domingo, 29 de novembro de 2009

A ROSA E O BEIJA-FLOR



O beija-flor flutuou em volta de si mesmo,
Olhou a sua volta e o jardim estava florido,
A primavera lhe sorria com seu
Rosto mais belo e jovial.
Num canto do jardim,
Uma rosa mostrou-se-lhe!
Cores bonitas e vibrantes,
Pétalas macias e aveludadas,
E despejou no ar o mais perfumado
Dos eflúvios que se fora sentido.
O beija-flor encantado aproximou-se
E fez a corte para a linda rosa!
Ela se abriu ainda mais,
Voltou-se-lhe toda para ele,
Deu-lhe um sorriso e pediu:


- Sejas meu! Serei somente tua!


O beija-flor bateu excitado suas asinhas,
(Poderosas asas!)
Mais que encantado
Estava inebriado pelo perfume
Da bela rosa, e respondeu:


- Serei teu! Sejas minha!


E beijou a bela rosa
No fundo, no profundo
Da alma da bela flor!


Ela agitou-se num espasmo,
Excitou-se com o toque intimo
Do amado... E...
Teve um orgasmo!


... E o beija-flor bebeu cada gota de seu néctar!

sábado, 28 de novembro de 2009

O DIA QUE NÃO TERMINOU...



Pai amanheceu...
Acordou cedo
Saiu para o trabalho.
Levava nos braços
A marmita,
O bom dia nos lábios.
No serviço
Não apareceu...
Reclamaram depois!
Pai andava doente,
O fígado mal tratado,
O coração cansado,
A bebida, o vício,
Rachava-o em dois!
Passou o dia fora
Ninguém soube onde foi!
Depois o telefonema!
Lágrimas nos olhos!
Num bar qualquer...
Pai não anoiteceu!

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

O HOMEM QUE SE APAIXONOU PELA NASTASSIA KINSKI

(Segunda versão / Para o blog)

Era um sujeito que passou a vida a suspirar amores pela sétima arte. Quando assistiu “Um corpo que cai” perdeu-se em suspiros pela Kim Novak. Alguém lhe falou um dia que preferiria a Greta Garbo, rosto duro e sensual. Ele zombou, para bater a Greta em beleza, exclamou, bastaria a Ingrid Bergman, nem precisaria da Ava Gardner. Mas seus amores, quer por Bergmann, quer pela estonteante Kim, passaram, como sempre passou seus amores enlouquecidos de sessão da tarde. Bastava ver um novo filme, e pronto, lá estava ele pelos cantos, a suspirar poesias, exalando olhares profundos e lânguidos pelo vazio, escrevendo cartas demoradas que nunca seriam entregues, sonhando encontros impossíveis em todas as partes do mundo com as mais diferentes atrizes. A mãe nunca se incomodou muito, sabia que tudo duraria até a próxima locação de VHS.

E o próximo veio e chamava-se “A marca da Pantera”, um misto de “Noir” de suspense e “thriller” que trazia em seu “cast” de estrelas, a belíssima Nastassia Kinski. Viu e reviu o filme dezenas de vezes. A nudez de Nastassia decorou-a com os olhos. Conhecia cada curva de seu belo corpo escultural. Aprendeu a conhecer todas as falas da película, o roteiro lhe era intimo. O corpo nu de Nastassia que na tela caminha lentamente em busca de um destino incomum, para não dizer bizarro, em seus sonhos caminhava para sua cama. Amou-a que ficou fraco e teve de ser internado pela mãe que pela primeira vez na vida, começava realmente a ficar preocupada com estes amores absurdos do filho pelas mulheres da tela grande.

Nas noites, sonhando chamava por Nasty, assim chamava-a carinhosamente, tamanha era a intimidade que ele havia estabelecido com ela em seu universo psicodélico.

A mãe desesperou-se. O filho enlouquecera de vez. Foi quando alguém teve uma boa idéia. De algum lugar apareceu um vídeo cassete. De outro, veio uma cópia do filme “Gilda”. Ele o assistiu com descaso inicial, mas, quando viu o strip-tease de Rita Haywoord, strip que não tirava nada mais que uma luva, estava enfurecidamente apaixonado por ela. Quando perguntado sobre Nastassia, disse que sentia muito, mas os amores de verão são mesmo assim, são como a brisa que corteja nossos corações, areja, areja e se vão. Ela saberia entender, havia encontrado o grande amor de sua vida: Gilda! E rebobinou a fita novamente...

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

O PSICOPATA


Chegou do seu julgamento vestindo a mesma face que teria se houvesse feito uma visita dominical à praça da cidade. Era o seu quarto ou quinto júri que participava, todos eles por homicídios qualificados, em todos eles condenado.

