quinta-feira, 10 de setembro de 2015

A CRUZADA




Era sua primeira tarde de evangelização.
Partiu com os irmãos e irmãs, todos eles e ele próprio sentindo-se um discípulo de Cristo.
Não condenemos este irmão, estas presunções são frutos do primeiro amor.
No caminho falou do mundo, falou muito mais das coisas do céu. Porque o que era do mundo, conhecia, e não o havia feito feliz. O que era do céu, desejava, e somente a expectativa o enchia do mais puro êxtase. Dividiu isso com os irmãos, foi compreendido. As coisas do mundo ficaram todas para trás.
Fizeram as distribuições dos setores e partiram convidando a cidade para o evento evangelístico que seria a noite.
Algumas os acolheram com educação.
Outros os receberam com desinteresse.
Houve aqueles que sequer saíram de suas casas para ouvi-los.
Poucos receberam as palavras com alegria e promessas de participação.
Nada disso o chateou, a ele ou aos irmãos.
Não houve em seu coração frustrações ou decepções, não havia lugar para isso. Seu coração, não se esqueçam, estava cheio do primeiro amor.
Ele sabia que sua missão, como dos demais irmãos, diáconos, presbíteros, evangelistas, até mesmo os pastores, era lançar a semente do reino de Cristo. Acolheriam suas palavras? Isso era de cada um, coração de homem é solo que outro homem não pisa.
Depois de duas horas evangelizando, sentiu sede.
Chegou a uma casa qualquer e a mulher que o atendeu ofereceu café. Pediu água. E a água que sorveu foi a mais deliciosa daqueles dias. Jesus bom saciava a sede dos seus discípulos.
Terminado o trabalho retornaram para a igreja.
Tudo pronto para a cruzada.
Cadeiras, palco, som, corações entusiasmados, promessa de chuva que não se cumpria, tudo em seu devido lugar.
De noite, Deus se fez presente.
A chuva não veio, em seu lugar o Espírito Santo se derramou e tocou o coração de almas que escolheram o céu esquecendo-se do mundo.
O pequeno discípulo estava lá, junto com todos os outros evangelizadores e testemunhou a alegria daqueles que se entregavam para Jesus, o salvador.
Viu os corações de cada um dos salvos queimarem em alegria sentindo a mesma paixão que experimentou quando ele próprio entregou-se para Jesus.
E no céu, oito coros de aleluias e Glórias a Deus eram proferidos pelos anjos por cada alma que era salva naquela noite.
O pequeno discípulo finalmente entendia: Não se deve prestar atenção nas sementes que não germinam, e sim, sempre sim, naquelas que florescem. São essas que colhem os frutos celestiais.

Nenhum comentário: