quarta-feira, 30 de setembro de 2009
HAKUNA MATATA
FUNERAL BLUES
terça-feira, 29 de setembro de 2009
ENSAIO LÍRICO SOBRE A VERDADE
domingo, 27 de setembro de 2009
LOUVOR EM FAVOR DE TUA POESIA!
sábado, 26 de setembro de 2009
SINCRONIZANDO...
Das magoas que construíram nossos dias recentes!
Não estou aqui para revolver coisas ruins,
Para investigar condutas e atitudes!
Se errastes, se errei, todos erramos um dia!
Isso é o que nos faz humanos,
Isso é o que nos fará melhores,
Se fizermos disso um trampolim para
Um novo momento.
Eu quero um novo momento!
Com você... Comigo...
Quero ser melhor do que fui ontem!
Quero que sejamos melhores do que fomos ontem!
Quero trazer todos os dias passados
E estufá-los todos dentro deste dia...
Olhos nos olhos!
Cartas na mesa!
Corações abertos!
Que o passado seja enxuto e apagado!
Depois de hoje tudo será reluzente,
Terá nova fragrância para acariciar
Nossos sentidos todos!
Nossas vidas são muito curtas, mon amour,
Para que as percamos com discussões tolas,
Para que joguemos nosso amor pela janela
E o veja cair na enxurrada dos dias que se vão...
O que se foi, percebas, se foi, não voltará!
Venha! Sei que me amas!
Sei disso por que meu coração pulsa na
Sincronia perfeita do teu!
Quero te amar como antes...
Melhor!
Quero te amar melhor que antes...
SELINHOS
sexta-feira, 25 de setembro de 2009
À MULHER QUE DORME...

Que sobre tua cama de
Lençóis brancos e perfumados
Depositas cansaço... E sonhos!
Será que sonhas comigo?
Eu pergunto à madrugada
Minha companheira de viagem...
Porque eu sonho contigo,
E de todos os sonhos, mon amour,
Sonho todos os sonhos
Mais belos para sonhar:
Sonho acordado contigo!
Percebas... Percebas o sopro do vento,
O toque da noite que agora
Invade teu quarto...
A cortina que baila sensualmente
Instigada por uma brisa que a toca,
A água que se agita no copo ao criado-mudo,
A luz que pisca seu olho por um instante,
O sopro arrepiante que te obriga
A puxar as cobertas ainda mais para si.
Sou eu, mon amour, sou eu...
... Sou eu no vento, na noite, em você!
Sei que não acordas
E, por gentileza, não o faças!
Durmas, mon amour, e sonhes!
Sou eu em seu devaneio...
Sou eu a sonhar contigo...
Você se mexe,
Desliza a tua mão delicada
Suavemente por todo teu corpo,
Da sua boca,
Escapa um sorriso lindo!
No palco dos teus sonhos,
O mais lindo entre todos os cenários
Eu faço amor contigo!
PARADOXOS

Que possuem o dom especial,
Algo todo peculiar,
Para se tornar vencedores.
Algumas vezes, não possuem
Os atributos necessários,
A competência necessária,
Entretanto, pela sua natureza,
Tornam-se vencedores natos.
Há algumas pessoas
Que possuem o dom especial,
Algo todo peculiar
Para se tornar perdedores.
Algumas vezes, possuem os
Atributos necessários,
A competência necessária,
Entretanto, pela sua natureza,
Tornam-se perdedores natos.
São os paradoxos do destino,
Que segue derrubando gente
Que segue levantando gente
E mostrando-nos que nem sempre
As coisas são como deveriam ser...

[...] e fiz amor com ela! Diferente, singular, para sempre!
Fiz-lhe amor com a calma do cotidiano, com a fúria da novidade. Se eu gritei ou se sorri, eu próprio não sei – não prestei atenção em mim mesmo... – Busquei o meu prazer no prazer dela; meus olhos brilharam, quando brilharam os olhos dela; meu gemido foi um eco do dela. Meu maior egoísmo é dar prazer para ela.... Aih! Ela é tão... Tão... Tudo! Ela é minha quimera domesticada a devorar-me o coração...
A verdade é unicamente essa... Não fiz-lhe amor por buscar prazer, isso soa profano! Fiz-lhe amor pelo simples fato de que a amo, por amor o fazer amor é sagrado!
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
DOIS VELHINHOS

Ao lado da janela, retorcendo os aleijões e esticando a cabeça, apenas um podia olhar lá fora.
Junto à porta, no fundo da cama, o outro espiava a parede úmida, o crucifixo negro, as moscas no fio de luz. Com inveja, perguntava o que acontecia. Deslumbrado, anunciava o primeiro:
— Um cachorro ergue a perninha no poste.
Mais tarde:
— Uma menina de vestido branco pulando corda.
Ou ainda:
— Agora é um enterro de luxo.
Sem nada ver, o amigo remordia-se no seu canto. O mais velho acabou morrendo, para alegria do segundo, instalado afinal debaixo da janela.
Não dormiu, antegozando a manhã. Bem desconfiava que o outro não revelava tudo.
Cochilou um instante — era dia. Sentou-se na cama, com dores espichou o pescoço: entre os muros em ruína, ali no beco, um monte de lixo.
Texto extraído do livro "Mistérios de Curitiba", Editora Record — Rio de Janeiro, 1979, pág. 110.
Na foto central, uma foto antiga de Dalton Trevisan, num dos raros flagrantes que a imprensa conseguiu dar nele. Como sabem, Dalton é totalmente recluso, não gosta de aparecer e dar entrevistas, e isto alimenta ainda mais o culto a este sensacional escritor, conhecido como sendo o vampiro de Curitiba.
AO HOMEM QUE ESCREVE POEMAS

