segunda-feira, 20 de julho de 2009

POR QUEM ORAM AS MÃES?


O rapaz levantou-se e foi à cozinha, absorto da vida, absorto de si mesmo, queria saciar a sede. Simples assim, tudo é muito simples (e oco!) para os absortos. Andava em silêncio, e no escuro, estava acostumado com a casa e seus espaços, e seus sons, e suas manias.
Foi quando ao passar pelo quarto da mãe, percebeu uns cochichos vindos lá de dentro, do interior da escuridão do quarto... Aquietou-se ainda mais e atiçou a visão na penumbra para acostuma-la às trevas. Junto a cama, viu o vulto de joelhos, as mãos espalmadas juntas, a cabeça erguida para o alto em nítida reverência. Quis falar alguma coisa, mas segurou-se por um instante... Era daqueles momentos que o silêncio fala mais que as palavras.
Então, tudo ficou muito claro. Talvez pela capacidade humana física de se adaptar aos diferentes ambientes e situações de desconforto sensorial; talvez, porque vivenciava uma epifania. Esqueçamos os “talvezes”, desprezemos os porquês, tudo isso é o bagaço do supra sumo do que importa – o fato é que via a mãe de joelhos, e ela estava rezando, ele a via, ele a ouvia...

... E, meu Deus! Cuide para que meu filho tenha sabedoria, paz e saúde! Obrigado por me ajudar e cuidar dele, meu Pai do céu. Amém!

O rapaz ficou ali, parado, uma lágrima, duas lágrimas, dez lágrimas rolando seu sentimento por sua face. Viu a mãe se levantar, erguer o cobertor, deixar-se cair suavemente para baixo dele, e adormecer no sono dos justos.
Ele, por sua vez, tomou sua água em silêncio e retornou para seu quarto. Lá chegando, genuflexionou, juntou as mãos desacostumadas às orações tão cerimoniosas e rezou como poucas vezes houvera rezado nessa vida. Não pediu para si, não pediu riquezas e nem que Deus o ajudasse no turbilhão de problemas que o fustigava, isso tudo pareceu muito pequeno nesse momento. Pediu sim, pela mãe, por sua felicidade e para que tudo de bom e feliz fosse derramado sobre ela sem medidas. Estava tão concentrado que não notou o vulto em pé ao lado da porta, nem mesmo ouviu quando ele se afastou para o quarto contíguo. Se sua atenção à reza houvesse sido algo menor, haveria de ter reparado a mãe que, preocupada consigo, virá vê-lo como estava e o flagrará em seu momento de adoração:

... E, meu Pai Celestial, cuida de minha mãe, dê-lhe sabedoria, paz, saúde e felicidade, sim! Amém!!
A mãe voltou para seu quarto e deitou-se na sua cama, em seu rosto via-se cravejado dezenas de lágrimas, e ela dormiu assim, entre orações e o choro de alegria.
Ela não percebeu, mas na porta de seu quarto, um lindo querubim segurava um grande livro e uma pena celestial, e sorrindo escrevia mais um nome de mãe no grande Livro da Vida...

8 comentários:

Maria das Graças disse...

Um belo texto sobre essa relação de amor,ternura, literalmente visceral da mãe com seu filho. Dizem que quando a mãe oferece algo para o filho este sorri feliz e quando o filho oferece algo a sua mãe esta chora de felicidade.
Sou uma dessas mães apaixonadas pelos meus filhos.

Parabéns pelo emocionante texto.

Cris França disse...

sensível, inteligente e muito belo...
Deus age com sabedoria nessas parcerias divinas...
Beijo grande e feliz dia do amigo meu amigo querido!

KathY CatherYne disse...

Estou chorando aqui... Sei que minha mãe reza todos os dias pedindo o melhor para mim e para o meu irmão... Mas eu, como toda filha(o), sou uma ingrata, nem sempre me lembro disso, nem sempre dou o devido valor àquela que todo dia vai bater a cara com o mundo para conseguir pelo menos o nosso pão de cada dia...

Anônimo disse...

Oi amormeuzinho!
Resolver fazer a gente chorar hoje não é mesmo!
Ser mãe é isso mesmo, pedimos sempre o melhor para os nossos filhos.
Bjs meu querido amigo.

Regina disse...

Gilberto!!

Que texto mais belo e emocionante escrevestes!

Amor de mãe é o mais puro e verdadeiro que existe...

Que todas as luzes derramem sobre querida mãe...

Beijo!

mano maya kosha disse...

exemplo melhor de amor incondicional não há, provavelmente o exemplo mais perto possível, daquele que criou o que é inconfundível

Eliene Vila Nova disse...

olá
lindo texto, espeo um dia poder ser mãe para sentir tudo isso.
você é inspirador.
beijos

linda disse...

Olá meu querido...
Eu como mãe não me contive de emoçaõ ao ler esse texto!Sabes do meu amor pelas minhas filhas...E sei que devemos dar o devido valor as nossas mães, amor de mãe é incondicional!beijos...e parabens..