quinta-feira, 29 de setembro de 2011

PEQUENA CRÔNICA DE AMOR


Eu não posso te dar o pouco, porque somente conheço o muito.
Se me pedires a frase, te darei o poema inteiro.
Se me pegares a mão, levarás junto o abraço e o beijo.
Nunca te contentes com metades, levarás sempre tudo.
Não consigas conviver com o razoável, pois que comigo o intenso é o ponto de partida.
Não existe o frio, o calor será a temperatura dos nossos corpos.
Se me sussurras o amor, eu lhe faço.
Se me sugeres um sorriso, eu lhe doo a alegria absoluta.
Tua crença nunca será maior que a minha – se acreditas em mim, acreditarei mais em você.

Eu sou teu segredo, sou teu sonho, sou teu desejo de amor no coração e em teu sexo.
Meus beijos serão teus beijos.
Meus abraços te aquecerão.
E meu coração é o eco do teu amor.
E, ao deitarmos para fazer amor, serei carinhoso e selvagem, cada um desses homens entrando em cena no momento mais oportuno de nosso espetáculo de amor.
Cante, cante, meu amor! Serei sua platéia entusiasmada de um único e apaixonado homem.
Colha todas as flores que existem no jardim de meu coração.
Receba como brisa cálida o meu suspiro dado no primeiro ato de amor

Não te peço nada, a não ser que esteja ao meu lado.
Posso ser qualquer coisa contigo, mas tudo o que quero realmente ser é seu amante e amado.
Pois isto é o que me mantém, sustenta e impulsiona-me a seguir em frente... em frente... e chegar até você, meu porto mais seguro!

sábado, 24 de setembro de 2011

RAZÃO E DESEJO


As palavras saíram tortas... na voz, no sentimento.

O lençol umedeceu-se recepcionando palidamente as lágrimas que caiam fartas do seu rosto vincado pela dor.

Por que toda história de amor, questionou-se, tem de começar com um sorriso e ter um ponto final feito de sofrimento? “Será isso uma regra inquebrável, pelo menos para mim”? Insistiu em suas reflexões...

Era noite e a noite se vestia especialmente bela, como se pressentisse que algo especial haveria de ocorrer para eles...

Colocou de qualquer jeito a última camisa na mochila, pegou o perfume que ficava sempre na penteadeira, olhou seu rosto no retrato do espelho e viu um tolo... Tolo por ter começado algo que desde o inicio nasceu sob o signo do fracasso... Tolo por terminar algo que queria insistir...

Quis buscar mais justificativas, para partir, para ficar, não conseguiu, todas as desculpas que se dava estavam desafinadas com a verdade, a loucura brotava em todos os cantos de seu sossego, sua paz sangrava no meio de uma discussão que jamais conheceria vencedores, não queria mais acender velas neste totem.

Agiu conforme a consciência mensurando o tamanho da dor que deveria carregar dentro do seu peito, sangue lágrimas e adagas seriam seu legado doravante... Escolheu o caminho que lhe pareceu que seria o mais correto, ainda que o correto usasse a mascara do mais feroz dos demônios.

Abriu a porta do apartamento... Partiu... Atrás de si ficaram muitos sonhos e um cálice de lágrimas derramadas nos lençóis lívidos em que fizeram amor e um beijo que deixou marcado na face dela que sentada na cama era mais uma triste espectadora deste espetáculo que sugeria tragédia...

Na rua, ele olhou a noite e tentou se convencer da única coisa que parecia real em toda esta história: Um homem, algumas vezes em sua vida, não deve fazer o que quer fazer e sim, o que precisa ser feito...

Pegou um taxi e este o levou para longe... longe... dela e de todas as coisas que queria amar e não podia...

terça-feira, 20 de setembro de 2011

OS DOIS REPENTES


Ela entrou num repente, mas por ter sido a primeira vez que a via, este repente ficou enquadrado em sua memória e coração para todo o sempre. Para ele, para sempre, sua eternidade começava com este lampejo...

