quarta-feira, 19 de novembro de 2008

FOLHAS & PENSAMENTOS




Caiu a primeira folha...

Debruçado na janela, perco-me em devaneios múltiplos e desconexos; múltiplos por serem muitos e desconexos por virem em meus pensamentos de forma aleatória sem qualquer arranjo ou organização.
Até mesmo os meus pensamentos andam desorganizados...

Caiu a segunda folha...

Fiquei tentando cantarolar uma música do R.E.M., aquela assombrosa tentativa de tentar cantar em um idioma em que você “não speak english” de jeito nenhum e fica dando uma sonoridade bacana num ajuntamento de palavras, todas elas num esforço notável para se parecerem com vocábulos ingleses. Rídiculo! Fiquei com vontade de tomar um chá das cinco, mas não sabia que ingrediente era esse chamado cinco... têm coisas que somente os ingleses vêem.

Caiu a terceira folha...

Da TV, ouço The Litle Prince assistindo um desenho onde o vilão tem nariz de serra e segura uma bola de aço atirada por um canhão com a boca. Ele se diverte. Fico me questionando o que fizeram com os desenhos clássicos de Hanna-Barbera com aquelas tramas todas inocentes: Scooby-doo Who are You??? Em meio a mais uma explosão, deve ser a décima segunda, se contei direito, a barriga dá uma roncadinha daquelas básicas sugerindo uma viagem à geladeira para dar 155 (código penal:
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: furto) em alguma guloseima. Gravo em minha memória para mais tarde ir no Rambo ver se tem esse tal de chá das cinco para vender...

Caiu a quarta folha...

O que estarão fazendo agora meus amigos virtuais?

Caiu a quinta folha...

Poderia dar uma volta agora... mas, para onde?

Caiu a sexta folha...

O carteiro passa levando alguns pacotes. Fiquei com saudades de receber uma carta de verdade, escrita em folha de caderno e caneta esferográfica. Em tempos de e-mails, blogs e msn’s, essa sacolada de consoantes todas juntas, até mesmo nossas correspondências desfiguraram-se...

Caiu a oitava folha...

Voltei do Rambo... Ele não sabe também o que é chá das cinco. Sugeriu-me ir procurar no Mercado da esquina que lá pode ser que tenha... Será???

Caiu a nona folha...

Amiga minha me ligou e disse-me que adorou o filme que lhe emprestei, italianíssimo, o “Cinema Paradiso”, fiquei admirado, ainda existem pessoas que gostam de um filme de sensibilidade apurada...

Caiu a décima-folha...

Acabei de digitar no blog a cena que colhi da madrugada no Reino dos Cadeados, quando uma coruja predadora atacou um besouro. A cena é simples assim, mas os olhos de poeta e cronista me mostraram além....

Não caem mais folhas...

Penso que elas descobriram que estou aqui a observá-las, querendo dar um tratamento acadêmico a um ato ingênuo. No chão da calçada, tem um punhado delas, quietas, tranqüilas, com aquele ar de que cumpriram a sua missão... Pego uma vassoura, uma pá, varro-as para dentro de uma sacola. O Gari passa e as leva embora.... Olho para a árvore, de pé, da calçada, e, de repente, vejo uma nova folha se descolar e cair lentamente à calçada... sorrio, largo tudo que tenho na mão e volto para meu posto na janela.

Cai outra folha...

Novas folhas, novos pensamentos desconexos...

Nenhum comentário: