quinta-feira, 20 de agosto de 2009

JOSÉ NUNCA QUIS IR....


José nunca quis ir de verdade.
Não quis ir quando criança, com o pai quando este largou sua mãe.
Não quis ir quando jovem, quando a juventude corria aos bandos para a capital, atrás de oportunidades e sonhos.
Não quis ir quando adulto, casar com Miriam que desejará com ele construir família e uma vida nova.
José nunca quis ir de verdade...
Ficou lá, toda a vida, na pequena cidade, no pequeno barraco, sentado à janela da pequena vida que ofereceu para si.
Mas um dia, José se foi, a galope, montado num infarto fulminante.
Partiu José, sem mesmo saber que ia.
A morte é sábia, sabia desde sempre que se desse uma chance a José, José não iria.

... Ainda assim, contam alguns que, ao ocaso no velho alpendre do velho barraco, ainda se pode ver José picando fumo para pitar longamente.

É verdade! José nunca quis ir...

5 comentários:

marcelo disse...

PARABENS MUITO LEGAL TEU BLOG!
MUITO BOM MESMO.
UM ABRACO.

Hugo de Oliveira disse...

Belíssimo texto...viu.

abraços


Hugo

Gisa disse...

Na minha infancia tb conheci um "José", só lembro dele pitando o tal fumo nos fundos da casa de meu avô... o melhor era o cheiro que tinha a comida do fogão à lenha.
Não sei se ele queria ir, mas ele esqueceu de dizer adeus.

Cris França disse...

ai o teu José me lembro um Antonio, que nunca quis ir, mas foi indo pela vida até se ir dela. beijos

lis disse...

Muito lindo o texto!
E ele está por ali, fumando, olhando o horizonte... devíamos morrer assim , indo devagar!
Adorei.
Parabéns , cada dia mais inspirado!