domingo, 14 de junho de 2020

AO APAGAR DAS LUZES...



para Drúcila Reis Mendes

Quando se silenciam todos os gritos,
Quando se apagam todas as luzes
Das arenas de todos os amores.
Quando todas as declarações de amor
Retornam para as gavetas dos
Criados dos quartos dos amantes,
É nesse momento, meu amor,
É nesse momento que eu surjo
Dos bastidores de toda a empolgação.
Todos eles já desceram dos palcos,
A poeira já começa a se ajuntar
Em cima dos tablados.
Eu surjo quietinho,
Não gosto dos alardes intempestivos
Das datas ditatoriais.
Eu gosto é da surpresa,
Da epifania que se desgarra
do cinza cotidiano.
Saio do frio do ostracismo,
Movido pelo calor do sol
De meu amor por você.
Esse amor que me aquece todos os dias.
Que me dá vida todos os dias.
Que me ilumina todos os dias.
Quando enfim, ele se levanta,
Numa eterna aurora que nunca se finda,
Impulsiona-me a vir até você
E dizer que te amo,
Dentro dum momento que não se encerra,
Um momento que se enclausura dentro
De um casulo de sentimento,
E o que eclode nessa metamorfose
Não é mais o instante,
É a longa eternidade.
É assim que eu gosto de aparecer,
Fora da sazonalidade dos “Eu te amo”.
Quando se cala a multidão de amantes,
Surge a minha voz dentre esse silêncio
Que se instala para te confessar:
Eu te amo!
O palco agora é todo meu,
Unicamente meu,
E meu sentimento,
Oh, meu mais que amor!
Ele é unicamente teu!

segunda-feira, 1 de junho de 2020

CARTA PARA O FILHO QUE AINDA NÃO CHEGOU...


dedicada ao filho do amigo Sotolani
Meu querido filho!
Papai sempre pensou que conhecia o sentido da vida,
Que o passar dos dias estivessem dentro de uma
Normalidade e encaixadas de forma racional.
Acreditei um dia, meu filho, que conhecia a felicidade.
Pensei que as minhas gargalhadas eram expressão
Dessa alegria esfuziante que nascia do convívio
Com amigos e demais pessoas.
Ah, meu filho lindo! Papai pensou tantas coisas,
Colocou sua melhor fé em coisas que hoje
Cheiram e soam pagãs.
Não as desprezo,
Todas as coisas me trouxeram até aqui
E de alguma forma elas me fizeram o que sou.
E o que sou me ensina que posso melhorar
No novo dia que Deus me dá.
Essa é a intenção mais nobre do meu coração, meu filho!
Ser melhor no novo dia que está para nascer.
Não há qualquer porção de orgulho e arrogância nisso.
Enxergue isso como humildade,
Essa qualidade nos faz mais nobres.
Quero ser melhor não para minha própria exaltação,
Estou imune a esses pensamentos e a essa perspectiva.
Quero ser melhor primeiro para Deus, nosso Pai,
E depois para você, meu filho.
Quero que tu vejas em mim um norte,
Uma bússola,
Um exemplo.
Quero ser um espelho do que Deus espera de mim,
E que tu ao se veres neste espelho,
Enxergue a tua própria imagem e vida, meu filho.
Estou tão feliz hoje, Victor!
Voce ainda não chegou e já me ensinou tanto.
Me mostrou o sentido da vida,
Tua vida é um milagre,
E esse milagre me mostrou Deus,
E Deus me deu você.
Te amo tanto, não conhecia essa forma de amar,
Nem sabia que dentro de um coração coubesse tanto amor.
Fique em paz, filho!
Estejas quietinho e sossegado no colo de tua mãe.
Não tenhas medo aqui de fora!
Papai estará sempre aqui... ao teu lado...
Se houver lagrimas, eu as enxugarei...
Se houver sorrisos, sorriremos juntos...
Tua primeira queda será em meu abraço
E do meu abraço jamais se livrará.
Eu te amo, Victor!
Te espero como as flores esperam a abelha,
Como o alvorecer que só se faz com o sol,
Como a terra anseia beber a chuva.
Venha, filho! Venha...
Nada mais faz sentido sem você aqui.
Papai te ama muito!
Venha, filho! Venha!
E que Deus abençoe toda a sua vida!