Entrou dentro do pavilhão
cheio de esperanças.
Notava-se isso no sorriso
muito jovem, nas atitudes esperançosas de folgar um bocado as agruras que a
velha megera despejava encima dele – cadeia não é para fracos.
Tudo parecia normal,
corriqueiro mesmo, quando o play da
quimera foi acionado. Se existe uma verdade dentro da cadeia é que não existe off, segredos incham dentro das
entranhas do monstro e acabam eclodindo em miasmas fétidos.
Foi o que aconteceu com o
jovem.
Quando entrou no novo
pavilhão, cheio de sorrisos e expectativas, não imaginava que sua “capivara”
estava sendo puxada pelos ninjas do “voz”.
Ele foi rodeado por
amabilidades protocolares, sorrisos e apertos de mãos pipocavam de diversos
lados e ele se sentiu acolhido, aceito.
De repente, alguém encosta
na liderança do pavilhão e derruba toda a ficha do jovem. Jogou com o
adversário, decretava os bochichos.
Como uma tarde de sol que
de repente é colhida pelas negras nuvens da tempestade, assim o tempo se fechou
sobre a vida do menino.
Sorrisos se transformaram em
carrancas; vozes macias em trovões, apertos de mão em safanões e bofetões, a
vida é dinâmica dentro da cadeia, nada é o que parece ser e o que parece ser
não é de verdade. O diabo é o pai da mentira e a casa dela neste mundo é a
penitenciária.
O menino tentou se
defender de todas as formas, mas como se defender de uma avalanche?
A coisa não foi pior
porque um agente penitenciário atento, fechou o garoto no “brete de segurança”
e o retirou para fora do pavilhão.
Ele chorava.
Alegava inocência de
pertencer a quem não devia pertencer.
Como saber a verdade? Era
ou não era? Para a megera isso não importa, o reino dos cadeados trabalha com o
que parece ser verdade, mais fácil, mais rápido, sem maiores custos.
Fora do pavilhão o garoto
chorava.
Sabia que sua vida estava difícil,
mas, a partir daquele momento, estava ainda pior. Portas haviam sido fechadas,
porta fechada por dentro na cadeia não abre de jeito nenhum, regra do lugar.
Ele subiu, derramando
lágrimas jovens na grande artéria da quimera.
O agente ficou olhando, um
lamento em seu olhar, uma dor escondida no coração – mais uma vida desperdiçada
no reino dos cadeados.
Ele sumiu tragado pelo
fechar feroz de um portão que trancava para ele todas as esperanças...
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