quarta-feira, 30 de setembro de 2009

FUNERAL BLUES



W.H.Auden
Tradução Nelson Ascher

Que parem os relógios, cale o telefone,
Jogue-se ao cão um osso e que não ladre mais,
Que emudeça o piano e que o tambor sancione
A vinda do caixão com seu cortejo atrás.




Que os aviões, gemendo acima em alvoroço,
Escrevam sempre contra o céu o anúncio: ele morreu.
Que as pombas guardem luto – um laço no pescoço –
E os guardas usem finas luvas cor-de-breu.




Era meu Norte, Sul, meu Leste, Oeste, enquanto
Viveu, meus dias úteis, meu fim-de-semana,
Meu meio-dia, meia-noite, fala e canto;
Quem julgue o amor eterno, como eu fiz, se engana.




É hora de apagar estrelas – são molestas,
Guardar a lua, desmontar o sol brilhante,
De despejar o mar, jogar fora as florestas,
Pois nada mais há de dar certo doravante.

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