E nessa espera agonizante, fiz algumas poesias...
Não traziam as frases trabalhadas de um Quintana.
Não traziam o talento insólito de Drummond.
Não traziam o mel da paixão das palavras de Vinicius.
Contudo, eram minhas e, principalmente, todo o meu amor estava nelas.
Meus poemas tinham na sua simplicidade, na sua ingenuidade, sua verdadeira força.
Suas verdades não eram mascaradas; seus sentimentos jamais escondidos. Meus poemas eram e sempre foram autênticos e abertos para o mundo.
Hoje em dia, quando me tomo a rabiscar folhas de papel em branco, sinto-me um estrangeiro em terras desconhecidas.
Meus versos não mais se identificam com meu passado de poeta. Talvez, os motivos sejam essa vida penosa de responsabilidades e escravidão ao relógio que vivo e vivemos; talvez, embruteci e meus sonetos e prosas embruteceram comigo. Todavia, luto. Luto para resgatar meu “eu”, o que havia de mais puro em mim. Conseguindo isso estarei novamente comigo mesmo. E, então, abraçarei meus poemas, antigos amigos, aqueles que mais me conhecem, confidentes, que me aceitam como sou, que mostram o meu caminho e o que tenho de melhor em mim...
terça-feira, 22 de setembro de 2009
AH! SE EU PUDESSE TE BEIJAR...

Ah! Se eu pudesse te beijar.
Se eu pudesse te beijar.
O faria devagar... Devagar...
Sem pressa ou atropelos,
Começando pelo canto dos lábios,
Tocando suave a ponta de seu queixo
Até envolver por completo
Seus belos lábios
Com a paixão de minha boca.
Sim! Pois meus beijos
Seriam apaixonados,
Carregados de amor e volúpia.
Não deixaria o tempo determinar
Inicio ou fim,
Nosso desejo como regra maior.
Meu beijo te diria o quanto te amo,
Num simples tocar de bocas.
Meu anjo! Se eu pudesse te beijar.
Se eu pudesse te beijar...
Verias o quanto te amo realmente,
E o faria devagar... Devagar...
Pois a eternidade seria nossa amante!
domingo, 20 de setembro de 2009
UMA CARTA PARA MIM

Sei que neste momento és sozinho, sente-se um Daniel entre os leões esquecido pelos anjos. És uma ilha chamada aflição, cercada de águas de sofrimento por todos os lados. A dor te tomou em seus braços e te embala como se fosses tu seu preferido. Em tua cabeça todos os pensamentos são bizarros, pensas em saídas, mas as portas estão todas fechadas, as costas de todos se lhe voltaram.
Eu me lembro de você, quando a poesia ainda te sorria com lábios macios feito veludo, quando olhavas para todos os lados e as flores brotavam ao teu toque de Midas. Tu se sentias poderoso, soberano, e acreditavas que o tempo era um quintal que tu conhecias e dominavas por completo. Arrogante teu pensamento, meu amigo! O tempo, já te disse isso outras vezes, é senhor de si próprio. Ele não admite desaforos, e sempre cobra um preço daqueles que o subestimam – Você o subestimou, meu querido, você o subestimou, é a hora de pagar seu preço.
Porem, acredites quando te digo que o sofrimento nunca será grande o bastante que nunca termine, assim como as alegrias não são tão pequenas que não tenham forças para te alcançar. Tudo é um grande ciclo, as lagrimas de hoje serão os sorrisos do amanhã. Somente te peço para que perseveres, que tenhas esperança, que tenha a obstinação necessária para encontrar as soluções para todos os seus problemas – elas virão, elas virão, tenhas certeza, assim o te digo.
O importante agora é alimentar seus sonhos, ainda que sejam novos como a flor que acabou de desabrochar, não sacrifique em holocausto teus desejos todos neste altar de desesperança.
Eles estão ai, todos eles, estas hienas e leões para devorarem teu coração. Tens uma parcela de culpa nesta situação, mas os maiores pecados não foram teus, sabemos ambos disso. Mas, não importa, caça as bruxas agora não irá ajudar em nada. Teus pensamentos devem se voltar para você mesmo, e para as buscas que deveras fazer. Tens tudo o que precisa ai contigo para mudares tua situação, baste que concordes comigo, que sepulte essa compaixão de você mesmo e encare seus inimigos todos que, a bem da verdade, não são esses canibais impiedosos que te rodeiam – teus maiores inimigos é a descrença, o pessimismo, esta auto-compaixão que te consome.
És forte, trabalhador, honesto, otimista, leal, e sempre derrotastes todos os problemas que te afligiram, desta vez não será diferente se levantares deste canto imundo, bater a poeira e saíres para fora – irás domar todos os leões, destruirás as hienas, irás vencê-los com tua energia e tua vontade de vencer. Tenhas a faca nos dentes, o sangue fervendo nas veias, que de teus olhos salte o brilho dos vencedores e tenhas a fé dos que sabem o que quer – nada irá te deter, nada, se assim o quiser.
Eu estou aqui, além de tudo, te olhando, uma atalaia torcendo para você, sou a prova viva de que iras transpor todos os obstáculos. Eu sangrei publicamente como você, e saí vivo para contar a história!
E, quando o novo amanhã chegar com suas novas perspectivas, estas novas possibilidades que tu criastes com tua vontade lhe fará vencedor, e estarei na primeira fila para te aplaudir.
Não sairás desta história mais rico, ou mais poderoso.
Mas te garanto, que depois de tudo isso, serás mais homem, digno e fiel aos seus valores.
Eis o teu grande tesouro, lute por eles – seus valores!
Eu quero estar sempre contigo!
Gilberto
sexta-feira, 18 de setembro de 2009
A BELEZA E A BELEZA QUE BUSCAS

