quinta-feira, 1 de setembro de 2011

MULHERES, ABRAÇOS, ESTÓRIAS


A mulher chegou cheia de sorrisos.
Comemorou a limpeza do lugar e observou sua grandiosidade – a primeira vez ali a encantava e isso era bom...
Quando chegou à frente do solário, seu sorriso nublou-se, foi eclipsado por uma nuvem que sugeria tristeza.
Ela viu o pai se levantando do meio de uma roda de homens, e ele veio até ela parando no lugar que devia ficar. 
Aguardava sereno por fora.
Aguardava ansioso por dentro.
O portão se abriu.
Ela entrou.
E, no mesmo momento, esqueceram-se num espremido abraço que saiu da aridez da saudade, irrigado pela chuva de lágrimas que desceu pela face da jovem mulher.
Era a primeira vez que via o velho pai em meses, desde que fora preso por um erro tolo e inconseqüente que cometera.
Abraçaram-se...
Abraçaram-se...
E, quando não mais agüentavam, se abraçaram de novo, como se, pelo abraço, tudo se apagaria e se renovaria; como se pelo abraço, ganhariam asas e voariam para longe dali e de todos; como se pelo abraço, uma mágica se pudesse haver e os erros não houveram sido cometidos; como se pelo abraço fossem mais... pai e filha.
Depois de longos minutos, entraram ambos em uma cela e fecharam a porta, o abraço ficou lá no solário, marcado, grafado, erguido feito um busto na memória e no coração de toda a gente que o presenciou...


A mulher chegou taciturna.
Trazia um olhar vazio e o rosto com uma expressão enfurecida. Parecia que tudo naquele lugar a incomodava profundamente e registrava isso em toda a expressão do seu corpo.
Quando chegou frente ao solário, seu rosto abriu-se num sorriso amplo como se esquecesse tudo e onde estava, lembrando apenas aonde iria – para os braços de seu homem.
O portão se abriu.
Ela entrou.
E, no mesmo momento, esqueceram-se num abraço longo e apertado, que saiu do fogo da paixão acendendo as chamas da excitação de ambos.
Abraçaram-se...
Abraçaram-se...
E juntos e silenciosos caminharam para a cela dele, batendo a porta com uma velocidade nervosa e impaciente. Sabiam o que queriam e diálogos maiores eram completamente desnecessários.
O abraço deles evaporou-se no solário, esquecido forçadamente por todos. E, ficou em toda a gente uma vontade súbita de amar e serem amados...

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