Daí para frente, todos os seus momentos, os súbitos e os planejados, os inesperados e os aguardados, todos eles foram dela e para ela.
Seu rosto lhe mostrou o que era a beleza e se gravou na retina de seus olhos.
Seu cheiro dançava um belo e excitante tango em suas narinas.
Sua voz parecia veludo em seus ouvidos.
E todas as suas palavras eram recepcionadas como se fossem mergulhadas na argamassa de poesia perfeita.

Eram mais que namorados, amados ou amantes, sabe-se lá que nome se dá para esses arranjos entre os apaixonados, eram os mais amigos, os mais leais, os mais comprometidos, os mais generosos, os mais meigos, os mais carinhosos, os mais divertidos, jamais existiu casal mais cúmplice que ambos entre homens e mulheres.

Às tardes, quando saiam do trabalho, caminhavam de mãos dadas pelas ruas, vendo o sol se deitar na grande cidade de pedra, desfilavam pelo asfalto e entre as vitrines poderosas seus sonhos e seus romances mais delicados – sim, tudo entre eles era delicado, feito de uma poesia cuja essência vinha dos tempos que o amor era conhecido pelo romantismo.

A primeira vez que pegou a mão dela, seus corações dispararam e seus olhares se cruzaram na escuridão do cinema agradecendo um pelo amor do outro.
A primeira vez que a beijou foi num novo repente, um momento súbito que escapou da generosidade do destino indiscreto que desejava ver o pequeno ato de amor entre os amantes. E a beijou pela primeira vez, com a intensidade de uma última e a presente ansiedade virgem da novidade. Para eles, naquele momento, faziam amor... faziam amor num beijo longo e desesperadamente aguardado...

... E, ela saiu num instante, se foi montada num momento imprevisto e ladrão, que roubou deles a sua eternidade e o amor mais perfeito que poderia ocorrer.

... E, também este lampejo gravou-se em sua memória e coração, para sempre. Definitivamente, para ele, a eternidade tinha os limites de dois repentes, o primeiro que a viu, e um último, que a levou embora... sua vida ficava espremida no meio, e era somente um resto.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

ÀS MARGENS DO RIO TEJO EU SENTEI E CHOREI...


Não se cruza o Tejo impunemente.
Ao sentir o frescor que sopra do rio algo em você se transforma, um estado de êxtase se estabelece em seu intimo e tudo se prepara para a contemplação da paisagem do rio e de você próprio.
Suas águas te convidam para um mergulho dentro de si mesmo e somente os corajosos aceitam este convite.
Eu sempre soube que meu primeiro dia no Tejo seria especial, somente não sabia que este dia seria eterno.
Estávamos todos lá, pela primeira vez em muitos anos, mamãe, papai, mana e eu – e os amei neste dia do mesmo jeito que os amei lá atrás, quando nossa vida era absolutamente entrelaçada.
Por um novo momento em nossas vidas desgarradas, éramos uma família novamente, com nossos sorrisos e lágrimas, com nossas dores e fortalezas, com nossas fraquezas e possibilidades, com todos os nossos erros e acertos, com todo o amor, enfim, imperfeito e verdadeiro que sempre existiu e nos uniu.
Eu quis dentro daquele instante que o momento fosse eterno, que nunca mais se acabasse e que tudo o que sempre foi nosso, de belo e de feio, se instalasse permanentemente nas prateleiras de nossos dias mais comuns.
Mas assim não o foi.
O tempo e o destino nos oferta com uma mão e tira com as duas.
Na hora de ir embora e dizer adeus a este mágico dia eu sentei à margem do Tejo e chorei, quieto, manso, comigo mesmo e mais ninguém, não queria que minhas dores fossem alimentar as dos meus queridos.
Chorei porque sabia que dias perfeitos não existem de verdade, e, quando se criam por uma mágica qualquer, eles se vão embora para sempre.
Chorei porque sabia que logo ia embora e meu caminho era longo e pedregoso e que por minha estrada, não caminhariam meus queridos comigo, eles têm suas próprias veredas.
Chorei e minhas lágrimas foram se juntar às águas belíssimas do Tejo, este rio que é o sangue de Portugal, sangue este que também corre em mim.
Saudades do Tejo.
Saudades deste dia perfeito que não é mais vivo, é somente mais um item dentro da minha história.
Dentro do tempo este dia foi somente mais um dia. Dentro do meu coração, ele foi e sempre será eterno.


