sábado, 31 de janeiro de 2009

AMORES, POEMAS E CACAREJOS

O galo se perguntava freqüentemente sobre o que teria sido feito daquela galinha carijó que ficou incrustada no seu passado como se fora uma pedra preciosa. Estes pensamentos não incomodavam suas obrigações triviais, mas aqui e ali, sem perceber, deixava escapar um longo e demorado suspiro que foi notado pelas galinhas.
O que estaria acontecendo com o galo? Era a pergunta que não queria calar. Não obstante estes devaneios creditavam tudo na conta de um estresse qualquer, afinal, ser o chefe de um grande galinheiro como ele era, não era tarefa das mais fáceis. Deixaram para lá....

E nas noites o galo em seu poleiro, enquanto era banhado pelos claros raios de luar, seu coração batia rápido, enquanto sua memória resgatava a galinha carijó do passado. Lembrava-se dos longos passeios que deram juntos pelo terreiro, as asas unidas, os sonhos unidos, esperanças de um futuro de união. A miríade de poemas que compôs ainda lembrava deles todos, e de como os declamou, verso a verso, para a amada carijó, olhando dentro de seus olhos. Ainda sentia no bico o sabor dos beijos dela. O calor de suas penas ainda aquecia o seu corpo. Ah! A memória pode fazer milagres para quem ama. A lágrima que escapou de sua dor, ao lembrar do dia da separação, era ainda mais sofrida que a original. As dores se tornam maiores quando constantemente cortejadas. Os cacarejos da amada implorando para ficar ainda soavam em seus ouvidos, ecos de um passado triste. As mãos poderosas de um homem fecharam-se sobre suas asas e ela nada pode fazer. Muito menos ele, trancafiado, espectador de sua própria desgraça. O amor é quem constrói o que temos de melhor em nossa alma. E quando ele se vai, leva com ele este melhor que nos emprestou por alguns momentos na eternidade. É a isso que estamos fadados, pensou o galo apaixonado, a sermos felizes por um instante na eternidade. O resto do tempo, vivemos aquecidos por esta lembrança que, como um sol, fica distante da gente, nos aquecendo, nos dando vida.

Nunca mais soube da galinha carijó. Algumas vezes, perguntou-se se não fora tudo um sonho? Às vezes, quando sonhamos muito com uma coisa, justificava-se, este sonho prega peças na gente, e traveste-se de realidade. E depois...Mostra-se como sempre foi....Um sonho, zombando da gente e de nossos sentimentos.

É certo que amou muitas galinhas depois da carijó. Mas nenhum amor foi como o dela. Sua história com ela foi especial, única e inesquecível. Buscava nas outras galinhas, o que ele virá nela. E elas, sem saberem o porque, sempre fracassavam na tentativa de alegrar o coração deste galo. Não lutavam, afinal, com uma rival de carne e penas, e sim, com uma memória, com a lembrança de alguém distante no tempo. Como lutar com uma memória, um “dejá vou”? As galinhas, na memória, não possuem falhas. As lembranças que o passado regurgita delas sempre são satisfatórias, não trazem defeitos, falhas ou erros cometidos. Para quem ama alguém na memória, o resgate que se faz é sempre reminiscência e para elas, ficava a realidade, bruta e crua. No presente, convive-se com o bom e o ruim sem o filtro da memória apaixonada. Este era um jogo concebido para elas perderem sempre....

Mas o galo viveu muito e como diz o ditado: “combateu o bom combate!”. Quando, já velho, rodeado por dezenas de pintainhos e um monte de galinhas, deu seu ultimo suspiro e o fez com um sorriso no bico e uma certa cara de satisfação. No mesmo dia, no céu, foi o seu canto forte e mais feliz que acordou os anjos e o Papai do céu; ao seu lado, uma certa galinha carijó o olhava orgulhosa e feliz. Estavam juntos novamente.....

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

CHUVA E SONHOS


Caí forte
A chuva na calçada,
No meio-fio
Sonhos se misturam
Com a enxurrada!
O sol se esconde,
Atrás da sombridade,
Não é dia,
Não é noite,
Plena ociosidade.
A água bate nas janelas,
Destruindo as formas,
Deformando a nitidez,
Meus olhos marejados,
Estão cegos de uma vez!
Caí forte
A chuva na calçada,
No meio-fio,
Sonhos se misturam
Com a enxurrada!