Mas, o monstro que demonstrava ser na liberdade, no presídio domesticava-se. Era tranqüilo, calado, não oferecia problemas, era quase educado e gentil. Tinha um bom linguajar e conseguia conversar naturalmente com os mais variados tipos de pessoas que freqüentava-lhe o caminho, sabia, enfim, isto sendo uma notória qualidade dentro da cadeia, colocar-se em seu devido lugar e lá ficando até ser solicitado.

Chegou elegante, cabelos penteados, o juri fora célere (com ele era sempre rápido), provas cabais, contundentes demais, na maioria das vezes réu confesso. E, para ele, tanto fazia quanto fez, já tinha mais de cem anos em regime fechado nas costas, qualquer coisa que se adicionasse a esse montante não lhe faria maior diferença – no final de tudo, ele sabia, seriam 30 anos de cadeia, e pronto!

O homem perguntou-lhe, sem maiores interesses, qual havia sido o resultado do júri.

Sem menor interesse ainda, respondeu que fora condenado a 21 anos no regime fechado no homicídio e a 10 na tentativa.

Humor negro! O sujeito questionou-lhe o porquê da vitima da tentativa ter conseguido sair vivo...

Ele olhou dentro dos olhos do questionador e respondeu:

- A minha parte eu fiz... Meti seis tiros no couro do sujeito e ele escapou... Fazer o que... Couro duro...

Sorriu. Virou as costas, entrou em sua cela, desapareceu na escuridão do cárcere.

Ao se virar para ir embora, num ultimo relance, o questionador vislumbrou um brilho estranho e bestial no olhar dele, que se extinguia... O brilho que se vê nos olhos do predador prestes a atacar a presa. Teve a nítida certeza, não se domestica espíritos selvagens...



Foto: Norman Bates (Anthony Perkins, em Psicose, de Hitchcock) / Foto meramente ilustrativa que não se vincula diretamente com o texto. Uma singela homenagem ao ator que deu vida ao maior psicopata que o cinema conheceu, em minha modesta opinião.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

A GRANDE FACE DO MUNDO



Sinto um estranho ímpeto de correr
De encontro à grande face do mundo.
Quero sentir o mundo inteiro em minhas veias,
Quero senti-lo na primeira batida de coração
Que me foi percebida neste dia,
Quero tê-lo na derradeira,
Na ultima ribombada coronária
Que impulsiona um homem
Para o além,
Àquele exato momento onde
Verdade e homem se encontram
E tornam-se únicos!
Eu quero encarar esta cara cafajeste
Deste grande mundo inventado pelo homem.
Quero poder lhe dizer todas as verdades
Que tenho vontade de falar,
Quero subverter a sua ordem,
Quero subverter a minha própria ordem,
Quero quebrar os protocolos,
Essas correntes que me foram colocadas
Quando as minhas pernas
Ainda não eram fortes o suficiente
Para enfrentar este grande encontro.
Não existe rancor em meu coração,
Assim, não existirá em minhas palavras.
A verdade carrega esta magia,
A verdade não conhece rancores.
Os rancores se produzem com mentiras.
Não irei para este encontro
Com a grande face do mundo,
Vestido de mentiras e falsidades.
Serei eu... Eu.... Em toda a minha essência,
Assim como fui um dia,
Puro e descontaminado de civilização,
Envolto na poesia original
Que habita o coração do homem
Que ainda é criança!


Isso, isso é que eu serei
No dia do encontro
Com a grande face do mundo:


Serei criança novamente!

domingo, 22 de novembro de 2009

A FORMA COMO TU ME QUEIRAS

Não me queiras, se em teu querer buscares algo que existiu em teu passado. Não quero ser para ti, nem para ninguém, uma comparação, uma busca, um encaixe para uma lembrança de amor. Não quero ser alternativa. Recuso o papel de similar, de parecido, de genérico.

Não me queiras como bonitinho e gentil, este papel é fútil demais para mim.

Me queiras de uma forma original, de um jeito que não quisestes antes, que não tivestes antes. Sem comparações, sem procuras, sem receitas prévias.

Dispa-se primeiro, antes de vir até mim.

Não te quero com os vícios dos seus antigos amores, nem com teus sonhos já usados e gastos.

Renove-se, por completo.

Quero-te virgem, em sentimentos.

Quero-te com novas buscas, novos sonhos, novos desejos, livro em branco pronto para ser escrito, sem medos, receios, desejosa de amar e ser amada, diferente... Diferente...

Porque é tudo o que te prometo – o diferente!

Não quero ser melhor que outros! Quero ser melhor para você!

Não vou seguir fórmulas, o amor não dá para guardar dentro de uma redoma.

