domingo, 14 de junho de 2009

MEDITAÇÕES DE POETA


... e houve mesmo uma época que costumava sonhar mil aventuras malucas, as mais estranhas, incríveis e mesmo, estúpidas aventuras que jamais existiram. Eu era o herói em todas elas. E era eu o vilão, o mais cruel vilão, ou mesmo ainda um nada, uma personagem escondida no fundo da cena.
Eu já fui um romântico um dia. Escrevi mil poemas de amor. Dez mil talvez. Amei a muitas mulheres e todas elas me amaram, ainda que nosso amor não tenha seguido em frente.... É que minhas personagens femininas sempre foram muito rebeldes e vaidosas. Elas nunca quiseram se entregar totalmente a um herói sonhador.... Mais sonhador que herói.
Penso que deveria ter sido mais rigoroso. Afinal, era eu quem conduzia a caneta, quem comandava os sonhos. Era eu quem destruía os ditadores e vencia todas as guerras. Era eu quem salvava donzelas indefesas de horrendas quimeras. Eu podia fazer tudo. Contudo, eu não conseguia ditar a vontade de minhas personagens femininas, elas sempre foram de temperamento forte, tinham vontade própria e seus anseios, ao final, sempre prevaleceram. Condescendência! Será este o nome de meu erro?
Mas isso não me incomoda mais... Ainda que algumas personagens femininas se foram, outras sempre houveram para ocupar seu lugar. O que me faz falta realmente, são os sonhos e as fantasias daquela época intensa. Na verdade, evito pensar muito na magia daqueles tempos. Faz-me mal. Aqueles eram tempos coloridos, vivos, marcantes. Nada precisava, a fantasia era tudo. Era uma criança em forma de adulto.
Não sei precisar o momento exato em que cresci.
Não sei dizer o dia e a hora marcada em que meus sonhos (todos eles!) se foram.
Para esta coisa o tempo de nada importa.
De que me valeria saber se faz um minuto ou uma década que tudo se foi, se perdeu? E para onde foram todos os meus sonhos?
Para estas coisas só existe o vazio. É tudo o que fica. O vácuo que fica de você ser um adulto cheio de vazio, de não ter sonhos..... Queres infelicidade maior que essa?
Talvez um dia eu consiga voltar a sonhar novamente. Conceber aventuras e maravilhas que me faziam sorrir sozinho. Voltar a ser feliz com as pequenas coisas da vida.
Não sei determinar que idade que terei neste dia em que a magia me visitar novamente. Isso não é relevante. Nisso tudo só há uma certeza: Nesse dia, eu serei novamente uma criança. A criança feliz que fui um dia.... E voltarei a conceber novas estórias... Mergulhar em novos sonhos.... E voltarei a ser feliz novamente!!!

3 comentários:

Anônimo disse...

Todos os dias existe uma vida nova pra viver, novos sonhos pra sonhar e, sim, muita vida pra viver.
beijos da walkyria

Cris França disse...

se engraçado se não fosse triste, me sentir exatamente assim...
um beijo pra vc meu amigo.

Regina disse...

Gilberto,

Tudo vale à pena, quando a alma não é pequena, já dizia o poeta...

Tudo o que um dia vivemos, tudo o que um dia sonhamos, tudo o que um dia sofremos ou rimos... tudo, tudo, vale à pena ou um dia, valeu à pena!

Faz parte da vida, faz parte de nós...

Beijo!