Imagem disponível em: http://eumary.files.wordpress.com/2008/04/rosto_na_janela_com_chuva.jpg

domingo, 25 de janeiro de 2009

ESCREVER É SANGRAR

Não escrevo mais para mim, escrevo para você!

Escrevo palavras doces para serem sorvidas delicadamente pelo paladar apurado de teu olhar.

E, ao escrever, agora, rezo sempre antes. Rezo para que eu seja tocado pela fada da criatividade, para que minhas mãos sejam fiéis e leais aos ditames poéticos de meu coração. Rezo para que meu texto seja belo o bastante, para alegrar você, para tirar um sorriso de seus lábios e que, após a leitura, teu olhar se perca num espaço vazio qualquer de matéria à sua frente, que teus olhos te façam invadir uma dimensão que somente os satisfeitos conhecem e buscam.

Rezo e escrevo para isso, para sua satisfação plena!

Escrevo, escrevo para que meu melhor seja exposto, para que seja ofertado a ti em tua homenagem, neste altar que é o texto. É assim mesmo, nada que saia de mim, estes versos, estas idéias, a poesia, esta grande colcha tecida com palavras, nada disso é mais meu, é tudo teu, tua propriedade para agora e para todo o sempre.

Não escrevo mais como terapia caseira.

Não escrevo mais para satisfazer as minhas vaidades pessoais.

Escrever agora é um convite para ti, para que venhas dançar comigo minha filosofia, minha poesia, minhas idéias. O pensamento é uma música necessária para quem escreve, para quem lê, então, peço apenas que minhas canções cheguem elas, todas elas, à você.

O fundamental é que ainda amo escrever, ainda mais que antes, e os novos motivos são mais nobres e todos eles apontam para você. E, não te confesso isso para render tua simpatia através de uma chantagem branca sintetizada no texto. Escrever é sangrar, dizia Lispector, e pelas fendas deste meu corpo abstrato verte o sangue da minha verdade.

Pode ser que gostes do que escrevo, enfim.

Pode ser que não gostes, é sempre um risco a correr.

Ficarei feliz em saber que a canção que toco tenha chegado ao seu coração e que tuas mãos estejam manchadas com este meu sangue.

Entendas, definitivamente, não escrevo mesmo mais para mim...

... Escrevo para você!!!



Imagem disponível em: http://www.seankernan.com/images/new/written_hand.jpg
Escrita em 25/01/2009, 4h46min.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

QUANDO CAI O PÔR-DO-SOL



....E caiu o pôr-do-sol!
Ele vinha lentamente
Indo de encontro ao
Próprio adormecer.
Eu ali,
Ao seu lado,
Pedia com os olhos
Para que o sol parasse
Em seu ápice,
Que os minutos não
Mais corressem,
E o mundo então
Girasse a nossa volta!
Queria ficar ali,
Abraçado contigo
Para sempre,
E a realidade
Seria diferente:

Deliciosamente, diferente!!!





Imagem disponível em: http://farm2.static.flickr.com/1244/756043243_6e2af40d47.jpg
FRAGMENTOS DO DIÁRIO NUNCA ESCRITO POR MIM


Tudo o que tenha feito ou dito antes serve apenas para derrubar as barreiras e levantar a cancela desta ponte de sinceridades que nos unirá por estes instantes.
Eu lhes agradeço com gratidão transbordando na alma e no coração, por tudo o que fizeram por minha mamãe!
Não agradeço pelo pedaço de chão que ofertaram a ela!
Não agradeço pelo teto que colocaram sob a sua linda cabecinha!
Oh! Isto é importante, não menosprezo, louvo com entusiasmo até, mas o que é realmente importante é o que está por de trás destes atos latentes - é por isto que canto louvores.
Agradeço-vos-lhe, isto sim, e por toda a minha vida, pelo confortável pedacinho de coração, vossos corações, onde alojaram minha mãezinha, meu amor, minha vida!!!
Deus os abençoe por isso! Aprendi a amar vocês!!!