Nosso amor vai ser feito leal e fielmente, dia após dia, olho dentro do olho, com meu coração afagando o seu coração... Assim, simples, sem maiores construções.

As grandes expectativas estragam o amor. O amor, minha querida, prefere o ingênuo, por isso, te ofertarei o simples:

Meu coração, para te abrigar!

Meu amor, para te dar generosamente...

... E todos os meus dias para você!

O resto, a gente conquistará juntos...

CONVERSA, CACHAÇA E HISTÓRIAS


Os velhos homens
Sentados ao balcão
Conversam...
... E entre copos de
Cachaça e conversa fiada
Eles relembram o passado.

O passado e suas tristes histórias.
O passado e suas alegres histórias.

E eles riem e gargalham
De causos antigos,
De memórias esquecidas
E pelo álcool agora remexidas.

E no crepúsculo,
Quando um olho sóbrio
Relembra as responsabilidades.
Lá se vão eles
(os velhos homens)
Afogando suas vozes
Na poeira da rua, e
Levando embora com eles
Suas velhas histórias...



Ilustração: Van Gogh, Quadro “Café noturno da casa Lamartine de Arlés”

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

O VELHO LIVRO DE POESIAS



Você se levanta
Cobre sua nudez com um
Tecido de seda e
Prepara seu café da manhã.
Na gaveta do quarto uma
Carta nunca lida,
Na estante um velho livro
De poesias empoeirado e
Amarelado pelo tempo inerte.
Sua cabeça voa longe!
Seus valores hoje são outros,
O passado você guardou com as
Cartas numa gaveta e...
Trancou-a!
As pessoas que lhe rodeia
Trouxeram-lhe outro mundo,
E sem que percebesse,
Você foi tragada por ele.
Você se levanta,
Por um breve momento,
Seu olhar alcança a estante
E o velho livro...
No seu coração,
Uma velha recordação
Empoeirada e cansada
Pelo tempo inerte
Aguarda o momento
De seu despertar...

terça-feira, 17 de novembro de 2009

O HOMEM E O ESCRITOR


Não consigo mais parar de escrever.
É mais forte que eu.
É uma necessidade endógena,
Uma forma de expressão espiritual,
Um carinho em todas minhas carências.
E quem escreve, como eu escrevo,
Quer agradar de alguma forma.
Não é vaidade, é inapto à própria escrita.
Que pai não quer que seus filhos
Tenham suas faces belas?
Ao escrever me pacifico!
Ao escrever sou solitário,
Um eremita no alto de sua montanha.
A escrita me torna conhecido,
Divulga minhas idéias todas
Impregnadas de poesia.
Minha escrita é um arauto da poesia.


Pela escrita...
Eu falo.
Sou ouvido.
Sou aceito.
Sou respeitado,
E até mesmo contestado.
Pela escrita eu me insiro e participo.
Eu sou um, e sou a multidão.
E, ao escrever, fico distante,
Recolhido e sossegado
Em meu canto claro como dia de sol.
Pela escrita uma parte de mim
Quer as estrelas,
Mas outra, mais real,
Quer minha varanda e minhas cobertas.
Que se exalte o escritor!
E o homem fique esquecido
Na pacata sacada de seus poemas...


Foto: Silvia Afonso / olhares.com

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

O HOMEM QUE PARTE


Parti...
Segui para a cidade grande
Fugindo de problemas
Que nunca esperei ter...
(E quem espera ter?)
E quem espera ver,
Seu amor,
Seu único e verdadeiro amor,
Dizer-lhe não:
Não ao mais fundamental,
Não ao que é mais natural,
Que é amar e ser amado.


Parti...
Não consegui resistir!
Fui esconder na cidade grande,
Tudo o que as evidências
Insistiam em me mostrar...
Que perdi... Sem sequer combater!
Que perdi... Sem saber que estava vencido!
Ingenuidade?
Simplicidade?
Confiança?
Como saber?
Talvez um pouco de tudo...
Talvez nunca houve nada...
E o que me resta senão indagar?
Questionar onde errei...
Pois, pelo que sei,
Simplesmente paguei
Por querer ser justo!
Por querer ser amigo!
Por amar demais...

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

A FUGA




Fugiu-nos a juventude, meu amor!
Escapou-nos por entre os dedos,
Areia ao vento.
E achávamo-nos tão jovens.
Acreditávamo-nos eternos.
Quão tolos fomos!!!
Quanto tempo desperdiçamos,
Tesouros jogados ao mar.
Felicidade perdida, esquecida,
Que um buraco chamado passado
Engoliu em suas entranhas...

A MAIS LINDA ENTRE TODAS QUE NUNCA VIU


Ele não a viu quando ela entrou.



