quinta-feira, 7 de maio de 2009

POESIA DE RABINDRANAT TAGORE


Não! Não cabe a ti abrir os botões e fazê-los desabrochar! Podes balançar o botão e até bater nele... Está além de teu poder fazê-lo florescer! O teu toque apenas murcha e rasga as tuas pétalas. Fazendo-as cair em pedaços no chão. E então nenhuma cor se revela, e nenhum perfume se faz sentir.

Sim, não cabe a ti abrir o botão e fazê-lo desabrochar...

Aquele que pode abrir o botão realiza a sua tarefa de modo tão simples! Ele olha-o de relance, e a seiva da vida corre-lhe nas veias; ao seu sopro a flor abre as suas asas e esvoaça ao sabor do vento; e então as cores despontam na flor como anseios do coração, e o seu perfume trai um suave segredo.

Aquele que pode abrir o botão realiza a sua tarefa de modo tão simples...

Rabindranat Tagore (1991, p.19), do livro A Colheita, Edições Paulinas

Um comentário:

Regina disse...

"Algum dia encontrarei a Vida que pulsa dentro de mim, a alegria que se esconde em minha vida, embora os dias confundam o meu caminho com a sua poeira ociosa.

Eu conheci a Vida em alguns vislumbres, e o seu vacilante sopro chegou até mim, perfumando por um instante os meus pensamentos.

Algum dia encontrarei fora de mim a Alegria que mora por trás do véu da luz. Então eu me levantarei na solidão transbordante, onde todas as coisas são vistas como o seu Criador as vê."

(R. Tagore)