quinta-feira, 18 de junho de 2009

SOB OS PASSOS DAS MARITACAS


Tenho orado ultimamente, mais do que normalmente o faço. Não tenho buscado ouro ou pedras preciosas, não anseio um título de nobreza e nem tenho requisitado grandes viagens ou aventuras diversas. Atualmente o que me interessa é somente os fundamentos de uma vida sossegada.

Não sonho mais com ousadia, a humildade severa tomou de assalto até mesmo os meus desejos mais recatados. Há muito que não exalo suspiros poéticos pela vida e há muito a vida me tem somente dado cumprimentos protocolares de cordialidade e me oferecido a vassoura da sobrevivência como ferramenta de trabalho cotidiano.

E quando nas madrugadas, a brisa que beija meu corpo seminu vem me sugerir carícias e pensamentos, estou comigo mesmo, abraçando minha condição de poeta fracassado (os poetas que não sonham são todos fracassados!) e escuto, sobre minha cabeça, no forro da casa, o andar pausado de um casal de maritacas.

O som dos seus passos transformam-se numa tortura psicológica, a trilha sonora de dias marcados com o signo da solidão. É isto que as Maritacas me lembram, que estou sozinho, sem sonhos e nem mesmo as lágrimas carregam o sabor da novidade, choro o mesmo choro de ontem, a mesma dor me sangra, lambo feridas que não se fecham e que são, diariamente, reabertas e expostas aos abutres.

De alguma forma, eu me perdi na monotonia dos segundos dias, quando os sorrisos ainda eram brilhantes, mas já exigiam maiores esforços para serem deflagrados. Me perdi por acreditar que era perfeito, que era insubstituível, que possuía a força e a sabedoria necessárias para vencer as intempéries que o destino lançou com generosas mãos sob minha existência pacata.

Alguém me disse que as orações que chegam primeiro ao seu destino são aquelas aos quais são feitas ao outro, elas são as mais nobres. Não sou mais nobre nem mesmo ao rezar porque rezo por mim mesmo, rezo para me encontrar, por uma saída de emergência destes dias estéreis.

Rezo para perdoar o que houver para ser perdoado.

Para que todas as brigas e maledicências sejam sepultadas numa cova funda e aspergidas com o cal do esquecimento.

Rezo para que a vida continue e que novos sonhos nasçam, para você, para mim... para todos nós!!!

7 comentários:

Maria das Graças disse...

Gilberto que bom que você deixa a porta entre-aberta pra os seus sonhos e os nossos também.

Belo quando você diz: que reza para que a vida continue e que novos sonhos nasçam para você, para mim...para todos nós!!!

Que assim seja. Amém.

Um grande abraço.

Anônimo disse...

"Orarás a Ele, e Ele te ouvirá"
Jó22;27
Mas não se esqueça meu doce amigo, o tempo da graça é Ele quem determina.
Bjs e muito obrigada por todo carinho!

Gabriel Von Borell disse...

Oações são sempre bem-vindas !

Abraços .

Cris França disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Cris França disse...

Gil,

Que haja bálsamo para as tuas dores.

Cris

G I L B E R T O disse...

Em tempo e para quem interessar possa... (risos)

Registra-se que este texto já tem algum tempo e as Maritácas já foram embora do forro... NO outro ano, quando voltaram, pois elas sempre voltam, as Maritacas não trocam de parceiro e sempre privilegiam o mesmo lugar em que deram cria, o problema do forro já estava resolvido e as vi rondando o quintal e depois, baterem suas asas fortemente, levantarem voo e partirem em busca de um lugar novo para desovar...

Estava livre das Maritacas... das Maritacas!

Elas nunca mais voltaram...

Cris França disse...

Olha Gil, rs
eu não ia escrever não...
aliás escrevi e removi...rs

Porque vi os comentários, todos tão sérios, e me constrangi...

Mas, já que você deu uma brecha
vou ser eu mesma e comentar o ia comentar antes...rs

Maritacas no forro????
Quem dorme???? rs
Deus me livre...rs

Feliz que elas se foram...feliz em aprender sobre Maritacas...rs

Beijo Grande