terça-feira, 24 de março de 2009

CARTA DE AMOR ou CRÔNICA DA SAUDADE ABSOLUTA


Quando ela chegou entregou-lhe um sorriso doce, um olhar cristalino que grudou-se instantaneamente ao seu e pegou em sua mão ouriçando todos os seus sentidos. Quando se ama e se ama de verdade, as pequenas coisas do cotidiano e os pequenos atos estão sempre no palco principal de seus interesses, no entanto, o contrário, quando o amor não passa de um fingimento ou um exercício aeróbico de representação, todos os eventos ainda que notáveis atingem somente a periferia de nossa paixão. O amor não se cria ou se força, ele acontece. O amor não se compra, é conquistado. O amor é uma dádiva encantadora.

E, ao olhá-la, ele percebeu que a amava. Talvez a certeza tivesse vindo do calor do beijo dela em sua face; talvez, tivesse vindo do sorriso que iluminou sua vida; não importava, realmente, o instrumento pelo qual o amor lhe tocou, ele a amava e isto, lhe bastava.

Pegaram-se nas mãos e sentaram-se no banco da igreja de uma vila qualquer de uma cidade qualquer, os “quaisqueres” também não tem relevância quando se está com quem se gosta. Falaram de passado, de velhas e alegres histórias que se transcreveram nas páginas dos livros de suas vidas. Ela sorriu de uma piada infame dele, somente o amor faria alguém rir de piadas natimortas de talento e bom humor. Ele abriu a boca, num gesto exagerado, assustado com a conturbada rotina da guerreira. Apertaram-se as mãos de uma forma tão intensa, como se quisessem que ambas transformassem em uma única. Seus olhos encontraram-se num apelo silencioso, os lábios secos umedeceram-se de desejo. Encontraram-se, as bocas, num beijo feroz e urgente, num beijo tão desesperadamente aguardado que lhe tiravam a respiração, num beijo nascido com a missão inglória de eliminar décadas de estiagem de paixão numa única chuva oscular. Ele a apertou contra si, ela gemeu baixinho perto de seu ouvido, confessando a ele seu desejo. Seu braço a rodeou por inteiro, protegendo, amando, trazendo-a para si num enlace de corpo e alma. Ai amor... Amor... Amor... que enleva e exulta, que abençoa e encanta, que une e transforma, eles ficaram por ali, por algum tempo, naquela praça simpática, trocando juras, confidências, carícias mais ou menos atrevidas querendo sempre algo mais.

E ao chegar o momento de ela ir embora, esqueceram-se dos amantes e despediram-se como amigos, de forma cordial e até recatada. Os amantes ficaram trancados em qualquer canto dos seus corações, para serem retirados de lá mais tarde, quando uma nova oportunidade alvissareira tocasse o alpendre de suas vidas e, então, pudessem se completar definitivamente, os dois fundindo-se em um, tornando-se um único ser de exuberante beleza. Separados eram incompletos e feios, juntos eram absolutos e lindos. O amor é a liga perfeita.

Por ora, ele a viu partir e enquanto afastava-se caminhando devagar, escondeu a lágrima feita da prata da saudade que escorregou num gesto demorado por seu rosto. Se ele pudesse ver, veria o reflexo de sua lágrima ir beijar o lábio de sua amada. A distância tratou de esconder ambas as dores, quando se ama e o amor não se completa, o sofrimento jamais é sozinho, é repartido em dois....

5 comentários:

Cris França disse...

Simplesmente Divino!

Regina disse...

Uma simpática coruja (aquela mesma que desvenda mistérios!), parou-me no caminho para casa, pedindo para eu seguí-la... Como corujas são sábias, acompanhei-a com prazer, pois tinha certeza que me levaria à algum lugar muito interessante...

Chegamos num lindo caminho, rodeado por belíssimos campos, árvores frondosas, ar puro e fresco... Tive a sensação de que aquela “rota 66” era-me incrivelmente familiar... Foi quando de repente, “nel mezzo del cammim”, encontrei um local mágico, cheio de poemas que nos tocam profundamente o coração e textos tão belos que sempre nos emocionam...

Reconheci de vez o local onde aquela corujinha quisera me trazer e, feliz, mais uma vez, pude me deleitar com todas as palavras aqui escritas... palavras que me fazem olhar para o infinito e sorrir, que às vezes, fazem uma lágrima rolar pelo meu rosto e, muitas vezes, me fazem sentir uma enorme paz dentro do coração...

Palavras que me ensinam a enxergar a beleza da vida, a essência do encantamento, a simplicidade de cada amanhecer!

Palavras que sinto virem do fundo d’alma, escritas com toda paixão e emoção de um lindo ser!

E, arriscando-me, também quis deixar aqui, algumas palavras não tão bem escritas como meu talentoso amigo o faz, porém, palavras verdadeiras com todo meu sentimento.

E deixar também, palavras de um certo “principezinho” que exprimem exatamente o que quero dizer neste momento: “Tu te tornas extremamente responsável por aquilo que cativas!”

Querido Gilberto, lembre-se sempre disto e tenha a consciência de ser sempre responsável por ter cativado minha alma e, acredito, a alma de muitas pessoas!!...

Quanto àquela “nossa amiga” coruja, ela foi levada pelo vento... aquele mesmo vento que outro dia te trouxe à mim e te levou!! Aproveitei e peguei uma carona com eles, mas fiz o vento prometer que me traria de volta!! E agradeci a coruja por ter-me indicado o caminho até aqui, porém, ainda não consegui arrancar dela os segredos por ela desvendados!!...

Ah... e quando a vires por aí, olhe-a profundamente em seus olhos e sinta um olhar de carinho pousando sobre ti... e lembre-se que fui eu quem a mandou levando consigo a ternura que sinto por ti!!

...

“Se tu vens às quatro da tarde, desde às três eu começarei a ser feliz!”

linda disse...

Oi meu querido...
Muito lindo !!!Divino, me lembra a história de alguém que amo muito!!!Parabens, te admiro demais...beijos...

G I L B E R T O disse...

Lindas, anjos, Bellas, Cris, Regininha e Linda!

Brigado demais, estou sem fala, bastante emocionado!

Escrevo para vocês,
Para gente como vocês!

Seu eu as fizer felizes,
Se conseguir tirar um unico sorriso de seus lábios
com uma sugestão,
com uma palavra,
Com uma expressão bem colocada!

Então, sou o homem mais feliz do mundo!

Não sois cogumelos, flores és que sois!!!!!!!!

Fica a sentença do principezinho!!!!

H E N R I Q U E disse...

Excepcional... perfeito... me senti presente... me senti parte da crônica!

Caramba! que sensação gostosa!


Cara, você é f...

Um abraço


PARABÉNS!