(Dedicado a Sr Djalma e Dona Lúcia, Maringá-Pr – Menção especial a Dona Amélia, Maringá – PR)

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

NOITE DE AMOR



NOITE DE AMOR


E as peças foram caindo
E você pouco a pouco
Se mostrando,
Nosso desejo aumentando,
Uma vontade louca,
De buscar prazer!


Nossos corpos na cama,
Nossas línguas se tocando,
Cada vez mais fundo
Penetrando,
Sentindo o verdadeiro gosto
De cada ser.


E vieram os gemidos,
Bocas sussurrando,
Palavras voando
Uma explosão de orgasmo,
Mais...mais...se ter!!!


Por fim: eu e você!
Juntos se abraçando
Nossas energias recuperando,
Na doce espera,
De mais uma madrugada.
De amor e prazer!!!!



Imagem disponível em http://faraway.blogs.sapo.pt/arquivo/aoluarmoldura1.jpg
Nos próximos dias estarei publicando uma série de poesias de minha autoria, todas elas escritas a algum tempo atrás, em fases distintas da minha vida. De certa forma, faço isso para relembrar como eu fui e como sou hoje, para entender os caminhos que percorri que me trouxeram até o que sou hoje. Gosto da fase que é representada pela poesia CAVALGAR, ainda que tenha apreço pela categoria de poemas que se personificam através da publicação de SE FORES PARA ME ESCREVER... Uma mais inocente, outra mais picante, mas ambas sendo os dois lados de uma mesma moeda: EU!
POrque somos mesmo assim, uma dicotomia, uma ambiguidade, sagrado e profano, anjo e demônio, inocência e devassidão, tudo habitando o mesmo corpo, simplesmente aguardando o momento certo para eclodir.
Não gosto e nunca quis mascarar minha personalidade, e ninguém devia fazer isso. Somos todos muito belos para ficar nos escondendo atras de regras e conceitos sociais impostos pelos outros. Existirá sempre alguém que saberá nos apreciar belo como realmente somos, porque fomos feitos para alguém que está aí fora nos esperando.
Não se engane, nem eu, nem vocês mesmos, de que não tenhamos defeitos - temos, e muitos! E isto não atenta contra nós próprios. Somos humanos e por sermos humanos, os erros vêm com a gente. Então, não serão eles que nos diminuirão, o que nos reduzirá será a forma como nós lidamos com eles. Se o encararmos e tentarmos domá-los (assim como nossa personalidade) estaremos sendo bons e nos fazendo melhores. Contudo, se, ao contrário, nos deixarmos levar por nossas falhas e pelas variações negativas de nossa personalidade, certamente, o caminho que isto nos conduzirá será igualmente imperfeito - a nossa estrada, somos nós mesmo que construímos.
Convido-os então para esta viagem lírica ao meu passado de poesia, um tempo em que elas estavam mais presentes em mim... Hoje em dia, praticamente não escrevo mais poesia, elas fugiram para um lugar, estão em exílio em outro universo que não mais me pertence.
Um beijo em vossos corações!

CAVALGAR



Cavalgar,
Cavalgar enquanto há tempo,
Manter-me firme no lombo,
Segurar-me às crinas e...
Cavalgar!
O animal vai de encontro
Ao vento,
Solto e livre pela pradaria.
Não sou eu que o conduz,
É ele quem me guia,
Tudo o quero
É cavalgar...
Cavalgar enquanto há tempo!
Gosto de vencer as encostas,
Atravessar grandes rios,
Galgar pela relva verdejante,
É assim que sou feliz,
É assim que mais me amo!
Só o que quero é cavalgar,
Cavalgar enquanto há tempo!
Enquanto os cascos
Batem firme o solo duro
O vento sopra os meus cabelos,
E eu sorrio...
Sorrio para o infinito horizonte e,
Atiro-me a ele,
Abraçando-o sem pestanejar.
Não sei onde vamos parar,
Mas o que importa?
Só o que quero é cavalgar,
Cavalgar enquanto há tempo!



