sábado, 29 de fevereiro de 2020

ATÉ TU, BRUTUS!



Tenho hoje todas as dúvidas,
Todas as questões nasceram em mim.
Não consigo sufoca-las...
Não consigo mais contê-las dentro
De um recipiente chamado esquecimento.
A ciência é poderosa,
Faz tudo efervescer dentro do esquecimento,
E tudo eclode para fora,
Estranha lava ácida,
Que corroí todas as bondades
E deixa apenas o rastro da corrupção.
Por quê Brutus?
Por quê?
Eu me pergunto em todo o instante
E não consigo encontrar resposta.
Tua honestidade foi um dia cantada
Pelos enormes corredores da Quimera.
Teus feitos foram cantados pelo aedos
Improvisados que nasciam nas clareiras
Das batalhas no reino dos cadeados.
Enquanto limpávamos nosso sangue,
Riamos contigo suas vitórias
Que eram também nossas.
As musas dançavam sob canções
Que recitavam seu nome.
Os guerreiros faziam fila para lutar
Debaixo de sua bandeira.
Tua decência era uma armadura forte,
Tua bravura era espada cintilante,
Tua sabedoria a capa que aquecia
Os brutos nas noites desse deserto.
Jogastes tudo fora em nome de quê?
Que riquezas podem ser maiores
Do que aquelas que já possuias?
Brutus, por quê? Por quê?
Voce virou sinônimo do engano.
O vilão se escondia sob a roupa do herói?
Risadas e dedos apontados
Seguem o leve pronunciar do seu nome.
Nome poderoso... nome poderoso...
Completamente corroído pela lava.
Partes, guerreiro, partes...
Sem glória...
Sem louros...
Sem lauréis...
Saístes pela porta dos fundos,
Esquecido de que fostes feito
Para os arcos dos triunfos.
O que significastes não existe mais,
Ficou esquecido sob a ciência
De suas corrupções.
Fostes vencido, meu amigo e herói,
E derrotados fomos todos nós.
Os vilões sorriem felizes,
Golias comemora a queda de Davi,
Um leão devorou um Daniel.
Voce parte, meu amigo e herói,
Vencido... Já esquecido por todos...
Derrotados fomos todos nós...

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