quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Nos últimos dias nasceu em meu peito uma paz advinda do imperfeito, surgiu quando os erros alvoreceram, quando parei de me questionar sobre a perfeição e todos os seus efeitos devastadores em meu sossego.

Aprendi a sufocar as tolices da consciência.

Aprendi que o erro pode ser delicioso e que dele pode vir alguma paz... pode parecer estranho isso, mas as lutas na consciência foram contidas... consciência tranqüila, paz no front de nosso cotidiano.

Não falo isso com satisfação plena, sei que erro ao testemunhar algo deste porte. Mas a verdade tem que ser dita, pois furtá-la neste instante seria errar encima do erro.

Eu, durante toda a minha existência lutei para que a perfeição ganhasse notoriedade e ao final, não me sobrou quaisquer louros, não fui regateado nem mesmo aplaudido pelas minhas ousadias. Foi tão tola a minha coragem de buscar ser correto, sempre...

Então, ainda que insista nesta trilha, tenho me permitido flertar com alguns erros, tenho me permitido ser covarde por alguns instantes e correr desta obstinação de ser perfeito, desta luta contra tudo e todos – não nasci mesmo para ser mártir nem quero ser herói de coisa alguma – quero apenas sorrir e gozar um pouco esta felicidade mundana que todo o mundo reverencia de joelhos e se matam para tê-la, se o mundo adora a imperfeição será para ela que queimarei algumas velas, doravante.

Sei que alguns ficarão decepcionados, lamento por vocês, mas meu primeiro erro é começar a ser egoísta. A pessoa mais importante, nos últimos dias, tem sido eu próprio. Quem deve sorrir sou eu mesmo; a melhor fatia do bolo eu a peguei primeiro. Bah! para a educação, boas maneiras, protocolos e convenções. Elas me trouxerem até onde estou e o que sou, não necessariamente, reconheço como vencedor. A grande verdade é que perdi a sincronia comigo mesmo e com os valores que me trouxeram até aqui...

Confesso que vejo um ato de covardia em sangrar todos os meus valores publicamente, mas, o outro dos meus erros novos que me incorporei foi não importar com a opinião alheia... Se o público oprime a perfeição e elege o imperfeito, como pode o público me acusar por qualquer posição que tome nesse instante?

Veja, eu estou sorrindo, ouça o som estridente de minha gargalhada, alta, descompassada, satisfeita. Eu estou feliz agora... E, quanto mais alto gargalho, mas me esforço para acreditar que realmente sou feliz... que errar me fez mais humano e que buscar ser perfeito era o grande mal de toda a minha vida.

Prefiro continuar, assim sendo, me enganar descaradamente, errando em pequenos erros, acertando em pequenos acertos. Não são os erros nem os acertos que farão de mim o homem que quero ser, será a maneira como conjungarei-os, a forma pela qual absorverei-os para usá-los como novas possibilidades em meu pensamento, minhas idéias, meus desejos, meus procederes.

Por enquanto, fico assim mesmo, vivendo a vida com pitadas de imperfeição para que a grande receita no seu final esteja recheada de sorrisos e prazeres fáceis.

Um comentário:

Regina disse...

Olá Gilberto!!
Espero que tenha tido um ótimo Natal!
Quero agradecer suas palavras sempre tão doces e amáveis lá no meu blog...
Suas visitas são sempre muito bem vindas e como você mesmo disse, tornaram-se necessárias prá mim também!!

Quanto ao post...
Muitas vezes me "revoltei" também por querer agir corretamente e perceber que o mundo não é assim... que o certo, hoje em dia é ser errado... infelizmente...

Porém, cheguei à conclusão que nesta vida não existe o certo, nem o errado... o que pode ser bom e correto prá mim, pode não ser prá você e vice-versa... cada um tem seus objetivos e prioridades na vida e respeitar e compreender isso é o segredo do bem viver...

Infelizmente, muitas pessoas não se "conformam" com isso e insistem em nos criticar ou "atazanar"!!!

Mas, concordo contigo, caro amigo, vamos seguir nossa verdade, sem nos importarmos com o que os outros digam...

Só nosso coração sabe, de verdade, como devemos agir...

Beijos!!!