Imagem disponível em: http://durona.hi5.com/friend/146819297--Jane--Profile-html

domingo, 18 de janeiro de 2009

SE FORES PARA ME ESCREVER...



Quando puderes, e somente quando puderes,
Senta-te em frente ao teu micro, enfim,
Digites meia dúzia de palavras ao meu respeito,
E as mande para mim....para mim....

Pois aguardo suas palavras como a flor aguarda a abelha,
Como a noite que é vencida por Aurora, a deusa da Alvorada,
Como o amante à espera do ultimo beijo da amada.
Como o sedento que aguarda o copo da fresca água.

Contudo, não deves faze-lo para me agradar...
Deves fazê-lo por querer fazê-lo e por que este ato,
O ato de me escrever, simplesmente, tão somente,
Traga-lhe alegria e felicidade intimamente.

Pois não quero nada contigo que seja superficial,
Não fomos feitos para amabilidades insanas,
Convenções sociais tolas e estúpidas.
O relacionar pelo relacionar, aparências cretinas.

Fomos feitos ambos para a verdade e para o amor.
Fomos feitos e moldados no inicio dos tempos,
Quando a noite encobria o cosmos,
Quando o Olimpo era uma mera fagulha
Na consciência de Zeus, o Senhor de todos os gregos.

Então, se lhe deres prazer, me escreva,
Lerei cada palavra fazendo amor com ela,
Sem importar as emoções que sentirei.
O fundamental, percebas, é que contigo estarei,

Contigo estarei....
Contigo estarei....
Contigo estarei....


... em tudo aquilo que me escreveres!



quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

UM HOMEM INTELIGENTE


Andava pela rua absorto da vida, os pensamentos desligados, os sentimentos em estranha letargia, MP3 no ouvido tocando R.E.M.. Foi, quando de uma curva da esquina ele surgiu, os cabelos bastante ralos, a barba espessa, pedalando com algum vigor. Ele me olhou por um instante, e seu olhar não demonstrou o brilho do reconhecimento. Viu-me como se visse um qualquer, um transeunte, alguém dessa multidão de pessoas que atravessam nosso caminho um dia e desaparecem no tempo, na distância e de nossa lembrança. Apenas mais um para não ser lembrado, sem importância...
Lembrei-me dele. Quando numa época distante encontrávamo-nos em uma locadora de filmes e por alguns momentos, discorríamos sobre clássicos, sobretudo acerca Hitchcock que sempre fora nosso preferido. O debate girava em torno da qualidade dos roteiros, da tecnicidade presente em seus filmes, em como todos os clássicos tinham mais inteligência em sua confecção do que os filmes atuais, que se preocupam mais com fotografia, efeitos especiais e trilha sonora. Não raro, havia dias que o assunto adentrava a seara da literatura, e aí, entravam neste palco Dostoievsky, Flaubert, Tolkien, entre tantos outros.
Chamava-me a atenção sua inteligência ligeira e audaz, que se aliava a uma opinião corajosa e sempre transparente. Isto o transformava num ser polêmico e, pelo que sabia, não tinha muitos amigos. A inteligência, dependendo o lugar geográfico onde ela brota, condena a pessoa ao ostracismo social, à solidão. Ele era um desses párias, amaldiçoado com uma perspicácia rara, vivia trafegando pelas ruas em sua bicicleta, arrastando uma astúcia preciosa que o transformava num fantasma para todos os outros. Aprendi a admirá-lo e sei, intimamente, que ele a mim.
Mas, isso passou, como todas as coisas passam um dia na vida. Eu parti, ele se foi, a vida se fez diferente para nós dois. E, neste dia, quando de assalto, o abordei, as memórias vieram a mim e fiquei feliz por vê-lo. Sinceramente, não sei se ele me reconheceu e se o fez, não entenderei jamais o motivo pelo qual não me cumprimentou. Talvez, estivesse com pressa, entediado, cansado, com fome, enfim, são uma centena de motivos que poderiam explicar o seu olhar indiferente para mim, sem que nenhum o justificasse com virtude. Nada disso importa, eu perdôo esse homem que ele se tornou quando o comparo com o colega que ele me foi um dia. Sob esta interseção da memória, consigo nesse rápido julgamento, defendê-lo de todas as acusações que sua atitude pouca educada deixou-me latente.
Mas, a verdade é que ele enveredou pelo tenebroso caminho das drogas e, provavelmente, muitos daqueles fantásticos neurônios que possuía morreram sufocados pela fumaça dos muitos baseados que deve ter fumado. Soube disso, por intermédio de um colega comum, que um dia o apontou como um cara inteligente e esquisito; e, hoje, lança seu dedo para defini-lo como um “noiado”.
Não me permito quaisquer considerações sobre o caminho que o colega tomou. As pessoas são o que são e, às vezes, determinadas situações nos leva para caminhos que nunca desejávamos para nós mesmos. Todos somos fracos. Todos somos fortes. Depende a situação que se nos apresenta e em como as contingências nos encontra. Preferia, na verdade, que este meu colega tivesse sido menos inteligente e muito mais sábio. Certamente, o que a sua maravilhosa inteligência não o conseguiu libertar, a sabedoria, ainda que em pequenas doses, o livraria. A sabedoria ainda é o mais belo entre todos os caminhos!