Ela era linda como o sol da primavera
Nascendo sob um belo jardim em flor
Numa clara manhã de setembro.
Seu corpo era perfeito,
Como se o próprio Deus
Houvesse-lhe esculpido
Antes de dar-lhe o sopro da vida.
Mas não era para ele! Não era...
Era fútil, vazia de pensamentos nobres
E idéias interessantes,
Afeita a materialismos tolos e
Uma vaidade estúpida!
O espelho era o maior de seus amantes.
Olhava para ele como se visse uma Minerva,
O reflexo entregando uma mulher comum!
Todos os demais eram pisoteados
Por seu olhar superior,
E tudo deveria estar a seus pés,
Idolatrando sua beleza,
Beleza que tinha nela
A maior de todas as beatas.
Ainda que seus olhos
Insistissem na tentação de olhá-la,
Seu coração de pronto
Recusou seus encantos ocos.
Enquanto todos acenderam
Velas em seu altar.
Ele preferiu seguir em frente
Buscando a verdadeira beleza...
Aquela beleza que não encanta
Os olhos vaidosos e fracos,
E sim os ouvidos sábios.
A beleza que não encanta os olhos
Vaidosos e fracos,
Mas enche de magia
(e felicidade) o coração!!!
CREPÚSCULO

Stephenie Meyer claramente quer criar uma mitologia a La Harry Potter mas, erra, passa longe disso. Seu livro é eminentemente comercial e provo isso – crepúsculo termina e no mesmo livro, ela já entrega de bandeja o primeiro capítulo do segundo da saga – Lua Nova!
Já falei aqui da literatura de rodoviária e da literatura de biblioteca. Não quero dizer que a literatura de rodoviária é ruim e deve ser relegada para segundo plano. Não, longe disso. Ela cumpre um favor enorme para a literatura de modo geral, graças ao seu encantamento e ao fascínio com que ele atrai antigos e novos leitores – aplausos! Crepúsculo não consegue ser nem um, nem outro. É um redondo fracasso quando quer prender a nossa atenção, pois a ação da obra é tosca, os diálogos chinfrins, e o amor entre os protagonistas é um chove não molha daqueles. Falta coragem para Bella dizer para Edward: E aí, vai comer ou vai embrulhar? E falta ainda mais peito para Edward dizer para Bella: Ou dá ou desce...
Desculpem-me, pela maneira chula com que disse isso. Mas, fazia tempo que não me frustrava tanto assim com uma obra, e, principalmente, não entendo como vendeu tanto.
Não se pode condenar por ser de fato e propositalmente ser escrito para um publico teen, isso não explica seu fracasso. Harry Potter é escrito para adolescentes e encanta a teens e adultos, graças as estórias muito bem boladas, a trama bem tecida, os diálogos criveis, a mitologia bem descrita e cuidadosamente construída, enfim, a gente vê que tem trabalho (e árduo) para que aquilo chegasse as nossas mãos. Crepúsculo deixa a impressão que foi escrito num final de semana que pegou a autora com uma azia daquelas....
Sinto muito, estava realmente bem intencionado para com a obra; o universo dos vampiros sempre me fascinou, acho-os, entre todos os monstros e seres fantásticos, os mais sensuais e encantadores, além de extremamente assustadores.
Os vampiros de Meyer, sinceramente, devem viver mesmo em Forks, uma cidadezinha bem pequenininha, para que ninguém mais os veja...
SOBRE SOFÁS E OUTRAS TENTAÇÕES...
quinta-feira, 17 de setembro de 2009
O VELHO CINEMA (*)
A cidade era pequena, de ruas poeirentas, molecada na rua, carroças e cavalos subindo pela avenida transportando gente e carga. O velho cinema ficava numa rua transversal à avenida. De tudo o que me lembro, lembro que esse cinema sempre foi velho. Para mim, ele era um elemento da natureza, houvera nascido junto com o mundo, antes mesmo da pequena cidade. Para mim e o restante dos guris o velho cinema exercia sobre nossa imaginação um fascínio indescritível. Era o palácio onde residia a magia, a aventura, a alegria. Sonhávamos todos com as canções de cinema, aquelas músicas italianas para lá de românticas que nos preparava os espíritos para a sessão que viria. E, como relatar o lento apagar das luzes, as emoções que pulavam dos nossos peitos e eram extravasadas pelas nossas gargantas em grandes e largos gritos de “Vivas!” “Vivas!” “Vivas!”, e dê-lhe assovios, olhos arregalados, braços erguidos, pipocas para o alto. Quando finalmente as luzes se apagavam por completo, o silêncio reinava no velho cinema, todos queriam ver os gols do Canal 100 e se extasiarem com os trailers nas novas epopéias que encheriam nossos corações de ação nas semanas seguintes.
Não havia muita escolha, geralmente era um bang-bang, Trinity, Giuliano Gemma em um faroeste espaguete italiano; víamos muito Tarzan, era o preferido da gurizada e também Mazzaropi, este sempre era campeão nas bilheterias; na sexta-feira santa, entrava ano e saia ano víamos “A Paixão de Cristo” e o piso do cinema ficava escorregadio com as lágrimas das beatas e da gurizada.
Outro grande barato era ficar durante a semana vendo os pôsteres dos filmes que seriam passados nas sessões noturnas. Vinha o grande pôster no centro, e, ao lado, pequenos fragmentos do filme; através destes estilhaços em retratos branco e preto a gente imaginava a estória toda e passávamos horas discutindo sobre mocinhos e bandidos.
De tudo o que me lembro esse tudo me deixa em êxtase... E me faz sentir uma saudade danada do velho cinema, dos tempos em que as famílias iam de mãos dadas para dentro desses palácios da sétima arte ver a telona juntos e depois, saírem para bater papo nas praças ou tomar alguma coisa no boteco da esquina.
Pelo que sei, o velho cinema ainda resiste em pé, lá na pequena cidade, ainda que acabado, não funciona mais como cinema e, provavelmente, está aposentado para toda e qualquer coisa. Mas eu o levo comigo, no coração, e para mim, nunca haverá outro como ele – cadeiras desconfortáveis, acústica sofrível, pipoca fria, um calor de dar inveja a uma fornalha, mas foi diante de todas essas adversidades que aprendi a amar a sétima arte e ela ajudou-me a construir como sou.
De tudo o que lembro me leva a lembrar com maior tristeza: tenho saudades do velho cinema...
(*) Dedicada ao velho cinema de Paraná d’Oeste/PR, na foto.
terça-feira, 15 de setembro de 2009
A CARTA DE AMOR QUE NUNCA TE ENVIEI...

