Estar com outros e depender dos outros havia tornado-se algo natural em mim.
O trabalho que conseguira fora de minha cidade me obrigava a isso e,na realidade, não me importava. Diariamente, era um exercício de humildade e humildade sempre nos faz bem.
Ficava num pequeno trevo onde os motoristas se viam obrigados a diminuir a velocidade de seus veículos, nesse momento, algum colega me reconhecia e, numa breve troca de olhares, nos entendíamos - a carona estava ganha!!!
O trabalho que conseguira fora de minha cidade me obrigava a isso e,na realidade, não me importava. Diariamente, era um exercício de humildade e humildade sempre nos faz bem.
Ficava num pequeno trevo onde os motoristas se viam obrigados a diminuir a velocidade de seus veículos, nesse momento, algum colega me reconhecia e, numa breve troca de olhares, nos entendíamos - a carona estava ganha!!!
Nessas muitas pequenas viagens, vi muitas coisas, ouvi outras tantas e sempre tirei algumas lições disso. A vida sempre está nos mostrando algo e precisamos estar receptivos aos seus ensinamentos.
Uma vez, quando o sol já bocejava sonolência, em uma das muitas caronas que ganhei naqueles tempos, vi um pequeno cão vira-latas, sentado a beira do caminho. Estava imóvel, como se fora uma estátua. Seu olhar perdia-se num vazio e sua expressão refletia a mais pura tristeza. O carro passou rápido. Toda essa cena me surgiu como um relâmpago. Contudo, a expressão do animal ficou em minha lembrança. Em meus pensamentos, misturados ao ruído estrondoso do motor e a conversa dos demais passageiros, me questionava sobre o motivo da infelicidade do cão. Ah! Mas a vida é urgente e nos faz mais urgentes ainda. Minhas responsabilidades, minha labuta, meu cotidiano me trouxe de volta a realidade. E o tempo passou, e o cãozinho se perdeu na distância e no esquecimento.
No outro dia, quando uma nova carona e um novo amigo me prestavam serviços; passei, novamente, célere pelo local. No acostamento, no mesmo lugar do dia anterior, lá estava o cão: impassível, quieto, morto... De repente, compreendi tudo: a tristeza, seu olhar perdido, sua agonia silenciosa. Então, em algum canto do meu coração, de uma forma suave, imperceptível, uma lágrima desabrochou e rolou pela minha alma. Em meu íntimo chorei... Chorei pelo cãozinho morto, chorei por mim próprio... E por todas as pessoas!!!
4 comentários:
POST SCRIPTUN:
Esta crônica foi uma das primeiras a ser publicada neste blog.
Republico-a em homenagem a ela própria, já que este texto, foi a primeira crônica que escrevi na vida.
Tenho por ele, um grande carinho, e queria dividir isso convosco, meus amigos e amigas!
E depois deste, tivemos a grande sorte de ler outros e mais outros textos de grande sensibilidade e poesia...
Creio que via-se ali, o nascimento de um grande talento... e que continue assim!
Gilberto querido, passei pelos posts anteriores e vi que sua inspiração continua afinada, parabéns!!
Tenha um excelente fim de semana...
Beijos no coração!!
Gil,
Eu já havido lido e foi um prazer reler.
Beijos
Ahh... o melhor de todos os seus textos... e olha que sou suspeito para dizer isso, pois venero, praticamente tudo, que no final vem com a assinatura "Gilberto Mendes"...
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