segunda-feira, 29 de novembro de 2010

A POESIA EM TEU CORPO


Eu sei tudo sobre você, tudo...
Sei do que gostas e amas,
Sei de seus sonhos,
E todos os teus desgostos
Tenho-os anotado em minha
Caderneta de cabeceira.
Se seus olhos brilham
Sei para onde este brilho vai,
Ele é a luz que ilumina a
Minha felicidade.
Teu suspiro de desejo
E do tesão saciado
É o mais delicioso ar que respiro.
Acordar contigo, pela manhã,
Ouvir teu “Bom dia, amor!”
É a mais deliciosa das poesias,
Assim como tua nudez
É a mais delicada das visões.
Eu amo você, amo e amo!
Simples e absolutamente assim.
Sem meios termos,
Sem rasuras,
Sem edições ou artes finais.
Amor pronto e acabado.
Quando te olho
Enxergo-te além,
Transcende ao seu próprio você.
Eu vejo a poesia que
Habita teu corpo,
Teu jeito de ser,
Tua feminilidade
Sempre tão linda e mágica.
Não peço nada mais, nada mais!
Tenho você e tu me completas.
Sou feliz contornando
Cada curva de teu corpo,
Recitando toda a poesia
Que emana de tua feminilidade.


E, por isso, dizes que sou poeta,
Conto-te um segredo:


Não sou!


Minha poesia escapa toda ela
De teu corpo
Nas noites e nas manhãs
Que fazemos amor!
Não sou poeta, minha linda!
Sou apenas o leitor
Da poesia que sai toda ela,
Toda ela,
Deste teu corpo maravilhoso!

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

A GRANDE NOVIDADE DA VIDA

Por algum tempo, estive entretido com coisas menores, gastando tempo e energia com tolices.

Pode parecer cruel falar assim com tons de decreto, relegar algo que um dia foi minha área de interesse para um plano escondido e esquecível.

Oh, mas por obséquio não chamem a isso de ingratidão, isto é crescimento, sou o que sou pelo que fui um dia, lá atrás, quando me impressionava facilmente com pequenas coisas e as grandes pareciam-me distantes demais – ou, simplesmente, não chamavam a atenção de minha vigilância entretida com futilidades.

E o tempo passa, e se tu és sábio e receptivo deixará que a vida atue sobre você e aprendas com ela. Assim, quando menos perceberes, deixarás de lado a lagarta que fostes e viverás como uma bela borboleta – como já foi dito, agora e antes, a vida e o viver devem ser feitos para a evolução.

Hoje quero é joeirar sorrisos, aprender como oferecê-los, cultivá-los em grandes acres e semeá-los no cotidiano. Dias semeados com sorrisos é garantia de colheita farta de felicidade. Se eles estão nos momentos maiores ou menores, não importa, irei colhê-los como se fossem flores do campo.

Por algum tempo, estive entretido com coisas menores, mas isso durou apenas algum tempo... pequeno talvez, tempo suficiente para mostrar que as pequenas veredas da vida se percorridas com astúcia nos ensinará a valorizar as grandes caminhadas.

... E, se foram melhores ou piores, não importa, devo sacrificar esta meritocracia num altar de sabedoria sob o totem da nobreza, e o que restar desse ritual que sangrará a forma como enxergo a vida e seus momentos vivê-los-ei a todos com a intensidade do último, como se fossem o último...

... E se não forem os últimos, o próximo instante será saboroso como se fosse inédito – eis o grande momento da vida, percebem... o AGORA!!!!!!!!!

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

A PRIMEIRA VEZ QUE VI SEU ROSTO...