Sei que em algum momento meu coração bateu teu nome!
Somente não sei o momento que estas batidas perderam a afinação, a sintonia, e as notas musicais soaram dissonantes da mesma forma que nossos interesses.
O amor é uma canção, minha querida, que não admite desafinações. Uma canção de amor deve ser bela, e, para ser bela, ambos os corações têm de bater diferente, mas sincronizados numa mesma afinação.
De que adiante todo este amor que tenho... De que adianta... Se ele não se refugia em você...
O amor não acontece no brado, o amor acontece no eco!
Eu grito com todas as forças, mas o eco de minha paixão é somente o silêncio... Teu silêncio!
Meu amor então se aleija, possui uma única perna incapaz de fazer-se caminhar por si só! A outra, voce, partiu, deixando-me sozinho com a aflição...
Não se ama sozinho!
Estou perdido, não sei para onde caminhar!
Fico sentado porque em pé cambaleio, falo comigo mesmo porque em voz alta me torno um tolo que fala sozinho, toco uma linda canção num velho coração que não é ouvida por voce e por ninguém – minha poesia está condenada ao anonimato.
E, logo a mim, logo a mim que nunca desejei as manchetes, nunca busquei as pedras preciosas e muito menos quis os aplausos das multidões. Tudo o que quis foi o teu sorriso no amanhecer, teu beijo caloroso no ocaso, teu corpo quente enrolado de desejo nas madrugadas frescas das primaveras do setembro cálido.
Sei que agora estais sozinha, preferes assim, assim me dissestes...
Sozinha, caminhas melhor...
Sozinha, corres, numa velocidade que te encanta.
Assim me dissestes...
Eu sou um peso! Eu sou poeta! Eu sou sensível demais...
Foram estes os meus erros! Oh! Erros terríveis e seus dedos acusadores!
Gostaria de poder te dizer que vou mudar, que tenho todas as condições de me adaptar aos desejos de homem que tu buscas.
Perdoe-me, não consigo!
Eu sou mesmo poeta!
Eu sou mesmo sensível!
Se eu mudar isso, serei você, não serei eu!
Uma canção necessita de diferentes acordes para ser realmente bela!
Entendi que, nós dois juntos nunca formaremos esta canção.
Você tinha mesmo razão quando partistes....
A audácia sempre encontrou em você melhor guarida do que em mim...
Eu sigo em meu ritmo, entoando a minha canção, vendo a vida com sensibilidade e poesia, buscando encontrar um eco para o meu grito de amor:
- Eis-me aqui amor!!!
[...] e você poderá se sentir fracassado em diversos aspectos de sua vida e poderá se enganar em todos eles. Na maioria das vezes, acredite, não serás o fracassado que pensas ser, ou que línguas maledicentes te sugerem.
No entanto, serás o maior entre todos os fracassados se entre tuas qualidades não houver a capacidade de perdoar.

