Aonde estás, Dona Liberdade?
Porquê, porquê não vens me buscar, logo a mim, que a tanto te aguardo.
Que queres mais de mim, Dona Liberdade?
Não provei que mudei, que corrigi meu erro, que dei minha parcela de sofrimento pela dor que causei.
Pedistes sangue, Dona Liberdade, e te dei meu sangue!
Pedistes honra, e entreguei toda ela no prato raso de minha dignidade.
Não lhe sou mais infiel com qualquer outro desejo, dedico todos eles em corpo e alma a ti, Dona Liberdade.
Meus joelhos calejaram de tanto rezar. Não tenho mais orações para qualquer outro santo que senão tu, sacrifiquei todos os demais puros no altar sangrento de minha esperança.
Meus olhos estão estéreis para todas as lágrimas, já as chorei todas.
Então... Q que queres mais de mim, se já lhe dei tudo o que tinha, tomastes o meu melhor e o comeste cru publicamente à vista de todos. Triste holocausto este meu.
Serão meus erros tão maiores que a minha humanidade que mereça eu ser assim, esquecido por ti?
Não quero seus afagos, nem seu carinho, sei que ainda há uma longa estrada para percorrer para que tenha direito à tua confiança.
Peço-te apenas, sua atenção, estique sua mão, tome a minha, e me leve daqui, me tire deste inferno quadrado e maciço...
Que promessas devo fazer mais?
Ainda assim, repito-as todas, serei bom, produtivo, um bom pai, um bom cidadão, um bom marido, respeitarei-te na rua da mesma forma que te respeito na clausura.
Porque aprendi de todas as formas mais sofridas, Dona Liberdade, que só damos mesmo valor para as coisas quando as perdemos...
Tenho tantas saudades de ti... Tantas saudades!
Tu que sempre me servistes teu mais doce vinho,
Tratando-me sempre como um cavalheiro.
E eu, como resposta, embebedei-me com teu néctar, e te usei da forma mais leviana, como se fosses tu, oh dama formosa, a mais leviana das meretrizes.
Fui tolo, oh dama, fui tolo...
Aonde estás, Dona Liberdade?
Perdoa-me e venhas me buscar....
Eu te aguardo com a fé dos desesperados,
Pronto estou para te dedicar amor e respeito eternos!
Venhas... Venhas, Dona Liberdade! Quero te chamar de minha novamente...
6 comentários:
Oi Gilbertomeuzinho!
Só passei pra te deixar um beijinho!
(Viu, já sei rimar)Rsrsrsrsr
Muitos bjs pra vc.
Quisera eu acreditar que essa crônica fosse verdade no coração de alguns homens, quisera eu...
A crônica linda como sempre.
Um beijo pro cê!
Que linda crônica! A liberdade um tesouro que sempre buscamos. Uma utopia, creio impossível. O homem civilizado tem a liberdade possível. Se é bom ou ruím ser assim não sei.
Amo e tento preservar a liberdade possível.
Embora sua crônica fale de um preso comum, refleti a liberdade ampla do ser humano.
Um grande abraço.
Eu tinha 15 anos...quando pensava que aos 21 iria ter liberdade. Agora aos 23 anos, sei que LIBERDADE será sempre um sonho, que conquistamos aos poucos.
Abraços
Hugo
Gilberto amigo,
Realmente a gente tende a dar o devido valor às coisas, depois que as perde...
Perder a liberdade deve ser um sofrimento, um tormento...
Para os que a têm, que saibam agradecê-la e respeitá-la...
Grande beijo!
"A verdadeira liberdade é um acto puramente interior, como a verdadeira solidão: devemos aprender a sentir-nos livres até num cárcere, e a estar sozinhos até no meio da multidão."(Massimo Bontempelli).
Dificil praticar , né Gilberto?
Temos tantas regras , tantos "nao podemos", "náo é de bom tom", "temos que respeitar", que a liberdade foi... rsrsrs
Gostei, apesar de ter sentido pesado ao ler.Vamos falar de flores?? rsrsrs
um grande abraço ,muito carinho e um resto feliz de domingo.
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