Calem-se!
Encerrem todos os compromissos e
Avisem o outono que ele está destituído,
Posto que a primavera nasceu em minha vida.
Sonhos! Acabaram-se todos eles
Fulminados pela certeza de que até agora
Nada estava certo,
O errado repousa no melhor espaço
De meus jardins.
Cessem imediatamente suas gargalhadas
O som delas me soa profano
E quero o silêncio para brindar esta noite
E este momento com o sagrado.
Relógios! Atentem para meu comando
E epigrafem esta hora,
A eternidade quando enxergada pela
Consciência do universo verá
Sublinhado este momento.
Que ninguém mais morra, por alguns instantes!
Até a morte pare sua ceifa!
Que os canhões do mundo sejam silenciados
E as únicas explosões que se ouçam
Seja a salva de três tiros
Comemorando a violência domesticada.
De repente! O mundo se fez melhor,
Tudo se fez melhor,
E vejo com nitidez o que era turvo,
Encho de certezas o desconhecido.
Eu sempre acreditara que conhecera a beleza,
Tive mesmo a arrogância de imaginar que
A poesia sempre me fora uma amiga!
Mas as vi, ambas, pela primeira vez... Hoje... Agora!
Nesta noite, tudo mudou, vi a verdade,
Num relance mágico soube de meu futuro
Soube que tudo em mim era mentira
Soube que tudo em mim me preparará
Para este momento nesta noite...
Nesta noite...
Que foi a primeira noite que vi seu rosto!!!


(*) OBSERVAÇÃO:

A moldura não tem ilustração. Ao verem-na assim, por gentileza, coloquem o rosto que quiserem se este for o sentimento e o desejo que brotar em vossos corações. Eu coloco o rosto de cada uma de vos, amigos e amigos, que seja esta primeira vez, ainda que abstratamente, que vejo seus rostos...


segunda-feira, 15 de novembro de 2010

A CANADENSE E O BRASILEIRO

Ela chegou vindo do nada, surgiu em um carro qualquer e apeou tirando uma mochila que era maior que ela própria.
Eu chegava, depois de um plantão muito cansativo e tudo o que queria era chegar em minha casa e descansar nos braços de Morpheu. Desejava uma carona, o ônibus que fazia a linha, a vassoura do Harry Potter, qualquer coisa que me levasse embora...

Estávamos ambos num trevo que se abria para muitas frentes, para muitos destinos. Conseguíamos vislumbrar lá longe o Ergástulo erguido arrogante e seus grandes e poderosos muros brancos eretos, as torres vigilantes da grande fortaleza que encerra todas as possibilidades, o castelo que enclausura sonhos.

À nossa volta, uma natureza empobrecida pela mão do homem, algumas vacas pastoreavam preguiçosas no sol quente da manhã de outono.

Ela era mulher e estava cruzando a América querendo chegar na casa de uma amiga no Paraná e pretendia fazer todo esse trajeto andando e de carona. Corajosa a pequena canadense!

Fez-me uma pergunta de como isso seria possível, qual seria o melhor caminho e a respondi do melhor jeito que pude. Ela ouviu atentamente, como se ouvisse uma oração, como se sua vida dependesse daquilo. Depois, com o mesmo fervor que me deu atenção, desligou-se, piscou ambos os olhos para mim, como se dissesse “fique bem” e partiu, a grande mochila nas costas cobrindo seu valente corpo, sem maiores considerações, sem grandes despedidas, focada em seu objetivo.

Vi-a caminhando, sempre em frente, obstinada, decidida, destemida, olhando para o horizonte como se ele lhe fosse um velho conhecido; como se as estradas lhe estendessem as mãos e a convidasse para uma dança; como se o desconhecido lhe fosse um pai que mesmo que a largasse numa situação difícil estava sempre por perto para que, na hora “H”, socorresse-lhe.

Voltou-se de repente, ouviu um carro e fez o gesto característico de quem pede carona, o motorista freou, encostou, conversaram brevemente, a pequena Atlas colocou seu mundo no banco de trás do carro e pulou para dentro dando um ultimo sorriso, para mim, para todo o universo que ficava para trás – essa titã foi concebida para sempre ir à frente, o atrás lhe era estranho.

Eu fiquei lá, por mais alguns instantes, sentindo-me um centenário carvalho com suas poderosas raízes fincadas no chão, sem poder me mover.

Comemorei ter-lhe conhecido, exaltei a sua partida, rezei pela sua chegada sã e salva no seu destino, mas, de antemão sabia que isso era válido... e desnecessário. Soube desde o início que aquela pequena mulher canadense era uma sobrevivente das estradas, da vida e ela sempre chegaria aonde quisesse chegar.

E, quando parti, acreditei que de alguma forma estamos todos ligados neste pequeno planeta, feliz, por minha história ter se cruzado com a dela. Não dormi naquela manhã... nem naquela tarde... fiquei sonhando grandes viagens com enormes mochilas às costas....

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

O VIOLEIRO


Eih, seu violeiro!
Vamos arranhe esse violão
E tire dele...
Uma bela canção!
Que fale de amor,
Das glórias desse sentimento,
Dessa emoção.
Solte de seus dedos mágicos
Uma balada romântica,
Faça-nos a todos viajar,
Através de tua inspiração.
Que encanto que possuis, violeiro!
Quanta magia em tua canção!
Ela toca as pessoas,
Veja só nossos olhos,
Você nos pegou pelo coração.


Eih, seu violeiro!
Vamos arranhe esse violão,
E tire dele
Uma bela canção...


... Que fale de amor!
... Que fale de paixão!


Vamos seu violeiro!
Arranhe esse violão....



Ilustração: Quadro de Pablo Picasso

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

BENDITOS SEJAM OS INOCENTES!


A criança entrou conduzida pela mãe.
Sorriam ambas, despretensiosas da vida, libertas das preocupações mundanas que a vida sobrecarrega as pessoas.
A petiz era a mais atenta, esperta para o caminho que seguia, vislumbrando tudo que para ela tinha o sabor de novidade. Seus olhos brilhavam, refletiam a luz do coraçãozinho encantado, e falava e falava e a tudo o que dizia emprestava seu encantamento e admiração:



“Mãe, olha aquilo...”
“Que bonito isso!”
“Que lugar lindo!”



A mãe sorria, não incentivava, não desaprovava, deixava a criança seguir seu rumo, ás vezes, o melhor que pode fazer uma mãe ao seu filho é deixá-lo ser criança.
Elas passaram por ele e a ele sorriram.
Seguiam conversando e ambas foram engolidas pela boca da grande quimera.
Observando, de onde estava ele pode escutar a gargalhada da pequena divertindo-se com alguma coisa. Sorriu, sozinho, estimulado pelo riso infantil.
Olhou para todo o complexo e buscou a beleza que a criança via, tinha nesse olhar uma carga de boa vontade, tinha no coração uma semente de esperança, tudo contribuindo para que essa beleza se mostrasse para ele em todo o seu esplendor.
Não a viu... Sentiu vergonha por isso!
Olhou para o céu azul, lindo e rezou consigo mesmo e com o Criador de todas as coisas.



“Benditos sejam todos os inocentes que mesmo dentro da cadeia enxergam a beleza!”



Nessa hora, pousou num canto do grande muro da penitenciária um pássaro e trinou uma bela canção.



Regozijou-se! Ele viu a beleza...



... e soube que, para ele, nem tudo estava perdido...

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

TODOS OS SEGREDOS QUE A MADRUGADA CONTA...


Madrugada...
Porque chegas sorrateira e dedicas-me estes segredos todos?
Preferia não sabê-los,
Pois que a ignorância me seria uma benção,
Ao contrário dessa ciência que me amaldiçoa!
Contas-me... Contas-me... então...
Que vistes o corpo dela nu sobre lençóis brancos de cetim,
Sobre uma cama de espinhos visto que se debatia,
Fustigada pela insônia, esta feiticeira.
Contas-me que ela sussurrou ais de desejos
Aos seus ouvidos atentos e todos os delírios despejados
Eram somente meus!
Vistes minha face no olhar dela?
Contas-me que escutou sua voz brotando nos doces
Lábios dela e que ela lambia meu nome
Recolhendo o mel de cada letra que sussurrava!
Digas que vistes seus seios balançarem livres,
Tremendo de desejo e que suas mãos vestiam
Luvas de fantasia que mentiam para seus generosos
Volumes que eram minhas as mãos...
Minhas as mãos que os tocavam...
Contas-me que vistes todas as curvas do corpo dela
Serem abraçadas pelo lençol de cetim,
Doce ilusão que era a minha pele e meu calor
Que a confortavam!


Madrugada...
Porque contas-me tudo isso,
Se não podes levar meu toque, meu carinho,
Meu beijo, meu abraço, meu corpo,
Para ela, ela a quem amo e me dedico?
És fria, madrugada, és fria...
Faça então que ela saiba, oh madrugada,
Assim como contastes estes segredos a mim,
Conta-lhe que todo o homem que há em mim
Deseja e ama toda a mulher que há nela!
Madrugada... parta, vá! Parta!!!
Eu já a sinto perto....
... e vou fazer amor com ela...
... com ela...
... do mesmo jeito que ela...
... do mesmo jeito que ela...