A ronda noturna é um
deles.
Inegável são os perigos
que envolvem essa ação. Ela é um salto no desconhecido, um mergulho dentro da
noite, um flerte com o perigo, esse sentimento que vive se insinuando para o
policial.
Não dá medo? Alguém em
algum lugar pode se perguntar...
O homem não pensa nisso...
ele desde muito cedo aprende a lidar com o medo, domestica-o e ele perde sua crueldade,
acompanha-o por toda a parte na profissão, agora preso em uma coleira. Desta
forma, e, somente desta forma, o medo não tem força para mudar o homem, ou
fazer com que desista, ele não consegue determinar quem ele é ou o que ele pode
fazer.
Domesticar o medo é o
maior ato de coragem de um indivíduo, ele sabe do medo, reconhece-o, mas olha
dentro dos olhos dele, domina-o e segue em frente. Antes de vencer o
adversário, o herói vence a si mesmo.
Saibam, entretanto, que o
medo só vive no primeiro passo, ali é a sua casa – depois de vencido esse passo
– já era, o medo está derrotado, vira rotina.
Com o tempo, aprende-se a
amar as rondas.
Quando um grupo dessa
gente se joga dentro da noite numa missão dessas, o sentimento que se tem é que
você não é mais você, fazes parte de algo maior do que tu próprio.
Nessas missões, tu cuidas
do seu companheiro e ele cuida de você. Caminhas para dentro do furacão e se
faz isso em meio a sorrisos e gargalhadas que escapam das “mulas”, das brincadeiras.
Nessas horas, o estresse se dilui e o êxtase toma conta do grupo.
Se olhas para o lado, o
perigo está lá, te acompanhando por onde quer que entres, mas se ri dele,
debocha-se dele. E o medo? O medo ficou para trás, prisioneiro no primeiro
passo.
Dia desses, numa ronda
dessas, olhei para trás, para dentro do primeiro passo e vi o medo aos
cochichos com o perigo, perguntando para ele sobre quem seria essa gente que
não o respeita nem o teme... e o perigo, todo respeitoso e cheio de admiração,
respondeu:
- Eles são policiais penais!
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