sábado, 17 de novembro de 2007

LIMPANDO OS PECADOS DA HUMANIDADE


Aguardaram que eu dissesse algo importante, algo que mudasse o mundo, que colorisse o futuro, que removesse as manchas do passado como se o passado fosse uma vidraça que pudesse ser limpa com um pano e álcool.
Eu não sou mesmo tão poderoso assim.
Mal consigo me defender dos meus próprios erros que me acusam todo o tempo.
Não consigo criar outras possibilidades para meus próprios fracassos.
Tudo o que tenho de belo é uma retórica perfeita de auto-compaixão.
Ultimamente, tenho gasto tempo sentindo piedade de mim mesmo, não tenho mais lágrimas para chorar as dores dos outros.
Viram! Estou mesmo um fraco.
Como podem me pedir uma palavra que possa mudar alguma coisa neste mundo enlouquecido?
Vou dizer para não construírem bombas atômicas, se eles não se preocupam com a fome dos miseráveis?
Vou dizer para pararem com pensamentos de conquistas espaciais se eles sequer conhecem seu semelhante?
De que vale buscar as estrelas, diria, se não conseguimos alcançar nosso próprio coração?
Poderia falar de natureza, mas esta gente toda acha que desenvolvimento econômico e natureza são palavras inconjugáveis em comunhão.
(Eles sequer sabem o que é comunhão....)
Não me peçam para falar nada que possa mudar o mundo, estou infeliz.
Não domino mais meus sentimentos, meu destino.
A desilusão pela vida e pelas pessoas ronda minha porta.
Para que tivesse a arrogância de mudar o mundo, teria primeiro que mudar a mim próprio, penso que essa é a grande receita afinal.
Porque não percebo em ninguém esta capacidade de criar um discurso que possa alterar alguma coisa.
Estamos todos tão preocupados com nós mesmos...
... E isto me entristece, não gostaria mais de ter pensamentos puramente egoístas!
Então, vou pensar primeiro em um discurso para mudar o que é necessário em mim.... Vou resgatar minha humanidade perdida!
Quem sabe, será o primeiro passo que darei para mudar o mundo!

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