Quando despertou de suas divagações pelo mundo já a ouvia, ela sentada no banco da frente. Conversava com um sujeito qualquer. Falava da filosofia da vida e de toda a existência, questionando porquês e “aondes”. Debatia sobre política e direito. Extasiada falava de literatura russa, de pinturas e seus grandes mestres, falava de música e de cinema, sobretudo os clássicos, debatia sobre arte em geral.



Ele ficou encantando num primeiro momento, apaixonado no imediato instante seguinte. Amou sua sensibilidade, sua inteligência, sua visão de vida, sua posição firme e obstinada sobre todas as coisas, sua personalidade, seus sonhos, seus ideais, amou tudo isso de uma forma tão natural que quando se apercebeu, estava capturado por este sentimento.



A viagem prosseguia, e o colóquio na frente não cessava, ele atrás, no banco detrás, idolatrando cada expressão que ela evocava em suas frases cuidadosamente construídas, como se ela fosse a profetisa e as palavras suas súditas fiéis.



Mas quis a noite se enciumar dessa paixão súbita e avassaladora e então, convocou seu irmão para que fizesse uma missão ardilosa. Morpheu, atendendo este chamado, traiu Eros e atingiu o jovem apaixonado com um sono pesado que como se fosse um corcel alado, o conduziu estrada afora, embalando-o nas asas do vento.



Quando ele acordou, a noite ainda sobrevivia e o acariciava suavemente.
Silêncio.
Levantou-se, olhou para o banco da frente. Vazio!
Ela havia partido, pensou...




Tudo o que havia era o vácuo, a certeza de que ela ficará para trás, no caminho, em sua vida, no passado.
E o pior é que não sabia nada dela. Nada... Nada...
E isto, não era importante para ele. Ele se apaixonará pela essência de mulher que ela houvera lhe inspirado.



Sentou-se novamente e fechou os olhos, recapitulou as palavras e as idéias que se lembrou que ela havia dito e que ressoaram como ecos em sua consciência.
Feria-lhe uma certeza que nunca mais veria aquela que nunca viu. Feria-lhe uma certeza que estaria eternamente apaixonado por ela...



Mas tinha também a confiança de que nunca mais a esqueceria, e seria ela para sempre, doravante, o modelo de mulher que buscaria em todas as outras, ela havia se tornado a sugestão feminina ideal em seu intimo masculino.



Quando o sol surgiu expulsando a noite matreira e ciumenta, encontrou-o perguntando-se se ela houvera existido de verdade ou se tudo não fora apenas um sonho.



A noite e Morpheu haviam lhe deixado a sensação de que se apaixonará por um sonho... Um sonho de mulher...



Chegou ao seu destino, levantou-se e partiu, esquecido de sonhos e mulheres perfeitas, esquecido de si próprio e do amor lindo que poderia ter vivido se tivesse tido a chance...



Somente quem chorou de verdade, foi Eros, sentado no monte Olimpo, observando a mulher que descia do ônibus logo atrás dele, nas mãos um livro de Dostoévsky, na bolsa a coleção de filmes de Hitchcock, no coração feminino a vontade de viver um grande amor...

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

FRAGMENTOS DO DIÁRIO NUNCA ESCRITO POR MIM


[...] E, lembrei-me de você, agora, quando a brisa da noite veio delicadamente e assoprou-me o nome ao pé do ouvido:


- G...i...l...b...e...r...t...o....



Meus instintos todos afloraram...
Meu sentimento maior e lindo por você desabrochou!
Fechei meus olhos por um instante e construí você em minha lembrança. Beijei esta lembrança dentro da noite...
Senti a brisa afastar-se, mergulhando na noite, amalgamando-se à noite, deixando-me um fogo por todo o corpo. Em algum lugar, eu soube, um beijo meu espalhou-se em seus lábios...

