quarta-feira, 16 de junho de 2010

COMO SE FOSSE O ULTIMO TEXTO...


Vi muita gente durante minha caminhada reclamando da vida, e eu também, aqui ou ali, devo ter apresentando minhas queixas. Aquelas queixas que fiz para ninguém, nem para mim mesmo, a boca falando sozinha, eu próprio não acreditando em minhas palavras... Mesmo destas tolices, arrependo-me agora. Gostaria de ter usado este tempo para ter exaltado a natureza e a vida, tantas coisas que estavam ao meu redor ululando energia e eu reclamando de mesquinharias – tudo é tão pequeno quando a gente coteja qualquer coisa com a vida e todo o seu maravilhoso leque de possibilidades....

Eu agora não tenho muito tempo, se pensarmos bem, nunca o temos com fartura – Deus! Que mercadoria rara e maravilhosa é o tempo...

Gostaria de ter-me dado mais ocasiões para fazer as viagens que não fiz, ter ido com meus filhos à praia e as montanhas, rido com eles durante a viagem e lá, quando a água do mar molhasse os seus pezinhos lindos e eles sorrissem comemorando a areia, o sol e o horizonte farto de beleza, eu faria uma oração agradecendo o momento, por mim e por eles!

O pior desses momentos de revisita ao passado é que a palavra que sempre nos surge é o mais, pois tudo o que fizemos até aqui, quando o fim se desenha na nossa frente, parece pouco, inacabado, imperfeito. Talvez, seja apenas uma má impressão que nos fica pela ânsia de vida que temos e que nos é negada.

Tenho uma lágrima no rosto agora, e não queria que ela realmente estivesse aí. Não quero ficar os últimos momentos que tenho pensando no que poderia ter vivido e que tudo é injusto, pois ainda sou jovem e tinha muita coisa pela frente. Também não vou sair feito louco, gastando o que não tenho para fazer as coisas que nunca fiz até hoje, sou o que sou e mesmo no final serei honesto com minha personalidade.

Vou, isso sim, tentar ser melhor em alguns aspectos, tentando me preparar espiritualmente para uma nova fase que viverei em outro canto, em outra dimensão, quando for chegada a minha hora – tudo o que desejo realmente, que fica como louvor e escrito com meu sangue nessa hora que se veste de ponto de interrogação é que minha vida tenha sido suficiente para me colocar na grande mesa celestial quando for chegado o momento do grande banquete. Eu quero estar lá... Quero estar lá!

E peço perdão, para quem ainda não pedi.

Perdoo, quem houver para perdoar, que se esqueceu ou mesmo não teve a capacidade de pedir – requerer o perdão é antes de tudo um ato de grandiosidade de espírito.

Aconselho que vivam sem se preocupar com materialidades, todas as futilidades são tolas. Não somos nada... Somos uma mentira que foi esquecida pelo universo dentro desse planeta. A verdade nos será ofertada, um dia, mas não agora... não agora...

Poderia falar muito mais, mas é desnecessário e o tempo, já disse antes, me é curto. Ainda tenho uns livros para ler, uns filmes para ver, umas conversas para pôr em dia, umas poesias para serem escritas...

E, se amanhã, quando o sol acordar, ele não me ver em pé, fiquem sabendo todos vocês que, de minha parte, valeu a pena... Sentirei saudade de todos vocês, sentirei saudades da vida, sentirei saudades de mim...

6 comentários:

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Meu amigo
Embora o siga há pouco tempo, o seu texto deixou-me sem palavras e preocupada...está bem? ou é ficção.

Beijinhos
Sonhadora

chica disse...

Ainda bem que deve ser apenas inspiração, uma linda inspiração por sinal! abraços,tudo de bom,chica

Anônimo disse...

Gilbrtomeuzinho,
meu coração ficou apertadinho!
Bjs.

Katia Sirlene Avelino Mendes disse...

Beto!
Não gosto de ver escrever assim! Adoro o que escreves por que extravasas o que sentes e neste texto parece-me deprimido! Não quero vê-lo assim! Não quero sentí-lo assim! Ouviu? Sou capaz de suportar muita coisa nessa vida, mas confesso-te agora que não suportaria a vida sem tí! Portanto, meu Queriducho, nada de "como se fosse o último texto..." As tuas palavras devem andar por cá a animar os desanimados, a encorajar os que estão a fraquejar na labuta do dia-a-dia, a encantar os que amam a poesia, a dar inspiração aos apaixonados, enfim, a alegrar-nos, emocionar-nos, admirar-nos... a muita coisa que gostaria de te mostrar, o caminho de Santiago nos espera, a muita coisa para ver, explorar, descobrir. Por isso peço-te do fundo do meu coração em reconstituição, NUNCA DEIXE QUE AS PALAVRAS CESSEM...Um enorme beijo. Da tua mana cheia de saudades... SEMPRE...

Cris França disse...

Mon ami,

Katia escreveu tão bem que só resta assinar em baixo.
Teu texto nunca irá cessar,somente quando sentires a brisa do ruflar das asas de Azrael, somente ai, te será permitido cessar de jorrar poesia escrita, pois será levado, ao lugar de onde vem todas as inspirações, para aí possas continuar poetando num sopro aos ouvidos atentos, pois os poetas são eternos.

beijos

Vera (Deficiente Ciente) disse...

Amigo querido,

Ainda temos muitas coisas para fazer, temos uma vida para viver, sonhos que precisam ser realizados...
Brilhantes poetas como você, deixa a vida das pessoas mais alegre, romântica e colorida. Depois que conheci você e o Nel Mezzo Del Cammim minha vida ficou melhor!
Obrigada por tudo, meu amigo!

Beijos!
Vera