domingo, 14 de junho de 2020

AO APAGAR DAS LUZES...



para Drúcila Reis Mendes

Quando se silenciam todos os gritos,
Quando se apagam todas as luzes
Das arenas de todos os amores.
Quando todas as declarações de amor
Retornam para as gavetas dos
Criados dos quartos dos amantes,
É nesse momento, meu amor,
É nesse momento que eu surjo
Dos bastidores de toda a empolgação.
Todos eles já desceram dos palcos,
A poeira já começa a se ajuntar
Em cima dos tablados.
Eu surjo quietinho,
Não gosto dos alardes intempestivos
Das datas ditatoriais.
Eu gosto é da surpresa,
Da epifania que se desgarra
do cinza cotidiano.
Saio do frio do ostracismo,
Movido pelo calor do sol
De meu amor por você.
Esse amor que me aquece todos os dias.
Que me dá vida todos os dias.
Que me ilumina todos os dias.
Quando enfim, ele se levanta,
Numa eterna aurora que nunca se finda,
Impulsiona-me a vir até você
E dizer que te amo,
Dentro dum momento que não se encerra,
Um momento que se enclausura dentro
De um casulo de sentimento,
E o que eclode nessa metamorfose
Não é mais o instante,
É a longa eternidade.
É assim que eu gosto de aparecer,
Fora da sazonalidade dos “Eu te amo”.
Quando se cala a multidão de amantes,
Surge a minha voz dentre esse silêncio
Que se instala para te confessar:
Eu te amo!
O palco agora é todo meu,
Unicamente meu,
E meu sentimento,
Oh, meu mais que amor!
Ele é unicamente teu!

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