sábado, 5 de setembro de 2009

JOSEFINA


Josefina deu a primeira vez quando saia do sertão, para chegar ao seu destino.
Na cidade grande quis abrir os braços para trabalhar. Não deu certo. Teve mesmo é de abrir as pernas...
Josefina deu, então, um monte.
Deu para comer. Deu para beber. Deu para morar. Deu para vestir-se.
Não condeno Josefina. Nem a absolvo.
Josefina fez o que fez para viver, não o que ela própria acreditava correto.
Sobreviver é a grande questão humana.
Um dia, depois do serviço de dar, Josefina foi atropelada.
Ficou trinta dias, entre a vida e a morte.
A morte foi camarada, pensou Josefina, quando acordou muito tempo depois, “não me pediu para dar para ela”.
Na alta do hospital, seu benfeitor e atropelador, estava lá.
Josefina pensou: “Já vi tudo! Vou ter de dar para ele...”
E ela deu mesmo, mas muitos dias depois...
Josefina descobriu que nunca havia dado de verdade!
Foi a primeira vez que deu por amor... Casou-se!

Um comentário:

Cris França disse...

Algo que é escândalo para alguns, muitas vezes é realidade imposta pela necessidade para outros, ou ainda, a única moeda que conhecem.