(Segunda versão / Para o blog)
Era um sujeito que passou a vida a suspirar amores pela sétima arte. Quando assistiu “Um corpo que cai” perdeu-se em suspiros pela Kim Novak. Alguém lhe falou um dia que preferiria a Greta Garbo, rosto duro e sensual. Ele zombou, para bater a Greta em beleza, exclamou, bastaria a Ingrid Bergman, nem precisaria da Ava Gardner. Mas seus amores, quer por Bergmann, quer pela estonteante Kim, passaram, como sempre passou seus amores enlouquecidos de sessão da tarde. Bastava ver um novo filme, e pronto, lá estava ele pelos cantos, a suspirar poesias, exalando olhares profundos e lânguidos pelo vazio, escrevendo cartas demoradas que nunca seriam entregues, sonhando encontros impossíveis em todas as partes do mundo com as mais diferentes atrizes. A mãe nunca se incomodou muito, sabia que tudo duraria até a próxima locação de VHS.
E o próximo veio e chamava-se “A marca da Pantera”, um misto de “Noir” de suspense e “thriller” que trazia em seu “cast” de estrelas, a belíssima Nastassia Kinski. Viu e reviu o filme dezenas de vezes. A nudez de Nastassia decorou-a com os olhos. Conhecia cada curva de seu belo corpo escultural. Aprendeu a conhecer todas as falas da película, o roteiro lhe era intimo. O corpo nu de Nastassia que na tela caminha lentamente em busca de um destino incomum, para não dizer bizarro, em seus sonhos caminhava para sua cama. Amou-a que ficou fraco e teve de ser internado pela mãe que pela primeira vez na vida, começava realmente a ficar preocupada com estes amores absurdos do filho pelas mulheres da tela grande.
Nas noites, sonhando chamava por Nasty, assim chamava-a carinhosamente, tamanha era a intimidade que ele havia estabelecido com ela em seu universo psicodélico.
A mãe desesperou-se. O filho enlouquecera de vez. Foi quando alguém teve uma boa idéia. De algum lugar apareceu um vídeo cassete. De outro, veio uma cópia do filme “Gilda”. Ele o assistiu com descaso inicial, mas, quando viu o strip-tease de Rita Haywoord, strip que não tirava nada mais que uma luva, estava enfurecidamente apaixonado por ela. Quando perguntado sobre Nastassia, disse que sentia muito, mas os amores de verão são mesmo assim, são como a brisa que corteja nossos corações, areja, areja e se vão. Ela saberia entender, havia encontrado o grande amor de sua vida: Gilda! E rebobinou a fita novamente...
6 comentários:
Gilberto, somos ambos virginianos...que coincidência!
Fiquei tão feliz por ter feito um novo amigo com tanta sensibilidade...e ainda por cima, virginiano...claro que há de entender minhas manias, esquisitices, chatices, mas tb minha intensa, enorme, ânsia de saber de tudo, conhecer tudo, criar..esse desassossego que vive em mim...só um virginiano entende outro.
Obrigada pelas maravilhosas palavras no meu blog.
Então agora, tenho mais um amigo "intenso" como eu pra tomar café com bolo comigo!
Grande beijo
Homens!
O trem sô!
Bjs amormeuzinho!
nos amores da TV habita uma perfeição que não existem, fico com o velho jargão, não existe mulher feia, existe mulher pobre
beijos
hehehehehe!
Gostei deste texto!
Quem ja não suspirou assistindo algum filme de seus idolos....
Que o digam as fãs de New Mooon e Crepusculo!!!!
Ainda não consegui entender esta euforia por vampiros!
rsrs... paixões adolescentes são marcantes! E quanto sofrimento habita o coração nesta fase!!
Gracinha de conto!!
Beijos!!
Olá Gil, que texto mais bacana, todos nós homens e mulheres temos fases dessas fantasias, assim uma espécie, ainda para pior, de amores platónicos. Vê lá as coincidências já tive um fraquinho por eese paranóico do post anterior, o Tony Perkins!!!!
Bjs,
Manuela
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