Mas neste caso específico, o perdão não surge pela ausência de minha capacidade de perdoar... Ele não vem porque realmente não consigo fazê-lo; e, assim, parece-me que meu pecado se torna maior do que ele próprio.
Mas, fica a questão que, debalde, tenta me justificar:
- Como perdoar o erro que insiste em se renovar?
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
BEAUTIFUL GIRL

Que o faz especial,
Que o faz belo!
Não é uma beleza estonteante,
Que provoca paixões enlouquecedoras.
É uma beleza natural, constante,
Presente num sempre permanente,
Que realmente conquista,
E ganha espaços em nosso coração.
Talvez não cometamos loucuras juvenis por ti!
Talvez não gritemos ao mundo
Dos nossos amores!
Contudo, quando a juventude
For para nós todos
Apenas uma doce lembrança,
E olharmos na sua face,
Estará lá...
Esse algo mais em seu rosto
Que o faz especial,
Que o faz belo,
E que nos faz amá-lo!!!
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
MULHERES GUERREIRAS – DE “A” ATÉ “Z”
Um dos mais belos mitos gregos, que foi transcrito por Sófocles, apresenta Antígona e sua história que despeja em grandes doses a coragem, o amor, a lealdade e a dignidade, tudo isso a partir de sua luta para enterrar seu irmão morto POLINICE.
Enfurecida, Antígona vai contra todas as leis da cidade e enterra o seu irmão. Ela é capturada, levada até Creonte e este a sentencia à morte, independente dos apelos de Hemon, filho de Creonte e noivo de Antígona. O embate ideológico e ideário entre Antígona e Creonte é caloroso e famoso e apesar de todos os apelos, o tirano se volta contra a idéia de poupar Antígona, que somente queria dar um enterro justo para Polinice.
As ações de Creonte desencadeiam a ira dos deuses e ele acaba por perder todos que ama: Antígona, Hemon (seu filho), Eurídice (sua esposa)
Frase atribuída à Antígona:
Tu o compreendeste. A tua lei não é a lei dos deuses; apenas o capricho ocasional de um homem. Não acredito que tua proclamação tenha tal força que possa substituir as leis não escritas dos costumes e os estatutos infalíveis dos deuses. Porque essas não são leis de hoje, nem de ontem, mas de todos os tempos: ninguém sabe quando apareceram.
Zuzu Angel de uma costureira transformou-se numa célebre estilista dos anos 70, no Rio de Janeiro. Ainda, nos anos 70, seu filho Stuart, ativista comunista, foi preso e morto nas dependências do DOI-CODI. A partir daí, Zuzu começa uma odisséia em busca do corpo de seu filho, envolvendo até mesmo os Estados Unidos da América nesta batalha pessoal, já que o pai de Stuart tinha cidadania americana. Esta luta somente terminaria com sua morte em 14 de abril de 1976, num acidente de carro, ocorrido na estrada da Gávea, em circunstâncias até hoje não esclarecidas.
O corpo de Stuart jamais foi encontrado e, segundo um ex-militar, ele foi jogado no mar.
A música Angélica do compositor Chico Buarque é uma homenagem à Zuzu Angel.
Frase famosa de Zuzu:
Desacato é impedir o direito sagrado de uma mãe enterrar seu filho!
POEMETO PARA RUTH!

Esta foi a minha resposta....
Roubar? De ti emprestaria....
Um beijo, um abraço, um afago,
Um momento de sua atenção!
Um poema, um suspiro, um agrado,
Um lugar amigo em seu coração!
Não.... Nada poderia te roubar!
Os amigos não roubam nada!
Em verdade viria te ofertar,
Minha ternura empanada
Em uma farinha de sinceridade......
... E comeríamos juntos nesta mesa farta:
Esta mesa chamada amizade!
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
CARTA A STALINGRADO