terça-feira, 10 de novembro de 2009

CARTA QUE EXPLICA (sem grandes pretensões) O AMOR


Mon amour

Cobras grandes coisas do amor.
Queres que ele te passe um papel passado com firma reconhecida e autenticado no cartório, de que tudo vai dar certo, enfim...
O amor não é assim, ele definitivamente não é assim...
O amor nunca vem como um produto acabado, ele não é feito em uma escala de produção em série, e a receita de um nunca será igual para o outro.
O modelo de produção do amor, mon amour, é exclusivamente artesanal, e a fórmula de se fazer um nunca se reproduzirá fielmente em outro caso. Porque as pessoas são diferentes, as pessoas têm valores e perspectivas distintas, todas elas esperam coisas díspares no amor, então, não se reproduzirão receitas no amor.
Vou te dizer uma coisa e esta é a única verdade que poderá conhecer nesse terreno onde as pessoas se perdem todos os dias.
Não espere de mais, nem de menos, do amor.
Sejas humilde.
Sejas perseverante.
Tenhas esperança e otimismo sempre constantes.
Ainda que teu coração seja um poço de lágrimas em teus lábios sempre deve resplandecer um sorriso.
Acredite no amor e em teu amado. Acredite em você.
Respeite, e sejas respeitada.
Confies, e sejas confiante.
Sejas cúmplice, amiga, companheira, fiel, alegre.
Quando ele estiver caindo, sejas para ele a pedra que o impulsionará para ir além das capacidades dele.
Conheça todas as fraquezas dele, mas lhe mostre somente suas forças e potencialidades.
Não sejas os pés, nem a cabeça, sejas a costela e o coração do relacionamento.
Faça as cobranças que devem ser feitas, quando as cobranças forem realmente justas de serem realizadas – não invente problemas, os problemas são como mato, uma praga dentro do relacionamento que tem de ser constantemente capinados. Os capine, então!
Olhe-o sempre nos olhos!
Sejas verdadeira, fale o que precisa ser dito!
Sejas educada, gentil, feminina, uma lady.
Sejas uma leoa ferida, selvagem, para defender o que é teu e está sendo ultrajado.
Com o amor de tua vida, na cama, entre quatro paredes, sejas uma deliciosa messalina.
Entregue-se com paixão ao amor e em tudo o que fazes...

E não cobres tanto do amor, mon amour, não cobres!
Vais oferecer mais do que receber, para quem ama é mesmo assim.
O amor tem seu tempo e ele acontece quando estiver pronto.
Apenas sinta, e ame! Entregue-se totalmente, se doe, sejas para ele tudo aquilo que queres que ele seja para você.
No final, podes se machucar, podes, oh como podes!
Nada é garantido, principalmente no amor.

Mas, poderá se olhar no espelho e dizer-se: Eu fui a melhor possível como amante, como amada, como amiga, como mulher...
Se não aconteceu, mon amour, é porque não era para acontecer... simplesmente!
Talvez, o tempo de teu amor não tenha chegado ainda e tudo o que houve foi um aperfeiçoamento.
Na hora em que teu amor verdadeiro chegar... Estarás pronta para ele.... Pronta!

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

QUANDO A CONSCIÊNCIA SE CALA...


Estranhamente, todos dormem...
... E sonham!


Sonham com cruzeiros, mares, safaris,
Sonham com mesas fartas,
Mulheres fartas.
Sonham com sorrisos de criança,
Com o gemido de amor de uma mulher
Após esta ser tocada por um toque sensual.
Sonham em correr contra o vento,
Senti-lo frio no toque do corpo;
Sonham com areias aos pés,
Com banho de rio e cascata.


Estranhamente, todos dormem...
... E sonham...


Estranho é esse bicho
Que no homem chama-se consciência.
Bicho que, por vezes, se afasta,
Tranca-se em exílio,
Domestica-se...


É mesmo assim então...


Neste lugar, a consciência
É a primeira a enclausurar-se...


... E quando a consciência se cala...
... Os brutos ACORDAM!!!

domingo, 8 de novembro de 2009

VIVENDO DE LEMBRANÇAS



Ainda me é fresco na memória
O contato do seu corpo sobre o meu.
Ah! Nessas horas me perdia num abismo,
E só queria o beijo seu!




E a noite sempre eterna e majestosa
Se iluminava quando fazíamos amor.
Até mesmo as estrelas se ofuscavam
Pois tudo era feito com ardor.




Não havia mais nada a dizer,
Nada mais para falar.
Eu só queria você, você e você,
Cada vez mais te amar.




Agora desperto dos meus sonhos,
Doces pensamentos de pura ilusão.
Você não vive no meu presente,
É de passado que se enche meu coração.




Porém existe sempre o consolo,
Que é só você que sei amar,
E recorro as minhas lembranças
(sempre elas!!!) Para me consolar!

