terça-feira, 29 de setembro de 2009

ENSAIO LÍRICO SOBRE A VERDADE


Sorrio com escárnio e deboche de todas as pessoas que ficam buscando definições sobre como ela é ou como deveria ser. Enquanto perde tempo com isso, esquece de viver, de participar, de ser alguém que faça a diferença...

Não somos feitos para conceitos e abstrações deste gênero.

Eu pelo menos não o sou...

Porque tenho sangue, um sangue encarnado, espesso e pulsante que corre forte por minhas veias. Eu sinto, e se sinto, adeus as abstrações e conceitos tolos.

Olhe nos meus olhos, veja o sangue neles!

Olhe em minha boca, entre meus dentes, vês a faca?

Não quero rótulos para mim.

Não quero ser apontado como o sujeito certinho, o perfeito, ou mesmo como o grande demônio do bando.

Não sou anjo.

Não sou demônio.

Sou um homem que sente... Que sente... E por sentir, erra e acerta conforme atua.

Eu atuo bastante, em diferentes fronts... Erro e acerto muito.

É o preço a pagar por ser como sou, por não ter medo de iniciativas e nem de responsabilidades.

Pedes-me para que te encare nos olhos e te fale as verdades, que a bem desta mesma verdade, não queres ouvir.... Preferias, eu sei, os tapinhas nas costas e as verdades todas varridas como sujeira para baixo do tapete.

Mande-me embora, não sou assim... Não quero ser assim...

Eu te falarei o que precisas ouvir, teu sangue correrá por minhas mãos, e arrancarei tua carne podre sem qualquer compaixão... Quero teu bem! Quero a verdade! E não consigo entender outra forma de amor que senão este, doloroso, que caminha pela estrada da confiança. A verdade sangra... Sangra... Veja meu corpo mutilado e cheio de cicatrizes... Achas que a verdade nasceu em mim como um dom de nascença? Tolo! A verdade nasceu em mim num parto difícil e sofrido, e, por ela, fui amarrado diversas vezes no pelourinho social para ser chicoteado, flagelado por acreditar na justiça, em honra...

Mas, a verdade me purificou, fez-me diferente, fez-me homem!

Eu prefiro amar assim... Eu prefiro que me amem assim, com a verdade, ainda que ela seja uma espada de gume fino e cortante.

Talvez, para você, esta espada torne-se uma arma onde se machucaras, por isso a teme. Preferes as afabilidades tolas e as bajulações.

Para mim, a verdade tornou-se uma ferramenta com que limpo o caminho no meu difícil cotidiano, já sofri tudo o que havia por sofrer, hoje estou calejado e forte, agüento sua carga. Hoje, eu caminho sobre o fio da verdade!

Tens a coragem para mudar?

Tens a coragem para ser assim, como eu, e pagar o preço?

Não corra atrás de conceitos, não queira aceitação social, queira em primeiro lugar a aprovação de teu espelho e de teu travesseiro, esteja em paz sempre com tua consciência, em paz com a justiça de quem sempre fez o que foi correto, ainda que isto tenha causado prejuízos aqui e ali.

A verdade sempre acomodará as coisas ao final, ainda que o seu caminho seja de dor e lágrimas. Pela mentira, acredite, eu já vi muita coisa nessa vida, não existe final, somente a perpetuação da falsidade e dos maus costumes.

Escolha tua estrada enfim, e arque com as conseqüências de tua escolha.

Não condeno o homem que faz escolhas, para bem e para mal. O erro faz parte do ser humano, assim como o acerto.

Condeno com ferocidade aquele que não consegue conviver com os dividendos de suas escolhas. Esta é a pior das covardias do ser humano. Mas, estou entrando em um terreno que abomino, o dos conceitos, não quero remir ou condenar, quero nem ao menos julgar.

Sejas como quiseres ser!

Minha parte está feita...

4 comentários:

Sonia Schmorantz disse...

Um profundo texto, porque não há uma verdade única, há muitas verdades, ou melhor a verdade de cada um de nós, conforme nossas vivências, experiências...rótulos são para objetos, pessoas tem vida, e vida é movimento, como dizia o poeta somos como rios, estão ali, mas nunca é a mesma água ...
um abraço

Anônimo disse...

Olá, Gilberto!

Texto profundo, tecido com maestria!
De qualquer forma, paga-se o preço. De todas as formas, que seja pela verdade...sempre!

Forte abraço, poeta!

Cris França disse...

Texto forte meu amigo, adorei, gosto quando escreves com as víceras, ninguem o faz tão bem, bjo grande!

Álvaro Diogo disse...

Olá!
Sempre leio seus posts, mas por raras vezes comentei.
Adorei este ensaio! Mesmo que no meio do caminho tenha me desencontrado da ideia principal sobre a verdade, talvez por distração ou pelo trecho do texto realmente não condizer comigo. Mas o achei muito bom.
Queria já deixar registrado o meu fascínio por dois outros posts: "Fragmentos do Diário Nunca Escrito Por Mim" e "Ao Homem Que Escreve Poemas".
Talvez por identificação ou simplesmente por seus versos serem ótimos que procuro sempre dar um pulo aqui nas minhas leituras diárias na web.
Parabéns pelo trabalho!