Stalingrado...
Depois de Madri e de Londres, ainda há grandes cidades!
O mundo não acabou, pois que entre as ruínas
outros homens surgem, a face negra de pó e de pólvora,
e o hálito selvagem da liberdade
dilata os seus peitos, Stalingrado,
seus peitos que estalam e caem,
enquanto outros, vingadores, se elevam.
A poesia fugiu dos livros, agora está nos jornais.
Os telegramas de Moscou repetem Homero.
Mas Homero é velho. Os telegramas cantam um mundo novo
que nós, na escuridão, ignorávamos.
Fomos encontrá-lo em ti, cidade destruída,
na paz de tuas ruas mortas mas não conformadas,
no teu arquejo de vida mais forte que o estouro das bombas,
na tua fria vontade de resistir.
Saber que resistes.
Que enquanto dormimos, comemos e trabalhamos, resistes.
Que quando abrimos o jornal pela manhã teu nome (em ouro oculto) estará firme no alto da página.
Terá custado milhares de homens, tanques e aviões, mas valeu a pena.
Saber que vigias, Stalingrado,
sobre nossas cabeças, nossas prevenções e nossos confusos pensamentos distantes
dá um enorme alento à alma desesperada
e ao coração que duvida.
Stalingrado, miserável monte de escombros, entretanto resplandecente!
As belas cidades do mundo contemplam-te em pasmo silêncio.
Débeis em face do teu pavoroso poder,
mesquinhas no seu esplendor de mármores salvos e rios não profanados,
as pobres e prudentes cidades, outrora gloriosas, entregues sem luta,
aprendem contigo o gesto de fogo.
Também elas podem esperar.
Stalingrado, quantas esperanças!
Que flores, que cristais e músicas o teu nome nos derrama!
Que felicidade brota de tuas casas!
De umas apenas resta a escada cheia de corpos;
de outras o cano de gás, a torneira, uma bacia de criança.
Não há mais livros para ler nem teatros funcionando nem trabalho nas fábricas,
todos morreram, estropiaram-se, os últimos defendem pedaços negros de parede,
mas a vida em ti é prodigiosa e pulula como insetos ao sol,
ó minha louca Stalingrado!
A tamanha distância procuro, indago, cheiro destroços sangrentos,
apalpo as formas desmanteladas de teu corpo,
caminho solitariamente em tuas ruas onde há mãos soltas e relógios partidos,
sinto-te como uma criatura humana, e que és tu, Stalingrado, senão isto?
Uma criatura que não quer morrer e combate,
contra o céu, a água, o metal, a criatura combate,
contra milhões de braços e engenhos mecânicos a criatura combate,
contra o frio, a fome, a noite, contra a morte a criatura combate,
e vence.
As cidades podem vencer, Stalingrado!
Penso na vitória das cidades, que por enquanto é apenas uma fumaça subindo do Volga.
Penso no colar de cidades, que se amarão e se defenderão contra tudo.
Em teu chão calcinado onde apodrecem cadáveres,
a grande Cidade de amanhã erguerá a sua Ordem.
(Andrade, Carlos Drummond de. A Rosa do Povo. Rio de Janeiro: Record, 1987)
OS SERTÕES

BLOGAGEM COLETIVA

Eu to dentro!
Transcendendo ao aspecto de ser um ótimo tema para um post, estou muito mais pela socialização virtual de nel mezzo del cammim e de mim próprio junto a outros blogueiros, quero estar junto e misturado com a turma, como poderia dizer o filósofo (blargh!) popular Latino.
Aprendi uma coisa nestes últimos tempos, com o blog. Ele ganhou vida própria, vive além de mim e tenho responsabilidades para com ele, que vão além do aspecto de alimentá-lo diariamente com idéias, sonhos e poesia.
Quero levá-lo mais além, quero mostrar a ele o mundo que existe além das paredes deste meu quarto, quero que ele conheça outros corações que não somente o meu... Quero que ele se apaixone por outros blogs e outras pessoas, que não somente eu!
Não existe outra forma de amar, não existe!
Tenho de deixá-lo ir, para onde tiver de ir, viver a sua própria vida, conhecer suas coisas, ter seus sonhos individuais, dar suas cabeçadas, cair, levantar, enfim, viver da forma como um blog pode e deve viver.
De minha parte, estarei sempre aqui, alimentando-o e direcionando-o como quem ama deve fazer...
E, quando ele voltar de suas andanças “internauticas”, eu estarei aqui, sempre estarei aqui, pronto para recebê-lo num abraço amoroso.
De toda a forma, fica a velha história, não sou dono da bela idéia, mas a boca (???) é minha... Retransmito, pois, o convite para todos participarem e dia 20 estarmos lá e aqui, em todos os lugares, juntos, confraternizados nesta idéia e nesta comemoração que é da Elaine, mas também nossa!
O selo já taí do lado.... Passagem de ida!
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
TROCA DE OLHARES