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

A TRAGÉDIA DA LAGARTIXA


Estava varrendo a calçada quando uma lagartixa morta chamou-me a atenção. Ela já estava quase desmembrada, pois sofria um ataque maciço de formigas. Observei a cena toda, o corpo da lagartixa estava sem o rabo, e este, estava a um meio metro de distância, impávido, incólume. Sei que isto é um truque de defesa deste pequeno réptil, ela desprende completamente seu rabo que fica saltando sob espasmos musculares de um lado, enquanto ela dá uma de “leão da montanha” e escapa pela outra direção. Geralmente dá certo, mas, para esta, infelizmente, não houve sucesso.
Fiquei pensativo, sobre o que teria acontecido com a pequena lagartixa, que terrível mal, quão grande tragédia houvera abatido sobre ela que lhe tragará a vida?
Será que sofrerá um ataque poderoso e estrategicamente militar das formigas que a cercaram e a deixaram-na sem saída?
Será que estava inadvertidamente pensando em alguma lagartixa fêmea e não viu algum humano passando por ali e sofreu uma pisada fatal?
Morreu de velhice?
Suicidou-se por amor, atirou-se de cima do muro embaixo da roda da bicicleta de uma criança?
O que terá acontecido com a pobre lagartixa?
Fiquei pensando e não encontrei nem imaginei hipótese que soasse crível.
E as formigas continuavam sua tarefa macabra, a lagartixa praticamente não existia mais, pensei novamente, numa viagem introspectiva e filosófica dentro da maionese: Será que a família desta lagartixa chorou por ela? Sua memória será saudada por dentre os anos? Alguma outra lagartixa derramou uma lágrima por ela? Existe um paraíso para as lagartixas?
Arre! Quantos questionamentos, a vida é mesmo complicada para os humanos e para as lagartixas...
De repente, olhei para o lado e vi a MÉL (nossa gatinha de estimação) se espreguiçando toda.



Hummmmmmmm.....



- Mél, terias coragem de assassinar uma lagartixa?



Os olhos dela brilharam como se me compreendesse...

TEU CORPO



Caem-se as peças de teu vestuário,
Uma a uma,
Lentamente,
Revelando toda a beleza furiosa
Deste teu corpo matreiro e fogoso.


Ah! Teu corpo...
Teu corpo concebido de relevos
De curvas
Do calor incandescente dos vulcões.


Teu corpo é cascata,
Água fresca e cristalina.
Brisa que esfria o sol,
Sol que esquenta a brisa.


Teu corpo é verão,
Queima sem machucar.
Teu corpo é jardim,
Rosa, margarida, jasmim.


Teu corpo é adaga,
Fere nossos olhos,
E ressuscita nossa visão.
Ao desejá-lo...
...e o desejamos....


Ah! Como o desejamos.....

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

O ERGÁSTULO E O FLAMBOYANT

Dirigia pela rodovia quando vi à minha direita o ergástulo(*), uma massa gigantesca de muros, concreto e grades, feita para conter em suas entranhas o homem.
O homem bruto e rude.
O homem impuro e iníquo.
O homem criminoso e aquele que errou.
A penitenciária é um universo underground, é o subterrâneo da sociedade. Ela é o ultimo portal da decência.
Pensei em todo o sofrimento que aqueles altos muros deveriam reter; pensei na tolice que cega a razão e o coração dos homens que insistem em enveredar por uma senda que não conhece justiça e que os leva para um abismo de dor, de dor.
Mas, na entrada do ergástulo, algo me chamou mais a atenção, erguia-se uma árvore flamboyant, digna e viçosa e, esta, alegre, comemorava a primavera com uma florada paradisíaca. Toda a sua copa, enorme por sinal, estava completamente florada e a cor laranja das flores enquadrava-se ao muro do presídio, que de longe, sisudo, tudo assistia. Quadro insólito!
Parei o carro, detive-me por um momento. Ainda me permito esses arroubos de sensibilidade e as comemoro efusiva e internamente. Aprecio isso em mim, confesso, e, quando estas epifanias me assaltam, sinto-me melhor, mais feliz, mais humano. Não escondo que flerto com elas, as epifanias, essas visões súbitas que me apontam seus dedos à minha face e clamam-me! Atente! Poesia!
E eu bebo esta poesia que a vida me dá (nos dá) gratuitamente, sorvo delicadamente cada gole como se cada um deles fosse o ultimo de minha vida. Eu sou pequeno, reconheço, aos olhos do mundo. Mas isso não me incomoda, minha poesia me faz diferente, me faz maior que eu mesmo.
O flamboyant florido sugeriu-me um discurso que gostaria de recitá-lo em versos e rimas para o mundo inteiro. Deixem-se todos levar-se pela poesia, a poesia da vida, da sensibilidade, que nos faz perceber as belas e pequenas coisas que nos cercam. As verdadeiras emoções estão aí, atreladas às epifanias e as visões repentinas que cercam estas pequenas coisas e que a vida nos oferece a todo instante.


