domingo, 21 de janeiro de 2018

CANÇÃO DO AMOR EXAGERADO


Amo-te dentro de todo o exagero.
Como se te amar fosse um gesto final,
Como se dependesse minha sobrevivência,
Como se depois de ti, meu amor,
Não houvesse mais ninguém,
Absolutamente mais nada,
Somente o vazio das horas mortas.
Não consigo suportar o comedido,
Ele me ofende.
O moderado não consegue suportar
A carga de amor que lhe dedico.
Pode um homem suportar a carga
De todo o mundo?
Não! Não pode.
Da mesma forma, o equilibrado
Não consegue comportar
O peso de um amor que todos os dias
Ganha mais um acréscimo.
O comedido, meu amor, é uma caixa
Pronta com todos os acabamentos
E artes finais terminados.
Ela não se adapta.
Ela não cresce.
Ela não se transforma.
Ela é como é... e pronto!
Meu amor não é assim,
Não é mesmo assim.
Todos os dias ele se renova,
Se encorpa,
Ganha força e novas tonalidades,
Seu colorido é sempre radiante,
Sua transparência é a mais nítida,
Sua loucura domestica-se dentro da
Lucidez de meu universo
Concebido a partir do caos controlado.
É assim que eu sou.
É assim que eu te amo.
Palha e fogo dentro do mesmo corpo.
Meu amor cabe somente dentro do exagero.
Somente lá ele pode resistir.
O excesso é um baú adaptável,
Capaz de guardar as contingências,
O tempo e suas transformações,
Se flexibilizando e crescendo
Ao sabor dos estímulos que meu
Sentimento por ti oferece.
Entendes agora, meu amor, entendes?
Meu amor por ti é superlativo
E somente sobrevive dentro do exagero.

Somente sei te amar assim...

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