Ele olhou para ela, os olhos condescendentes, cúmplices de um entendimento que lhe nasceu com algum sofrimento:
- Tu não sabes mais que é amar... Tu não entendes destas coisas...
Ainda que fosse impiedoso, as palavras saíram com o sal da verdade.
Ela olhou para ele, os olhos desentendidos buscavam uma saída para a verdade que lhe era atirada na face como se uma faca fosse – como se esconder das verdades?
- Você também não sabe o que é amar...
Ele olhou para ela, novamente. Quis derramar uma lágrima, mas não o fez. A lágrima demonstraria uma fraqueza que ele não tinha... Não era momento para fraquezas, ainda que abstratas...
- Já soube um dia... Esqueci o que é amar contigo...
Ambos se olharam por um instante. Baixaram os olhos e se afastaram, para um canto qualquer, longe do olhar de um e de outro. Ambos derramaram uma lágrima, choraram por um e pelo outro, choraram pelo amor que esqueceram-se de amar....
ODISSÉIA LITERÁRIA
Ainda, estou devendo em nel mezzo del cammim, os comentários de “A Cabana” e de “O Guardião de memórias”, coisa que estarei fazendo nos próximos dias.
Que coisa maravilhosa é a leitura!
1. O DIÁRIO DE BRIDGET JONES, de Helen Fielding
Inteligente, sarcástico, hilário, atual. Estas são as características que fizeram deste livro um grande sucesso de vendas. Ele é escrito na forma de diário e relata um ano na vida da protagonista, uma solteira de trinta e poucos anos, que faz da luta pelo emagrecimento e de encontrar um namorado, e largar a bebida e o cigarro, a sua grande missão de vida. Parece comum, mas é bastante engraçada e já virou um ótimo filme.
2. O AMOR NOS TEMPOS DO CÓLERA, Gabriel Garcia Marquez
Belíssima história de amor escrito pelo incomparável escritor colombiano. O telegrafiasta e violonista Gabriel Elígio apaixona-se pela filha do Coronel Nicolas, a senhorita Luiza Santiago. O Coronel manda Luiza para longe do telegrafista e este, aliado a seus colegas de profissão, monta uma rede de comunicação que alcança Luiza onde quer que ela esteja. Um dos mais famosos e cultuados livros deste colombiano ao qual sou fã confesso, um ótimo contador de histórias.
3. CARTAS A UM JOVEM POETA, de Rainer Maria Rilke
Escritas entre 1903 e 1908, são as cartas trocadas entre Rainer Maria Rilke e o neófito poeta FRanz Kappus. São cartas que levam a intenção de ensinar o jovem poeta as maravilhas de escrever, mas que, ao seu final, revelam uma intensa história de vida.
4. RESISTÊNCIA, A História de uma mulher que desafiou Hitler, por Agnès Humbert
Trecho do livro reproduzido:
“Fui interrogada pelo promotor, que alegou querer me conhecer antes do julgamento. Fez grandes elogios às mulheres Frances e me disse que, se o Exército Francês contasse com mulheres em vez de homens, os alemães jamais teriam entrado em Paris. Minhas lembranças são tão claras que posso escrevê-las seguindo uma ordem rigorosa. Praticamente cada uma dessas páginas estão ilustradas com uma imagem bárbara. Muitas mulheres, milhares e milhares de mulheres, viram as imagens que vou descrever.”
5. O LEITOR, por Bernhard Schlink
Na destroçada Alemanha nazista no fim da segunda grande guerra, um adolescente conhece Hanna, uma mulher vinte anos mais velha, com quem mantém um caloroso caso de amor. Só que, repentinamente, ela desaparece e o jovem acredita que jamais voltará a vê-la. Anos mais tarde, ambos se reencontram: Ele, como estudante de direito envolvido em casos de crimes de guerra; Ela, no banco dos réus, acusada de atrocidades em campos nazistas.

6. ELOGIO DA MADRASTA, Mario Vargas Llosa
Lucrecia e Dom Rigoberto vivem em contínua felicidae. Ela, acaba de completar 40 anos, nada perdeu em elegância e sensualidade; ele, já no segundo casamento, descobriu finalmente os prazeres da vida conjugal. Eles somente não contam com Fonchito, enteado de Lucrecia que amava demais sua mãe para poder aceitar a chegada da madrasta; só que, ele também apaixona-se por ela.
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
CRISTO
sábado, 5 de setembro de 2009
O ABRAÇO ENLUTADO

Ela desce pela tua face acompanhada da minha!
Choro pela tua perda irreparável,
Pois sei que doravante, nada será como antes!
Choro pela tua tristeza (e dos teus!)
Pois sei que teu coração está comprimido
Pela dor e pelas saudades!
Se eu tivesse o poder de aliviar a tua dor,
Poderias considerar isto feito!
Mas não o tenho, assim como ninguém o tem!
Somos todos, minha amiga, vítimas
De uma lei universal que diz
Que tudo que vem, um dia vai...
Mas a partida nunca é um adeus!
O adeus jamais existe para os filhos de Deus!
Saibas que é apenas um até logo,
E que as amargas lágrimas de hoje,
Serão motivos para os sorrisos doces do amanhã
Que Jesus nos prometeu!
Eu acredito em Jesus!
Assim como tu, minha amiga, assim como tu!
Jesus nunca falha e Ele nos ama profundamente!
Sabemos ambos que estou longe,
Mas considere-me agora perto,
No sentimento e no espírito!
E te abraço com carinho e afeto,
Com respeito e solidariedade,
E misturo à tua lágrima,
Ao meu desejo de te ver bem... de te ver bem!
Que tu saibas que tua lagrima não é sozinha,
Ela desce pela tua face acompanhada da minha!
JOSEFINA

Na cidade grande quis abrir os braços para trabalhar. Não deu certo. Teve mesmo é de abrir as pernas...
Josefina deu, então, um monte.
Deu para comer. Deu para beber. Deu para morar. Deu para vestir-se.
Não condeno Josefina. Nem a absolvo.
Josefina fez o que fez para viver, não o que ela própria acreditava correto.
Sobreviver é a grande questão humana.
Um dia, depois do serviço de dar, Josefina foi atropelada.
Ficou trinta dias, entre a vida e a morte.
A morte foi camarada, pensou Josefina, quando acordou muito tempo depois, “não me pediu para dar para ela”.
Na alta do hospital, seu benfeitor e atropelador, estava lá.
Josefina pensou: “Já vi tudo! Vou ter de dar para ele...”
E ela deu mesmo, mas muitos dias depois...
Josefina descobriu que nunca havia dado de verdade!
Foi a primeira vez que deu por amor... Casou-se!
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
VOCE TEM FOME DE QUE...