Foto: www.olhares.com

sábado, 10 de janeiro de 2009

FRAGMENTOS DO DIÁRIO NUNCA ESCRITO POR MIM

Aprendi a controlar as decepções profundas que me dá quando não te tenho quando te queria ter...

Aprendi a controlar, ainda mais, a efusiva alegria que me toma quando te tenho quando não te esperava ter...

Ainda que deteste transitar pelas extremidades deste relacionamento, ir da decepção profunda à alegria absoluta, sei que tenho de aprender a conviver com isso, pois isso, é o que podes oferecer!

Amar-te não é querer-te do jeito que eu te quero, e sim, aceitá-la do jeito que sabes e podes se doar e amar...

ORAÇÃO DO BOM COLEGA DE TRABALHO


Senhor, meu Pai querido do céu,
Eu sou fraco e mortal e sozinho
Não sou nada do que penso ser!
Então, dê-me forças e bom humor
Para começar bem o meu dia.
Que eu chegue sempre cedo ao trabalho,
E substitua com alegria meus colegas de serviço.
Que esteja atento para minhas obrigações,
Que não seja omisso em minhas responsabilidades.
Que eu tenha a energia para enfrentar tudo
O que houver para ser enfrentado.
Senhor, alimente meu senso de justiça,
E encha meu ser de sabedoria
Para que eu saiba tomar as melhores decisões.
Dê-me a capacidade para decidir e
A coragem de assumir as responsabilidades.
Preencha meus olhos e o coração
com amor para dedicá-lo aos meus colegas,
E aqueles aos quais me relaciono no trabalho.
Que meus colegas não sejam os outros apenas,
Que eu os veja como extensão de mim,
Como verdadeiros irmãos!
Que suas necessidades sejam minhas necessidades,
E que eu tenha sempre uma mão estendida
Para ajudar aqueles que tropeçarem pelo caminho.
Dê-me forças, Pai Celeste, dê-me forças
Para que minhas fraquezas
Eu consigo por mim próprio satisfazê-las.
Não quero ser pesado para ninguém!
Faça-me mais bondoso, paciente, compreensivo,
Generoso, dê-me alegria para trabalhar
E que o trabalho seja minha alegria.
Inculca em minha vontade o desejo da excelência,
Excelência nos procedimentos,
Excelência no comportamento,
Excelência na qualidade do meu trabalho.
Senhor, que eu tenha a capacidade de elogiar
As boas ações e o bom trabalho que o colega tenha feito.
Que minha boca se abra apenar para edificar
E que a maledicência minha e dos outros
Estejam sufocadas para não fermentar fofocas e intrigas.
Que o resultado de minhas tarefas seja uma benção
Para mim, meus companheiros,
E engrandeça a instituição que eu trabalhe.
E que minha pessoa e meu proceder glorifiquem seu nome.

Amém!



