sexta-feira, 2 de março de 2012

À MEMÓRIA DE MEUS TEXTOS!


Esqueci-me de meus textos!
Desapareceram com a enxurrada de dias ruins, fugiram magoados com a minha eterna fraqueza de entreter-me com o cotidiano mesquinho. Eu os vi caronas dando adeus da boléia de um velho caminhão sumindo por uma velha estrada poeirenta, indo para lugar nenhum, ansiosos de escaparem da aridez poética dos meus dias comuns.

Fiquei esquecido em meio ao deserto, suspirando saudades de minha poesia, incapaz de arrancar dos fragmentos de minha vida a verdadeira história que se esconde atrás das primeiras aparências.

Voce ficou comigo!

Ficastes prisioneira em meu coração e minhas vontades todas, incapaz de aflorar em sentimentos e lembranças para o mundo, pois eu estava mudo, minhas palavras se sedimentaram em meu coração e tornaram-se os muros e as grades que te prenderam.

Eu sempre soube que deveria ter tido maior zelo com as palavras, com elas os meus textos não teriam partido e a poesia teria permanecido nos meus dias – não existe tristeza onde habita a poesia. Mas, me perdi lambendo minhas feridas, desatento deixei que a poesia vazasse pelo ralo da dor e, quando percebi, estava estéril e minha inspiração era apenas dunas de areia sopradas pelo vento.

Se não existem textos e a poesia é nula perco meu tempo lendo meus antigos textos que os dedicara todos a você e as lembranças de amor.
É pouco e eu sei disso! Mas sinto dentro do meu coração algo se contorcer e remexer e isso é bom! As palavras repetidas que leio navegam nas ondas da noite e chegam até você em forma de uma brisa fresca que irrompe por tua janela aberta para a minha poesia, eu toco teus lábios e tua face, é um delicado beijo de amor.

E, em algum lugar, meus textos pegam as camisas surradas e vestem as desbotadas calças jeans, perdem algum tempo passando o perfume masculino e ganham a estrada. Eles sabem, como eu sei, que a estrada é longa e que eles tardarão em chegar. Eles sabem também que estou aqui à sua espera, a casa limpa e bem cuidada, cortinas nas janelas, brinquedos nos quintais e no jardim, rosas e margaridas despejando poesia como mel de suas pétalas.

Estou pronto para meus textos!

Estou pronto para voce!!!

3 comentários:

Urbano Gonçalo de Oliveira disse...

Eles voltarão ... qual filho pródigo.
Podes crer.
Fica bem.

Marilu disse...

Querido amigo, tenha um lindo final de semana. Beijocas

VELOSO disse...

Parabens poetaeles já retornaram!