Quando na noite repousas teu belo corpo
Nos lençóis macios e cheirosos de tua cama,
Para onde teus pensamentos te levam?
Onde estão teus pensamentos? Onde?
Provavelmente não me dirás,
E é deverás indelicado de minha parte
Ficar te questionando sobre tuas coisas...
Mas, não preciso que me respondas...
Eu sei de todas as tuas respostas!
Eu sei de todas as tuas dúvidas!
Porque eu te conheci dentro da noite,
E na noite te fiz amor completo
Em corpo e alma!
Eu te conheci na superfície de tua pele alva,
Eu te conheci na profundidade de
Tua alma tão bela!
Tu és para mim um livro aberto,
Uma cortina transparente que
Vejo nítido e além!
Quero apenas que respondas para ti mesmo!
Tu que deves saber as respostas
Para estes questionamentos que são teus!
Preciso disso, somente disso,
Que encontres as tuas respostas,
Unicamente para ti!
Pois sei, e como sei que, depois,
Virás para mim suavemente,
Como uma vaga que retorna
De sua viagem ao oceano,
Para quebrar na praia...
E farás amor comigo novamente!
De minha parte, não lhe tenho segredos,
Eu também sinto fome...
Sinto fome de você...
Sinto fome de teu amor em mim...
Em mim... Meu amor!
A PAIXÃO SEGUNDO G.H.

Em minha concepção, existem duas formas de texto: o de puro entretenimento, aqueles cuja única preocupação é dar diversão ao leitor; o segundo, mais nobre, ele busca entreter, toda literatura seja ela qual for tem de ter essa missão, mas este texto quer também carregar uma mensagem, quer fazer com que seu leitor raciocine e pense – esta literatura exige mais do ledor e nem sempre é cultivada pelas massas.
Acreditem, eu prefiro sempre os segundos tipos de textos. Aqueles que nos obrigam a ler com a mente e o coração, aqueles que escapam da alcunha de literatura de rodoviária, deliciosos de se ler, é verdade, mas que somente é fechar o livro e pronto, está cumprida a sua obrigação. Um livro tem de se acumular na gente, deve se ajuntar na gente, seguir conosco na alegria e na tristeza, sendo parte de nosso universo. Um bom livro ajuda a nos construir!
O livro A paixão segundo G.H. é talvez o grande livro de Clarice Lispector, contudo, não é muito apreciado pela grande maioria de seus fãs. Ele definitivamente não é um livro que se lê para puro entretenimento, ele obriga o seu leitor a pensar e se envolver em outro nível com ele, na profundidade escapando da superficialidade que envolve o cotidiano das pessoas. “A hora da estrela” é mais admirado pelos seus fãs, justamente porque a trama favorece ao entretenimento, coisa que não se vê em G.H.
A trama de A paixão... é realmente esquisita.

Uma mulher demite sua empregada e resolve então fazer uma faxina no quarto desta e lá descobre uma barata. Tomada por um desespero descomunal, esmaga o inseto na porta do guarda-roupa e, então, num gesto ousado e escatológico, prova do interior do inseto. Isto é a desculpa para que Lispector passe a fazer uma discussão profunda e intensa sobre a busca de identidade e consciência da personagem G.H, e, porque não dizer, de nós próprios.
É uma obra angustiante e intrigante que nos obriga a pensar em nossos próprios problemas, é um romance introspecto.
Lispector é uma escritora que se nega a ficar na superficialidade de todas as coisas, ela toca, rasga e sangra com suas idéias, sugestões e palavras. Ela faz parte daquela espécie de autores que não possuem apreciadores, e sim, seguidores. Seu texto é denso, visceral e impossível de ser imitado, tornando-a, como autora, única e sem qualquer comparação.

Este livro é como um livro qualquer.
Mas eu ficaria contente se fosse lido apenas
por pessoas de alma já formada.
Aquelas que sabem que a aproximação,
Do que quer que seja, se faz gradualmente
E penosamente – atravessando inclusive
O oposto daquilo que se vai aproximar.
Aquelas pessoas que, só elas,
Entenderão bem devagar que este livro
Não tira nada de ninguém.
A mim, por exemplo, a personagem G.H.
Foi dando pouco a pouco uma alegria difícil;
Mas chama-se alegria. (introdução)

Vou agora te contar como entrei no inexpressivo que sempre foi a minha busca cega e secreta. De como entrei naquilo que existe entre o número um e o número dois, de como vi a linha de mistério e fogo, e que é linha sub-reptícia. Entre duas notas de música existe uma nota, entre dois fatos existe um fato, entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam existe um intervalo de espaço, existe um sentir que é entre o sentir – nos interstícios da matéria primordial está a linha de mistério e fogo que é a respiração do mundo, é a respiração continua do mundo é aquilo que ouvimos e chamamos de silêncio. (pg.97)
LISPECTOR, Clarice. A PAIXÃO SEGUNDO G.H. romance/Rio de Janeiro: Rocco, 2009.
terça-feira, 1 de setembro de 2009
O GRITO

Ainda sou capaz de suportar minhas dores,
O que não consigo agüentar são saudades...
Saudades de mim... De você...
Do que fomos... Um para o outro.
Eu grito, meu amor, eu grito!
Grito saudades!
Grito amor!
Grito teu nome dentro da noite!
E, meu grito, encerra uma certeza clara,
Que se veste com o negro veludo da noite:
Ao te encontrar, meu amor,
Encontrarei a mim próprio...
Eu grito...
Eu grito...
Eu grito...
... Teu nome na noite!