para DRÚCILA REIS
Tudo era devagar na rodoviária da pequena cidade do interior.
Um idoso, a um canto qualquer, lia o jornal que já não era mais do dia, para alguns as novidades ainda podem ser as de ontem. No salão, o barbeiro aguardava paciente o cliente que insistia não chegar. Havia dois guichês de passagens, em um deles, uma garota debruçava-se sobre o balcão sonhando amores de verão que o sábado a noite prometia; no outro, a boca ávida de um homem quebrava as costelas de um pão francês numa bocada voraz. Na lanchonete, tudo morno, exceção ao leite que estava frio, e, até as moscas estavam pousadas preguiçosas de voar.
Não se percebia em minha pessoa frenesi aparente que justificasse essa afirmativa, não se notava em mim movimentação que caracterizasse meu atual estado de estímulo permanente. Os mais atentos, entretanto, se eles houvessem naquele lugar sossegado, perceberiam que tudo em mim era alegria plena, uma ebulição de sentimentos nobres que nasciam direto do meu coração e convergiam para os olhos e pelo corpo inteiro, denunciando no bom humor a felicidade que me era companheira. Tempos bons.
Sorri e quando meu ônibus chegou notei em todos na pequena estação uma movimentação algo nervosa que o coletivo instigava. Subi nele e parti e, quando já saia em busca do meu destino, voltei meus olhos para a velha rodoviária e, de repente, tudo estava normal novamente, dentro da calmaria rotineira do interior, livre dos ventos nervosos das cidades grandes.
Fechei os olhos, recostei-me na poltrona e ganhei a estrada namorando no meu íntimo a minha amada – beijei sua boca, abracei seu corpo e recitei-lhe uma dúzia de poesias improvisadas. Ah! Como é deliciosa essa agitação em meu coração...
Ilustração colhida a esmo pela internet
Um comentário:
Olá, cunhado!
Graças a tua Drúcila, te achei!
Visitarei teu blog de vez em quando!
um abraço.
Regiane
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