 2009

E eis que chove de repente. E a chuva parece trazer algumas lembranças daqueles tempos. Eu olho para as milhares de gotas que caem, saio para a chuva e corro sem sentido e sem direção, a vizinhança me olha com estranheza (será que o homem ficou louco?). Somos todos loucos nesta vida por rejeitar a alegria de sermos nós mesmos. Estou molhado agora, de chuva. Estou molhado agora, de sonhos. E enquanto a chuva cai molha todo o meu corpo e por alguns momentos sou criança novamente, por alguns novos momentos tenho novamente todos os meus sonhos de guri.



Trecho da crônica “OS DOCES TEMPOS DA INFÂNCIA”, de minha autoria e já publicada neste espaço




Hoje, meus sonhos rarearam, fico joeirando entre meus pensamentos sonhos pré-fabricados, e estes não valem. Se sorrio, ou se choro. Se corro, ou se ando. Se parto, ou se fico. Se escrevo, ou se leio. Não importa a estrada que tome, tento recuperar a fantástica capacidade de sonhar que tinha aos seis anos e que alguns, ao longo dessa vida tortuosa, me fizeram crer que era uma qualidade pouco desejável. Então, eu sonho, sonho como aquele garoto de seis anos, simplório na existência, simplório nos sonhos, e isso torna minha felicidade maravilhosa. Sonhar ainda é a única ponte que liga a realidade ao futuro cheio de novas possibilidades.



Trecho da crônica “APRENDENDO A SONHAR...”, de minha autoria e já publicada neste espaço

sexta-feira, 3 de abril de 2009

DE IMPROVISO: UM TEXTO!

O texto é um universo... Universo de idéias!
E eu sou o arquiteto do improviso, improviso textos, improviso idéias.
O papel é nada.
A criatividade, a energia em expansão.
De repente, big bang, e há o texto.
Gostaria realmente de ser o mentor de novas idéias, algo que revolucionasse o mundo positivamente, que desse um novo formato a este nosso estilo de vida tacanho.
De grandeza só temos nossa arrogância e nossos sonhos imbecis.
Mas não consigo, sou pequeno para tanto, por isso sigo improvisando idéias. Nisso sou um mestre, do improviso.
Sei que muitos de vocês vão ver isso como mesquinho, alguns até, enxergarão pejorativamente. Não ligo mais para o que pensem todos os outros, improviso é bom, quando se aprende a fazê-lo....e, afinal, é o que eu faço mesmo de melhor!
Se estou triste, improviso felicidade!
Da rotina estressante, improviso uma piada!
Se o espelho acusa-me sinais de velhice, improviso um espírito jovial.
Se as pessoas me sacaneiam, improviso sorrisos, ainda que sejam amarelos.
Improviso, improviso, bom humor, gentilezas, doses de boa educação, uma dialética fácil e convincente, improviso uma revolução por dia no meu trabalho – ser melhor do que fui ontem, mesmo que meu salário não me convença disso!
Sou amante do improviso, sou ele em pessoa.
Minha vida, toda ela, é um grande improviso, os alicerces de minha existência foram construídos sobre esta arte.
Sei que a maioria de vocês prefere a solidez e a certeza do planejamento, mas este não sou eu. Prefiro o improviso, o desconhecido, a lágrima, a gargalhada, a euforia, a depressão, tudo tão verdadeiro, tão delicadamente saboroso como se houvesse sido planejado pela imprevisibilidade da vida.
Não estou apregoando um estilo de vida.
Não estou defendendo uma nova filosofia.
Isto não é mais para mim. Isto nem mais é meu....
Apenas estou improvisando um texto, uma idéia, uma maneira de viver.... O resto são bússolas, eu as rejeito, prefiro caminhar pelo desconhecido sem nada que me tire a atenção da beleza da estrada da vida, ainda que tropece pelas pedras do caminho.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

[...] Pense no que eu digo, pense nos seus sonhos, e lembre-se sempre, o tempo não é teu companheiro, deves domá-lo, pois ele não te respeitará jamais, deves conquistá-lo para que ele a tema. Infelizmente, as coisas são assim....o tempo é senhor de si próprio!


(Trecho de carta enviada para uma amiga virtual há muito, muito, muito tempo atrás)