Fragmento do poema NO CAMINHO, COM MAIAKÓVSKI
Tu sabes,
conheces melhor do que eu
a velha história.
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.
Não te rendas jamais
Procura acrescentar um côvado
à tua altura. Que o mundo está
à míngua de valores
e um homem de estatura justifica
a existência de um milhão de pigmeus
a navegar na rota previsível
entre a impostura e a mesquinhez
dos filisteus. Ergue-te desse oceano
que dócil se derrama sobre a areia
e busca as profundezas, o tumulto
do sangue a irromper na veia
contra os diques do cinismo
e os rochedos de torpezas
que as nações antepõem a seus rebeldes.
Não te rendas jamais, nunca te entregues,
foge das redes, expande teu destino.
E caso fiques tão só que nem mesmo um cão
venha te lamber a mão,
atira-te contra as escarpas
de tua angústia e explode
em grito, em raiva, em pranto.
Porque desse teu gesto
há de nascer o Espanto
6 comentários:
Já publiquei lá em casa. Tb gosto muito.
Bjs amigomeuzinho.
Hum amei o primeiro poema amor.
O conheço a mtos anos, eu o tinha nos meus cadernos de poesia quando adolescente. Nossa fui longe agora.
Adorei encontrar-lo novamente aqui. Muito lindo e verdadeiro, é desse jeito mesmo, primeiro eles chegam sorrateiramente e so levam uma rosa na ultima nossa voz.
Bjs
Mahria
A saga da impunidade, se nada acontecer, se ninguém reagir, seremos todos vítimas...
Um abraço
Gil
deixei um selinho para vc no meu blog espero que aceite e que goste. beijos!
O gato preto fascinou-me...um gato preto tem muito mistério!...Confirmou-se quando escreves «acerca de mim» (de ti claro!?). Vou andar por aqui e penetrar no mundo do Gil.
Um abraço
Gilberto, querido, teu gosto poético é admirável...
Lindo poema, linda escolha!...
Beijo!
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