Foto: www.olhares.com

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

O bebê

E não é que o sujeito despertou pela manhã, bem cedinho, nove horas da madrugada e ao seu lado, estava deitado tranqüilo e sorridente, um bebê.... Um bebê.... Ao seu lado, naquele quarto escuro, situado no décimo oitavo andar do Edifício Kafka. Tentou entender a situação. Todas as janelas trancadas, as portas hermeticamente fechadas. Ninguém em casa, afinal, como devia de ser, morava sozinho já há alguns anos. Como aquele bebe fora parar ali, em sua cama. Procurou em sua roupinha alguma pista, e nada encontrou, nem roupa, nem pista. Que pista, afinal? O guri, repentinamente, como se houvessem ligado um botão, abriu a boca no mundo e começou a chorar. Ele cochichou no ouvido do petiz, pediu calma. Pareceu piorar. Pegou um resto de batata frita que restava em um pacote encima do criado mudo (desejou que o criado não fosse mudo para lhe aconselhar alguma coisa! Para que servem criados mudos?) e ofereceu ao nenê. Nada. Não quis. O choro aumentou de volume. Ligou uma música. Tocou, Raimundos. O garoto chorou mais alto. Axé music. Mais alto. Pagode. Mais alto. Soltou fank music, e piorou de vez o “choreiro”. Desligou o rádio, percebeu que o bebê além de chato, tinha péssimo gosto musical. Pegou um copo de água, e estendeu frente ao guri. Ele não o pegou. Desajeitadamente, pegou o bebê e tentou enfiar o liquido goela abaixo. Viu que não gostou. Não recriminou-o, pensou. Água para mim, considerou, só em último caso.
Pegou o nenê no colo, ele parou de chorar tal qual tinha começado. Envaideceu-se. Seu colo era mesmo irresistível, confessou com seus botões. As meninas adoram, jactou-se. Não sabia o nome do guri, resolveu chama-lo de K. Isto em homenagem a primeira palavra que lhe veio na cabeça quando o viu pela manhã.
K sorria-lhe. Ele próprio estava mal-humorado. O que fazer com aquele pedaço de gente em seu apartamento. E logo hoje que iria com uma turma para uma boca livre. De onde você veio, perguntava-se sem encontrar nenhuma resposta convincente e que não lhe parecesse maluca.
Em um momento, pensou ser chacota dos amigos. Mas ninguém tinha a chave de seu apartamento e o zelador, já havia ligado para ele, disse que não havia emprestado a chave dele para ninguém. Não era habito dele. Descartada esta hipótese, achou-se num desses programas tolos de televisão que fazem câmera escondida e babaquices do gênero. Tirou um sorriso bonito da cartola, penteou o cabelo e esperou a entrada do apresentador. Meia hora depois, desistiu desta suposição, chateado pela perca da notoriedade súbita e acidental.
Improvisou uma mamadeira com uns instrumentos quaisquer que é melhor não mencionar e deu leite de vaca para a criança que, sem entender, tinha aparecido um litro na geladeira. Nem sabia que leite de vaca era branco, sempre achava que era verde, por causa do pasto. Enfim...Nem ligou.... depois de aparecer um bebe do nada, leite de vaca era algo irrisório perto deste mistério.
Deitou-se novamente com o guri ao seu lado que, por seu lado, pequeno lado, já ressonava pesado, como se fora gente grande. Enraivecido e assustado em meio a esta situação estapafúrdia, acabou adormecendo, dizendo que assim que acordasse, iria entregar o guri ao Conselho Tutelar. Eles que resolvessem a parada.
Dormiu a tarde inteira, a noite inteira.
Acordou no dia seguinte, assustado. O bebê. O bebê. Olhou para onde o havia deixado. Nada. Somente o vazio. Correu os olhos pelo quarto, andou pelo apartamento, abriu a porta, ganhou o corredor, nada... nada do guri.... sumiu!!! Ligou para o Zelador. Perguntou do bebê. Ele disse que não sabia nada de bebe e ainda recomendou que parasse de beber. Andava com perguntas e jeito estranho. O bebê? O bebê? Onde estava o bebê? Quis ficar feliz... não conseguiu..... Flagrou-se com uma lágrima correndo pelo canto dos olhos. Chorava com saudades do bebê. Do bebê... Mas que bebê? De quem era o bebê? Não sabia. Chorava com saudades do bebê.....