Observação: O título é uma paráfrase, e uma homenagem, à obra de Paulo Coelho, notável escritor brasileiro.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

dois...

E L A...

Eu não pertenço à este mundo
Não pertenço à nenhum lugar
E não pertenço à esse corpo
Eu não pertenço à esta mente
e nem minha alma pode se aprisionar
Porque eu inteiramente pertenço ao amor
e todo o meu amor pertence à você


E L E...

Somos dois em único dom.
E  o nosso dom é amar.
Amar voce é muito mais do que minha vontade,
amar voce é a minha primeira necessidade... e a última!!!


sexta-feira, 9 de setembro de 2011

O 11 DE SETEMBRO...



... Nos Estados Unidos, fazem um memorial para as vítimas e erguem outro prédio no lugar maior que as Torres originais.

... No Japão, os sobreviventes se juntam em solidariedade, um ajuda o outro e, em 15 dias, tem outros prédios idênticos ao que foram derrubados.

... Na Argentina, o povo vai para as ruas fazer um panelaço em protesto ao terrorismo, compõem um tango e a nação chora uma vida inteira o sofrimento das perdas.

... No Brasil, dão um jeitinho de arrumar a empreiteira sem licitação e erguem um prédio qualquer, inferior em todos os quesitos as Torres Gêmeas, e com preço superfaturado.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

PEQUENO POEMA EM DEFESA DA FACA

A faca não é cruel.
Cruel é o cabo por onde se empunha a faca.



O fio da faca não é cruel.
Cruel é o metal que lhe dá forma.



O tamanho da faca não é cruel.
Cruel é a solidez que lhe dá força.


Cruéis não são o cabo, o metal e a solidez da faca.
Cruel é a mão que segura a faca.



Cruel é o coração do homem que mata!

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

MULHERES, ABRAÇOS, ESTÓRIAS


A mulher chegou cheia de sorrisos.
Comemorou a limpeza do lugar e observou sua grandiosidade – a primeira vez ali a encantava e isso era bom...
Quando chegou à frente do solário, seu sorriso nublou-se, foi eclipsado por uma nuvem que sugeria tristeza.
Ela viu o pai se levantando do meio de uma roda de homens, e ele veio até ela parando no lugar que devia ficar. 
Aguardava sereno por fora.
Aguardava ansioso por dentro.
O portão se abriu.
Ela entrou.
E, no mesmo momento, esqueceram-se num espremido abraço que saiu da aridez da saudade, irrigado pela chuva de lágrimas que desceu pela face da jovem mulher.
Era a primeira vez que via o velho pai em meses, desde que fora preso por um erro tolo e inconseqüente que cometera.
Abraçaram-se...
Abraçaram-se...
E, quando não mais agüentavam, se abraçaram de novo, como se, pelo abraço, tudo se apagaria e se renovaria; como se pelo abraço, ganhariam asas e voariam para longe dali e de todos; como se pelo abraço, uma mágica se pudesse haver e os erros não houveram sido cometidos; como se pelo abraço fossem mais... pai e filha.
Depois de longos minutos, entraram ambos em uma cela e fecharam a porta, o abraço ficou lá no solário, marcado, grafado, erguido feito um busto na memória e no coração de toda a gente que o presenciou...


A mulher chegou taciturna.
Trazia um olhar vazio e o rosto com uma expressão enfurecida. Parecia que tudo naquele lugar a incomodava profundamente e registrava isso em toda a expressão do seu corpo.
Quando chegou frente ao solário, seu rosto abriu-se num sorriso amplo como se esquecesse tudo e onde estava, lembrando apenas aonde iria – para os braços de seu homem.
O portão se abriu.
Ela entrou.
E, no mesmo momento, esqueceram-se num abraço longo e apertado, que saiu do fogo da paixão acendendo as chamas da excitação de ambos.
Abraçaram-se...
Abraçaram-se...
E juntos e silenciosos caminharam para a cela dele, batendo a porta com uma velocidade nervosa e impaciente. Sabiam o que queriam e diálogos maiores eram completamente desnecessários.
O abraço deles evaporou-se no solário, esquecido forçadamente por todos. E, ficou em toda a gente uma vontade súbita de amar e serem amados...