Cheguei frente àquela bela árvore florida e sua beleza me cativou, encantou, tornou-me pequeno. Via a árvore, suas flores, sua abundante cor laranja acariciando-me os olhos, a poesia é alaranjada, pensei! Um suave perfume desprendia-se dela, respirei fundo aquele ar fresco, perfumado e energizado. O sol quente lembrava-me que a tarde estava em seu ápice. Senti-me livre, livre, livre... E, mais além, o símbolo maior da ausência da liberdade, o ergástulo, a prisão. Quadro insólito!
Pensei nos muitos homens lá dentro, presos, desprovidos da capacidade de sentirem a liberdade em sua essência e mesmo na aparência. Para muitos, a liberdade é somente uma aparência. Tive a certeza de que, mais dias, menos dias, muitos homens sairiam por aqueles poderosos portões e a liberdade lhes sorriria e abriria para eles os gentis braços outra vez. Mas, a maioria deles, tanto lá dentro, quanto aqui fora, jamais seriam livres em total plenitude, porque a liberdade verdadeira ergue-se sobre dois alicerces magnânimos: a sensibilidade e a simplicidade. A maioria dos homens, acreditem, vêem tanto um quanto outro como fraqueza, condenam-se a viver uma liberdade aparente, oca, vazia. Estão presos em sua insensibilidade...
Não vou condenar ninguém!
O flamboyant florido de laranja não condena!
Aquela árvore tão linda ao emprestar para um lugar que somente conhece dor e sofrimento, a beleza de seu sorriso mais belo e laranja, ela o redime e convida para que todos vejam:
- Atentem! Poesia!
Quiçá que a liberdade dos homens os façam enxergar e apreciar a poesia do flamboyant e, serem assim, efetivamente, livres, livres!

(*) Ergástulo público = Cadeia pública


quarta-feira, 4 de novembro de 2009

SENTENÇA ARROGANTE!



Meu amor, perdoe-me pela arrogância da sentença,
Mas a verdade é que te sinto minha... Minha!
Sei que nada entre nós existe de concreto
Que se revista de realidade para que
Permita-me dizer algo dessa natureza,
Com tanta segurança!
Mas, o coração não entende dessas coisas,
Ele vive numa dimensão
Onde realidade e virtualidade
É tudo uma coisa só... Uma coisa só!
Talvez o coração seja um tolo!
Mas não me parece que seja verdade isso!
O coração é da natureza do sentir
E o sentir, meu amor, vive
No real e no abstrato!


Talvez, o tolo seja mesmo eu!
Porque eu conheço das coisas
Que vivem nas diferentes dimensões!
Sei o que é real, sei o que é virtual!
Mas, eu somente me interesso pelo abstrato...
Linda é esta estrada que me leva até voce!


Meu amor, perdoe-me pela arrogância da sentença,
Mas eu te sinto minha.... Minha!
Isto é o coração que me diz!
Ele entende dessas coisas, ele é sábio!
Estúpida é a realidade,
Que somente conhece o que vê, o que toca...
O amor não é algo material,
Como pode então a realidade tola percebê-lo de verdade?
O coração está certo, meu amor, está certo!
Está certo sobre o amor!
Está certo sobre o fato de seres minha...
Eu não discuto com o coração!
Prefiro contestar a realidade!


Ainda que seja arrogante a sentença,
Tu és minha... Tu és minha!

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

DEFICIENTE CIENTE


Como blogueiro, dias atrás, sai sem rumo pela net, seguindo a força das marés, navegando à deriva ao sabor dos oceanos virtuais, quando aportei num blog muitíssimo interessante: o blog da Vera, o deficiente ciente, eis o link: http://www.deficienteciente.blogspot.com/ .
A Vera trabalha no setor de ensino, é paulista, pedagoga, amputada devido a um acidente em sua infância, e por tudo o que já li por lá em seu blog, muito inteligente, sensível, determinada em fazer este mundo um melhor lugar para aqueles que possuam alguma espécie de deficiente permanente ou temporária.
O blog deficiente ciente, segundo descrição dela própria, "tem como objetivo informar as pessoas com deficiências (PCDs) assunto úteis ao seu dia a dia, procurando facilitar a difusão de informações sobre deficiência. Outro objetivo é estimular a inclusão social e lutar por uma melhor qualidade de vida para que os PCDs possa efetivamente exercer sua cidadania".
E, assim, a Vera captura em revistas, jornais, programas de TV, na própria net, textos, reportagens e noticias que sejam do interesse dos portadores de deficiências e excepcionalidades, além de pontuar aqui e ali, com textos dela própria. Tudo em busca da consicentização, da educação dos PCDs e dos ditos normais, da sociedade de um modo geral, buscando melhorar a vida e a acessibilidade para pessoas que tem dificuldades, muitas vezes, de apenas subir em uma calçada.
Desde o primeiro momento em que vi o blog deficiente ciente encantei-me com a proposta dele. Achei uma idéia muito inteligente da Vera de transformar aquele espaço num canal de difusão de idéias, filosofia de vida, de busca por algo melhor por uma classe de nossa sociedade que na maioria das vezes é esquecida por todos. Nosso mundo é extremamente ditatorial, e tudo nele é construído para aqueles que são ditos perfeitos; não se encaixa neste estereótipo formatada pelo sistema todos aqueles que possuam alguma deficiência, seja ela permanente, ou mesmo temporária. Afinal, esquecemos que, podemos sofrer algum acidente e ficarmos inabilitados por algum tempo e, neste ínterim, termos de nos inserir no universo daqueles que tem a excepcionalidade como realidade de vida.
Nel mezzo del cammim encantou-se pelo blog deficiente ciente, pela sua proposta e por sua fidalga luta em prol de pessoas que, na maioria das vezes, não tem quem fale por elas. E, desta forma, convido a todos os meus excelentes amigos e amigas, gente da mais nobre estirpe que vão até lá visitar o blog deficiente ciente e o conheçam e, se possível, peçam para que os seus amigos também o visitem e assim por diante, criando uma grande rede de solidariedade em prol dessa causa que é pura conscientização e educação de nós mesmos e de nossos iguais.
Será medido o grau de civilização e educação de um povo pela forma como ele trata suas minorias.
De toda a forma, deixo meu respeito e minha admiração pelo belo trabalho que a Vera realiza no seu blog deficiente ciente. A sua história de vida (e as outras que ela posta lá) e sua luta me inspira todos os dias a rever conceitos e a testemunhar que a vida pode ser linda e feliz quando a gente aprende a olhar do jeito certo para ela...
Abaixo, um texto da Vera, postado no deficiente ciente, logicamente, esta honra de dividi-lo convosco, meus amigos e amigas maravilhosos, foi ela quem me deu!