Dez coisas que levei anos para aprender...

por Luis Fernando Veríssimo

1. Uma pessoa que é boa com você, mas grosseira com o garçom ou empregado, não pode ser uma boa pessoa.(Esta é muito importante. Preste atenção, nunca falha).

2. As pessoas que querem compartilhar as visões religiosas delas com você, quase nunca querem que você compartilhe as suas com elas.(Está cheio de gente querendo te converter!).

3. Ninguém liga se você não sabe dançar. Levante e dance.(Na maioria das vezes quem está te olhando também não sabe! Tá valendo!).

4. A força mais destrutiva do universo é a fofoca.(Deus deu 24 horas em cada dia para cada um cuidar da sua vida e tem gente que insiste em fazer hora-extra!).

5. Não confunda sua carreira com sua vida.(Aprenda a fazer escolhas!).

6. Jamais, sob quaisquer circunstâncias, tome um remédio para dormir e um laxante na mesma noite.(Quem escreveu deve ter conhecimento de causa!).

7. Se você tivesse que identificar, em uma palavra, a razão pela qual a raça humana ainda não atingiu (e nunca atingirá) todo o seu potencial, essa palavra seria 'reuniões'.
(Onde ninguém se entende... Com exceção das reuniões que acontecem nos botecos...)


8. Há uma linha muito tênue entre 'hobby' e 'doença mental'. (Ouvir música é hobby... No volume máximo às sete da manhã pode ser doença mental!).

9. Seus amigos de verdade amam você de qualquer jeito. (Que bom!)

10. Lembre-se: nem sempre os profissionais são os melhores. Um amador construiu a Arca. Um grande grupo de profissionais construiu o Titanic.(É verdade!).

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Durante um tempo,

escrevi muito poesia...
Hoje não consigo mais!
Não me pergunte os motivos,
Nem mesmo eu os sei!

Sinto saudades delas todas,
Das poesias que me visitavam constantemente.
Enquanto estive com elas,
Na ponta da caneta,
nos olhos,
na consciência

e no coração,
fui uma pessoa melhor!!!


Sinto saudades delas todas.....
de fazer poesia como um menino fazia travessuras!

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

O EREMITA URBANO



Eu sumi dos jornais.
Dificilmente me verão andando pelas ruas de Fátima.
Mesmo na virtualidade visito alguns poucos points que
Meus prazeres mais intrínsecos e originais
Não me deixam esquecê-los,
Não me deixam abandoná-los.
Virei um eremita, um eremita urbano.
Recluso.
Esquecido.
Abandonado por si e por todos os outros.
Prisioneiro dentro de uma ostra,
Uma ostra de... deixa para lá.
Se quero sorrir, me engano em viagens,
Umas viagens ao passado
Com baldeações em épocas específicas de minha vida.
Reminiscências são meu ópio.
A verdade é que sumi da vida.
Não me enxergarão onde houver sorrisos.
Gargalhadas soam-me um som estranho.
Sou este eremita bizarro,
Entretido em meditações pífias e mesquinhas,
Entretido em lamber as próprias feridas.
Se olho no espelho, fecho os olhos.
Não me enche de sabor a boca e o coração
Olhar meu próprio rosto.
Estou envergonhando... a mim mesmo!
Eu sumi do palco das decisões
Eis a verdade que não se cala
E me acusa o tempo inteiro.
As decisões exigem novos caminhos
E novos caminhos trazem suas conseqüências.
Acreditem, não tenho medo dos novos caminhos,
Minha história está cheio deles.
Sei como sobreviver neles e a eles.
Meu medo não são minhas próprias lágrimas.
Meu medo é ver as lágrimas dos inocentes
Pela força de minhas decisões.
Então....
... Deixem sorrir os inocentes,
Eu choro tudo o que se há para chorar por eles!
Enquanto isso...
Eu sumo do amor e da felicidade
Para esconder-me dentro de mim mesmo!



FOTO: olhares.com