Mario Vargas Llosa é um dos maiores escritores do continente sul-americano e, para mim, especificamente, foi uma sensação deliciosa conhecer seu texto. Ele é daqueles do naipe de Gabriel Garcia Marquez, colombiano, que extrai a força de sua pena de sua capacidade de contar estórias.
Llosa é um desses, é um ótimo contador de estórias.
Desta vez, entrega “Elogio da madrasta”, um romance de alta densidade erótica, que li num suspiro, montado no mesmo arrebatamento de inicio ao fim. Llosa constrói um triangulo amoroso improvável, escandaloso e que, sabemos que não tem como dar certo, os preços a pagar sempre serão onerosos, mesmo para os inocentes. Não se flerta, afinal, com a bizarrice sem que se pague um preço igualmente bizarro.
Os amores de Llosa nesta obra são intensos, as páginas transpiram as paixões que ronda as personagens, e nossos corações batem no compasso destes personagens, quando eles desfilam pelo palco desta obra magnífica.
Em “elogio da madrasta” o amor somente pode ser perfeito se dele se traduzir uma entrega sexual plena e absoluta. Não existem meios termos aqui. Ainda que o amor exista no espírito, para Llosa, aqui, ele somente se realiza na carne.
E, ainda que toda a construção do livro faça-se no erótico, isto é conduzido com maestria e distinção pelo autor peruano, em nenhum instante ele atravessa a fronteira do pornográfico, o que, convenhamos, tê-la-ia transformado em algo menor.
Perfeito. Vou à busca de outras obras deste autor que desde já se estabelece como um de meus preferidos.
Necessário.
RESENHA:
Lucrécia e dom Rigoberto vivem em contínua felicidade. Ela, uma mulher que acaba de completar 40 anos, nada perdeu de sua elegância e sensualidade; ele, no segundo casamento, descobriu finalmente os prazeres da vida conjugal. Juntos, crêem que nada pode afetar esse idílio, cheio de fantasias e sexo.
Alfonso, ou Fonchito, filho de dom Rigoberto, parecia ser o único empecilho; amava demais sua mãe, Eloísa, para aceitar a chegada de uma madrasta. Mas até ele foi conquistado pelos encantos de dona Lucrécia.
O amor do menino por sua madrasta, entretanto, vai muito além do que se esperaria de uma criança, criando uma linha tênue entre a paixão e a inocência que mudará o destino de cada um deles.
Publicado no final da década de 1980, Elogio da madrasta é uma incursão bem-humorada e sutil de Vargas Llosa na literatura erótica e, ao mesmo tempo, uma sátira bem-humorada dos mitos e temas que consagraram esse estilo literário ao longo dos séculos.
Llosa, Mario Vargas. ELOGIO DA MADRASTA. Editora Objetiva, 160 pp.
2 comentários:
Falas tão bem desse livro que deixa-nos a vontade de querer lê-lo. abraços!
Gilberto, não conheço ainda este autor...
Mas, se dizes que é bom, acredito sem pestanejar!...
Fica aqui, anotada mais esta indicação!
Beijo!!
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