sábado, 9 de fevereiro de 2008

Tive um sonho estranho esta noite,
Veio-me com face de pesadelo!
Sonhei que me tornava um alcagüete!
Sonhei que entregava todas as pessoas e todas as coisas
E ia mais além: entregava a mim mesmo!
Denunciava sob um sol escaldante
Todos os meus pecados, minhas omissões.
Entregava numa bandeja prateada meus pensamentos,
Revelava meus temores e desejos mais profundos!
As pessoas ouviam-me com seus olhos esbugalhados,
Algumas delas sorriam zombeteiramente tentando
Conter a satisfação de ver o ídolo quebrado.
A maioria delas, apontavam-me seus dedos acusadores
E gritavam para a brisa fresca que soprava para o Norte:
“Viram! Viram! Ele não é perfeito!”
Eu sempre soube que não era perfeito,
Apesar de ter feito esta busca meu modelo de vida.
Não adiantava dizer isso para as pessoas
Elas numa grande roda dançavam e cantavam,
Enquanto que ao centro minha vergonha era exaltada.
Tudo o que dissera ganhará o fermento da maledicência
E esse gigante me sorria debochado
E me acusava de coisas que já não eram minhas.
Acordei assustado, suado, ainda que uma brisa fresca
Sussurrasse uma canção em meu corpo seminu.
A alvorada chegou para pacificar os furores da noite,
Saí para as ruas e para as pessoas,
Na boca, um cadeado invisível mantinha minha
Língua “cagüeta” enclausurada....

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