Um abraço a todos e sejam felizes!


MINHA PRIMEIRA VITÓRIA

Texto Escrito por Vera (Deficiente Ciente)


Dois anos após o meu acidente (contarei em detalhes em outra oportunidade) estava com treze anos de idade e queria de todo jeito aprender a datilografar. Nessa época nem sonhava em usar um computador, pois o mesmo era uma máquina sofisticada destinada a uma classe social favorável e eu e minha família não nos enquadrávamos nessa classe.


Devido a minha vontade resoluta para aprender a datilografar, minha mãe fez minha matrícula num curso de datilografia. No primeiro dia de aula, a professora do curso perguntou como eu iria fazer para datilografar, respondi que possuía uma única mão, e poderia datilografar sem problemas. Engraçado que eu falei que digitaria com uma só mão, como se fosse a coisa mais natural do mundo. A frase da professora não representou para mim nenhum obstáculo, o meu objetivo era aprender, e eu estava ali para isso.


Não foi nada fácil lidar com aquela gigantesca máquina de escrever do curso de datilografia. Quem passou por isso na década de 80 sabe do que estou falando. Me sentia perdida no meio daquilo tudo, mas minha vontade de aprender era muito maior do que a minha vontade de desistir. “Querer é poder” não é o que diz uma das máximas mais citadas?


Lembro-me bem do dia em que pedi insistentemente ao meu pai para comprar uma máquina de escrever, para que eu pudesse treinar as lições do curso em casa. Meu pai, para me ver feliz, comprou com muito sacrifício, a tal da máquina.


Um dos dias mais felizes da minha vida, foi quando meu pai me entregou a máquina, dizia para todo mundo que tinha uma máquina de escrever. Saia do curso, chegava em casa e treinava bastante, não ficava cansada, pois queria aprender de todo jeito. Treinei tanto nessa máquina que a fita de tinta acabou rapidamente. E acreditem, digitava tudo e digito até hoje somente com o dedo médio.


Penso que nós deficientes, arrumamos técnicas para tudo, não deixamos que pequenas coisas nos abalem. Quando os obstáculos aparecem, tomamos novo fôlego e seguimos adiante com toda força que temos ao nosso alcance. Certamente, fracasso e desistência não faz parte do vocabulário da pessoa com deficiência que pensa na vitória.


Enfim, depois de cinco meses de curso e muita persistência, consegui meu certificado do curso de datilografia. Aquele certificado teve um significado tão grande na minha vida, pois representava a minha primeira vitória. Pude sentir pela primeira vez o sabor da vitória e da primeira barreira derrubada.


domingo, 1 de novembro de 2009

PEQUENO DIÁLOGO ACERCA POESIA


.. E foi a pergunta que me fizeram:


- O que te traz próximo às poesias?


Olhei-os, e respondi lacônico:


- Nada. Eu não estou próximo das poesias... As poesias não estão próximas de mim...


Surpresos, perguntaram-me novamente:


- Então... Por que amas as poesias, se as poesias estão distante de ti?


A sinceridade alvoreceu num sorriso em meus lábios.


- Não cultivo poesias! Cultivo minha sensibilidade... Ela me leva até as poesias!


Eles sorriram, haviam compreendido finalmente!